Presos Por Um Olhar escrita por Carol McGarrett


Capítulo 47
Repercussões


Notas iniciais do capítulo

Chegando um pouquinho mais cedo com esse capítulo porque amanhã não vou poder postar!
Uma ótima leitura a todos vocês!



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Acordei um tanto desorientada e achando que tive o mais estranho dos sonhos. Onde já se viu eu, Katerina Nieminen, parar em frente à fotógrafos!!

Balancei a cabeça em negativa e me virei para lado, para perceber duas coisas, estava sozinha na cama e não tinha sido um sonho.

— São Jorge! Eu realmente fiz aquilo?

E como se eu estivesse avançando um filme de forma duplamente acelerada, toda a noite passou por minha mente. Da saída do escritório, a conversa dentro do carro com Alex e ele, finalmente me contando como foi o fim de seu relacionamento com Suzanna, até a nossa chegada ao evento de lançamento do carro e tudo o que aconteceu lá dentro.

As conversas com Mia, Suzanna e Lee pairando no ar por mais tempo que seria necessário. E, por fim, a apresentação do comercial em si e a alegria de Alex, as mensagens de minhas amigas e de Dona Amelia.

— É muita coisa para processar. – Murmurei no quarto vazio.

Me sentei na cama, peguei o celular no criado ao lado da cabeceira para conferir as horas. 5:30 da manhã.

— Onde você está, Alexander?

Era cedo, contudo eu sabia que não voltaria a dormir. Pensei em sair para correr, mas devido à minha recente aparição, achei melhor não. O que não me impedia de correr em casa.

— Vai ter que ser o jeito, vamos tirar a poeira daquela academia lá embaixo.

Me levantei, troquei de roupa, desci, não achei Alex em nenhum lugar da casa, só achei nossos peludos.

— Vocês não viram seu pai, viram? – Perguntei ao acariciar os três. Loki e Stark me acompanharam até a academia, Thor resolveu que dormir era melhor. Às vezes acho que esse cachorro deve ter DNA de gato, não é possível dormir tanto!

Por curiosidade, dei uma conferida na garagem, o Jeep tinha desaparecido assim como Alex.

— Aonde você foi a essa hora da manhã, seu Surfista Maluco?

Ele não tinha deixado bilhete, não tinha mandado uma mensagem, talvez precisasse de tempo e espaço para pensar sobre algo ou Alex só estava sendo Alex e estava aprontando uma. Ele já tinha saído de madrugada para me comprar café da manhã.

Deixei esse assunto de lado, uma hora Alex apareceria, e resolvi gastar a minha energia na academia. Como o espaço era enorme, além de alguns equipamentos, ainda tinha uma área coberta com tatame, onde Alex me contou, ele treinava algumas das coreografias de luta, além de sei lá que arte marcial que ele lutava. Assim, decidi por dividir meu tempo entre uma corrida e uma boa sessão de solo de Pilates, que, depois de tanto tempo sem fazer, eu tinha certeza de que me deixaria toda dolorida.

Como estava sozinha, acabei por aumentar um pouquinho mais o volume das músicas e me deixe levar pelo pop que tocava, concentrada nos exercícios.

Quase uma hora depois, parei para tomar um pouco de água, quando vejo o reflexo de meu noivo no espelho e quase que me engasgo de susto.

— Isso não é justo! – Ele falou assim que parei de tossir.

— Não é justo? Eu quase morro afogada com um gole de água, porque você tem que ser silencioso como um gato, e é você quem reclama? – Rebati.

Alex me segurou pelos ombros e me olhou atentamente.

— Está bem viva para mim. – Disse com um sorriso. – E bom dia para você, Kat!

Levantei uma sobrancelha e o encarei.

— O que? Não vai me dar bom dia? Não te falo o que trouxe para você! – Tentou me subornar.

— Você foi surfar? Às 5:30 da manhã? – Olhei para o cabelo molhado dele.

Cinco da manhã. – Ele me corrigiu. – E não me olhe assim.

— Você ainda está, teoricamente, de licença médica. – Comentei e voltei para a esteira para terminar minha corrida.

— Eu sei, mas eu estava precisando voltar para o mar, Kat... já tinha quase um mês desde que surfei. – Se explicou e se apoiou na esteira para ficar de frente para mim. – E não te chamei porque você estava dormindo tão bem, que não tive coragem de te acordar. A minha intenção era voltar antes que você acordasse e te levar café na cama. Mas você estragou a surpresa.

Revirei os olhos.

— Você é maluco. A água deveria estar gelada!

— Isso estava. Fazia tempos que eu não pegava uma água tão fria por aqui. Mas...

— Mas? – Instei.

— Por que levantou tão cedo?

— Acordei. – Não tinha outra explicação. – E como você não estava do meu lado para me fazer pegar no sono novamente, decidi por me levantar. Queria ir até a praia correr, contudo achei um tanto arriscado.

— É... tinha alguns fotógrafos por lá. – Alex me disse.

— E você foi fotografado sozinho... já estou até vendo as especulações.

Ele riu alto.

— Não sei se fui... vi eles chegando quando estava saindo. Mas, pela quantidade de panquecas que tinha nas mãos, creio que a especulação será outra...

— Você trouxe panquecas e ficou me enrolando para falar isso? – Xinguei e parei de correr.

— E o estômago dela ganha a guerra contra o lado fitness! Por que não me surpreende? – Ele brincou com a minha cara. – Vai, acaba de se alongar aí que eu vou arrumar a mesa.

Fiz uma careta para ele, estava com fome e só de imaginar as panquecas em cima da mesa, minha barriga roncou, e ainda bem que ele não escutou.

Assim que entrei na cozinha, Alex estava acabando de fazer um café para ele.

— Meu plano era levar isso aqui na cama para você. – Me disse. – Mas parece que eu nunca vou conseguir fazer isso, já que você tem sempre que estragar a surpresa.

— Tente me nocautear com alguma droga para conseguir fazer isso. Você pode não acreditar, mas dá para saber quando você sai da cama. – Falei.

— Interessante. Então você sente a minha falta quando saio da cama antes de você?

— Mas é claro! – Confirmei.

E ele abriu aquele sorriso convencido.

— Meu aquecedor pessoal me abandona... quer que eu faça o que? – Continuei e vi a expressão dele mudar. – Continue a dormir normalmente?

Aquecedor pessoal? – Disse injuriado.

— E travesseiro. – Completei e escondi o meu sorriso vitorioso atrás do copo de suco.

— Sou um aquecedor pessoal e travesseiro? É isso que eu sou para você? – Questionou me olhando nos olhos.

— Sim. Função dupla. Não é ótimo?

— Eu vou levar essa comida embora. – Ameaçou.

— Não vai não. – Retruquei.

— Então admita que sentiu a minha falta do seu lado e não foi porque você sentiu falta do seu “aquecedor”. – Tentou barganhar.

— Acho que você está se colocando em um patamar muito alto...

— Katerina...

— Você não tiraria esse prato de panquecas da minha frente. – Garanti.

— Não?! – Me desafiou.

— Não se quiser subir na minha escala pessoal.

— E eu passaria de aquecedor para?

Abri um sorriso.

— Quem sabe um dia você fique sabendo, hein?

— Lá vem você com esse “um dia”! Não perdeu essa mania ainda? - Falou exasperado e levantou as mãos para o alto.

Comecei a rir da cara dele.

— Volta aqui, Aquecedor! – Chamei-o de volta, já que ele tinha resolvido ficar de pé, escorado na pia.

— Para? – Levantou uma sobrancelha e me encarava sério.

— Eu ainda não beijei você hoje. – Respondi e vi o sorriso convencido voltar às suas feições. – E nem te dei bom dia.

Alex voltou para o meu lado em um instante.

— Assim está muito melhor! – Comentei antes de puxá-lo para lhe dar um beijo. – Bom dia e obrigada pelo café da manhã. – Falei ao acabar de beijá-lo.

— Já acabou aqui? – Ele me perguntou, dando um beijo no meu pescoço.

— Sim, posso saber o motivo da pergunta?

Alex não me respondeu, passou um braço pelas minhas costas e me pegou no colo, me levando para o quarto.

— Me põe no chão! – Pedi. – Suas costelas ainda não estão curadas.

— Kat... – Ele murmurou o meu nome e eu soube na hora o que ele queria.

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— Eu estou atrasada. E a culpa é sua! – Falei quando, finalmente, consegui sair de dentro do banheiro.

A risada de Alex me acompanhou para dentro do quarto.

— Vai ficar aí, rindo?

A olhada que ele me deu, me indicou que ele poderia me arrastar para debaixo do chuveiro novamente.

— Você não vai chegar atrasada, Kat. São 7:45. E eu vou te levar, para ter a certeza de que você não vai se perder.

— Eu não me perco já faz um tempo. – Me defendi. – Agora vem aqui.

— Quer me dar outro beijo? – Veio todo manhoso.

— Não, pentear o seu cabelo, que você insiste em deixar todo bagunçado.

— Talvez eu faça isso só para que você o penteie para mim.

— Se for assim, saiba que essa é a última vez. – Alertei assim que terminei.

— Você sabe que isso é mentira. – Disse todo convencido.

Realmente era uma mentira, porém não confirmei nem neguei.

— Já está pronta? – Alex me questionou assim que terminei de pentear o seu cabelo e corri para pegar um par de sapato.

— Sim. E não precisa ser meu motorista hoje. – Falei.

— Tenho uma reunião com Lee agora cedo. Como é lá perto, posso te levar. – Ele me garantiu e pegou a minha mão.

— Se você está dizendo... – Cedi.

Porém, só fui notar o motivo de Alex ter insistido em me levar até o prédio e no meu Jaguar, quando chegamos na porta da garagem e um mar de fotógrafos esperava por alguém.

Prendi o ar, assustada com a rapidez com a qual descobriram onde eu trabalhava.

— Foi por isso... – Murmurei assim que ele estacionou o carro na garagem.

— Sim. Sei que eles já devem ter até a placa do seu carro anotada. Não queria que algo acontecesse com você quando chegasse aqui. – Me respondeu.

— Sim... eles têm. Eu já ouvi dois conversando sobre isso. Sabem a placa do meu carro e a do seu também.

— Esse aqui, então, fica de reserva. Não conseguiram ver nada. Nem quem estava dentro. – Ele me garantiu.

— Tudo bem. Eu acho. – Falei.

— Você vai ficar bem? – Me perguntou todo preocupado.

— Com relação aos fotógrafos? – Questionei inocente.

Alex me abriu um sorriso que me indicou que ele estava pedindo desculpas pela bomba que iria soltar.

— Com relação a isso, Kat... – Disse e me mostrou a tela do celular. Nós dois éramos capas de praticamente todos os sites de celebridades da internet. Não tinha um veículo de comunicação que não estampava a nossa foto.

— Você pesquisou isso quando?

— Hugh me mandou. Foi com a melhor das intenções, queria que eu te preparasse para isso. Pelo visto a conversa que vocês tiveram ontem foi mais séria do que pareceu ao longe.

— Você percebeu?!

— Mas é claro! Estava mais focado em você do que nas câmeras, Kat. E sei que o que Lee disse mais cedo te irritou. Me irritou também e eu falei com ele para ter mais respeito por você.

— Vamos dizer que algumas verdades foram ditas. – Tentei resumir a desagradável, porém necessária conversa.

— Eu não sei o que você falou, mas até a forma como ele diz seu nome agora é com respeito.

— Eu só falei a verdade, Alex. Nada mais do que isso.

— Sei que sim. E então, você vai ficar bem?

Novamente olhei para as fotos, para as manchetes.

— Eu vou ficar bem.

— Tem certeza? Não é lá muito fácil...

— Alex. – Falei pegando o rosto dele em minhas mãos. – Eu vou ficar bem. Essas manchetes não são especulações sobre quem eu sou. Tratam de você. De você e seu trabalho e sua volta. É você o foco. Tudo o que pode acontecer agora é alguém querer uma foto exclusiva minha. Só que eu não saio do prédio com essa frequência e não é qualquer um que tem a entrada autorizada. Eu vou ficar bem. – Garanti.

— Mesmo assim, se...

— Se alguém bancar o engraçadinho e tentar entrar, te garanto, será devidamente convidado a se retirar. E se algum funcionário disser algo... é a minha vida particular, Alex. Cada um tem a sua. Eu já ouvi piadas piores do que qualquer uma que possa escutar hoje. Confie em mim.

E eu vi nos olhos de meu noivo que ele estava mais nervoso e preocupado do que eu.

— Eu fiz uma escolha ontem, Alexander. Eu sabia o que viria com ela. E não me arrependo. Não quando você estava tão feliz. – Falei e dei um beijo nele. – Tudo vai ficar bem.

Ele não parecia muito convencido de minhas palavras, mas não tinha jeito, Alex não poderia ser meu segurança dentro do prédio e tentar me proteger de cada comentário que, porventura, eu viesse a escutar.

— Te vejo mais tarde. Vai para a sua reunião. – Outro beijo. – E eu te amo, Alex. Mais do que você imagina.

— Eu também te amo, Kat. – Falou olhando nos meus olhos. – E muito obrigado por encarar tudo isso por mim.

— Qualquer coisa por você, Surfista. – Falei e desci do carro.

Alex ainda ficou ali, esperando que eu entrasse no elevador. E eu pude ouvir nitidamente o ronco do motor do carro quando as portas se fecharam. Ele foi para o mundo dele, era hora de encarar as repercussões que esse mundo tinha no meu.

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Como ainda era cedo, consegui entrar na minha sala sem encontrar com ninguém, não que eu fosse me esconder atrás da minha mesa por todo o dia. Até onde sei, tem muita gente no mundo que pouco se importa com as páginas de fofocas. Eu era uma dessas pessoas, por exemplo, até começar a sair nas ditas páginas.

Suspirei e decidi por fazer um bule de chá para me acompanhar nessa manhã de quarta-feira. Ignorei como pude mensagens no celular, telefonemas raivosos vindos de Londres, só não pude ignorar a minha secretária que assim que chegou – e eu pude ouvi-la tropeçar na mesa, xingar e abrir a porta do escritório ainda tropeçando nos próprios pés.

— Meu Deus! É realmente você, não é? – Ela disse me mostrando uma foto em uma sessão de celebridades de um jornal.

— Sim. Sou eu.

Milena deu um passo para trás e acabou por esbarrar em Amanda que tinha o tablet nas mãos, não precisei ver o que tinha na tela, já que a garota tinha os grandes olhos amendoados arregalados.

— Meu.Deus! – Disse a mais nova.

— Ele é realmente tão bonito pessoalmente quanto as fotos fazem ser? – Milena me perguntou.

E foi quando eu tive que rir, eu estava frente a frente com uma fã de meu noivo.

— Para mim ele é ainda mais bonito.

E ela se jogou na cadeira.

— Eu ainda não acredito nisso. Minha amiga, Maggie me falou que tinha uma pessoa conversando com a chefe dela sobre o término do Pierce e da Suzanna, ela me descreveu você, mas não achei que fosse possível... Mas era você!!!

— Bem... sim.

— Isso é tão bizarro! – Amanda soltou e nós duas olhamos para ela. A garota ficou vermelha e se viu na obrigação de se explicar. – É que eu jamais pensei que iria conhecer uma pessoa do jet set.

— Eu não sou do jet set.

— Seu namorado é, o que faz você pertencer ao jet set por associação. – Continuou a menina.

Milena apontou para a trainee e confirmou com a cabeça.

— Não estão me ajudando.

As duas abriram um sorriso.

— Eu não gostei dessas caras.

E elas se olharam para depois soltarem.

— Será que podemos tirar uma foto com ele?

Levantei uma sobrancelha.

— Tudo bem, Milena, eu até te entendo, mas você, Amanda?! Não é lá muito nova para ser fã dele?

E a garota deu uma risada.

— Culpe meus pais que vivem assistindo esses dramas policiais... não tenho culpa se achei ele gato demais. Com todo respeito, Chefa! Ele vai vir aqui algum dia? – Perguntou animada.

E, eu tinha em primeira mão como uma fã de Alex iria se comportar na frente dele. Era melhor eu me acostumar com isso.

— Ele já esteve aqui. – Falei.

— QUANDO? – Milena gritou desesperada. – E eu perdi isso? Eu perdi Alexander Pierce ao vivo e a cores na minha frente! Eu não acredito na minha má sorte!

— Você viu o Alex, até conversou com ele.

— Não, eu ia me lembrar daqueles olhos azuis hipnotizantes!

Tive que rir.

— Lembra do buquê de flores?

— Mas é claro, aquelas flores sobreviveram por mais de uma semana!

— Foi ele quem veio entregar.

— Ele era o entregador!? Ele estava disfarçado de entregador?! – Milena gemeu em desespero. - Eu fiquei pertinho dele assim? Ai como eu sou burra!!

— Amiga, eu te entendo, ficaria da mesma forma! – Amanda consolou a minha secretária. Enquanto eu olhava para as duas.

— Por favor, da próxima vez que ele aparecer por aqui, seja bondosa o suficiente só para informar que ele está aqui... eu preciso ver ele de perto... às vezes ele parece que é até surreal. – Milena disse se levantando.

— Eu vou ver o que posso fazer. – Falei.

— É sério. Eu amo meu noivo, mas eu sou fã dos Pierces como um todo. E queria demais que o Alexander pudesse voltar a fazer séries e filmes só para calar a boca daquela modelinho besta da Suzanna. – Milena se levantou e começou a fazer seu caminho para a antessala.

— Ela tem a maior cara de falsa e fingida. Como ele pôde namorar aquilo? Pelo amor de Deus! – Amanda fez coro.

— Não é para mim que devem perguntar isso.

— Eu sei... só expressando alto meus pensamentos. E... Chefa... ele vai voltar a fazer filmes?

— Não sei...

— Mas se souber, me avisa com antecedência?

— Por que, Amanda?

— Para me preparar psicologicamente para o surto que vou ter.

A adolescente era doida.

— Você não devia surtar pelo Harry Styles?? – Perguntei.

— Ah.. eu surto por ele também! – Amanda me garantiu. E ia imitando o gesto de Milena e voltando para a antessala, quando fomos surpreendidas por Fátima.

— É você??? – Ela entrou segurando o celular e me mostrando a foto.

Amanda e Milena começaram a rir.

— Sim, sou eu.

— Eu achei que era mentira que ele estava aqui naquela noite... mas era ele??

— Sim, era o Alex.

 - E eu nem pedi uma foto. – Fátima disse infeliz.

E era mais uma para o fã-clube. Isso só estava aumentando.

— Se não for incomodar... será que, na próxima vez que ele aparecer, você pode me avisar? Não quero ser intrometida, Katerina, mas eu sou fã dele. E até hoje não acredito que ele me deu boa noite e eu fiquei parada sem responder nada.

— Quando ele aparecer, eu aviso. – Confirmei e as três me olharam felizes, como se eu tivesse dito que elas estavam de férias pelas próximas seis semanas.

— E Katerina, eu estou torcendo muito por vocês. Vocês dois juntos son muy hermosos! – Fátima disse.

— Realmente, aquela entrada no tapete vermelho ontem foi muito perfeita. Vocês estavam super sincronizados. – Amanda completou.

— Só tenho que concordar. – Minha secretária fez coro.

Mal sabiam elas que eu já não estava enxergando mais nada, quando enlacei minha mão na de Alex.

— Que vestido era aquele? É maravilhoso! – Continuou Milena.

Versace.

— Nossa... um dia eu vou vestir marcas assim! – Amanda falou animada. – Eu amei o vestido, e os sapatos.

— Obrigada. – Falei, mas eu realmente não sabia mais o que dizer. – Posso pedir um favor para as três?

Elas balançaram positivamente a cabeça.

— Eu sei que a minha foto está em vários veículos de comunicação, mas eu ficaria muito agradecida se não fosse assunto durante o expediente. Sei que é basicamente impossível de ninguém comentar, mas gostaria que pelos menos vocês três não ficassem falando aos quatro ventos. É a minha vida pessoal.

— Não vamos falar nada, Katerina. Por isso corremos até aqui. Era só para confirmar as teorias da minha cabeça. – Milena respondeu pelas três. – Agora, eu vou voltar ao trabalho. – Disse e saiu puxando Amanda com ela, já falando o que a menina tinha que fazer no dia de hoje.

Fátima se despediu, um sorriso enorme estava no rosto da senhora, e antes de sair, apenas disse:

— Não me pergunte como, mas eu sei que vocês dois serão muito, muito felizes. E terão lindos filhos.

— Obrigada, Fátima.

Ela se foi e eu voltei minha atenção para o que tinha que fazer. Um pouco antes do meio-dia, Milena me ligou e pediu que eu fosse até a antessala.

Achei o pedido estranho, mas estava precisando dar uma andada, tinha ficado a manhã inteira sentada.

— Pois não? – Perguntei assim que abri a porta.

E, lá estava um entregador, com um enorme buquê de flores nas mãos.

— Vieram entregar. – Milena disse e me olhou, como que me perguntando se ali era o Alex disfarçado. Infelizmente, dessa vez não era.

Peguei o buquê, novamente Alex não tinha economizado no presente, paguei a devida gorjeta e o entregador se foi.

— Não era ele. – Falei para as duas curiosas.

— Pelo menos tentamos! – Amanda respondeu rindo.

Voltei para a sala, e coloquei o belo buquê no jarro onde ficou o outro. Pelo visto, minha sala teria um perfume de flores todas as semanas. E, assim como no outro, esse também tinha um bilhete.

"Muito obrigado por ter entrado na minha vida, Kat.

Tenha uma ótima semana no trabalho.

Rakastan Sinua.

A."

Meus olhos clamavam por uma pausa, então resolvi almoçar. E depois de comer, decidi por agradecer à Alex.

Muito obrigada pelas flores. Amei a surpresa e o fato de que agora tenho um pouco de cor na minha sala. Também te amo, Surfista. Até mais tarde!

Devia ser um raro momento em que ele devia estar online, pois ele logo respondeu:

Se depender de mim, você vai trabalhar cercada de flores sempre. Tudo certo por aí?

Bem, eu não reclamaria de ganhar mais flores... — Digitei. – E sim, por aqui tudo tranquilo. Só ignorando os telefonemas de Londres. E só para constar, você tem três fãs aqui no prédio.

Não tive respostas, e eu sabia que ele deve ter ficado encarando a tela do aparelho quando eu falei sobre as fãs.

Como estava com o telefone na mão, me permiti ler as mensagens. Olivia, como sempre, a exagerada. Tanya estava um tanto assustada por eu ter tomado a coragem de ir e aparecer ao lado de Alex. Meus irmãos não falaram nada, nem meu pai. Já minha mãe.

Dona Diana, a sempre adepta das videochamadas e dos áudios, me mandou um áudio. Para ter certeza de que ninguém fosse escutar o que minha mãe falaria, coloquei os fones...

— Katerina Elizabeth Nieminen! Por que você não comentou comigo que iria em um evento assim? Será que é muto difícil preparar a mãe com uma antecedência de uma semana? Eu quase que caí da cadeira hoje de manhã quando te vi nas fotos ao lado de Alex. E pode falar para ele que, acaso ele volte a atuar, já tem uma fã cativa. Adorei sua escolha de roupa, filha, apesar de que seu pai reclamou que estava curta demais... não tinha nada curto ali. Ele que está exagerando como sempre. Se der, me liga, temos que conversar uma coisa sobre a estadia da Liv – Ela terminava assim.

— E eu achando que ela iria me detonar pelo telefone e assim que me visse, começaria a falar e só terminaria no próximo ano!

Andei por todo o prédio para entregar alguns dos relatórios que sempre aparecerem do nada, em algumas sessões me encararam, como que fazendo a ligação com as fotos, porém não disseram nada. Escutei uma ou outra conversa sobre o meu súbito aparecimento na mídia ao lado de um ator e, para a minha surpresa, logo em seguida escutei Fátima me defendendo.

— Vocês são todos muito estranhos. Primeiro reclamam que ela não tinha vida social, que era uma máquina de trabalhar e não estava dando descanso para vocês, agora reclamam porque ela tem vida social! Não acham melhor cada um cuidar da sua própria vida? A senhorita Nieminen não se intromete na vida de ninguém aqui, devemos fazer o mesmo.

Eu tinha pedido para não espalharem ainda mais a notícia, não para me defenderem desse jeito. Teria que agradecer a Fátima mais tarde.

Depois desse discurso de Fátima, não ouvi mais nenhum boato, e olha que peguei carona com muita gente no elevador. A conversa mais engraçada aconteceu na Pesquisa.

Tinham me chamado para me mostrarem que o novo software estava pronto e rodando sem problemas, o que agilizaria todo o nosso processo de background. Adorei saber que em menos de quinze dias eles tinham passado uma ideia para a prática e sem problema algum. E foi quando eles estavam demonstrando como fariam a pesquisa. Englobava desde a fundação da empresa, até mesmo o lado financeiro, que aconteceu.

Tudo estava indo muito bem, eu estava maravilhada com a rapidez que os resultados surgiam, quando um dos técnicos, ou melhor, um dos invasores virtuais, assim falou:

— Do mesmo jeito que a gente pode encontrar as coisas, podemos apagar também! É só pedir, Chefa.

Eu entendi o recado e tentei me manter composta, mas a reação dos demais funcionários do setor foi hilária.

— Cala a boca, Derek! Prometemos que não íamos comentar nada!

— Desculpa, gente... foi só um aviso! – Derek disse e Lucy deu uma cotovelada nele.

— Mais alguma coisa que queiram me mostrar? - Troquei o assunto. 

Não deveria ter perguntado, pois começaram a falar sobre como poderiam interligar todos os setores para que tivéssemos um backup único e onde todos poderiam saber a quantas andavam a empresa, com atualizações semanais.

E essa conversa levou quase uma hora e meia.

Voltei para a minha sala até zonza de tanta falação. Eu até era boa em programação, ou assim eu me achava, mas depois de hoje, eu tinha certeza de que apenas engatinhava nesse mundo.

O restante do dia foi tranquilo, e eu fiquei ainda mais aliviada quando descobri que o mar de fotógrafos que estavam na porta do prédio de manhã tinha sumido pela hora do almoço e não tinham reaparecido, assim, quando o expediente terminou eu estava mais do que tranquila de que ninguém iria tentar pular no capô do carro para tirar uma foto exclusiva.

Alex tinha me mandado uma mensagem no meio da tarde, dizendo que atrasaria para me pegar, assim, depois que todos foram embora, me pus o mais à vontade possível, tirando os sapatos, soltando o cabelo e pus a música em um volume mais alto, para poder adiantar o máximo de trabalho que podia, tendo em vista que no dia seguinte tinha reuniões com Londres e na sexta-feira eu teria que me preparar para a chegada de Olivia.

E acabou que o tempo passou sem que eu visse, de tão concentrada que acabei ficando, mas eu não esperava que iria tomar um dos maiores sustos da minha vida!

Estava eu, batendo os pés no ritmo da música que ouvia – talvez até balançando o pescoço também... – quando ouvi um barulho. Levantei a cabeça e não vi nada, poderia ter vindo de qualquer lugar, o prédio é grande, então voltei minha atenção para o relatório.

Poucos minutos depois, novamente escuto o barulho. Intrigada, abaixei o volume da música e prestei atenção por alguns segundos, só para ter certeza de que não foi em lugar nenhum por perto. Estava para desistir, quando escutei novamente.

Era um som de algo batendo, como se alguém estivesse preso em algum cômodo. Conferi as horas, eram quase 21:00, praticamente impossível de ter alguém no prédio, a não ser os seguranças e eu!

— Caramba... – Murmurei e saí da sala, olhando desconfiada para os arredores. Não vi nada, a não ser que tudo estava perfeitamente arrumado. Andei pelo andar, percebendo tarde demais que estava descalça. – Vou ter que inventar uma desculpa se alguém me vir assim. – Estava para voltar para a minha sala, depois de abrir porta por porta e não encontrar nada, nem ninguém, quando tornei a escutar o barulho, porém, eu não conseguia descobrir de onde vinha. O que estava me deixando, ao mesmo tempo, com raiva e apavorada.

E todo esse suspense me lembrou da única vez em que fui ver um maldito filme de terror no cinema... fiquei uma semana sem dormir, e toda vez que escutava um barulho, eu podia jurar que era o mesmo que tanto me assustara no filme.

Olhei em volta, não tinha absolutamente lugar nenhum para algo ou alguém ficar preso – se é que era alguém... a essa altura eu comecei a me perguntar internamente se esse prédio não era mal-assombrado. – Mas o som se repetiu.

— Nem por decreto que eu fico mais um minuto sozinha aqui dentro! – Falei alto e corri – sim, eu corri – para dentro da minha sala e quase que eu pulo por cima da minha mesa para ganhar tempo ao desligar os computadores. Fechei janela por janela, salvando o que eu ia precisar, sempre com um olho na porta. – Anda, computador! Será que não pode ser mais rápido? – Murmurei aflita e quando, enfim, consegui fechar tudo, eis que o danado vai atualizar o sistema. – MAS JUSTO AGORA?? – Disse desesperada, pois tinha acabado de ouvir o barulho novamente e dessa vez bem perto de mim. Enquanto o computador atualizava o sistema, resolvi guardar minhas coisas, fui e voltei da minha salinha em uma batida de coração, com a bolsa na mão e quando fui pegar o celular, que eu jurava que estava em cima da minha mesa, ao lado da agenda, a coisinha não estava lá.

Rodei perto da mesa, levantei as agendas, o teclado sem fio, até o mouse e nada. Me agachei para procurar, vai que eu tinha derrubado o bendito nesse meu desespero todo, e aproveitei que não o encontrei para calçar os sapatos.

— Não está aqui... será que levei para a salinha? – Perguntei ao me levantar.

Só que assim que fiquei de pé, notei, pela visão periférica, que não estava sozinha na sala. Eu juro, não tinha ninguém ali quando me agachei, mas na hora em que me levantei, eu não estava sozinha. Senti cada músculo do meu corpo se tensionar, minhas mãos começaram a tremer, tive que morder a minha própria língua para não gritar e, me preparei para sair correndo, já que meu acompanhante, estava ao lado da mesa – por isso eu não vi seus pés quando agachei. Eu não sabia o que queria comigo, só sabia que tinha de sair dali e rápido!

Mentalmente contei até três, tomando todos os cuidados do mundo para não denunciar o que eu iria fazer até que...

— Eu deveria ter gravado essa sua cara! – A voz de Alex preencheu o silêncio do escritório. – Você está mais branca que um lençol! – Ele ria da minha cara.

E eu? Eu simplesmente fiquei ali, parada, agarrando a beirada da mesa, ainda completamente atônita (e apavorada) para falar alguma coisa.

— Eu sabia que você não era lá a pessoa mais corajosa do mundo, Kat... mas isso? – Alex caminhou até mim e me deu um abraço. – O que você estava pensando em fazer? – Questionou ao me olhar nos olhos.

— Nunca. Mais. Faça. Isso. Comigo! – Dei um tapa em seu ombro.

— Era para ter doído? – Perguntou.

— Seu... seu... – Tentei me soltar de seus braços, mas meu noivo me apertou ainda mais. E para a minha total vergonha, meus olhos estavam cheios de lágrimas. Porque eu tinha essa reação, quando eu ficava ou muito nervosa ou com muito medo, eu tinha a humilhante tendência de chorar. E agora que meu sistema tinha percebido que não tinha perigo na minha frente, eu simplesmente aliviei a tensão.

Chorando.

Para a minha vergonha. E desespero de Alex.

— Kat... Hei, Kat! – Alex se desesperou ao ver o meu estado. – Era só uma brincadeira, amor! Não fica assim! – Ele dizia ao me guiar para o sofá, eu estava tão aliviada por não ser nada do que pensei que era, que mal conseguia andar e nem falar. E a cada segundo que eu passava calada, Alex ficava ainda mais preocupado.

Comecei a respirar fundo para poder parar de chorar e de tremer.

— Nunca mais faça isso! – Consegui falar depois de algum tempo.

Alex suspirou de alívio.

— Não vou. Se for para você reagir desse jeito, nunca mais te assusto assim. Achei que você fosse ficar furiosa e sair praguejando na minha cabeça em finlandês, mas nunca que você ficaria assim. - Terminou de falar e me encarou. – Você vai ficar bem? Tem algo que eu possa fazer?

Apoiei minha cabeça em seu ombro largo.

— Não era para que eu começasse a chorar. – Expliquei. – Isso é só uma irritante reação que tenho. Quando fico muito nervosa ou com medo, isso acontece. É humilhante.

Alex ia relaxando aos poucos, e sempre murmurava que nunca mais faria algo assim novamente.

— Por que você fez isso? – Perguntei.

Ele deu de ombros e olhou para o teto.

— Era para ser uma pegadinha... você estava tão concentrada no que estava fazendo, ao mesmo tempo em que batia o pé e a cabeça ao som da música, que eu tive a ideia de te assustar.

— Mas como você fez esse barulho?

Alex tirou o celular do bolso e deu o play em um aplicativo.

— Como eu não vi isso? - Apontei para o celular.

— Joguei no sistema de som do andar... não tem senha. – Se explicou. – Me desculpe, sei que ficou apavorada, mas foi engraçado te ver correr toda desesperada para dentro da sala. O que você pensou em fazer? Pular a mesa?

— Mais ou menos isso... – Respondi.

— Ia acabar tropeçando e caindo de cara no chão. Não estava na velocidade certa. – Me disse.

— Não pensei nisso... só queria sair correndo. – Cedi.

— Só que o computador não deixou. – Ele começou a rir.

— Não... até o meu próprio computador conspirou contra mim.

Alex recomeçou a rir.

— Não é para rir. Eu quase morri do coração quando te vi parado do lado da mesa.

— Achei que você fosse me reconhecer.

— Eu não estava pensando direito, Alex. Só queria sair daqui.

— Isso eu notei. Pronta para ir agora, ou precisa de mais um tempo?

Tentei me soltar de Alex, mas ainda estava tremendo e com as pernas bambas.

— Preciso de mais tempo. – Falei.

E Alex se sentou mais confortavelmente no sofá, me ajeitando em seu colo.

— O tempo que precisar. – Disse acariciando as minhas costas.

Me permiti relaxar ali, sentada em seu colo, com a cabeça em seu ombro. Estava quase pegando no sono, quando me lembrei de onde eu estava e que ainda tínhamos que ir para casa.

— Acho que devíamos ir... eu estou cansada. Você está cansado. – Falei sem mexer um músculo.

— Consegue andar? Porque se não conseguir, eu posso te levar.

— Eu consigo! – Respondi, mas Alex foi mais rápido e logo estava se levantando do sofá, me carregando em seus braços.

— Pode me pôr no chão!! Aqui tem câmeras! – Pedi desesperada. Eu não precisava que uma imagem de uma câmera de segurança de Alex me carregando no colo, se espalhasse pelo prédio.

Ele fez o que pedi, mas fez questão de pegar as minhas bolsas e acabar de desligar os computadores. Quando terminou, parou do meu lado e me estendeu a mão.

— Realmente me desculpe. - Disse solenemente quando entramos no elevador.

Balancei positivamente a cabeça.

— Só não faça isso novamente, por favor. Eu já não gosto de quando você surge do nada e me assusta, pegadinhas assim, nunca mais.

— Eu prometo. – Disse e foi para o carro, abrindo a porta do carona para mim e guardando minhas coisas no banco de trás. – Já está tarde, quer parar em algum lugar para comer algo ou prefere pedir?

Eram quase 22:00 horas.

— Tem como passar em algum lugar e comprar a comida lá, para comermos em casa?

— Essa é uma terceira opção. – Concordou comigo. – Você escolhe onde.

Parei para pensar. E esse era o problema, eu estava querendo comer porcaria.

— Kat?

— O que você acha de um bom sanduíche, com batata frita e um copo de refrigerante? – Perguntei inocentemente.

— Quantos anos você tem?

— Nesse exato momento, meu estômago tem 10 anos e só quer comer porcaria.

— Ainda bem que seu estômago é sincronizado com o meu!

E quando paramos no drive thru, eu ainda troquei o refrigerante por um imenso milkshake.

Acabou que comemos parados no estacionamento mesmo.

— Espero que amanhã não saia nenhuma foto nossa comendo hamburguers dentro do carro. – Alex brincou.

— Nossa, isso seria sair da alta sociedade para ser uma pessoa comum em menos de 24 horas. – Comentei. – Vai comer a sua batata toda?

Alex me encarou.

— O que? Quase morri de susto, tenho que repor as minhas energias. – Inventei essa desculpa.

— Sei... – Meu noivo me respondeu descrente, mas me passou as batatas.

— Obrigada. E, já que você tocou no assunto, tenho que te dizer que você tem, no mínimo, três fãs lá no prédio. E todas elas já me pediram para tirar fotos com você.

Como eu tinha previsto quando mandei a mensagem, Alex ficou sem graça, se concentrando em morder o enorme sanduíche que tinha pedido.

— Não vai falar nada? – Perguntei.

Ele deu de ombros.

— Não vai dizer nada por que não quer ou por que não sabe o que dizer? – Pressionei.

Ele mastigou ainda mais devagar e depois que engoliu, disse quase baixo demais.

— A segunda.

— Ah... que bom saber que não sou a única que fiquei sem respostas quando juntaram Milena, Fátima e Amanda na minha sala, para falarem sobre você e sobre o quanto elas estavam animadas por uma possível volta sua.

Novamente Alex ficou calado.

— O que nos leva a outro ponto...

— Que é? – Ele me olhou desconfiado.

— Como foi a reunião com Lee?

E aqui ele abriu um sorriso imenso.

— Primeiro, ele começou me pedindo desculpas pela forma como te tratou ontem, por como ele te definia antes da conversa que tiveram e, me disse que espera se redimir com você.

— Nossa. Isso é... inédito. – Comentei.

— Será que você pode, ao menos, resumir o que vocês conversaram?

Respirei fundo.

— Eu disse a ele que não estava com você por conta do seu dinheiro e sua fama. Que eu não preciso de nenhum dos dois. Não quero ser famosa e tenho meu próprio dinheiro. E que eu jamais faria a sua cabeça contra ninguém.

Alex agora tinha se virado para mim.

— Isso explica o nervosismo dele hoje de manhã.

— Não quero que você fale nada com ele. Tudo já está conversado.

— E como vocês chegaram ao meio termo? Porque ele tem medo de você e você não parece gostar dele...

— Ele cuida da sua carreira, Alex. E eu fico nos bastidores, cuidando de você. Nosso meio-termo.

Alex parou para pensar.

— Justo. Eu acho. Mas ainda espero que vocês se acertem.

— Fica tranquilo, Surfista. Eu jamais iria contra uma pessoa em quem seus pais e você confiam tanto. Ele não gosta de mim, não há nada que eu possa fazer quanto a isso, a não ser não atrapalhar o trabalho dele. E isso eu posso fazer. Mas quero que ele me respeite.

— Te garanto que você já tem o respeito dele. – Alex me garantiu.

Não falei nada quanto a isso. Essa era uma relação que demoraria para ser sedimentada na base da confiança, contudo, parti para uma conversa mais fácil.

— E o que ele queria? Sobre o seu trabalho.

— Me avisar que a Porsche quer estender o contrato para mais três comerciais.

— Tão longos quanto esse?

— Ainda não sei.

— Isso é uma boa notícia. – Falei feliz.

— É sim. Com certeza é.

— Mas tem mais coisa. – Deduzi diante dos olhos brilhantes de Alex.

— Bem... sim. não é nada certo.

— Quer fazer o favor de se explicar? – Pedi aflita.

— Sei que você não conhecia quase ninguém ontem à noite. Porém, lá estavam duas pessoas realmente importantes no que diz respeito à TV.

— E?

— E eles são os responsáveis pelo canal que tinha me escalado para ser protagonista na série. Vamos dizer que ficaram um tanto surpresos por eu ter aparecido e agora querem conversar.

— Conversar sobre?

— Tirar a série da gaveta.

Se nós dois estivéssemos em casa e não dentro do carro e se eu não estivesse com a mão toda suja de gordura, eu juro, teria agarrado o pescoço de Alex e o abraçado muito apertado.

— Você está falando sério? – Perguntei animada.

— Sim. Bem, leva tempo e seria para a próxima fall season, ou seja, para daqui um ano. Muita coisa pode mudar, podem desistir da ideia. Mas a conversa e a reunião que tive foi sobre isso.

— E o que você disse? – É claro que eu sabia que tinha a chance de nada sair do papel, mas eu poderia ter esperança, não poderia?

— Que se eles realmente quiserem fazer o show, eu estou dentro.

E eu pouco me importei em sujar a camisa dele. Agarrei meu noivo e abracei apertado.

— Eu te disse que não iria desistir.

— Eu nunca achei que poderia vir tão rápido! – Confessei.

— Ainda não foi, Kat.

— Mas isso é um começo! Não é? – Me afastei dele para poder ler suas expressões.

— Sim, é. Mas não deposite toda a sua confiança em conversas. Como eu disse, em um ano, muita coisa pode mudar.

— Eu vou tentar me lembrar disso. - Fui sincera. Porém, no fundo, eu já tinha criado expectativas.

— Pode ter certeza de que eu vou te vou lembrar toda vez que você se empolgar como agora. – Alex me garantiu e ligou o carro. – Pronta para ir para casa?

— Precisando, para ser bem sincera. – Falei ao ver om estado da minha mão. – E precisando colocar essa saia de molho... será que dá para salvar? – Olhei para a mancha de vermelha de ketchup que estampava a minha saia favorita.

— Pior que criança. – Alex brincou.

— Pode apostar que sou. Não levo jeito para comer no.... – Não consegui terminar a minha frase, pois Alex resolveu brincar com a minha cara e fazer uma curva um tanto acentuada demais a mais de 100km/h. E quase que eu me dou um banho de milkshake.

— Se reclamar a próxima vai ser muito pior.

Sitten minä olen lapsi[1]!

— Disse alguma coisa? – Ele me perguntou. – Posso jurar que te ouvi murmurar em finlandês.

— Eu só estava rezando para chegar inteira em casa.

— Por que não acredito em você?

— Não sei... mas essa é a verdade. – Menti descaradamente.

Não demorou muito e chegamos em casa. Alex desceu do carro rindo, já eu...

Eu parecia que tinha saído de uma aula de pintura guache com crianças de três anos, pois meu amado noivo conseguiu me fazer derrubar todo o meu milkshake na minha saia, quando, para desviar de um cachorrinho que passou correndo na nossa frente, acabou por subir no meio fio com as rodas do lado direito e, no desespero que fiquei para que ele não atropelasse o cachorro, soltei o copo, que caiu em cima de mim.

— Se ficar manchada, você vai me dar uma saia nova! – Murmurei.

— Pensa bem... não teve uma moda por aí que as roupas eram todas manchadas.

— Você está falando do tie-dye?

— Sei lá se esse é o nome, mas se for, você não precisa ficar preocupada, pois a sua saia está bem na moda.

Encarei Alexander descrente.

— Eu vou fingir que você não falou isso. – Comentei ao passar por ele.

— Se eu tiver que te dar uma saia nova, você vai me dar uma camisa nova? – Ele perguntou parado no pé da escada e me olhando debochado.

 - Tira a camisa que eu vou salvá-la. – Falei por fim e corri no quarto, de jeito nenhum eu deixaria essa mancha secar.

Quando desci o bonito estava sentado no chão, sem camisa, brincando com os cachorros.

— Hei! Pode vir aqui e me ajudar! - Falei ao passar.

E ele veio, acompanhado dos três cachorros.

— E o que eu faço? – Me perguntou ao ver o cesto de roupa suja.

Olhei para ele.

— Você não sabe lavar roupa? – Perguntei quase ofendida.

Ele coçou a cabeça.

— Vou traduzir esses olhos arregalados e essa cara de perdido como um não. – Balancei negativamente a cabeça.

E eu passei a próxima hora explicando para o meu noivo completamente assustado, como se lavava roupa. Nossa convivência seria engraçada, pois a cada pergunta que ele fazia, eu só sabia rir, afinal, quem em sã consciência, coloca uma roupa branca junto com uma roupa vermelha na máquina de lavar?

Eu não faço. Minha mãe não faz isso. Dona Amelia não faz isso.

Mas Alexander faz...

E era muito bom que eu começasse a observar as roupas, ou as nossas camisas brancas iriam começar a aparecer com um estranho tom rosado por aí.

 

[1] Depois a criança sou eu!


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Notas finais do capítulo

E do glamour para a vida completamente normal... Não acharam que a vida de jet set continuaria, né?
Agradeço cada um dos comentários que recebi! Adoro os feedback de vocês!
Quarta-feira tem mais!
Até lá!
xoxo



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