Remember Me escrita por Miss Serenity Blue


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Será que Draco está chegando perto de encontrar nossa Tori?



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Capítulo 5

 

Com as sessões de terapia e a anotação dos sonhos estranhos que continuaram a persegui-lo, Draco sentia que estava por um fio de encaixar a última peça do quebra-cabeças. Entendia que a morena do seu sonho tentava ajudá-lo, sabia que ele a conhecia, conhecia suas manias e seus medos, como se fossem amigos de longa data. O que não entendia era por que não sabia seu nome ou de onde a conhecia.

Quanto aos seus movimentos, agora fazia pequenas caminhadas apoiado na muleta, ainda que devagar, mas já era um progresso. 

Nesse período, o relacionamento com a mãe se estreitara. Apesar de não ser sua praia assistir comédias românticas, começara uma rotina preguiçosa de acompanhá-la vez ou outra nas suas sessões de cinema. Para isso, faziam pipoca e se acomodavam no sofá, como faziam quando era pequeno. Não se lembrava de ter assistido muitos filmes desse gênero na vida, porém sentia-se estranhamente próximo de algo que não conseguia definir quando os assistia e, coincidentemente, acabava contanto spoiler sobre o final na metade deles.

— Eu ainda não sei como consegue fazer isso, filho! - Sua mãe sempre se surpreendia, sabendo que não era este o gosto do rapaz.

— São clichês, mãe. Todo mundo sabe o final. - Dizia ele, mesmo que também sentisse que tinha algo a mais.

— E o que você entende sobre clichês, Draco? - Narcisa ria.

— Todo mundo entende um pouco sobre clichês. - Ele també riu.

Quanto ao pai, pouco conversaram ao longo dos dias em que Draco esteve em casa se recuperando. Salvo alguns jantares em família no qual meia dúzia de palavras eram trocadas, a única conversa que, de fato, existiu foi numa terça-feira à tarde, sentados na sacada. Lucius com uma dose de whisky nas mãos e Draco com um copo grande de vitamina.

— Vejo melhoras na sua recuperação, Draco. - O pai disse, olhando para o horizonte, firme. Parecia evitar olhar para o filho ao seu lado.

— Sim, tenho me esforçado bastante. - Respondeu o mais novo, firme, porém buscando o olhar do mais velho.

— O escritório tem se desenvolvido bem aqui em Manchester, Draco. Acredito que, no mais tardar, no próximo mês possamos dar início à implantação em Londres.

Draco ficou em silêncio, não sabendo onde o pai queria chegar com aquelas informações, afinal, nunca fez parte de nenhuma de suas decisões. Após alguns minutos em silêncio também, Lucius moveu seu olhar firme para o filho e continuou:

— Não acredito que eu consiga fazer as viagens todos os dias para Londres e sei que esse novo escritório precisará de total atenção. Sua mãe tem me cobrado bastante em permitir que você assuma algumas responsabilidades mas, dadas suas crenças passadas, acredito que ambos sabemos que não seja uma tarefa fácil.

Draco preparou para se defender, abriu a boca algumas vezes, mas foi interrompido pela mão de Lucius, levantada, indicando que o esperasse finalizar suas considerações. Assim, ele continuou:

— Por isso proponho um acordo. Você assume a implantação em Londres, sob minha supervisão, e eu permito que você atenda 5% dos casos pro bono.

Draco gargalhou. Sabia que negociações e Lucius Malfoy eram um combo difícil, mas não conseguia acreditar naquela proposta ridícula.

— Isso é um caso a cada vinte.

— É bem mais do que eu pensaria em oferecer. - Esbravejou o pai.

— Não posso aceitar por menos de 20%. O que me concede quatro casos a cada vinte. E estou sendo generoso. Não espere que eu escolha entre ajudar quem realmente precisa e faturar um milhão de libras com um empresário corrupto.

— Draco, você é mimado, cresceu com todos os luxos que alguém poderia desejar. Não sabe de onde vem esse dinheiro e nem a necessidade de conquistá-lo.

— Exatamente, pai. Não sei e nem quero saber de onde vem esse dinheiro que tanto ostenta. - Respondeu o filho, agora já bastante firme.

Lucius respirou fundo, furioso. Por mais que quisesse realizar por si mesmo a implantação em Londres, sabia que sua idade e seu estado e saúde não o permitiriam viajar na frequência necessária e, além do mais, precisava acompanhar a evolução em Manchester.

— Te concedo quarenta casos pro bono em um ano. É minha última oferta.

Draco pensou por um segundo. Tendo a aprovação do pai para quarenta casos pro bono anuais, poderia oferecer outros por sua própria conta e, com o nome da família, teria mais força no mercado londrino.

— Feito. - Respondeu.

Lucius não ficou um segundo mais na sacada, apenas levantou-se da cadeira e saiu andando, dizendo:

— Você se muda na próxima semana.

 

Lucius não fez qualquer questão de se preocupar com a mudança do filho, mesmo com a insistência de Narcisa para tal. E mesmo que fizesse, Draco já havia se programado por si só e, na segunda-feira, estaria visitando apartamentos para alugar e salas comerciais em Londres. Sua pretensão era, até o final da semana, ter decidido definitivamente um apartamento e uma sede para a Malfoy’s Law.

Com as malas prontas e os horários ajustados com o mordomo e o motorista, Draco aproveitava do café da tarde de domingo com sua mãe. Ambos sentados no jardim, conversavam sobre amenidades antes do loiro partir para a capital Mais uma vez, Lucius não estava presente.

— Espero que você não abra mão da terapia enquanto estiver em Londres, Draco. - Comentou Narcisa, bebericando uma xícara de chá e olhando para o filho. - E muito menos da fisioterapia, você está tendo grandes avanços.

— Fique tranquila, dona Narcisa. - O filho sorria, calmo. Desde que acordara, finalmente estava com um propósito além de si próprio e de sua recuperação, e isso o animava. - O fisioterapeuta já me indicou um conhecido no St. Mungus e farei terapias regulares via vídeo chamada… Tenho muito a entender ainda.

— Os sonhos continuam?

Apesar de Narcisa não saber por completo o conteúdo dos sonhos, sabia que Draco vinha sonhando regularmente com uma garota a qual nunca conheceu. Não entendia sobre traumas ou o que aconteceu na cabeça do filho enquanto estivera em coma, mas sabia que, o que quer que fosse, era muito importante para ele. 

— Sim. - Admitiu o loiro, depois de pensar um pouco. - E por mais que o doutor tenha me feito revirar diversas lembranças, não consigo encontrar um momento que eu a tenha visto. Eu me lembraria.

— Me conta de novo… Como ela é?

Draco respirou fundo antes de responder:

— Morena, um pouco baixa… Olhos castanhos que pareciam sempre estar preocupados ou zelosos… Nas primeiras vezes que sonhei com ela, usava branco e parecia querer me ajudar, mas eu não conseguia respondê-la… Era… Como se eu estivesse preso, paralisado, não sei.

— E o que mais se lembra, filho? - Narcisa estava realmente focada no rapaz, mesmo se sentindo impotente ante sua recuperação, era sua mãe e faria o que fosse preciso para ajudá-lo.

— Nos outros sonhos, ela parecia mais próxima. Mas eu continuava sem conseguir respondê-la. E eu sentia… Sentia cheiro de flores.

— Flores?

— Sim, flores.

Narcisa pareceu pensar por um tempo, olhando para sua xícara de chá, quando seus olhos, de repente, brilharam de uma forma quase irreal, como se tivesse encontrado um grande tesouro escondido na xícara a sua frente.

— Filho, eu tenho um palpite… Pode estar muito errado, mas… É um palpite.

As mãos da mulher tremiam um pouco, tamanha era a coincidência em sua mente. Por um segundo, temeu soltar o palpite que poderia estar muito errado e, futuramente, frustrar ainda mais o rapaz em recuperação, mas precisava tentar.

— Diga mãe. - Pediu ele, com o corpo projetado para a frente, os olhos curiosos e o coração batendo mais forte. Qualquer coisa serviria, qualquer coisa era melhor que nada.

— Quando você entrou em coma… - Ela começou, respirando fundo ao se lembrar do filho adormecido na cama de hospital por tanto tempo. - Você ficou por pouco mais de dois anos no Hospital de Oxford, antes de nos mudarmos para cá. Nesse período, uma enfermeira foi responsável por acompanhar o seu caso, aplicar os medicamentos diários e verificar quaisquer alterações. Srta. Greengrass, não me lembro o primeiro nome dela.

Draco ouvia atentamente a fala da mãe, tentando assimilar cada detalhe que ela lhe passava. Narcisa olhou para o jardim, o sol já se pondo, e pareceu pensar um pouco antes de continuar:

— Ela foi a única enfermeira responsável por você durante os dois anos e, dentre as diversas infrações que ela cometia somente no seu quarto, uma delas era levar flores para colocar na sua janela todos os dias. - Apesar do toque de repreensão, Draco podia ver um profundo agradecimento pelo que aquela enfermeira fizera pelo seu filho.

— E como ela era?

— Estatura baixa, morena, olhos atentos… Falava pelos cotovelos, mesmo que estivessem só vocês dois no quarto. Vez ou outra, inclusive, me deparei com ela tentando fazer sua barba… E falhando miseravelmente.

Ambos riram. Instintivamente, Draco passou a mão pela barba rala que começava a crescer. Será que essa Srta. Greengrass era a garota que tanto atormentava seus sonhos?

Tomado por uma nova motivação, agora ele tinha um nome, que poderia não ser quem ele tanto procurava, mas era um nome.


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Notas finais do capítulo

Agora as coisas começaram a fazer sentido ... Pelo menos algumas delas!
O que estão achando?? ♥
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