Enluarado escrita por Camí Sander


Capítulo 6
Capítulo 5 - Lembranças I


Notas iniciais do capítulo

Longos anos sem postar... sinto muito! Estou me esforçando para voltar a publicar uma vez por semana.
Espero que gostem! Aqui tem um pouquinho de amor de irmão!



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— Tudo começou quando voltamos daquela quase-batalha narrada em Amanhecer. Você leu? — indaguei para localizar-me. Ela negou e eu suspirei. — Devo ter algum manuscrito em casa. Talvez você possa ver os filmes, não é o mesmo, mas passam a mensagem. Muito bem, como eu disse, tudo começou depois que nossos visitantes voltaram às suas casas...

~~ Março de 2007 ~~

Não demorou mais de uma semana depois que o Nahuel voltou para o Brasil para que Alice tivesse flashes estranhos.

Ela conseguia desviar do assunto com tanta rapidez que parecia viver normalmente — bem, o normal de Alice — mas eu não me sentia convencido.

Em uma noite, captei sua mente há quilômetros de minha casa. Era comum captar as vozes deles quando passavam perto do chalé enquanto voltavam para casa, no entanto, aquele não era o caso porque ela estava do lado errado e se distanciava ainda mais. Estranhei.

— O que aconteceu? — indagou Bella ao notar meu cenho franzido.

Sorri.

— Alice — revirei os olhos.

Minha esposa riu e desviou a atenção para o livro que lia.

Não comentei sobre minhas suspeitas por duas razões: Primeiro, porque sabia que Isabella ficaria preocupada sem necessidade; segundo porque, se Alice quisesse que soubéssemos sobre sua passagem, teria aparecido para dar um “olá”.

Dias mais tarde, aproveitei que minha irmã queria fazer compras e decidi colocá-la na parede enquanto oferecia carona.

— Eu não quero preocupá-lo, Edward — comentou antes de eu abrir a boca para perguntar.

Revirei os olhos. Era tarde demais para isso, baixinha.

A garota bufou.

Em sua mente, passaram-se todas as preocupações que vinham correndo desde que Renesmee foi descoberta. Vi os Volturi envoltos em pontos cegos indo e voltando de várias expedições. Também apareceu vários flashes estranhos com Renesmee e Alec andando lado a lado. Então, mais linhas confusas e a própria Alice envolta em um manto quase negro.

— Renesmee será levada? — externei minha dúvida.

Novamente, minha irmã bufou.

— Eu nunca deixaria. A imagem dela com Alec é suposição. Sabe que não consigo ver através dos híbridos. — Deu de ombro. — Sei que Aro tem interesse em nós duas, se alguém tentar levar minha sobrinha, eu me oferecerei em seu lugar. Não quero que Nessie vire cobaia desses lunáticos! Mas, já que estamos falando sobre isso, você vai me resgatar.

Sorri.

— É claro que vou! Não achou que eu ficaria de fora, achou?

— Não. — Suspirou. — Na verdade, sei que vai me resgatar.

E sua mente voltou para a visão onde Bella e eu usávamos mantos tão escuros quanto os de Alec e Jane. Iguais aos da própria Alice.

— Só que isso não poderá sair daqui, Edward. Eu sei. Você sabe. Bella não deve saber até que aconteça... se acontecer. O resto de nossa família não deve saber.

Automaticamente, vi a guerra que meus familiares comprariam e quantos de nós ficaríamos vivos. Não era algo agradável de se ver.

~~ Atualidade ~~

— Prometi à Alice que não contaria nada a ninguém. Aquilo me corroeu por quase três anos, até que ela foi levada. Bella e eu esperamos um mês antes de entrar na missão de resgate. Ficamos cerca de 16 semanas com os Volturi. Espantosamente, Aro deixou que continuássemos com nossa dieta, mas os alimentos são um tanto escassos por lá. Essa foi a primeira desculpa para que pedíssemos liberação da guarda.

— Chelsea... ?

Sorri de lado e neguei com a cabeça.

— Chelsea não conseguiu esmorecer nossos laços em 2010. Na verdade, nem mesmo quando decidi me matar em 2006. Hoje entendo o que se passou, mas, na época, foi um choque. Lembro-me da sensação estranha que tentava me ligar aos patronos e como não fazia o efeito desejado.

— Então, vocês tiveram muita sorte, não foi?

— Não. O dom de Chelsea não é forte o suficiente para dissipar amor verdadeiro. Não há como refutar. Nós, os Cullen, não estamos unidos por conveniência. Estamos unidos pelo amor de Carlisle por nós, seus filhos, e pelo amor que temos por ele. Alice não foi transformada por nosso pai, mas sempre soube que ele seria seu maior protetor — respondi à mente da loira. — De qualquer maneira, Aro deu sua última cartada antes de liberar-nos. Veja bem, já sabíamos da existência de vocês e sabíamos que não estavam mortas. Lembra-se de como Alec pareceu arrependido quando cheguei? Foi porque ele não acreditou quando falei que Aris estava viva.

~~ Julho 2010 ~~

Naquele dia, encontrei-me com Alec no corredor e ele pensava numa garota estranha. Seus pensamentos eram dolorosos, embora tentasse esconder o sofrimento, parecia se esquecer que eu lia mentes. Sorrindo, parou para me esperar.

— Olá, Edward. — Sua voz era cordial. — Como vão as coisas com vocês? Estão gostando?

Suspirei.

— Alec, aqui é um sonho, claro, mas... não parece meu lugar. Sinto falta de minha família e de Renesmee. Você me compreende, não é?

 — Claro. Não gosto de ficar longe de Jane. Parece que fico sem casa, embora goste de Aro como um pai.

 — Sim, exatamente assim que me sinto no momento. Por curiosidade, quem era a garota?

 — Garota? — repetiu assustado.

Sorri e dei uma batidinha com o indicador ao lado do olho. Ele ergueu as sobrancelhas.

 — Eu me esquecera — desculpou-se. — Aristemis. A garota.

 — Uma linda garota. Sua namorada?

Ele sacudiu a cabeça, baixando os olhos para o chão. Então pensou no dia em que a pediu em casamento. Ela aceitara com alegria, porém, poucos minutos depois, enfrentaram um exército de recém-criados e ela se sacrificou para salvar o noivo e Jane. Ela morrera e Demetri a enterrara.

 — Sinto muito — murmurei sentindo sua dor ao vê-la em pedaços.

 — Faz mais de um século. — Deu de ombros, desmerecendo o sentimento.

 — Alec, se fosse Bella, poderiam se passar milênios que eu ainda sofreria como se estivesse na exata hora do acontecimento. Então, eu realmente sinto muito. Onde ela foi enterrada? Quero fazer uma visita.

 — No lado sul dos muros. Há dezessete metros de distância. Posso ir junto?

 — Claro, a noiva é sua.

Ele levantou os olhos turvos para os meus e sorriu agradecido.

 — Não me deixam passar por ali. Eles acham que não preciso lembrar-me dela. Eu... eu não a vejo desde aquele dia. Acharam que se eu fosse até lá, acabaria desenterrando-a e tentando reavivá-la. Ela era diferente, sabe? Seu coração ainda pulsava. Mais ou menos. Seu poder era tanto que não deixou que ela se transformasse por completo e isso lhe custou a vida... — Seu sussurro falhou.

Pus a mão em suas costas, solidário, e prometi que iríamos vê-la depois que ele se alimentasse. Eu não participaria da refeição. Ainda me repudiava a dieta deles. Acompanhei-o até a porta, Alice me esperava ali, de mãos dadas a Bella. Se eu não conhecesse minha esposa, não veria que ela estava sofrendo. Aro não a conhecia para perceber isso. Peguei-a nos braços e beijei-lhe o cabelo.

Alec suspirou, trocou as feições e entrou na sala. Alice insistiu que fôssemos para fora da torre. Colocamos nossos capuzes e partimos para nossa ligação semanal à Renesmee.

Minutos mais tarde, tentei procurar o lugar que Alec dissera. Devia ter alguma marca, algo que indicasse o túmulo de alguém. Não havia. Nada.

A colina descia estável por ali. A relva era da mesma época e cobria tudo. Nada mudado, mexido ou coisa alguma. Não havia nada ali. Nenhum túmulo ou insinuação de terra exposta. Aristemis não estava por aquele lado. Busquei mais de perto, porém não encontrei nada, realmente.

Voltei correndo para dentro dos limites da cidade e expliquei às duas o que estava fazendo. Sorrindo, indiquei que me seguissem e mostrei o que procurava, deixando que fizessem suas próprias buscas.

 — O que acham? — perguntei quando elas voltaram-se para mim.

 — Ninguém foi enterrada aqui — sentenciou Alice.

 — Discordo — falou Bella, voltada para uma pequena deformação insignificante na terra. — Alguém foi retirada daqui. Alec disse que eles temiam que ele a desenterrasse. Sabes se houve um motivo para isso?

 — Não. Ele e Jane voltaram antes de Demetri e das garotas que estavam acompanhando a morta. Alec não faria isso. Não desenterraria a noiva. Então, talvez...

 — Pode ter sido um truque para Alec. Para ele não achá-la, se procurasse — ponderou Bella.

 — Talvez — concordei.

 — O que você acha? — perguntou-me Alice.

 — Ela pode estar viva.

 — Não. Demetri já a teria encontrado — falou minha esposa. — Não teria? Ele é o melhor rastreador do mundo!

 — Alec disse que ela tinha um poder incrível — desmereci seu argumento sacudindo a cabeça. Então Alice viu Lorena vindo à nossa procura e a urgência tingiu minha voz: — Temos que voltar. Agora. Lorena não pode saber disso.

 

~~ Atualidade ~~

— Como eu disse, ele não acreditou. Dias depois, decidimos voltar para os Cullen. Aro aprovou nossa partida, acredito que, porque Alec estava criando argumentos para sair em busca de respostas. Aro falou o que não devia e Bella pensou que seria inteligente pegar nossa filha, seu melhor amigo e partir. Entenda, eu fiz uma promessa em 2006, logo após voltar da Itália e ela insistiu em reforçá-la. Por isso não fui atrás delas. Arrancaram minha vida de mim assim que as perdi. — Suspirei. — A diferença entre mim e Alec é que, às vezes, tenho notícias de Bella e da minha filha. Sei que estão vivas e bem.

Meg fitou as mãos que repousavam em suas coxas e mordeu o lábio inferior. “Desculpe-me por ter obrigado você a relatar isso. Não precisa mais contar. É sério.”

Ignorei seus pensamentos.

— Eu não consigo mais ficar lá. Por isso estava em Denali. Estava fugindo das lembranças. Por pouco, Nadya não ganhou um choque de Kate. — Suspirei. — Quando Carlisle disse que viríamos para Washington outra vez, confesso que realmente tive vontade de pegar o carro e dirigir para o mais longe possível, mas pensei em vocês e como me sentiria se a situação fosse inversa. Decidi ajudá-los porque gostaria de ser ajudado... e porque Bella o faria.

“Eu aprecio muito sua consideração. Receber sua ajuda num momento tão...”

— Turbulento — completei.

Ela assentiu e mordeu o lábio inferior ainda mais forte. Com medo de que a híbrida rompesse a própria pele, pousei a mão em seu rosto e puxei, delicadamente, o lábio de sua prisão. Erro meu. Megára abriu a boca, encarando meus lábios, e sua pele se aqueceu sob meus dedos. Seus pensamentos envolviam possibilidades do que aconteceria se ela me beijasse. Seu corpo já se inclinava em minha direção.

Imediatamente, soltei-a e voltei o corpo para a estrada que se estendia.

— Perdão. Não quero iludi-la.

“A culpa não é sua” retrucou em pensamento enquanto segurava as lágrimas da rejeição. “Eu que sou uma idiota, mesmo.”

Quis explicar que não era nada disso, mas minha consciência, sabiamente, tirou minha voz. Isso alimentaria suas esperanças, lembrou-me Camila, e não era o que eu desejava. Principalmente porque não sabíamos quanto tempo ainda teríamos que conviver lado a lado.

— Perdoe-me por tudo — falei por fim. — Vamos voltar, está bem?

Ela enxugou uma lágrima e assentiu. “Só preciso de um minuto.”

— Também preciso de um tempo. Essas memórias... — Suspirei e recostei-me no banco. — Se Alice me vir assim, arrancará minha orelha e não é fácil conseguir de volta. Aquele filhote de bruxa consegue ser uma verdadeira praga, às vezes.

— Bem, você sabe como é viver com a Jane. — Riu Meg.

E um click ecoou em minha mente. No que eu estava pensando? Acabei de contar metade da minha vida a uma Volturi! Bella jamais aprovaria tal ato! Argh, o que eu fiz! Mas já fazia tempo que não falava com Isabella, então ela não sabia. E se ela não sabia, não poderia me julgar. A não ser que voltasse. Ah, se ela voltasse...! Mas ela não voltaria. Nunca mais.

— Então — recomecei. — Como vocês acabaram desaparecendo? Demetri disse que as viu descendo o rio...

— Não lembro de nada antes dos castelos. — Deu de ombros. — Lembro que sempre fiz parte do grupo Equinócio. Aris que deu essa ideia porque éramos como as quatro estações do ano e estávamos sempre em equilíbrio. Disso, lembro-me bem. Sempre fomos melhores amigas. Quando nos buscaram, disseram que seríamos transformadas. A dor era excruciante. Dizem que durou cinco dias. “O tempo limite”. Também falaram que a transformação da Aris foi ainda mais demorada. Mas ninguém virou vampira, sabe? Ficamos todas na metade do caminho. — riu a moça.

Sua explicação foi engraçada e peguei-me rindo enquanto trocava a marcha do carro e o colocava para andar. Meg continuou:

— Depois do desaparecimento de Aris, voltamos para nossa casa. Ninguém suspeitou, pois ainda éramos humanas o suficiente e nunca gostamos de sangue... é nojento.

“Nada é melhor do que um sorvete de chocolate com menta!” falou Camila.

— Nada melhor do que sorvete de chocolate, não é? — insistiu a híbrida e eu fitei seu rosto para sondar sua mente. Minha estrela não faria isso. faria? — Enfim, um tempo depois, ouvimos rumores de uma deusa vagando pela floresta. Imaginei que fosse Aris, chamei as outras e fomos procurá-la. Não lembro de nada além disso, apenas que, em uma manhã, acordei com outro nome, outra família e outra nacionalidade. A casa era estranha e a minha vida totalmente diferente. Aris, que se chamava Isadora, era minha melhor amiga e me incomodava para acordar. Tínhamos ganhado um passeio para algumas cidades da Itália.

— Melhores amigas para sempre, então? — observei.

— Para sempre e mais além! Bem, essa é minha vida.

— Sem namorados? Acredito que antes, em seu século, não tenha ficado com ninguém, mas estamos no século XXI. Você não teve ninguém?

Ela negou.

— Nessa vida, não. Se tive, não me lembro. — Deu de ombros. — Satisfeito?

Assenti enquanto estacionava o carro na minha vaga da garagem e entrava na casa branca.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? O que esperam para os próximos capítulos??



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