Astória - A Menina Que Não Podia Amar escrita por Atlanta Claremont


Capítulo 10
Isso é um encontro?


Notas iniciais do capítulo

Oláaa

Agora o Drastória está finalmente acontecendo né gente. O shippe é real e espero que vcs gostem desse capitulo novo.
bjs bjs



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Faltavam exatamente dez dias para o meu casamento e eu não tinha ideia do que estava sentindo. Pensava em Draco praticamente todas as horas dos meus dias. Pensava no tempo que passamos com os trouxas, além de em como sua mão parecia se encaixar com perfeição nas minhas quando ele a segurava enquanto caminhávamos. Pensava sobre o último jantar e em como ele fora firme em garantir que o casamento não fosse mais estressante para mim do que o necessário. E, quando não estava pensando sobre seus lábios tão próximos ao meu e questionando qual deveria ser o seu sabor, estava olhando para o anel que ele Draco havia escolhido para mim. A pedra de jade era envolvida por pequenos pontos de diamantes que brilhavam na luz do sol. Era  perfeito, eu estava extasiada.


        O dia de acompanhar Draco  em mais um evento no Ministério havia chegado e eu estava angustiada com os conflitos dos meus sentimentos. A ideia de mais algumas horas no meio daquelas pessoas era agoniante, contudo, a possibilidade de passar mais tempo com Draco era excitante. Eu queria muito o conhecer melhor, entendê-lo, tocá-lo.... Disfarcei minha animação para que Odile não percebesse, ela não poderia saber que eu estava arruinando seus planos com meus próprios sentimentos. Eu era fraca, sabia disso, mas no fundo não me importava. Era bom estar á apaixonada, se realmente fosse isso que eu estava sentindo.

 
   Quando Draco chegou inclinou a cabeça com a sobrancelha franzida, parecia perplexo ao me ver.

 
        — O que foi? — questionei enquanto ele me encarava confuso. 

— É que você parece... radiante — respondeu após uns segundos tentando achar as palavras certas. 

 

Eu apenas sorri corando. Como eu podia ser assim tão óbvia? 

 

— Então, para qual lugar vamos hoje? — Draco perguntou com um sorriso transgressor. 

— Para o evento do Ministério, não? 

— Estou te dando a oportunidade de escolher um outro lugar mais agradável.  

— Mas, Draco, e seus pais? Não podemos simplesmente não aparecer no evento, certo?

— Eles não precisam saber. Já tem um ano que eu  vou nessas festas idiotas. Se eu deixar de aparecer uma noite duvido que alguém vai perceber – não podia negar ser um ótimo argumento — E também tem você, como minha futura esposa, não posso te deixar em situações que te deixam desconfortável. — ele completou forçando um cavalheirismo exacerbado.

— Está me usando para contrariar sua mãe? — questionei com as mãos na cintura.

 
       — Sim, mas é para isso que serve o casamento, não?

 
Dei um suspiro seguido de um sorriso. Ele vencera, não que fosse assim tão difícil me convencer a não ir em eventos sociais. 

— Então, qual lugar vamos hoje? — Draco retornou a perguntar. Eu não tinha ideia do que responder, nunca ninguém me deu essa opção. Existiam vários lugares do mundo nos quais eu gostaria de visitar, Itália, Brasil, Austrália, mas nada disso era uma possibilidade no momento.  Qual lugar eu iria com Draco Malfoy? — Quero ir para o Centro Social. — respondi após pensar alguns minutos. 

— É sério? — ele pareceu um pouco frustrado. 

— É, você prometeu ao Rory que me levaria lá outra vez, e hoje é quinta. Dia de sopa, não é mesmo? — eu queria voltar lá, gostara daquelas pessoas, e queria entender o porquê de ele gostar de passar seu tempo com trouxas, isso atormentava minha mente. 

— Está bem, mas primeiro vamos a outro lugar, você não colocou esse vestido bonito para passar a noite inteira no Centro Social. 

Reparei que ele falava de maneira gentil, seu elogio era sincero. Senti vontade de segurar suas mãos, mas me contive apenas o seguindo para o lugar que ele me levaria.

 
      — Isso é um encontro? — perguntei quando sentamos na mesa de um restaurante extremamente chique e lotado de outros casais para jantar. Apesar do refinamento, o lugar era aconchegante e romântico, todos os casais que estavam ali pareciam apaixonados e não me espantaria se, de repente, algum homem se ajoelhasse diante de uma mulher e a pedisse em casamento.

 
    — Depende, vai ter beijo no final? — respondeu Draco com um sorriso patife. 

Arregalei os olhos, assustada com a resposta direta a minha pergunta. 

— Eu estou brincando Astória, jamais forçaria você a fazer  algo que não queria. Pode ficar tranquila quanto a isso. 

Ele falava sério, e de certa forma sentia que poderia respirar muito mais aliviada em relação a todas as minhas preocupações. Draco não era o tipo de homem que forçaria uma mulher e eu dava graças a Merlin por isso. 

— Não, tudo bem. Sei que não faria isso — respondi após alguns segundos o encarando. Eu sabia que ele jamais tentaria me forçar a nada, mas se eu quisesse? O que ele faria? — O que você gosta de fazer? —  indaguei numa tentativa frustrada de amenizar a situação. Frustrada porque ele começou a rir me deixando ainda mais sem graça. 

— Porque está rindo? O que tem  na minha pergunta? 

— Nada, é que agora  definitivamente estamos um encontro. 

Ele sorria com descontração, parecia feliz. Não era nada parecido com o Draco que eu conheci há anos, mas isso era bom. Eu gostava desse Draco. 

— Tudo bem para mim, que seja — respondi reunindo toda a minha coragem, queria que ele soubesse que eu estava confortável na presença dele e que  poderia ser sempre assim, feliz e descontraído. — Mas você não respondeu, o que gosta de fazer? Além de ir a festas e passar um tempo com seus amigos trouxas. 

— Eu gosto de ler— Draco respondeu simplório. 

— Eu também— disse sorrindo mais uma vez, agora por termos algo em comum. 

— Eu sei, sempre que te via estava com um livro. 

— É, eles são uma boa companhia. 

— Sim, são. 

Desviei o olhar por um momento encarando o delicioso prato de massa a minha frente. Eu estava em um encontro com Draco Malfoy e estava gostando. Isso parecia uma realidade paralela, o mundo invertido ou algo do tipo. Até pouco tempo atrás tudo que eu sentia por ele era desprezo, aceitei me casar porque sabia que esse sentimento nunca mudaria. Agora eu estava ali rindo em sua presença, divertindo-me com seus comentários sarcásticos, descobrindo coisas em comum e sentindo-me como se eu fosse a única mulher do mundo todo. E o pior é que eu não fazia absolutamente nada para lutar contra isso, eu não queria parar de sentir, mesmo sabendo o quanto era perigoso. Amar Draco Malfoy iria me destruir destruiria  e não havia nenhuma maldita coisa que eu pudesse fazer a respeito porque era exatamente o que eu queria. 

— Como você conheceu aqueles trouxas? — sabia que talvez desse pudesse esperar um pouco mais para ir direto a minha maior curiosidade, mas eu não tinha certeza se me aguentaria por muito tempo. — Não precisa falar se não quiser. 

— Não, tudo bem, eu conto. — ele respondeu após uma pausa em que seus olhos mudaram de um cinza-claro para um azul-escuro. Por um momento me arrependi da pergunta, ela parecia o ter transportado para um lugar sombrio da sua mente. 

— Uma noite minha tia apareceu em casa com uma mulher trouxa, ela a levou para o Lord das Trevas, como uma oferenda ou algo do tipo. Eles... bem, eles a torturaram. Eu ouvia seus gritos durante a noite, eram de dor e desespero. Eu não podia fazer nada— falou como se desculpasse e, após um momento em que suspirou recuperando a coragem, prosseguiu: — Eu não participava da tortura, mas era obrigado a mantê-la viva, a lhe dar água e comida, cuidar dos ferimentos muito graves. Ela pedia para que eu a matasse, implorava para que eu desse fim ao seu sofrimento, mas era fraco demais até para isso. Depois de um tempo ela havia se perdido, não gritava mais, nem pedia mais ajuda, apenas delirava e chamava por um homem chamado Rory. 

Instintivamente apertei sua mão sobre a mesa, aquela história era horrível. Podia sentir a dor que tudo isso havia causado em Draco, e também havia Rory, aquele homem grande e assustador, mas que não faria mal a uma mosca e parecia estar sempre feliz e disposto a ajudar as pessoas. 

— Eu precisei voltar para escola, tinha uma missão a realizar por lá. Não a vi nunca mais, não sei como morreu, mas fiquei aliviado por saber que finalmente tinha acontecido. Não foi difícil encontrar Rory depois que a guerra acabou. Ele sequer sabe que ela morreu, ainda tem esperança de que volte. Eu não sei como contar para ele, acho que ele sabe, mas gosta de manter a esperança, não sei se posso destruir isso. 

Eu estava sem palavras, o que poderia dizer diante a uma história como essa? Draco havia sido obrigado a participar de tortura quando ainda era um adolescente, tudo isso era cruel e me fez pensar que talvez eu o tivesse julgado mal por todo esse tempo. Sua família era problemática, talvez um pouco mais do que a minha. 

— Desculpe, não queria estragar sua noite com essa história horrível. — Draco lamentou. 

— Não foi sua culpa, nada disso foi. Você não tinha como os enfrentar, não sozinho. Morreria tentando . — disse tentando o consolar de alguma maneira. 

— Foi o que muitos fizeram. 

— É, mas eles não estavam na mesma situação que você estava, estavam? Eu também gostaria de ter feito mais. 

— Você era só uma criança. 

— Você fala como se fosse um idoso. 

— Não, mas você ajudou, você ajudava, cuidava das pessoas. Eu via. 

— Obrigada por nunca ter me dedurado. 

Ele deu os ombros como se não fosse nada. Porque será que as pessoas sempre diminuem as coisas boas que fazem, mas em compensação passam a vida se culpando pelos erros?

— Eu queria ser medibruxa — confessei a ele. 

— Queria? 

— É, bem.... Agora eu sou pobre e também vamos nos casar. 

— Você vai deixar de ser pobre justamente porque vamos nos casar. 

— É, mas ainda vai ser o seu dinheiro, não o meu. Apesar da minha mãe pensar diferente. 

— Astória se você quiser ser medibruxa,  seja medibruxa, o dinheiro está a sua disposição, e não vai ser eu quem vai se opor. 

— Está falando sério? 

Ele não fazia o tipo que brincava, mas precisei perguntar mesmo assim. 

— Eu não espero que viva trancada comigo e meus pais naquela mansão vinte quatro horas por dia. Isso sugaria toda sua felicidade. 

— Isso não é verdade. E de qualquer forma seus pais não iriam gostar muito que eu trabalhasse em um hospital. 

Não era de bom tom uma bruxa milionária trabalhar fora. 

— Você vai se casar comigo, não com os meus pais. Não importa o que eles pensam. 

Graças a Merlin por isso, mas não conseguia parar de pensar que não seria assim tão fácil fazer parte dessa família. 

O restante do jantar ocorreu mais tranquilo. Um casal realmente ficou noivo enquanto estávamos ali, fazendo com que todos batessem palmas e os parabenizassem pelo acontecimento. Após a sobremesa seguimos andando para o Centro Social, não era muito longe do restaurante, apesar de se encontrar em uma parte mais chique da cidade. 

— Esse foi o meu primeiro encontro  — comentei casualmente. 

— O meu também — Draco disse. Ele parecia sincero, mas a ideia me parecia absurda. É claro que ele já havia saído com outras garotas antes, e eu o olhei como se dissesse '' é sério que vai começar a mentir essa hora?'' Ele pareceu compreender, pois, defendeu-se dizendo:

— É verdade, eu já sai com outras garotas antes, mas não assim, nunca levei nenhuma garota para jantar. Nunca fiz nada romântico. 

— Então você estava tentando ser romântico? — questionei segurando o riso. 

— Nossa assim você me magoa — falou fingindo estar profundamente chateado. Ele sorria, e eu também. Estávamos muito risonhos essa noite e nem em meus sonhos mais absurdos essa ideia um dia me pareceu possível. 

— Obrigada, por tudo. — parei na sua frente quando disse isso. Queria olhar em seus olhos, era estranho como mesmo cinza eles pareciam um grande arco íris quando ele sorria. Queria que  Draco soubesse que eu falava sério quando dizia estar grata, ninguém nunca havia me tratado da forma que ele me tratava. Queria que ele soubesse através dos meus olhos que eu não tinha medo, não mais. 

— Eu sei que já disse, mas gosto de você Astória, e fico feliz que seja você e não nenhuma outra das opções que minha mãe tinha. 

— Quais eram as outras opções?— questionei apavorada em pensar que poderia ser outra em meu lugar. 

— Além da sua irmã, Pansy. 

— Pensei que vocês fossem namorados. 

— Saímos um tempo durante a escola, mas eela saiu comigo e todo resto da Sonserina, e acredite, isso não mudou. 

Não questionei mais nada, sabia que ele havia saído com outras mulheres. Não duvidaria se em algum momento ele tivesse se agarrado com minha irmã pelos corredores do castelo, antes dela decidir gostar de garotas, ou seja , lá como isso aconteceu. Contudo, não era o tipo de conversa que eu gostaria de ter, não depois de termos tido um jantar tão bom.
Seguimos até o Centro Social, Rory estava na portaria e deu um grande sorriso bondoso ao nos ver. Não pude deixar de lembrar da história que Draco havia me contado e precisei me conter para não o abraçar e dizer que sentia muito. Mas apenas o cumprimentei educadamente. 

— David! Astória! Sabia que vocês voltariam.

Logo ele olhou para o meu dedo e percebeu o anel que eu usava. 

— Estamos noivos Rory, vamos nos casar —  falei sorrindo. Draco me encarou como se contemplasse a maneira que eu anunciava o casamento. Até então tudo que eu fazia era revirar os olhos quando falavam do assunto e agora estava anunciando como se fôssemos um casal apaixonado. 

— Eu sabia. Eu disse que sentia uma coisa especial em vocês. Parabéns cara, eu...— os olhos deles ficaram marejados — Desculpe,—  é que essas coisas me emocionam. Desejo que vocês sejam muito felizes. 

Observei Draco e pude perceber a mudança em seus olhos, estavam escuros novamente. Parecia dor e culpa, ele deu um sorriso sem graça e me levou até a cozinha. 

— Temos muito trabalho a fazer— comentou enquanto me arrastava com ele. 

Lesley ficou verdadeiramente encantada quando soube do noivado. Mesmo ela tendo uma pequena paixonite por Draco, não era algo que impedisse de se alegrar pela nossa felicidade. Douglas deu um pequeno aceno nos parabenizando e voltou sua concentração para as panelas. Logo a sopa e estava pronta  fomos todos para fora distribuir. 

Apesar de estarmos todos envolvidos em ajudar as pessoas e em como isso era satisfatório em um ambiente tão descontraído, não pude deixar de perceber que Draco parecia mais sério. Sua testa estava franzida e ele colocava a sopa dentro do recipiente com muito mais cuidado  e concentração do que o trabalho realmente exigia. Alguma coisa o preocupava e eu queria descobrir. Após concluirmos a distribuição e nos despedirmos de todos, caminhamos silenciosamente para casa, queria perguntar para Draco o que o incomodava, pois aparentemente tinha tido uma ótima noite, mas não sabia como chegar no assunto.

— Está tudo bem? — questionei quando percebi que ele não sairia do seu modo recluso por livre espontânea vontade.

— Sim, eu só estava pensando. 

Ele voltou a se calar. Se ele não queria compartilhar seus pensamentos, não seria eu a perguntar, não iria forçar ele a se abrir comigo, mas estava um pouco decepcionada pois esperava muito mais do final da noite. Será que eu tinha perguntado demais? Será que ele Draco estava arrependido de ter aceitado o casamento? Os sinais que ele me dava eram confusos e eu não sabia o que pensar.  Seria mais uma madrugada que eu passaria pensando em Draco e em tudo que estava acontecendo.

O dia do casamento finalmente chegou e eu estava nervosa. Não tinha visto Draco desde a noite do nosso suposto 'encontro' e ele não estava em casa quando fui a mansão Malfoy experimentar o vestido de noiva de Narcisa. Era como se ele estivesse me evitando e não sabia o que pensar a respeito. Primeiro eu estava com raiva porque iria me casar com alguém que odiava, depois feliz e amedrontada com a ideia de que eu pudesse gostar dele e agora estava triste porque estava sendo desprezada e com medo de ser abandona do altar. Toda essa avalanche de sentimentos em um curto período de tempo estava me esgotando e as mínimas coisas como: comer, levantar da cama, tomar banho, pareciam sem importância. Eu queria dormir até que tudo isso passasse. Será que era infantil demais voltar querer voltar para Hogwarts agora e viver como uma estudante pelo restante dos meus dias?

 
— Por Melin, Astória, você parece um alma penada. Levanta dessa cama que hoje você vai casar. 

Odile estava parada  em frente a minha cama. Seus cabelos negros pareciam ainda mais brilhantes que o habitual, como banhado em turmalina. Ela sorria pois sabia que hoje era o dia em que todos os seus problemas seriam solucionados. Sabia que Odile se comportaria mais gentilmente do que o habitual, não porque estivesse de fato desejando minha felicidade, mas porque para ela Draco era um troféu, e eu era o meio dela chegar até seu prêmio. 

— Babbette virá te ajudar a se arrumar, e logo iremos para igreja. 

Babbette, que já era tão idosa quanto alguém poderia ser, veio trazendo o lindo vestido que um dia havia sido de Narcisa. O vestido cabia perfeitamente no meu corpo pois não puxei a altura de Odile e éramos tão pequenas quanto. Enquanto o Babbette me ajudava com os acessórios comecei a chorar, eu não sabia o porquê de estar chorando,  só que de alguma forma, precisava externalizar esses sentimentos de mim e as lágrimas eram a única maneira possível.

— Não chore pequena Astória — dizia Babbette —  A senhorita vai ficar bem, assim como sua mãe ficou.
A ideia de me tornar uma nova versão de Odile só fez com que as lágrimas saíssem ainda mais descontrolada. Fui ao quarto do meu pai, precisava vê-lo mais uma vez antes de sair e tomei uma dose forte de gim. Eu não gostava de beber, mas uma boa dose de álcool era o que precisava agora.

Ao chegar na mansão Malfoy,  local em que o casamento aconteceria, vi que o jardim, que já era lindo em todas as outras épocas do ano, estava ainda mais encantador.  A ornamentação era feita de lindos arcos de flores de azaleia e amarílis. Com certeza tudo aquilo era obra de Narcisa e eu não podia negar que a mulher tinha um ótimo gosto. Eu estava encantada com o lugar. Olhei para as macieiras que anteriormente já me chamavam atenção e elas pareciam todas grandes e imponentes noivas com suas flores brancas envolvendo seus troncos.  O lugar parecia um cenário saído diretamente dos livros que eu costumava ler e eu sentia um arrepio ao pensar que em breve moraria naquele lugar.

 
    Fui levada a um quarto separado  especialmente para mim. Tinha água, comida e  mais produtos de beleza que eu deveria usar enquanto aguardava ser chamada. Odile me deixou sozinha para acompanhar Narcisa com os últimos preparativos, teríamos pouquíssimos convidados e mesmo assim elas agiam como se fosse um grande evento. O que não deixava de ser verdade, mesmo que não fosse grande no tamanho ainda era para mim, seria o dia em que eu uniria para sempre minha vida a Draco Malfoy e sua família. Eu sentia que poderia desmaiar a qualquer momento.

 
    Estava sentada tentando fazer com o que sangue circulasse com mais facilidade pelo meu corpo quando a porta abriu bruscamente. Era Draco. Ele estava vermelho e um pouco suado, como se tivesse participado de uma corrida para chegar até ali.

 

— Você não precisa fazer isso — falou com uma urgência que eu não estava entendendo. 

— O quê? Draco, do que você está falando? 

— Eu pensei bem, Astória, passei dias pensando sobre isso. Eu não posso fazer isso com você, não posso permitir que se case comigo. 

Eu estava sem palavras. O que esse homem estava dizendo? Faltavam apenas alguns minutos para a cerimônia começar e ele queria desistir? 

— Mas, Draco, nós temos um acordo, e meus pais e os seus pais? 

— Eu dou um jeito nisso. Olha aqui tem dinheiro — e Ele mostrou uma pequena sacola de pano que parecia bem pesada. — Eu consegui entrar em contato com Daphne e você pode ir morar com ela em Paris e estudar para ser medibruxa lá. 

— Você falou com a minha irmã? Como conseguiu falar com a minha irmã? 

Fazia um ano que eu não recebia notícias de Daphne, era como se ela tivesse desaparecido completamente do mapa e eu não tinha ideia de como ele conseguiu encontrá-la. 

— Isso não importa, o importante é que você não precisa estragar sua vida casando comigo. 

— Draco, não, as coisas não são assim tão simples. 

Nós tínhamos um acordo, minha família dependia desse casamento, ou melhor, meu pai dependia, e eu não poderia desistir de tudo agora. 

— Claro que são — ele respondeu firme. Draco parecia decidido, porém infeliz. Sua boca insistia para que eu concordasse com ele, mas seus olhos mostravam que Draco queria uma coisa diferente. 

— Mas e você?

— Você não precisa se preocupar comigo — ele respondeu abaixando o olhar. Eu sabia que Draco queria esse casamento e ele sabia que eu sabia. Draco havia me dito, foram suas próprias palavras e agora  ele estava abdicando disso por mim.

Comecei a andar pelo quarto tentando entender tudo que estava acontecendo. Eu estava  tendo a chance de fugir, com certeza naquela bolsa havia dinheiro suficiente para começar uma nova vida, para deixar tudo para trás, para realizar todos os meus sonhos. Mas, de alguma forma, essas ideias não pareciam mais fazer sentido. Eu iria embora e Draco seguiria sozinho. Ele era um homem solitário, isso era inegável, e carregava no coração culpa por coisas que achava que não deveria. Apesar de tudo, ele tentava se redimir, ajudava as pessoas e estava me oferecendo tudo que eu sempre sonhei. Não o deixaria para trás. 

— Mas me preocupo e vou ficar aqui, a menos que você diga que não me quer mais. — falei por fim. 

— Eu não quero, não quero me casar com você.

Sua voz quase não saiu de tão difícil que foi para ele dizer essas palavras. Ele estava se esforçando para negar seus sentimentos e me fazer ceder ao seu pedido de ir embora, mas seus esforços só me faziam querer ficar ainda mais. 

— Você é um péssimo mentiroso sabia? 

Ele abaixou a cabeça, ruborizando. 

— Você não entende, Astória. Eu não posso ser responsável por destruir mais uma vida. 

Queria dizer a ele que já era tarde demais. Eu já o queria, e ele tentar me proteger só fazia com que eu desejasse ainda mais. Porém, sabia que minhas palavras não surtiriam nenhum efeito em convencê-lo disso, então apelei para algo mais drástico. 

Joguei-me em seus braços e o beijei. 


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Notas finais do capítulo

Não me matem por terminado o capitulo assim. O próximo vem logo eu prometo