Victoria estava feliz essa noite, sua amiga Antonieta a tinha aconselhado a aceitar o convite de Heriberto para sair. A princípio ela resistiu, ele era seu médico e amigo mas não queria acabar misturando as coisas, afinal ele é um homem lindo e cheio de encantos, além de ser o desejo de toda mulher. Pensar que Heriberto chamava a atenção de outras às vezes a incomodava, Victoria sabia que estava sentindo alguma coisa mas ainda não se sentia totalmente segura para entrar novamente em uma relação amorosa.

O que tem de errado nisso? Ela chegou a pensar enquanto ficava lindíssima em um vestido decotado vermelho com uma maquiagem leve. Por estar entre o coração e a razão, Vicky acabou decidindo por apenas deixar rolar, qualquer coisa poderia acontecer aquela noite.

Não demorou muito para Heriberto chegar a casa dela como o combinado às oito horas da noite, ele sorriu cavalheiro como era e entrou se sentando no sofá para esperar sua "amiga" quando a empregada abriu a porta. Se acomodou sentado entre as almofadas, estava elegante em seu terno e segurava nas mãos um lindo arranjo de rosas vermelhas, eram as favoritas de Victoria, ele sabia disso pois em uma outra ocasião ela havia comentado com ele.

Esperou por mais ou menos meia hora até que viu a bela mulher descer as escadas da mansão indo em sua direção, assim ele logo se colocou em pé com um sorriso no rosto.

— Você está divinamente linda Victoria, como sempre! - beijou docemente a mão dela. Ao mínimo contato com ela Heriberto podia sentir o seu corpo todo reagir, Victoria era viciante e tinha todo esse poder sobre ele, porém ela nem imaginava.

— Obrigada Heri. - sorriu e pensou em como se sentia bem e segura ao lado dele, queria estar assim para sempre se pudesse.

— Dá uma voltinha Vicky! Deixa eu olhar melhor! - riu a vendo corar fazendo o que pedia, até quando estava com vergonha era linda.

— Seu bobo! Assim eu fico até sem graça!

— São pra você! - Heriberto a entregou as rosas com carinho vendo aqueles olhos verdes como uma esmeralda brilharem.

— São lindas Heriberto! Minhas favoritas! - Victoria cheirou as flores sentindo o perfume delicioso.

— Eu sei, não há um gosto seu que eu não saiba! - piscou pra ela.

Victoria não disse nada apenas riu apreciando aquele momento e disfrutando da companhia maravilhosa dele, até que logo ele a pegou pela mão indo até o carro, abriu a porta pra ela entrando em seguida e seguiram para um restaurante.

O ambiente era calmo e transmitia tranquilidade, Heriberto tinha feito uma ótima escolha, ali poderiam conversar sem ser interrompidos por quem quer que seja. Sentaram-se e conversaram um pouco até que o garçom veio e anotou os pedidos logo trazendo à mesa um vinho.

— Eu adoro vinho francês! Boa escolha Heri. - bebeu um pouco da taça.

— Tim tim! - ele propôs logo um brinde.

— A nós dois! - ela sorriu.

— A nós dois e à vida que trouxe você pra mim Victoria! - segurou as mãos dela com carinho, queria mais daquele contato, queria estar sempre perto dela a qualquer hora do dia ou da noite.

— Temos uma bela amizade! Engraçado né, o destino! - ela ria totalmente relaxada, estar com ele era como estar no céu.

— Eu queria mais que uma bela amizade... - Heriberto disse logo de uma vez, não queria mais guardar para si o que sentia em seu coração e mesmo que Victoria não o correspondesse ele queria que ela soubesse o quanto a amava.

Victoria sentiu um calafrio subir por sua espinha, o olhava atenta e paralisou brevemente com o que ele começara a dizer. O que poderia ser esse algo mais que uma bela amizade? Ela pensava, era impossível não pensar em tudo o que viveram como amigos até aquele momento, mudar esse status assim de repente a fez se assustar, continuou o olhando ansiosa por suas próximas palavras e ele vendo que ela estava quieta, continuou não podia voltar atrás agora.

— Victoria eu não sei como te dizer isso, pensei em diversas formas de como dizer mas não quero parecer inconveniente e tampouco quero estragar a nossa amizade, mas eu quero que seja mais que isso, desde que te vi pela primeira vez, tive a sensação de já a conhecer desde muito tempo.

Ele ia continuar mas Victoria o interrompeu.

— Eu poderia te dizer que essa foi uma das cantadas mais baratas que eu já ouvi na minha vida, mas... - suspirou o olhando nos olhos - eu senti a mesma coisa. - falou sedutora.

Heriberto teve medo da resposta que poderia vir dela, afinal não esperava sequer que ela pudesse o corresponder talvez por se achar insuficiente para uma mulher como ela, o que era pura bobagem. Ele sorriu.

— É... eu... você é muito especial Victoria, eu te admiro muito, você é uma mulher forte, linda, divertida... não quero que pense que quero me aproveitar de você...

— Heri, não... eu nunca pensaria uma coisa dessas de você! - ela novamente o interrompeu, sentia o coração aos pulos com toda aquela sensação de última hora, ainda segurava a mão dele agora fazendo um carinho.

O jantar chegou e eles comeram conversando e sorrindo mas com seus pensamentos em tudo que disseram ali minutos antes. Victoria em nenhum momento se incomodou porque como ela mesma disse, sentia a mesma coisa, o mesmo carinho e a mesma vontade de estar perto para sempre. A amizade estava em evolução para um sentimento ainda mais lindo e forte, o amor.

Heriberto a levou para casa, a lua estava linda e observando o céu pela varanda eles conversaram mais.

— Victoria, sobre o que eu te disse no jantar eu... queria te pedir desculpas.

— Desculpas pelo que Heriberto? - ela o olhou sem entender, estavam próximos e ela podia sentir o perfume delicioso dele invadir suas narinas e mexer com cada célula de seu corpo.

— Eu sei que eu sou apenas seu amigo e talvez tenha me precipitado... eu... eu sou um idiota em pensar que você possa querer ao seu lado um homem como eu. - ele baixou a cabeça já triste desiludido.

— Ei não diga uma coisa dessas! Heriberto por favor, olha pra mim. - Victoria pediu vendo que ele suspirava derrotado sem nem esperar pelo que ela ia dizer.

Ele apenas levantou o olhar a encarando.

— Você está sim precipitado! - ele sentiu aquelas palavras como um punhal dilacerando o seu coração, estava certo era um idiota - está se precipitando em afirmar com tanta certeza que eu não desejaria um homem como você na minha vida - ele a olhou - ter alguém como você na minha vida seria a melhor coisa que eu poderia sonhar em ter! Você é maravilhoso! Não me olhe assim...

Victoria se aproximou ficando bem perto do corpo dele mas ainda sem tocar, apenas colando as testas uma na outra e segurando o rosto dele com as mãos.

— Nunca mais me diga que não é o suficiente pra mim, nunca duvide do meu carinho por você e da força da nossa amizade! Heriberto, a nossa amizade é amor!

Ela tinha lágrimas nos olhos e o coração acelerado, finalmente tomava coragem para dizer a ele o quão importante ele era e acima de tudo o quanto o desejava ao seu lado. Não quis esperar mais nenhuma resposta e simplesmente o beijou com calma, sentindo a maciez de seus lábios se tocando e se conhecendo, sentiam o quanto precisavam daquilo e o quanto queriam estar juntos porque aquela amizade sem dúvidas e há muito tempo era amor.

FIM!!!!