Um Sangue Doce escrita por Thay Nascimento


Capítulo 15
Capítulo 15




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Mellody Denvers:

Eu adormeço nos braços de Marx, mas quando acordo com o sol batendo em meu rosto eu não o vejo no pequeno escritório. Agora que eu me encontro consciente decido dar uma olhada no celular e percebo que havia uma mensagem de voz de Ellie.

 "Mellody, quando ouvir essa mensagem me ligue imediatamente, preciso falar com você."

Sinto o imenso peso da culpa sobre mim ao ouvir a voz preocupada de Elouise.

Ela precisava de mim.

A essa hora eu já não teria mais coragem para retornar. Não depois do que aconteceu.

Levanto-me do sofá e tudo parece girar ao meu redor, então caio sentada novamente e náuseas me tomam inesperadamente, deve ser o fato de eu estar dolorida.

Tento ligar para Marx para saber o que vamos fazer sobre o que aconteceu, mas a ligação é direcionada para a caixa postal.

Então decido apenas entrar em exílio domiciliar. Não posso ver Elouise nem tão cedo.



Marx Kaelson:

A minha mente continua absorta em pensamentos repetitivos enquanto tomo banho e ainda me pergunto o que deu em mim. Mas minha consciência quer justificar que passei a noite com Mel porque precisava de Elouise e ela não estava lá para mim. Sei que isso não cobre de verdade o nosso erro, mas não me arrependo, eu estava deliberadamente sóbrio diante da situação.

Meu celular estava tocando pouco tempo depois de eu ter chegado da caça que fiz pela manhã.

Era Mellody.

Ela deve querer falar sobre ontem, mas não estou preparado agora, nem quero conversar sobre o que aconteceu, na verdade, preciso contar a Elouise. É a coisa certa a fazer. É o que eu vou fazer.



Elouise Blackrun:

A noite foi reconfortante com a nova aproximação de mim e Thomas com Lisa, eu não poderia imaginar um refúgio melhor do que a família.

Principalmente quando Marx apareceu na minha porta na manhã seguinte.

—Oi. —diz ele quando eu abro a porta.

—Ah, oi. —Continuo impedindo a sua entrada.

— Posso entrar? Precisamos conversar. —Ele diz passando a mão nos cabelos ainda úmidos, o que me faz segurar o ar que não preciso mais inspirar.

—Agora precisa falar comigo? Eu também precisava falar com você ontem.

Deixo as palavras se adaptarem ao ambiente depois que as pronuncio e um silêncio mortal se segue.

Ele na varanda e eu segurando a porta na sala.

—Sei que está chateada, mas sabe que precisamos mesmo conversar. Me desculpa se não atendi quando ligou ou não me preocupei quando precisou de mim. Me desculpa se eu sempre te decepciono e se a minha vida toda está resumida nos fracassos que eu tive em se tratando de amar você, mas eu não sei como administrar isso, está bem? Não sei como cuidar de você, não sei o que fazer com nada disso e tudo reflete como se fosse um erro repetitivo. —depois que ele explode instantaneamente parece ter algo mais a dizer, mas não diz, apenas baixa a cabeça e depois a levanta passando novamente a mão pelos cabelos.

Marx suspira e deixa os ombros caírem e eu apenas o observo enquanto ele me encara, o silêncio paira sobre nós.

—Entre. —Digo isso, mas não parece que estou o convidando apenas para entrar na minha casa.



Marx Kaelson:

Conto tudo a ela. Conto sobre o quanto me senti sozinho, o quanto senti a falar dela, e falo da Mel. Sobre o nosso beijo e como me senti depois. Com Ellie eu não poderia enrolar. Não poderia fingir que não é nada, então apenas sou sincero. E ela apenas ouve, como sempre.

—Acho que preciso dar um tempo à minha mente para processar, não é mesmo? —ela diz isso depois de uma risada triste que falha ao tentar ser irônica.

—Tudo bem. Eu entendo, espero que a gente esteja bem.

—Deve ser óbvio que não estamos bem. Você me traiu com a minha melhor amiga. Ou deveria ser a minha melhor amiga.

Eu a magoei feio. Acho que se ela tivesse dito isso com raiva teria doído menos, mas não. Ela fala com um leve som triste que sai baixo e cansado. Então sei que preciso ir embora. Devo deixá-la decidir o que fazer com isso. Então apenas me levanto. Dou um beijo em sua testa, enquanto sinto seu corpo repelir com o toque dos meus lábios. Isso também me acerta como um soco de um Original, embora eu nunca tenha lutado com um.

—Desculpe eu não ter sido uma boa namorada. —Elouise diz quando estou chegando à porta.

Me viro.

—Desculpe eu ter sido um babaca. — E saio fechando a porta com um clique.

 



Lisa Watson:

É reconfortante saber que fiz as pazes com meus irmãos, mas acho que existe um conflito maior: falar com meu pai. O Lorde das Trevas. E embora pareça ser algo difícil, acho que o problema sou eu. Eu preciso ir até ele. Talvez eu algum momento eu consiga.

Depois de eu ter me habituado a ser unida com meus meios-irmãos, fui até um galpão abandonado perto da reserva de caças, para me encontrar com Clark, o Original.

—Querida Lisa. Agora em união com a família. Muito bonito. —Ele diz me provocando assim que chegou ao local, bem diferente da versão que Ellie conheceu.

—Poupe-me dos seus joguinhos, Clark Davyson. Não sou mais a vampira indefesa do século XVIII, e essa não é a melhor forma de se começar uma conversa. —Apontando para o banco velho à minha frente eu o convido para se sentar.

—Você fugiu por muito tempo, e se escondeu por muito tempo, Lisa. Por que?

—Desconfio que esteja errado, mas não quero usar palavras afiadas sobre esse assunto, afinal, naturalmente isso não lhe diz respeito. —Eu respondo seca.

Clark Davyson. O responsável pela minha existência vampiresca. E o vampiro mais astuto da história sobrenatural.



Século XVII:

"Eu observo de longe a família que deveria chamar de minha mas não é. Sinto inveja e a cada dia a mágoa aumenta como se isso fosse me consumir, mas estou um pouco tranquila agora que conheci alguém que cuida de mim, alguém que posso ser quem eu quiser. Clark Davyson me faz sentir assim.

—Olá, Srta. Watson, como está linda essa tarde! Gostaria de dar um passeio? —ele diz ao me encontrar em um dos bancos da praça de Wiltshire - logo depois que fugi de casa fui para lá.

—Quantas lisonjas! Claro que aceito o passeio. — Eu coloco minha mão em seu braço já estendido para mim e vamos até um lugar reservado para nossos encontros.

Horas depois de conversarmos, Clark começa a dar as mesmas mordidinhas de sempre em minha pele já pálida e quase sem sangue, e sussurra como todas as vezes anteriores 'Deixe-me transformá—la' e me olha nos olhos mostrando as presas que revelam a sua verdadeira identidade. Mas eu não sinto medo e dessa vez eu assinto dizendo: 'Vou me vingar do meu pai. Por favor, o faça.'

Já é noite, mas eu sinto a escuridão por outra razão."


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