Eu estava completamente em êxtase quando cheguei em casa. Aquilo tudo realmente tinha acontecido comigo e Edward, ou era tudo um sonho e eu iria acordar caindo da cama direto com a cara no chão? Eu me belisquei para ter certeza que realmente estava acordada. 

Subi as escadas correndo, sem me preocupar em fazer barulho, já que o sono dos meus pais era bem pesado. Em meu quarto, repassei toda a noite, com todos os detalhes, sem esquecer nada, como se eu quisesse eternizar aquele momento em mim. Me joguei em minha cama, tirei meus sapatos e peguei o celular enterrado no fundo da bolsa. Vi algumas mensagens de Rosalie, e, como eu estava tão afobada, resolvi ligar para contar tudo a ela. Não teria paciência para digitar nada naquele momento. Rose atendeu no primeiro toque, com uma voz sonolenta. 

— Alô? Quem é? – Ela perguntou, quase dormindo. 

— Sou eu, sua besta. Isso são horas de você estar dormindo, Rosalie? Ainda são meia noite. – Eu falei. 

— Mas amanhã a gente tem aula, Bella. Amanhã não, hoje. Espera aí. – Ela falou e provavelmente tinha se sentado na cama, tentando despertar. – Vai, fala. – Ela disse, já com uma voz menos sonolenta e mais atenta. – Como foi no pub? 

— Rose, foi perfeito. Meu estômago está cheio de borboletas até agora. Eu realmente sou apaixonada por ele. Não tem jeito. – A mão que ele tinha pegado ainda formigava. Eu não conseguia parar de pensar nele. 

— Isso aí eu já sei. Eu quero saber o que aconteceu. Você não me acordou atoa, Bella. Pelo menos eu espero que não. 

— Tudo bem, eu vou contar. Desde o primeiro momento que eu o vi, senti alguma coisa diferente. Sei lá, ele parecia diferente. Ele não saiu do meu lado. Nós até cantamos juntos no karaokê, Rose! 

— Diferente como? – Ela perguntou, intrigada. 

— Diferente. Ele me olhava diferente, como se realmente me percebesse. Eu não sei explicar. Deve ser coisa da minha cabeça. Eu bebi um pouco, estou emocionada. – Expliquei. 

— Ah, meu Deus. Bella, vai dormir. – Rose riu. 

— Ele pegou na minha mão, Rosalie! – Eu falei e sorri feito uma boba. 

— Só? Nem um beijinho rolou? Vocês são muito lentos. 

— E você acha isso pouco? E além do mais, ele é meu amigo, Rose. Por mais que eu quisesse que ele fosse muito mais que isso, é o que é. Só meu amigo. – Falei, e fiquei meio triste por aquela realidade ter vindo tão forte. – Enfim, Rose. Foi isso o que aconteceu essa noite. Acho que eu vou dormir e tentar viver mais um pouco o meu conto de fadas. 

— Bella, Bella. Só você mesmo! Mas eu não julgo, também fico presa nos meus contos de fadas às vezes. Isso é normal. Agora, vamos dormir? Amanhã a gente tem aula cedo. 

— Está bem. Obrigada por ouvir. Até amanhã, Rosinha. – Eu ri, porque ela odiava que eu a chamasse daquela forma. – Eu te amo, beijos. – Falei e desliguei o telefone antes que ela me xingasse. Alguns segundos depois, uma mensagem dela chegou: 

“Se você me chamar assim de novo, eu conto pro Edward que você é apaixonada por ele. Boa noite, eu te amo.” 

Eu sorri e mandei o emoji com um macaquinho tampando a boca. Fui até o banheiro e tomei um banho rápido, ainda pensando nos momentos com Edward. A cada vez que eu pensava nele, sentia um friozinho na barriga. Isso era a paixão? Ao que parecia, sim. Me deitei na cama e meu pensamento ainda estava naquele garoto. Nem se eu quisesse ele iria sair da minha cabeça. 

Na manhã seguinte, eu estava um verdadeiro caco. Fiquei mais de uma hora rolando na cama antes de dormir, pensando. Encontrei minha mãe na cozinha, fazendo café. 

— Bom dia, querida. Nem vi você chegando ontem. Como foi? – Renée perguntou, me trazendo uma caneca cheia de café. Aquele cheiro maravilhoso me despertou um pouco mais.

— Foi ótimo, mãe. – Bebi um pouco do café e peguei uma fatia de pão. 

— O Edward foi? – Ela perguntou e me olhou ansiosa. 

— Sim. Ele me trouxe para casa também. Foi muito bom. – Eu disse, sem dar muitos detalhes. Só de lembrar do toque da sua mão na minha, meu estômago dava pulos de alegria. 

— Ah, esse garoto é uma graça. Você já falou com ele sobre o jantar? – Minha mãe perguntou enquanto se sentava ao meu lado na mesa da cozinha. 

— Acho que comentei. De qualquer forma, eu falo com ele de novo. – Terminei de tomar meu café e saí para a faculdade. O trânsito de Forks estava estranho, haviam vários carros na rua e algumas avenidas estavam um pouco congestionadas. Eu ficava batendo o pé livre no assoalho do carro e os dedos no volante. Estava ansiosa e sabia perfeitamente o motivo dessa ansiedade. Ela tinha nome e sobrenome: Edward Cullen. Eu mal podia contar os minutos para vê-lo. Já tinha desistido de tentar controlar minha paixão por ele, e só me restava aceitar os fatos. 

Depois de demorar mais que o dobro do tempo que eu costumava levar para chegar ao campus, estacionei minha caminhonete e fui até a cantina comprar uma garrafa de água, quando encontrei Alice sentada em uma das mesas, desenhando. 

— Oi Ali. – Eu parei ao seu lado. 

— Bella! Bom dia! – Ela se levantou e me abraçou forte. Como sempre, muito acolhedora e animada. – E aí, gostou de ontem? – Ela perguntou e deu um risinho malicioso. 

— Sim, foi perfeito. – Eu simplesmente não conseguia esconder nada dela, e nem tinha porquê. Ela já sabia de tudo. 

— Foi realmente incrível. Precisamos ir lá mais vezes. 

— E o Edward? – Perguntei. 

— O que tem o Ed? – Ela devolveu a pergunta, aparentemente sem entender. 

— Nada. Só queria saber se ele veio hoje. Temos que começar um trabalho. – Eu desconversei. Claramente tudo o que aconteceu – os olhares, nossas mãos grudadas a todo tempo e a letra da música – foram interpretações erradas da minha cabeça. Senti uma pontada de tristeza. 

— Ah, veio sim. Ele foi para o prédio de Educação. Vocês têm aula juntos agora, né? – Alice questionou. 

— Sim, temos. Bem, Alice, eu vou indo. A gente se vê. 

— Tudo bem, Bella? Você ficou estranha do nada. – Ela disse e passou a mão pelo meu braço. 

— Tudo ótimo. – Dei um sorriso amarelo. – Eu só estou meio cansada e com sono. Demorei a dormir ontem a noite. 

— Entendi. Depois do almoço tenta dar uma descansada, se você não tiver aula. Às vezes o soninho da tarde ajuda. – Ela deu uma risada. 

— É… Vou tentar. Até mais. – Falei e sai em direção ao prédio da Faculdade de Educação. O vento batia forte contra mim e bagunçava meus cabelos. As nuvens de chuva estavam se formando. Parei um segundo para olhar o céu, e entrei pelas enormes portas de vidro do complexo de salas de aula. 

Ao entrar no corredor que dava para minha sala de didática, vi Edward conversando com sua ex-namorada, uma garota morena e um garoto. Eles riam bastante e, enquanto eu andava em direção à sala, as duas garotas saíram juntas. Os dois garotos continuaram conversando, e, quando me aproximei mais, o menino olhou de relance para mim e comentou alguma coisa com Edward, que encontrou meu olhar quase no mesmo instante. Senti um arrepio passar por mim. Acenei para ele e entrei na sala. O que aconteceu ontem realmente foi como eu enxerguei? Eu não tinha essa resposta e isso estava me deixando mal. Edward entrou na sala e se sentou ao meu lado, mas não falou nada. Apenas um olá. Logo o professor entrou na sala e começou a falar, prendendo minha atenção, enquanto eu tentava estancar minha súbita onda de tristeza.