Contos de Hogwarts - Marotos escrita por LittlePhoenix


Capítulo 2
Primeiro dia em Hogwarts


Notas iniciais do capítulo

Lily Evans embarca no Expresso para iniciar seus estudos em Hogwarts. Como será que ela se sentiu no primeiro dia naquele lugar mágico?

Ano de 1971 - Hogwarts



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— E se eu não for selecionada para nenhuma casa? – Perguntou a garota ruiva.

— Não tem como isso acontecer. – Respondeu o garoto com cabelos negros e pele pálida. – Para alguma casa você vai ser selecionada. 

As duas crianças de aproximadamente onze anos estavam sentadas embaixo de um salgueiro, cuja os galhos mais compridos tocavam as águas do pequeno lago à frente.  O céu estava claro e com poucas nuvens, o sol começava a descer no horizonte, quase se pondo, e o vento soprava suave.

— Me conte de novo como que fazemos para pegar o trem. – Pediu Lily.

— Na estação de King’s Cross, é só correr em direção à parede entre as plataformas nove e dez, aí estará na plataforma nove e três quartos. – Respondeu Severus. 

— Tem certeza de que tem que correr em direção à parede?

— Certeza absoluta.

— Não vou bater logo de cara e me estatelar no chão? – Severus riu.

— Já me perguntou isso mil vezes. – Respondeu. 

— Estou com medo, Severus. Essa história toda parece uma loucura, tenho medo de não ser real... ou pior, de ter sido um engano e eu não pertencer realmente a esse mundo.

— O diretor não cometeria esse tipo de erro. Eu tenho certeza de que você pertence ao meu mundo, soube desde a primeira vez que te vi. – Lily sorriu para ele e Severus desviou o olhar sem graça. 

— Já está ficando tarde. – Falou Lily se levantando. – Nos vemos amanhã.

— Até amanhã.

Lily voltou para sua casa com os pensamentos borbulhando sobre como seria Hogwarts, que aparência teriam os professores, pensava como seria aprender a fazer feitiços e se ela veria alguma criatura mágica, como fadas ou unicórnios. 

— Você estava com aquele garoto estranho de novo, não estava? – Perguntou Petúnia assim que Lily entrou pelo hall. 

— Severus é meu amigo, Petúnia. – Respondeu Lily. – E já disse que ele não é estranho, ele é como eu.

— Como se essas coisas que você faz não fossem estranhas. – Falou Petúnia, mais para si mesma do que para Lily, mas foi ouvida mesmo assim.

— Por que você fica implicando com isso? – Perguntou Lily com lágrimas começando a se formar nos olhos. – Desde que recebi a carta da escola você só sabe me desprezar. 

— Meninas, venham jantar! – Chamou a Sra. Evans da cozinha.

Petúnia deu de ombros e foi com o nariz empinado em direção a cozinha, Lily a seguiu tentando não parecer chateada. Ela se sentia muito magoada com o tratamento que a irmã estava dando nos últimos tempos, o Sr. e a Sra. Evans reprenderam Petúnia algumas vezes, mas não adiantou muito. Depois de um tempo Lily parou de se queixar para os pais e apenas desabafa com seu amigo, Severus, ele dizia: “ela está com inveja, gostaria de ser como você”. Esse conselho não ajudava muito, ela também gostaria que a irmã fosse como ela e as duas pudessem ir juntos para Hogwarts... As vezes até pensava que preferia ser “normal” como a irmã e continuar indo para sua escola de sempre. 

O jantar aconteceu com o Sr. e a Sra. Evans falando empolgados sobre os planos do dia seguinte, perguntaram diversas vezes se Lily já tinha pegado tudo o que precisava, revisando os itens da lista de material. Petúnia comeu em silêncio e foi para o quarto assim que terminou. Depois de mais uma revisão de como seria a ida para estação, Lily beijou os pais e foi dormir.

Naquela noite mal conseguia pregar os olhos, ao mesmo tempo que estava muito ansiosa com o que iria acontecer, ficava pensando em Petúnia e tudo que vinha acontecendo. Finalmente, quando já estava exausta, adormeceu ansiando pelo dia seguinte. 

 

O Expresso de Hogwarts seguia para o norte na manhã de primeiro de setembro. Lily e Severus andavam pelo corredor do trem procurando alguma cabine para se sentarem.

— Que garotos idiotas. – Comentou Lily irritada com o ocorrido. Já estava chateada com o que sua irmã tinha dito, não precisava de dois garotos arrogantes para piorar as coisas.

— Nem ligue para isso, Lily. – Comentou Severus. -  Algumas pessoas só se importam com a força e a coragem e se esquecem de ter inteligência.

Eles encontraram uma cabine vazia e se acomodaram. 

— E se eu acabar indo para a Grifinória? – Perguntou Lily.

— Bem, ninguém é perfeito. – Severus deu um sorriso e Lily riu. 

A garota ficou novamente séria relembrando a discussão que tivera com a irmã, na realidade, todas as discussões que tiveram nos últimos meses repassavam em sua cabeça. 

— Não deixe o que aconteceu com a Petúnia estragar seu dia. – Falou Severus de forma carinhosa. – Não fique pensando nisso.

— Não quero pensar, mas é difícil. Espero que até as férias de Natal fique tudo bem.

O trem seguia seu curso, Lily e Severus conversavam sobre Hogwarts e o garoto compartilhava tudo o que sabia, mesmo já tendo falado sobre aquilo várias vezes com a amiga não se importava em repetir e Lily ficava muito empolgada de ouvir. Perto da hora do almoço a senhora dos doces passou, Lily não perdeu tempo em provar alguns feijõezinhos de todos os sabores e sapos de chocolate. Conforme a tarde foi caindo todos os estudantes colocaram suas vestes e a ansiedade dos alunos do primeiro ano foi aumentando. A noite estrelada chegou e o trem parou na estação de Hogsmead.

— Alunos do primeiro ano por aqui. – Um homem com pelo menos três metros de altura chamava. – Vamos alunos do primeiro ano.

Lily e Severus se juntaram ao grupo que se organizava em pequenos barcos que iam para Hogwarts. Quando se aproximaram da escola pelo lago, Lily boquiabriu-se, fascinada com a beleza e magnitude do castelo.

— Uau, Severus. É melhor do que eu podia imaginar! – Falou empolgada. 

Após desembarcarem na margem do enorme lago, os garotos seguiram o gigante até a entrada do castelo. Ao subirem a escadaria em direção ao saguão de entrada, foram orientados a entrar em uma antessala, onde encontraram uma mulher com olhar severo, óculos quadrados e um coque muito bem preso para trás. 

— Bem-vindos, alunos, eu sou a professora McGonagall. Em breve poderão encontrar seus colegas e se deliciar com nosso incrível banquete. Mas antes, serão selecionados para suas casas, elas são Grifinória, Lufa-Lufa, Sonserina e Corvinal. Enquanto estiverem aqui, suas casas serão como suas famílias, seus triunfos renderão pontos e seus deméritos tirarão pontos. No final, a casa com mais pontos ganhará a taça das casas. – Ouve uma pequena agitação entre os alunos. – Aguardem aqui que já venho chamá-los. 

A professora saiu da sala e o murmurinho cresceu, os estudantes começaram a conversar sobre as casas e suas expectativas. 

— Alunos novos! – Falou uma voz estridente acima de suas cabeças, quando Lily olhou para o dono da voz viu um garoto prateado flutuando, com chapéu de bobo e roupas engraçadas. – Estão animados com o primeiro dia? Nem imaginam o que vem por aí. – Ele soltou uma gargalhada. 

— Saia já, Pirraça! – Falou a professora McGonagall com voz severa retornando à sala. – Não me obrigue a chamar o Barão Sangrento.

— Já vou indo professora! – Falou Pirraça se esquivando para fora da sala. 

— A cerimônia está pronta, me acompanhem. 

A professora guiou os alunos para o salão principal, onde todos os outros estudantes estavam sentados divididos em 4 longas mesas. Ao fundo, em uma quinta mesa, estavam os demais professores e em sua frente havia um banquinho com um chapéu muito velho e remendado em cima.

— O que era aquele Pirraça? – Perguntou Lily para Severus. 

— É um poltergeist. – Respondeu Severus. – Já ouvi falar sobre eles, mas nunca tinha visto um. Eles costumam gostar de causar problemas.

Os estudantes pararam em frente à mesa dos professores, a professora McGonagall parou ao lado do banquinho e segurou o chapéu. De repente, um rasgo do chapéu se abriu como uma boca e ele começou a cantar uma pequena música sobre cada uma das casas e suas características. Ao terminar, todos os alunos aplaudiram e a professora McGonagall ergue-o do banco.

— Conforme chamar por seus nomes, venham até aqui, colocarei o chapéu em suas cabeças e serão selecionados para suas casas. – Falou.

McGonagall começou a chamar os estudantes, um foi para a Sonserina, dois para Lufa-Lufa, um dos garotos que Lily conheceu no trem foi para a Grifinória, Sirius Black o nome dele. Depois de mais alguns alunos, a professora chamou:

— Evans, Lily! 

Lily sentiu um enorme frio na barriga e avançou até o banquinho. O chapéu foi colocando em sua cabeça lhe tampando os olhos. 

“Hmmm” Lily ouviu a vozinha na sua cabeça “tem muita gentileza, mas muita coragem também”

— Grifinória! – Falou o chapéu, dessa vez em voz alta.

McGonagall tirou-o e Lily se dirigiu para a mesa que rompia em vivas e aplausos. Ela deu uma breve olhada em Severus, que tinha um sorriso triste no rosto. Ao chegar na mesa, o garoto Sirius Black abriu espaço para que ela se sentasse, mas ela ignorou e se sentou o mais longe que conseguiu. 

A chamada continuou, Lily viu outros garotos e garotas se reunirem a ela na mesa da Grifinória, mas só conseguia pensar no que Severus dissera sobre a Grifinória e como queria que ficassem juntos.  Logo uma garota com cabelos castanhos e longos se sentou ao lado de Lily.

— Oi, eu sou Marlene McKinnon. – Falou empolgada. 

— Sou Lily Evans. – Lily desviou os olhos de Severus para cumprimentar a garota. 

— Puxa, estou cheia de fome, espero que acabe logo. – Lily concordou com a cabeça.

— Snape, Severus! – Chamou McGonagall.

Severus se dirigiu ao banquinho e o chapéu pousou em sua cabeça e rapidamente anunciou:

— Sonserina! 

 A mesa mais distante a da Grifinória aplaudiu, enquanto o garoto se dirigia até lá, ainda lançando olhares para Lily. Um garoto loiro o cumprimentou quando chegou ao banco e se sentou. Lily se sentiu triste, queria muito a companhia de Severus nos primeiros dias de aula e não sabia como tudo ia funcionar agora.

Após a finalização da cerimônia, McGonagall retirou o banquinho e o chapéu para a antessala e se sentou junto aos demais professores. O homem sentado ao meio, na maior cadeira, com sua longa barba branca e óculos de meia-lua se levantou.

— Bem-vindos, alunos novos! – Falou. – Eu sou o professor Dumbledore, mas podemos falar mais depois que tivermos comido, então que se inicie o banquete!

Imediatamente a mesa se encheu de delícias diversas e os alunos começaram a comer. Marlene falava com Lily sobre diversos assuntos, contou como estava ansiosa pelas aulas de feitiços e que sua família inteira foi da Grifinória. Lily lhe contou sobre como viera de uma família de trouxas e Marlene ficou muito interessada em saber se era verdade que eles iam para uma escola antes dos onze anos. De repente, um homem translucido e prateado, vestido com uma roupa pomposa e um chapéu com uma longa pena surgiu no meio da mesa assustando os alunos.

— Olá, primeiranistas! – Falou empolgado. – Sejam bem-vindos à Grifinória, eu sou o Sir Nicholas.

— Você é um um... – Gaguejou Lily.

— Um fantasma! Sim senhorita. – Lily ficou espantada. O fantasma flutuou por cima da mesa cumprimentando os demais alunos.

— Puxa, poltergeist e fantasmas! – Exclamou.

— Espere até ver a lula gigante no lago. - Falou Marlene que não parecia nem um pouco espantada. 

Assim que o banquete acabou, o professor Dumbledore se levantou novamente. No mesmo instante, o salão inteiro se silenciou.

— Agora que estamos todos satisfeitos, gostaria de dar uma palavrinha. – O diretor fez uma breve pausa. – Gostaria de lembrar-lhes que a Floresta Negra é terminantemente proibida a todos os alunos. Peço encarecidamente que não se aproximem do novo Salgueiro Lutador que se encontra no jardim, a não ser que queiram sofrer um ataque doloroso. Um bom ano letivo a todos!

— Ele está falando sério? – Perguntou Lily para Marlene.

— Com certeza, Dumbledore sempre está falando sério. – Lily não sabia se se sentia preocupada com essa informação ou não. 

O monitor chefe da Grifinória, Otavio Jones, reuniu os alunos novatos para irem à sala comunal. Enquanto aguardavam no saguão de entrada que todos os alunos chegassem, Lily avistou Severus conversando com um outro garoto da Sonserina e correu para falar com ele.

— Severus! – Chamou. Severus se afastou dos novos colegas e foi ao encontro dela. – Poxa, uma pena que não estamos na mesma casa.

— Sim... – Ele deu de ombros. 

— Como vai ser agora?

— Bom, provavelmente teremos algumas aulas juntos e podemos nos falar nos intervalos também. Se ainda quiser que continuemos amigos... – Ele parecia bem chateado.

— Claro que quero! Vamos nos falar todos os dias. A questão é se você vai querer ser amigo de alguém da Grifinória. – Severus riu. Lily olhou por cima do ombro e viu que os alunos da Grifinória começavam a subir as escadas. – Tenho que ir.

Lily deu um rápido abraço em Severus e correu para junto dos alunos da Grifinória. 

— Quem era aquele? – Perguntou Marlene.

— Severus, nos conhecemos há muito tempo, ele que me contou tudo sobre o mundo bruxo. – Respondeu Lily. Marlene parecia pensativa. – Algum problema?

— É que aquele garoto que estava junto com o seu amigo, Avery, ouvi dizer que os pais dele são envolvidos com artes das trevas. 

Lily teve um mal pressentimento sobre o que Marlene disse, mas logo afastou os pensamentos ruins da cabeça. Severus não se envolveria com artes das trevas, isso era bobagem, ela conhecia muito bem ele. 

Os alunos continuaram subindo e fazendo curvas em diversos corredores. Lily reparou, maravilhada, que muitos quadros se mexiam e desejam boas-vindas aos alunos. Por fim, pararam na frente de um retrato de uma mulher gorda.

— Essa é a entrada para a sala comunal. – Falou Otávio para o grupo de alunos. – Nós precisamos informar uma senha para entrar e essa senha não pode ser compartilhada com ninguém.  – Ele se virou para a mulher no retrato. – Chifre de unicórnio. 

O retrato se abriu revelando uma passagem. Eles entraram em uma sala aconchegante decorada em vermelho e dourado, cheia de poltronas confortáveis e uma lareira crepitante. Alguns alunos já ocupavam a sala. Otávio indicou onde ficava o dormitório das meninas e dos meninos. Lily acompanhou Marlene e mais algumas garotas ao dormitório. 

Todas se trocaram e se acomodaram em suas camas. 

— O jantar estava uma delícia, não acha? – Falou Marlene ainda sentada em sua cama.

— Estava mesmo. – Respondeu Lily.

— Gostei muito de você, Lily. Espero que possamos ser amigas. – Lily sorriu.

— Também gostei de você, Marlene. E por mim, já somos amigas. 

Marlene também sorriu, deu boa noite e fechou as cortinas. Lily ficou um bom tempo olhando para o dossel de sua cama tentando absorver tudo que já tinha acontecido até aquele momento e se sentindo ansiosa por tudo que viria ainda. Quantas coisas fantásticas e... mágicas! Se sentiu feliz por ter conhecido Marlene, assim não se sentiria sozinha. Só podia esperar mais coisas maravilhosas da sua nova vida.


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Notas finais do capítulo

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