Contos de Hogwarts - Marotos escrita por LittlePhoenix


Capítulo 7
Lily também descobre o segredo


Notas iniciais do capítulo

Quando Remus e Lily começaram a passar mais tempo juntos como monitores, não demorou para Lily perceber os sumiços do garoto e desconfiar que algo estranho tinha acontecido. Até que ela descobre a verdade.

Hogwarts - 1975



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Era o segundo dia de férias de final de ano em Hogwarts, estava frio, mas o tempo estava firme. A neve tinha parado de cair lá fora e quase era possível ver um vislumbre do sol no céu. Remus Lupin estava sentado próximo à lareira da sala comunal da Grifinória lendo um livro sobre bichos-papões, o garoto tinha uma aparência um pouco abatida. Poucos alunos haviam ficado na escola para o Natal e tudo estava muito calmo e silencioso, até que dois garotos, rindo e conversando alto, entraram na sala.

— Ei, Moony! Estamos de férias, cara. Não precisa mais estudar. – Disse Sirius Black, o garoto com cabelos pretos e sorriso contagiante.

Remus olhou para os amigos, ambos estavam usando traje de Quadribol e seguravam, cada um, uma vassoura com cabo lustroso e cerdas penteadas.

— Os N.O.M’s estão aí, Padfoot, preciso me preparar. – Respondeu Remus. Os outros dois soltaram um riso pelo nariz.

— Como se você precisasse estudar mais ainda sobre bichos-papões. Já leu sobre eles um milhão de vezes. – Retrucou Sirius apontando para o livro que Remus lia.

— Olha, Moony – Disse James Potter, um garoto de cabelos bagunçados e que usava óculos – pela primeira em uns 30 dias o tempo não está uma bosta! Estamos indo praticar um pouco de Quadribol, por que não vem com a gente tomar um sol? Você está pálido como o Ranhoso!

— Acho melhor eu ficar por aqui hoje, podem ir lá. – Respondeu Remus voltando para sua leitura.

— Qual é! – Falou novamente Sirius revirando os olhos. – Vamos lá, Moony.

— É sério gente, eu não estou me sentindo muito bem. Sabem... em dois dias será lua cheia. – Falou Remus, quase sussurrando a última parte. James e Sirius se entreolharam.

— Aaaah... – Exclamou Sirius - seu “problema cabeludo”.  – O garoto fez um sinal de aspas com a mão.

— Sim, Padfoot. – Concordou Remus pacientemente.

— Tinha me esquecido. – Concluiu James.

— Ah..., mas não seria melhor curtir um pouco de sol e ar livre antes do seu “problema cabeludo”. Vai fazer bem para o seu lobo interior. – Sirius continuou, sorrindo.

— Muito sutil, Padfoot. – Comentou James. -  Vamos andando. – Ele agarrou o braço do amigo e puxou-o na direção do buraco do retrato.

— Eu só queria ajudar! – Resmungou Sirius enquanto o quadro se fechada atrás dos dois.

Remus sorriu sozinho. Os dois amigos, junto com Peter Pettigrew, sempre se esforçavam bastante para ajudá-lo nos dias de transformação, mesmo sem entender muito do assunto. Até tinham descoberto como se transformar em animagos para acompanhá-lo nas noites de lua cheia. Ficaram três anos trabalhando nisso, mesmo com a desaprovação de Remus. James sempre tomava cuidado ao tocar no assunto com medo de magoá-lo. Mal sabia ele que a falta de noção de Sirius não tinha importância nenhuma perto da gratidão que Remus sentia por tê-los como amigos, ficando junto com ele mesmo sabendo quem era de verdade.

Peter tinha embarcado no expresso para ir passar o Natal com sua família e não estava na escola. Remus preferia que James e Sirius tivessem ido passar os Natal com a família também, inclusive tentou muito convencê-los a ir, mas ambos disseram que iriam ficar e ponto final. Sabia que tinham ficado por sua causa e se sentia meio mal por isso, na verdade. Sempre se sentia como um estorvo para os dois. Mas, mesmo se sentindo meio mal, gostava da companhia deles.

— Bom dia, Remus!

Remus se assustou ao ouvir a voz feminina. Se levantou num sobressalto e se virou na direção da escada do dormitório feminino, de onde a voz tinha vindo. Parada com seus cabelos ruivos e estava Lily Evans. Os dois havíamos se tornados monitores naquele ano e acabaram passado um bom tempo juntos. Mas, no geral, só se conversavam quando estavam indo resolver as coisas de monitor, uma vez que a garota detestava Sirius e James. De qualquer forma, ela era muito gentil e simpática com Remus.

— Bom dia, Lily. – Respondeu o garoto depois de se recuperar do susto. – Não tinha visto que estava aí.

— Desculpa, não queria te assustar.

— Não assustou. Está tudo bem. – Disfarçou.

Ela caminhou na direção de Remus e se sentou em uma outra cadeira próxima a lareira. O garoto também voltou a se sentar.

— Não sabia que tinha ficado em Hogwarts para as festas. – Falou Remus.

— Achei melhor ficar e aproveitar para me preparar para os N.O.M’s. – Respondeu olhando-o com seus belos olhos verdes. – Além disso está cada vez mais difícil suportar as implicâncias da minha irmã. – Ela fez uma pequena pausa. – E você? Por que ficou?

Remus não sabia o que responder. O real motivo de ter ficado em Hogwarts era porque a lua cheia ia acontecer bem entre o Natal e o Ano Novo, então achou melhor ficar para poder se refugiar na casa dos gritos durante a transformação e não atormentar seus pais. Mas apenas James, Sirius e Peter sabiam sobre ele ser um Lobisomem, nunca contou para mais ninguém. Não podia dizer a verdade para Lily, o que ela poderia pensar? Provavelmente nunca mais trocaria uma palavra com ele!

— É... Bem eu... – Lily apenas o olhava curiosa. – Eu fiquei para ficar de olho no... no James e no Sirius. Sabe como é, né?

— Ah sim... – Ela respondeu revirando os olhos – Me esqueci que eles têm 5 anos e precisam da supervisão de um adulto. 

Remus deu uma risada sem graça.

— Eles não são tão ruins depois...

— Acho melhor não entrarmos nessa conversa de novo, já sabemos onde vai dar. – Ela interrompeu. – Eu digo que não entendo por que anda com eles, você diz que eles não são tão ruins depois que conhece melhor, eu digo que acho muito difícil pois já os conheço há cinco anos, aí você diz que não é bem assim. – Remus deu de ombros sorrindo pelo canto do lábio. – Acho que temos assuntos melhores para conversar.

Ele não conseguiu pensar em nada para seguir com a conversa. Ficaram em silencio por alguns segundos olhando para o trepidar da lareira, Lily parecia pensativa.

— O que está estudando? – Ela perguntou, quebrando o silêncio.

— Bichos-papões. – Respondeu Remus mostrando o livro que segurava.

— Achei que já fosse um expert em bichos-papões. – Ela deu um sorriso suave.

— É sempre bom aprender um pouco mais, estou bem preocupado com os N.O.M’s. – Ele uma leve risada.

— Eu também. – Ela chegou mais perto, parecia um pouco ansiosa. – Na verdade eu... eu queria perguntar uma coisa.

— O que houve? – Questionou Remus se sentindo nervoso.

— Bem, eu tenho lido alguns livros e... observei que... – Ela segurava as mãos e olhava para o colo apreensiva.

— Você está com alguma dificuldade? – Questionou o garoto em tom de brincadeira. Lily sempre se deu muito bem em todas as matérias, era uma das alunas mais inteligentes do quinto ano.  Ela deu de ombros. – Qual é o assunto?

— Bem eu... Cheguei na parte dos Lobisomens e... – Ela não concluiu a frase.

Remus gelou e olhou para Lily sem saber o que dizer, queria sair correndo dali. Será que ela...?

— Remus? Está tudo bem? – Ela chamou.

— É... Eu acho que eu não consigo te ajudar com isso. – Falou, finalmente, se levantando.

— Não, Remus é que... – Ela insistiu.

— Acho que James e Sirius devem estar me procurando. – Interrompeu, tentando disfarçar e andando em direção ao buraco do retrato. Remus estava tão nervoso que quase levou a cadeira junto com ele ao tropeçar nela.

— Eles não foram praticar Quadribol? – Falou Lily, desconfiada.

— Você ouviu aquilo? – Remus pensou na sutileza de Sirius ao comentar sobre seu “lobo interior”.  – Bom, mas é melhor eu ver se não estão aprontando alguma coisa, não é mesmo? Sabe como é? – Completou antes que ela dissesse algo.

— É eu ouvi. – Lily respondeu também se levantando. – E eu também sei.

— Que eles foram praticar Quadribol? – Questionou Remus. Mesmo com o frio, ele estava suando.

— Não... A outra coisa...

— Eu não sei do que você está falando. – Remus se virou seguindo em direção ao buraco do retrato.  – É melhor eu ir.

— Não, Remus. Que você é um Lobisomem! – Falou como se aquilo estivesse preso dentro dela.

O garoto parou onde estava, sem se virar. Como ela descobriu aquilo? Sirius ou James tinham deixado algo escapar e ela ouviu? Remus sentiu a ansiedade crescer dentro dele. Mais uma vez os mesmos pensamentos tomaram conta: “Por quê? Por que eu sou assim? Seria tão mais simples ser normal”. Sentiu vontade de chorar e gritar de raiva, mas se segurou.

— Como...? – Falou num sussurro. Não conseguia nem formar uma frase completa.

— Bom, pelo menos uma vez por mês você não comparecia às reuniões de monitores e sumia das aulas porque estava “doente”. Em uma dessas vezes fui acompanhar Marlene à ala hospitalar e não te encontrei lá. Comecei a prestar atenção... então percebi que sempre que ficava doente era lua cheia, comecei a pesquisar mais sobre o assunto e... bem...

Remus não respondeu, apenas continuou parado no mesmo lugar. Claro que ela perceberia, inteligente como era. Lily caminhou para a frente do garoto, que abaixou o olhar.

— Olha, está tudo bem. – Ela segurou gentilmente um de seus braços.

— Não está não, Lily. Agora você sabe que eu sou um monstro. – Remus olhou para ela e sentia um misto de raiva e tristeza.

— Não é não! Não tem nada de errado nisso. Sei quanto o mundo bruxo pode ser cruel com pessoas diferentes, mas sei também que tem muita bondade por aí. – Seus olhos verdes o olhavam fixamente, o garoto sentiu seu rosto esquentar. – Você é uma dessas pessoas boas. Não é um monstro. Quero que saiba que estou aqui para o que precisar. – Ela deu um sorriso.

Sempre que alguém falava sobre Remus ser um lobisomem, a coisa parecia se tornar mais real do que já era para ele. Não que ele não soubesse o que era, mas outra pessoa saber também... se sentia julgado. Se sentia errado. Mais errado do que nunca. Queria apenas que tudo isso passasse, mas nunca ia passar. E agora a Lily também sabia... tinha que se afastar dela, era o melhor. E se a machucasse? Nunca se perdoaria.

— Eu sou perigoso e... posso a qualquer momento machucar alguém. Não sou bom.  – Falou, por fim, olhando para ela.

— Olha, quando te conheci, conheci um rapaz gentil e inteligente. Me preocupa que você acredite mais no que as pessoas acham que você pode ser do que no que você realmente é. 

 As palavras dela o fizeram refletir. Quando Sirius, Peter e James descobriram que ele era um lobisomem, mesmo sem todo esse tato que Lily tinha, o fizeram se sentir acolhido, como nunca tinha se sentido antes. Lily fazia o mesmo agora. Remus teve uma sensação estranha. Era uma sensação que normalmente não se permitia sentir... Era difícil acreditar que as pessoas não se importavam com isso.

— Só não conte a ninguém, por favor.

— Não se preocupe, sou boa guardando segredos. – Ela parou por um segundo pensativa. – Tem alguns momentos, bem de vez em quando, que eu não acho o Potter tão ruim assim.

— O que? – Espantou-se Remus.

—Eu sei um segredo seu e agora você sabe um meu. Estamos quites. – Os dois riram.

— E ai, Lily! Vamos? – Marlene McKinnon havia chegado na sala naquele momento, vindo do dormitório das garotas.

— E a Dorcas? – Questionou Lily à amiga.

— Ela está dormindo igual uma pedra e eu estou tendo uma crise por conta desses N.O.M’s, ela encontra a gente depois. – Lily riu.

— Nos vemos depois, Remus. – Falou caminhando com Marlene para a saída do retrato.

Remus ficou parado pensativo. Olhou pela janela, por onde era possível ver Sirius e James praticando quadribol ao longe. Pensou nos amigos, pensou em Lily e então percebeu como se sentia querido e amado, era uma sensação tão estranha e...boa. Se sentou novamente de frente para a lareira, tinha um leve sorriso no rosto, que nem conseguia perceber. Voltou para sua leitura e se sentiu feliz, Hogwarts lhe dera algo que não se lembrava de ter tido na vida.


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Notas finais do capítulo

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