Pimentinha - La Madrastra & Triunfo del Amor escrita por Mrs Belly


Capítulo 4
Capitulo 4




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Algum tempo passou depois que tudo aconteceu e Heriberto ter levado Maria embora daquela boate e junto com a música o clima também havia mudado. Carlos se sentou em frente ao balcão do bar e pediu uma dose bem forte de bebida, ele sentia seus pensamentos desordenados desde que Maria o rejeitou na escola e quis descontar a adrenalina e a dor da rejeição da pior forma possível, afinal, como o cara mais cobiçado pelas meninas do colégio podia ser jogado de lado daquele jeito? Há uma semana seus amigos riam dele por ser incapaz de conquistar Maria e ele não se conformava por isso. Será mesmo que ela estava apaixonada por Heriberto? um homem que tem mais que o dobro de sua idade e que a seu ver não tem nada de especial?

Todas essas questões e a lembrança da cena que acabara de protagonizar na frente de todos foram interrompidas assim que Luana e Jennifer foram até ele com seus batons borrados e um sorriso no rosto, além do copo de destilado nas mãos.

— E aí Carlinhos? cadê a Maria? - Perguntou Jennifer, já se sentando no banquinho ao lado para manter as pernas firmes no chão. Luana olhava o movimento distraída e nem ouviu o que os dois conversavam.

— Foi embora! Aquela filha da puta foi embora nos braços daquele coroa babaca! - Carlos gritou, chamando a atenção de alguns olhares e despertando a amiga Luana do transe em que estava ao flertar com um rapaz.

— Calma Carlos! O que aconteceu? pensei que a gente veio aqui pra se divertir mas essa sua cara te entrega! Qual foi a merda que você fez agora hein?

— Eu tentei beijar a Maria e... - engoliu a dose de bebida de uma vez

— E o quê caramba, fala!!! - Jennifer segurou firme o rosto de Carlos em suas mãos. Ele estava claramente derrotado e com certeza o que iria dizer não era nada bom porque ela mais do que ninguém, conhecia aquele olhar e aquela expressão vazia.

— E eu tentei acabar com ela, quis que ela fosse minha de uma vez por todas, Jenni! O que você acha que aquela garota queria quando me rejeitou? Eu nunca fui rejeitado por nenhuma garota na minha vida!!

— Espera aí cara, você abusou da minha amiga? - Jennifer estava perplexa e não podia acreditar que aquilo teria acontecido, só podia ser mentira, tinha que ser!

— O quê? - Luana o olhou com raiva assim que se deu conta da realidade que parecia ter sumido quando entrou ali.

As duas eram as melhores e únicas amigas que Maria havia feito quando entrou na escola que Heriberto passou a pagar para que ela concluísse o ano de estudos, e não iriam permitir que uma atrocidade daquela ficasse impune. Carlos não era um Deus e muito menos o homem mais lindo do mundo ou o dono de alguém para achar que pode fazer sempre o que quer, ele estava enganado e aquilo teria volta.

— Ela merecia!! eu me declarei e disse que estava disposto a largar todas para ficar com ela, mas a Maria só tem olhos para aquele velho! - bateu a mão com força no balcão.

— Heriberto, o tio dela? O que ele tem a ver com a merda que você fez hein, seu babaca!? O mundo não gira em torno de você, Carlos Henrique!! E eu acho bom você nos contar tudo o que aconteceu aqui, tudo o que você fez, porque se machucou a minha amiga, você está muito encrencado! - Aquele era um ultimato e a justiça seria feita.

Carlos se viu entre a cruz e a espada e pela primeira vez deixava esvair a sua imagem de machão, do carinha inabalável e irresistível que pode ter todas as meninas jogadas aos seus pés para dar lugar ao que ele realmente era, um inútil e talvez pela primeira vez na vida arrependido pelas coisas que faz sem medir as consequências.

— Tá bom, eu vou contar!... No começo eu só queria me divertir e tentei beijar a Maria mas ela virava o rosto pra me evitar aí  perdi a cabeça e tentei forçar até que o coroa ligou e ela quis atender... eu joguei o celular dela no chão. - Carlos fez uma pausa, mas Luana e Jennifer não deram trégua e fizeram que continuasse a falar. - Gente, eu sempre gostei dela e até me declarei como nunca precisei fazer com nenhuma garota, eu ia largar tudo e todas mas ela nunca deu a minima dizendo que eramos só amigos e isso me encheu de raiva, então decidi que Maria seria minha de uma vez por todas! Puxei a calcinha dela para o lado assim que encostei na parede para que não fugisse e ergui o vestido até a cintura para ter acesso ao que eu queria. Eu queria ela, o que se negava a me dar, Maria é uma virgenzinha e o que eu podia fazer?!!

Um silencio se instalou naquele momento e sentadas rente o bar e diante de tantas pessoas bebendo e se divertindo, as amigas não tinham mais reação a cada palavra que Carlos colocava para fora. Elas nunca imaginaram que um dia ele seria capaz daquilo forçando alguém a estar com ele porque todas sempre estavam a seus pés, mas Maria, Maria Fernández era diferente.

— A Maria não é como todas as vadias que se oferecem pra você! Ela é diferente e se não queria, você devia ter respeitado! - Luana respirou fundo, estava tensa com aquilo tudo.

— Eu não te reconheço mais, Carlinhos! - esbravejou a outra.

— Será que eu posso continuar? - ele interrompeu e as duas assentiram.

— Teve uma hora que a Maria começou a gritar mas eu já não me importava com nada até que  uns caras apareceram ali  e ficaram olhando, aí eu me senti no comando não sei explicar mais era uma sensação boa de poder, então prendi os pulsos dela e um cara veio por trás segurar enquanto eu baixava a roupa para fazer o serviço, mas a Maria se debatia e ficou difícil, o máximo que eu tentei foi dar umas duas metidas nela mas ela apertou as pernas impedindo que fosse mais fundo e acabou que eu nem entrei, então ela ainda é virgem, intocada pra aquele coroa! Nem pra isso eu prestei!

— Eu nunca imaginei que você faria isso!

— Nem eu! - Jennifer concordou com a amiga - Mas como ela foi embora? O que mais você fez?

— Depois ela desmaiou então a gente largou ela no chão. Não sei como aquele velho a encontrou mas pouco tempo depois eu o vi saindo com ela nos braços...

— Está satisfeito, seu nojento? o que ganhou com isso?

— Foi só um susto nela, Jenni, logo vai esquecer. - ele deu um sorriso falso.

— Pois eu duvido que a minha amiga queira saber de você! a Maria não é assim! Vamos embora Lu, deixa esse estúpido aí sozinho!

As meninas viraram as costas e deixaram Carlos ali. Ele suspirou e bebeu mais um pouco, não se importava mais com nada e nem tinha noção que o que fez lhe traria consequências, até ficou feliz em ter conseguido o que queria, assustar Maria para que ela entendesse que com ele não podia brincar e descartar como se fosse um lixo mas ele estava errado e com a ponta de arrependimento que começava a ter caso ela o odiasse, ia aprender quem sabe a ser um homem de verdade.

...

No hospital, Heriberto andava impaciente sem ter noticias de Maria até que um médico o chamou para ir até o consultório. Não seria uma conversa fácil entre os dois mas Heriberto precisava estar calmo para dar todo o apoio e cuidado que Maria precisava. Assim que deram entrada ali, a menina ainda inconsciente foi submetida a exames, inclusive um exame de corpo de delito que o empresário exigiu que fosse realizado devido as circunstancias em que ele a encontrou no chão da boate.

— Encontramos indícios de que a jovem tenha sofrido violência sexual. - O médico começou a falar e Heriberto se alterou já com as duas mãos na cabeça, andando de um lado a outro.

— Ela era virgem, doutor! - se aproximou ao se lembrar de uma conversa que teve um dia com a mãe de Maria e que ela deixou escapar essa informação.

— Acalme-se por favor. O senhor é parente da menina?

— Sou... eu sou o pai! - Disse de uma vez a primeira coisa que veio na sua cabeça, não podia mostrar que na verdade a relação entre os dois por vezes tenha sido completamente diferente.

— Bom, como eu dizia há indícios de violência pois encontramos marcas no corpo da sua filha. O hímen ainda está lá, mas muitos são elásticos e nem sempre são rompidos com facilidade então o ato pode ou não ter sido consumado. Vamos fazer mais exames e administrar medicamentos para que ela se recupere e possamos então entender o caso, a policia poderá ajudar.

— Eu preciso vê-la doutor, preciso entender tudo isso! Não posso perder essa menina, eu a amo!

Heriberto estava perdido, aquela era para ser uma noite diferente para os dois e principalmente para Maria que nos últimos tempos nem saia de casa, mas tudo foi arruinado por sua rebeldia, ela era uma adolescente e era normal que quisesse se sentir livre e independente, gostava de desafiar para deixá-lo louco e conseguia mas as vezes passava dos limites e agora Heriberto entendia seus sentimentos misturados querendo corrigir os maus comportamentos mais ao mesmo tempo proteger aquela menina, ele não resistia a ela quando Maria o atentava querendo ser dele como mulher, mas todo esse tempo se segurou porque não queria machucar o coração dela, tudo seria diferente na hora certa e ele estava apaixonado mas queria esperar, porém agora, diante dessa tragédia tudo o que Heriberto queria era acabar com a vida do desgraçado que atacou a sua pimentinha.

Devia isso a ela, a ele mesmo e principalmente a Marina que o confiou para cuidar de sua filha antes de partir. Em frente a vidraça do quarto em que Maria estava Heriberto fez sua promessa.

— Isso não vai terminar assim, minha doce pimenta. - Tentava disfarçar as lágrimas mas a revolta por vê-la naquela cama de  hospital era mais forte que ele mesmo - Eu te amo e não vou perder você, vou fazer justiça!

Maria precisou passar a noite no hospital em observação, ela foi medicada e cuidada com muita dedicação pelos médicos e também por Heriberto que não arredaria o pé daquele lugar sem a sua menina. Ele foi resistente, mesmo sabendo que ela já estava melhor e que poderia voltar para casa no dia seguinte, cuidava de Maria não apenas porque a dona Marina lhe atribuiu essa função antes de morrer, mas também o fazia por gosto mesmo lutando inutilmente contra os seus próprios sentimentos em relação a ela e por isso esteve ali o tempo todo até Maria despertar sem que ele percebesse, e assim enxergar no fundo de seus olhos chorosos a dor e o medo que Heriberto estava sentindo de perdê-la para sempre.

— Você não vai me perder! - ela disse ainda com as emoções embaralhadas mas agora estava mais calma porque finalmente se sentia segura e longe daquele pesadelo e seu sorriso fraco encheu os olhos de Heriberto de alegria.

— Pimentinha... como se sente? O que aconteceu? - tocou o rosto dela e Maria fechou os olhos para apreciar a caricia - Eu vou chamar o médico!

— Não, fica! - pediu quando ele tentou se levantar. A mão direita de Heriberto agora se dedicava a acarinhar os dedos dela enquanto o olhar se perdia na imensidão verde daqueles olhos. Tinha um aspecto diferente do que sempre teve, os olhos de Maria perderam o brilho e saber o motivo que levou isso a acontecer, o assustava - Não me deixa sozinha Heriberto! não vai por favor!

— Sshh... tudo bem, eu não vou sair daqui sem você. Mas quero que me diga, por que não me escutou? Por que não esperou que eu chegasse em casa para sairmos juntos, Maria?

— Você me rejeita! nega o tempo todo que me quer mas desmente tudo quando a gente se beija! - desfez o laço de suas mãos perdendo o contato - Eu não suporto isso... - Maria estava sendo sincera, colocava para fora finalmente depois de tanto tempo o que realmente sentia e o quanto aquela rejeição surtia um efeito negativo sobre ela, porém, ele não era o único culpado.

— E por isso você resolveu descontar em mim, saindo com aqueles pirralhos? Maria, você tem dezessete anos e seus atos vão refletir sobre você mesma! olha pra mim... - ela olhou bufando - Eu só quero o seu bem desde o dia em que a sua mãe veio trabalhar pra mim com você ainda pequenina nos braços dela. Eu praticamente te criei como uma filha, tente me entender.

— Você quem tem que entender! - gritou agarrando forte o braço de Heriberto com as unhas - Mas eu não sou mais uma menina e muito menos sua filha! Eu não tenho pai, nunca tive e agora não preciso de um! Pensei que você me amasse mas o que você faz?

Heriberto respirou fundo sabendo que aquela conversa não ia levar a nada. Maria estava ferida tanto por dentro quanto por fora e o que ela menos precisava agora era de mais sofrimento, ele até tentou saber o que tinha acontecido na boate mas ela se negou a dizer, aos prantos não estava pronta para lembrar aqueles momentos de pavor, então ele mesmo cuidaria disso.

Mais tarde não muito longe, Carlos passava o dia trancafiado no apartamento de seus pais pensando agora depois que a ressaca passou, em como escapar daquela situação. Ele não queria ser incomodado então teve que dar qualquer desculpa para continuar ali, esse comportamento solitário era normal para a família do rapaz então todos acharam melhor deixá-lo em paz. Carlos não era o melhor dos filhos mas como não tinha irmãos sempre teve tudo o que queria sem ter nenhum esforço para merecer. Enquanto isso, Luana e Jennifer decidiram que alguma coisa precisava ser feita, elas gostavam de Maria e se colocando no lugar dela sabiam que não poderiam deixar que Carlos ficasse impune, mesmo ele sendo amigo das duas também. Então, ligaram para a casa de Maria e quem atendeu foi Lúcia, a empregada.

— Alô?

— Alô, quem tá falando? - Luana começou a falar enquanto a amiga esperava ao lado ansiosa por noticias. As duas estavam na rua em um orelhão, não tinham dinheiro para comprar o cartão então ligaram a cobrar mesmo - É da casa da Maria Fernández?

— É sim mas ela não está. Quem quer falar com ela? - perguntou Lúcia com medo, a essas horas Heriberto já tinha ligado para lhe avisar do ocorrido e pediu que ela tivesse cuidado.

Jennifer estava impaciente, uma senhora entrou na fila do telefone publico e pedia para que fossem depressa pois também precisava fazer uma ligação importante - Dá pra esperar aí tia? a gente tá resolvendo uma parada de vida ou morte!

— Cala a boca Jenni! - disse Luana e Lúcia estranhou - Calma não é com a senhora não! Aqui é a Lu, uma amiga da Maria, eu tava com ela ontem e queria saber como ela está.

— Ah, ela ainda está no hospital com o seu Heriberto, o tio dela.

— Pode me dar o endereço do hospital então?

— Só um minuto.

Assim que a empregada passou o endereço de onde Maria estava, as meninas resolveram ir até lá fazer alguma coisa por ela e nada melhor do que contar a Heriberto quem era o responsável por toda aquela situação. As duas pegaram uma carona até o hospital e quando chegaram lá foram orientadas a aguardar por noticias na sala de espera e ali elas viram Heriberto sentado com as mãos sobre a cabeça, chorando baixinho para que ninguém notasse que ele não era o homem de ferro que muitos acreditavam ser. Elas o conheceram em uma das vezes em que foram visitar Maria em casa assim que a mãe dela morreu, então compadecidas, Luana e Jennifer se aproximaram mas tinham medo porque estavam com Maria na noite anterior e não puderam fazer nada para defendê-la de tamanha covardia, não sabiam o que dizer, mas estavam ali para tentar ajudar de alguma forma.

— Oi! - disseram as meninas em coro e Heriberto ergueu o olhar sem animo algum - O senhor é o Heriberto, o tio da Maria né?

— Sim. - ele respondeu, se ajeitando na cadeira e pedindo que as garotas se sentassem ali também.

— A gente veio saber como ela está e também contar uma coisa que o senhor precisa saber. - disse Luana.

— E o que é que eu preciso saber? Vocês estavam com a Maria ontem naquela maldita boate? - ele se alterou mas baixou logo o tom da voz por estar em um hospital.

— Calma aí tio! - alertou Jennifer, já se arrependendo de estar ali.

— Não me chame de tio! ninguém pode me chamar de tio, a não ser a... bom, o que vocês duas querem aqui? - Heriberto respirou fundo tentando manter a calma que naquele momento era quase impossível ter.

— A gente sabe quem atacou a Maria... - Luana falou de uma vez e Heriberto se levantou na hora. - Foi o Carlos Henrique, o nosso amigo, quero dizer ex amigo do colégio! ele é um escroto, pega todas as meninas mas quando tentou pegar a Mari ela se negava e nunca quis nada com ele porque ela gosta de outro cara.

— O que? agora vocês vão me contar tudo! ela nunca me diz nada, não quis me contar. Quem é esse moleque e onde ele mora?

Heriberto passou alguns minutos conversando com as meninas, conseguiu o endereço do rapaz e agora já sabia o que fazer então depois de visitarem Maria no quarto e ver que ela estava melhor após o depoimento que deu a policia, Heri pegou o carro e saiu depressa para o lugar que tinha anotado no papel e como era de se esperar, logo entrou num condomínio de luxo na área nobre da cidade.

— Mais um filhinho de papai metido a merda! - esbravejou com as mãos no volante assim que estacionou o carro - Hoje vai aprender a não mexer comigo!!

Ele foi até a porta da casa e uma mulher atendeu. Bonita e bem arrumada, abriu um largo sorriso quando o viu. - Olá! - ela se apresentou.

— Olá, eu gostaria de falar com o Carlos Henrique. Sou um professor do colégio e vim passar umas orientações para um trabalho - Heriberto mentiu, sabia que provavelmente a família do garoto não estava ciente da vida do filho então nem notariam quem ele realmente era.

— Ah sim, ele está no quarto. Pode entrar é na segunda porta a esquerda.

Ele andou pelo corredor e subiu uma escada, viu que a porta indicada pela mulher estava aberta então entrou de uma vez, indo direto ao ponto.

— Então é assim que você trata uma garota, não é seu desgraçado!!! - Carlos estava deitado na cama e levou um susto com a voz alta e com a porta batendo atrás de si. Ele se levantou e sentiu o coração parar, conhecia aquele homem mas não aquele olhar assustador sobre ele.

— Eu pos...so explicar tiozão! - arregalou os olhos e engoliu seco quando Heriberto o ergueu com força pela gola da camisa - Calma aí coroa!! eu vou chamar a minha mãe! gritou e Heriberto gargalhou o empurrando contra a parede sem soltá-lo.

— Vai chamar a mamãezinha agora? na hora de mexer com o que não deve você não pensou na sua mãe, seu canalha! O QUE VOCÊ FEZ COM A MARIA??!!

— Eu fiz o que ela merecia, a Maria é uma putinha igual todas que eu pego! Mas me rejeitou porque só quer saber de você, seu velho!

— CALA A BOCA!! - Heriberto não conseguia mais segurar a sua raiva e desferiu um soco bem dado na cara de Carlos. O garoto foi ao chão com a boca ferida enquanto a mãe dele abria a porta do quarto assustada pelos gritos que ouviu lá de baixo.

— Mas o que está acontecendo aqui?? - ela gritou indo até o filho mas foi impedida por Heriberto que a segurou pelo braço.

— A pergunta é o que aconteceu, senhora! é isso o que eu quero saber, por que o seu filho abusou da minha menina!!! - Claudia arregalou o olhar, o sangue dela todo ferveu, tudo poderia acontecer e sempre passou a mão na cabeça do filho para encobrir seus erros mas ela nunca admitiria que ele fizesse uma coisa dessas e saísse impune.

— O que o senhor está dizendo? - olhou Heriberto que soltou o braço dela, os olhos dele já marejavam de novo e o coração palpitava de angustia - O que você fez, Carlos Henrique??? fala! - ela avançou sobre o filho dando vários tapas com força e ele nem reagiu, ficou ali mesmo no chão porque o soco que levou de Heriberto foi tão forte que ainda latejava.

— Esse covarde abusou da minha filha, e a senhora se prepare para enxergar quem ele é de verdade. Eu vou agora mesmo a policia prestar queixa, Maria não quis fazer isso ainda porque esse infeliz a deixou com medo, mas eu farei isso por ela! assédio é crime e ele vai pagar!!

Heriberto depois de dizer o que queria, apenas bateu a porta e saiu daquela casa, a vontade dele era de matar Carlos mas não o fez porque ainda tinha um processo para enfrentar pela guarda de Maria com os tios dela e por isso não quis se complicar com a justiça. Ele precisava colocar os pensamentos no lugar e entender até mesmo os seus próprios sentimentos, pois estava confuso se o que sentia por ela era amor de homem e mulher ou de pai e filha, já que ele a protegia como se fosse, desde pequena.

Dias depois...

Maria estava mais quieta ultimamente mas estava fazendo tratamento psicológico para superar todos os acontecimentos terríveis em sua vida, que só não desmoronou porque a todo momento Heriberto estava ali com ela cuidando para que ficasse bem e aos poucos estava melhorando. Era noite e Maria estava no quarto vendo televisão quando olhou a porta abrir devagar e Heriberto entrar em silencio. Ele carregava nas mãos uma bandeja com sanduíches, suco e frutas, caminhou até a cama e a colocou sobre o colo da menina. Sorriu e viu o rostinho meigo dela se iluminar na mesma hora.

— Como a Lúcia te chamou mais cedo pra jantar e você não veio, eu trouxe um sanduíche pra gente comer então. - Maria sorriu e estendeu a mão a ele, Heriberto segurou seus dedos e fez um carinho olhando a imensidão do olhar dela criar vida outra vez depois de muito tempo.

— Você me faz tão bem tio - olhou suas mãos entrelaçadas e o viu rir de repente - O que foi?

— Há quanto tempo você não me chama assim, tinha até esquecido que era seu tio... - mordeu a ponta do lábio inferior com vergonha.

Maria o viu corar e deu uma sonora gargalhada, pegou uma das uvas no prato sobre a badeja e levou até a boca dele, Heriberto comeu e ficou a observando, os dois estavam cada vez mais próximos mas o seu coração ainda se confundia, atormentado pela promessa que fez a Marina de cuidar da jovem como se ela fosse sua filha.

— Por mim você seria bem mais do que meu tio Heriberto... eu te amo e você sabe disso. - Ela tocou suavemente o rosto dele que fechou os olhos suspirando e a caricia foi interrompida.

— Maria... - Heriberto a olhou e num impulso tomou os lábios dela em um beijo carinhoso e de saudade que durou alguns segundos após um sentir o gosto do outro. Ela tirou a bandeja de comida para o lado e juntou seu corpo no dele, sentou sobre as pernas de Heriberto o olhando no fundo dos olhos que brilhavam perdidos naquela sensação e disse - Maria não, pimentinha! - ela o lembrou sorrindo travessa e levou a boca ao seu ouvido provocando no homem uma avalanche de arrepios pelo corpo - Sou a sua pimentinha, tio!

— Ah garota! - Ele deitou sobre Maria na cama - Como esquecer disso? - Heriberto aproximou-se dela e Maria se preparou para ser beijada, mas o que recebeu dele foram cócegas que a fizeram rir e correr atrás dele pelo quarto até alcançá-lo vencido pelo cansaço.

— Tá ficando velho, já cansou? - ela riu grudada a ele pelas costas. Heriberto ria e respirava fundo sentido as mãos dela brincarem sobre seu peito coberto pela camisa, um silencio se instalou entre os dois até que Maria perguntou o que sempre quis saber mas desta vez esperava uma resposta - Você me ama?




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Notas finais do capítulo

Continua...



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