Remember Me escrita por Miss Serenity Blue


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Demorei mas apareciiiii ♥
Essa semana tem maratoninha desse casal para terminar o mês!!!
Aguardem...



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Capítulo 6

 

Greengrass. Aquele sobrenome ficou ecoando na cabeça do rapaz a noite toda. Ela tinha um nome. E, muito possivelmente, era aquele.

Por isso, na manhã seguinte, tomou um rápido café e despediu-se dos pais, que ainda ficaram à mesa. Estava ansioso. Desviou-se do rumo de Londres e pediu ao motorista que o levasse até o hospital de Oxford. Antes de começar seu novo objetivo na capital, precisava seguir as pistas que tinha e tentar solucionar aquele quebra-cabeças.

Estava tão absorto em seus pensamentos que não viu o tempo passar. Em pouco tempo, chegaram ao Hospital de Oxford, de onde o loiro não tinha qualquer lembrança de ter entrado e, menos ainda, de ter saído.

Desceu do carro apoiado na muleta. Pediu ao motorista e ao mordomo que o esperassem no estacionamento, pois queria fazer aquilo sozinho. Eram seus sonhos, seus pensamentos e sua morena. Onde quer que ela estivesse, ele faria o que fosse preciso para encontrá-la.

Caminhou vagarosamente pela entrada do hospital, que estava lotado. Enfermeiras caminhando de um lado para o outro, médicos conversando com parentes e acompanhantes em pequenos espaços de espera dispostos em cantos estratégicos, pessoas entrando e saindo com talas, ataduras e cadeiras de rodas…

Parou na recepção principal, seu ponto de partida. Atrás do balcão, uma senhora que deveria já ter passado dos setenta anos estava sentada. Vestia o uniforme padrão do hospital, um vestido azul marinho sóbrio e contido junto a um casaquinho do mesmo tom, um lenço bem ajeitado no pescoço e os cabelos presos num coque firme. 

— Bom dia, senhora. - Cumprimentou Draco. A mulher levantou a cabeça, tirando os olhos cansados do monitor à sua frente, e lançou-lhe um sorriso. - Por gentileza, procuro pela enfermeira Greengrass. 

O coração do loiro batia descompassado, seus olhos vagavam por todos os cantos da recepção, esperando que uma grande coincidência os fizessem se encontrar ali naquela recepção. Já havia imaginado a cena na sua cabeça: ela estaria passando, com uma prancheta na mão, apressada. Draco perceberia sua presença no mesmo instante, porém ela só o veria quando já estivessem frente a frente. Ele sorriria. Ela sorriria. Ambos diriam um “oi” constrangido, pois sentiriam a mesma conexão estranha. E então ele a chamaria para o café.

— Não temos nenhum funcionário em nosso corpo de enfermeiros com esse nome. - Informou a mulher à sua frente, tirando-o de seus devaneios.

— Tem certeza? - Ele tornou a perguntar, fazendo com que a mulher o retribuísse com uma cara de poucos amigos.

— Tenho, sim senhor. - Respondeu ela. - Eu saberia se tivéssemos.

— Bom… Acredito que a senhora trabalhe aqui há algum tempo, não? - Perguntou ele, percebendo, pela cara de ódio da senhora, que talvez ele tivesse cometido alguma gafe. “Parabéns, Draco!”, pensou. - Há cerca de dois anos, a senhora poderia me dizer se trabalhou aqui alguma funcionária com esse nome?

— Sinto muito, senhor. Mas não posso te fornecer informações sobre funcionários que não fazem mais parte do nosso hospital.

A voz da senhora à sua frente é monótona. Talvez, se ele tivesse se apresentado corretamente e, pelo menos, descoberto seu nome, ela estaria mais inclinada a ajudá-lo. Observou cuidadosamente o crachá da senhora à sua frente antes de continuar.

— Perdoe-me, senhora Hale, acredito que eu não tenha me apresentado corretamente. Meu nome é Draco Malfoy, estive internado neste hospital há cerca de dois anos atrás, em coma. Fui cuidado por uma enfermeira de sobrenome Greengrass. Morena, estatura baixa… E gostaria apenas de agradecê-la todo o cuidado, já que finalmente saí do coma, não sem a atenção desse nobre hospital, que me tratou tão bem.

Sabia que era golpe baixo utilizar-se do coma e puxar saco do hospital e dos funcionários, porém seu discurso fora bem interpretado pela senhora à sua frente, que se aprumou na cadeira e lançou-lhe um sorrisinho convencido.

— Tenho orgulho em dizer que nosso hospital e todos os que trabalham aqui têm um grande comprometimento para com cada um de nossos pacientes, senhor Malfoy. - Ela deu uma olhada no computador, digitando algumas coisas, antes de continuar. - E fico feliz em saber que o senhor se recuperou do coma! … Porém não posso lhe fornecer as informações que precisa, pois não tenho os acessos necessários. Por gentileza, se dirija ao primeiro andar, ala 5, onde ficam as internações. Acredito que eles lhe fornecerão essa informação.

Draco agradeceu à mulher e, com expectativas renovadas, partiu rumo ao primeiro andar.

Assim que o elevador se abriu, percebeu que aquele andar poderia ser ainda mais movimentado que o primeiro. Como dava para a entrada de emergência, mais médicos e enfermeiros corriam de um lado para o outro e, para onde olhasse, havia pessoas encostadas, chorando ou com o semblante preocupado.

Caminhou até a ala 5, conforme orientação da recepcionista, onde encontrou uma nova recepção. Dessa vez, uma oriental que não deveria passar dos trinta anos vestia o mesmo uniforme da primeira e, assim como ela, escondia-se atrás de um grande balcão e da tela de um computador. Ciente de como deveria se aproximar e com o coração ainda mais acelerado, Draco caminhou até ela, lançando seu melhor sorriso e já buscando seu nome no crachá.

— Bom dia, senhorita Chang. Meu nome é Draco Malfoy, fiquei internado nesta ala por um tempo, e estou em busca da enfermeira Greengrass, pode me ajudar.

— Sinto muito, senhor. Não posso fornecer informações sobre funcionários para terceiros. - Respondeu ela com uma voz monótona.

— Entendo, entendo… - Tentou se manter calmo. - Porém graças a ela e ao ótimo atendimento de todos os funcionários deste hospital, consegui passar pelo estágio do coma e gostaria apenas de agradecê-los.

— Agradecimentos e doações devem ser conversados com o setor de comunicação no térreo. - A voz da mulher parecia ter um único tom de monotonia. Olhando para a tela do computador, ela sequer desviava o olhar por mais de alguns segundos para dar-lhe atenção.

— Pode me dizer ao menos se essa enfermeira ainda trabalha aqui?

Impaciente e, aparentemente, desejando arduamente voltar para o que quer que estivesse fazendo em seu computador, a Srta. Chang respirou fundo e encarou o loiro à sua frente, dizendo:

— Não possuímos nenhuma enfermeira Greengrass em nosso quadro de funcionários. Caso deseje realizar doações, gentileza se dirigir ao setor de comunicação, no térreo.

Aquela era uma criatura tomada por má vontade, isso ele poderia dizer. Para alguém que trabalha com pessoas, o mínimo que ele esperava era alguma empatia e paciência.

Sabendo que não adiantaria discutir com a mulher, respirou fundo e voltou para o elevador. Não conseguiria explorar muito mais naquele dia, pois tinha agendado as visitas em Londres e não queria se atrasar. 

Caminhou (meio arrastado, meio inconformado) em direção ao motorista que o aguardava. Mesmo não sabendo onde a mulher estava, ainda se mantinha agarrado a sua única informação disponível, um sobrenome. 

 

Sentou-se no carro e pediu ao motorista que partisse para Londres. Mesmo que não tivesse certeza se Greengrass ainda trabalhava no Hospital de Oxford, alguma coisa sobre ela ele teria que encontrar. Por isso, no caminho, tirou o celular do bolso e jogou o nome “Greengrass” e “Oxford” no Google. 

O primeiro link remetia a Daphne Greengrass, uma modelo bastante famosa na capital cujos traços lembravam um pouco a mulher dos seus sonhos. Porém ainda não era ela. Leu a notícia, por curiosidade. Aparentemente, a “outra Greengrass”, como ele a chamou internamente, estava participando de um desfile bastante conceituado em Milão. Pelas informações vazadas sobre a personalidade, definitivamente aquela estava longe de ser “a sua Greengrass”.

O segundo link levava a uma página de Instagram que também pertencia a “outra Greengrass”. Fotos tiradas em estúdio e com bastante modificações de photoshop, fotos de biquíni, fotos de um cachorro minúsculo e peludo com uma coleira de strass… Nada que o interessasse.

Estava pronto para sair daquela página quando uma foto meio desfocada o chamou a atenção. Parecia ser do último Natal, a familia reunida em frente à árvore de Natal, um casal de meia idade nas laterais, a “outra Greengrass” segurando o cachorrinho no colo e fazendo biquinho e, ao seu lado, ao centro da foto, a “sua Greengrass” sorria, segurando o pisca-pisca da árvore na mão, em frente ao rosto, e causando um efeito desfocado na foto. E, mesmo estando desfocado, ele sabia… era a “sua Greengrass”, a dos seus sonhos.

Instintivamente, passou a mão na barba por fazer, pensando no que a sua mãe havia lhe contado sobre ela fazer sua barba de tempos em tempos. Isso o fez sorrir como uma criança em manhã de Natal. Sim, ele sorria.

Não havia comentários da “sua Greengrass'', tampouco um nome na foto que pudesse investigar, apenas de fãs e homens de meia idade com comentários babacas. Clicou na foto, não havia marcação. “É claro.”, pensou ele, “Se a “outra Greengrass” a marcasse, jamais teria toda a atenção só para si, afinal, a “sua Greengrass” irradiava algo que aquecia o coração de qualquer um”.

Continuou pesquisando, porém ela deveria ser muito reservada, pois não havia muitas informações sobre ela na internet. Por fim, encontrou um pote de ouro onde menos esperava: uma lista de formandos em enfermagem na Universidade de Oxford. “Astoria Greengrass”, tinha que ser ela!

Sorriu, exasperado. Só poderia ser, ela tinha um nome!

Junto a ele, um sorteio em uma loja de flores da região e, este pote de ouro estava maior do que ele esperava: o que mais o chamou a atenção, um edital dos residentes de enfermagem do Hospital St. Mungus em Londres. Fazia quase dois anos desse edital e, talvez, ela estivesse em qualquer outro lugar do mundo, porém algo dentro dele se aqueceu. Ela poderia estar lá, esperando por ele, como ele havia sonhado desde que abrira os olhos naquele hospital de Manchester.

Sentindo-se um cowboy do Velho Oeste, cavalgando em seu cavalo à toda velocidade, pediu ao motorista que acelerasse rumo à Londres. Algo dentro de si sabia que faltava pouco para reencontrá-la.

 

Mesmo com toda a ansiedade o corroendo, chegaram em cima do horário para visitar os apartamentos que estava pesquisando para alugar. Por isso, cumpriu com sua agenda e, mesmo regado à impaciência, conversou com todos os representantes imobiliários e negociou alguns valores. 

Terminou as visitas em um prédio comercial a dois quarteirões da Backer Street e, mesmo com a dificuldade da muleta, orientou ao motorista e ao mordomo que fossem almoçar, pois ele queria dar uma volta pela vizinhança.

Caminhou na rua do Sherlock Holmes, passando em frente à Dunkin’ Donuts (e desejando parar ali para uma sobremesa) e, mais à frente, encontrou L’Antica Pizzeria da Michele, um lugar pequeno e bastante tradicional que, ele não entendia, mas o fazia sentir-se feliz.

Entrou, dando uma olhada no sucinto cardápio. Pediu uma pizza margherita (que parecia GIGANTE) e torceu para que desse conta de aplacar sua fome àquela hora do dia. Para completar, uma água com gás. Muito atencioso, o garçom anotou o pedido e o indicou algumas mesas mais ao fundo do restaurante, que àquela hora do dia já apresentavam algum movimento.

Draco estava distraído, pensando em sua comida, quando levantou os olhos para procurar uma mesa. E, antes que pudesse checar qualquer mesa ou pessoa ao seu redor, deparou-se com aqueles olhos verdes. Aqueles olhos verdes profundos e verdadeiros, que o encarava de volta.

Sentada sozinha em uma mesa, com um pedaço de pizza em sua mão, parado na metade do caminho, os lábios semi abertos, sua postura congelada no tempo.

Ele jamais imaginaria, em hipótese alguma, encontrar a “sua Greengrass”, aquela que ele acabara de descobrir o nome, sentada numa pizzaria. Em seus devaneios (e seu pessimismo), ele ainda esperava ter que buscar por um longo caminho até encontrá-la. Um caminho que, talvez, o deixasse louco e cansado. Mas não. Ela estava ali.

Diferente do que já lhe acontecera com outras garotas pelas quais teve interesse, quando uma onda de adrenalina tomava conta de seu corpo enquanto se aproximava, com Astoria ele se sentiu um adolescente em seu primeiro beijo. Deixou um sorriso escapar, aquele que ele imaginara ter sido uma mistura de surpresa, ansiedade, felicidade e, um pouco talvez, de charme.

Ela, por sua vez, continuou congelada em sua posição. Se não fossem seus olhos piscando algumas vezes, diria que se tratava de uma bela (e engraçada) estátua.

Draco respirou fundo, aquele era o momento que ele desejava desde que acordara naquele hospital sem vida em Manchester. Tomou a iniciativa e deu alguns passos na direção da garota.

— Posso sentar aqui? - Pediu.

Ela mexeu a cabeça, concordando. E então, talvez dando-se conta, assim como ele, de que era real, esboçou um grande sorriso.

— Draco? - Perguntou ela, ainda sorrindo. - Eu não acredito!! 

— Achou que eu dormiria para sempre? - Brincou ele.

— Ainda bem que não! - Disse ela, espontânea, enfiando um grande pedaço de pizza na boca. - Quer?

— Acabei de pedir uma pra mim! - Respondeu ele, simplesmente.

— Eu ainda não estou acreditando, sério!! - Astoria parecia em êxtase, como se sua ficha estivesse caindo aos poucos. Estendeu a mão, tocando no braço do loiro, como se cutucasse um cachorrinho adormecido. E, com aquele toque, foi como se ambos levassem um pequeno choque, um sinal de alerta de que aquilo parecia certo. - Desculpa! Mas eu preciso me convencer que você finalmente acordou! Sabe quanto tempo eu te apurrinhei para isso?

Ela falava como se fossem velhos conhecidos, como se todo esse tempo não tivesse passado e, mesmo não sabendo absolutamente nada sobre a garota, ele se sentia em casa.

— Não tenho dúvidas que foi bastante. - Ele riu.

— Pelo menos agora sua barba está decente! - Ela riu também.

— Tenho certeza que sim! Inclusive, queria fotos da sua obra de arte.

— Ah, você não queria! Pode ter certeza! 

Ambos gargalharam e, então, o silêncio reinou por alguns minutos, no qual eles apenas se olharam, sorrindo.

— Obrigado, Astoria. - Disse o rapaz. - Eu não sei o que teria acontecido comigo se não fosse por você.

A morena respirou fundo, seus olhos se enchendo de lágrimas, as quais ela controlou com todas as suas forças. Ainda não conseguia se convencer de que aquele momento era real, afinal, o destino não seria tão gentil com ela. Só poderia ser um sonho.

— Nha… Foi divertido! - Foi o que ela conseguiu responder, se culpando no instante em que as palavras saíram de sua boca por não ter pensado em nada melhor. - Onde você esteve nesse último ano?

— Bom… Longa história… Sei apenas o que minha mãe me contou… 

— E como está Narcisa?

Ela lembrava, pensou ele. Lembrava de sua mãe e do período em que não estiveram juntos. Será que ela teria pensado nele tantas vezes quanto ele havia pensado nela?

Quando ia começar sua história, o celular da morena tocou. Ela fez sinal para que ele esperasse e atendeu ao telefone, respondendo rapidamente algumas coisas que ele não entendeu. Draco viu o semblante da mulher mudando.

— Desculpe. - Disse ela, verdadeiramente, assim que desligou o telefone. - Uma das pacientes que acompanho irá receber um transplante ainda hoje. Preciso muito estar lá por ela. 

Astoria parecia dividida entre o trabalho e os pacientes que tanto amava e o loiro à sua frente. Sabia de seu dever, mas não queria, de forma alguma, perder esse momento que havia ganhado de presente de alguma força cósmica que devia amá-la muito.

— Sério? Isso é ótimo! - Draco respondeu, realmente animado. Sabia que transplantes não eram tão comuns ou rápidos. - Mas antes, podemos marcar um café? Eu… Bom, eu queria te encontrar novamente.

A morena à sua frente sorriu. E ele soube que ela também queria vê-lo novamente.

— Claro! Anota o meu número… - Começou ela.

Salvou o contato, certificando-se algumas vezes se estava realmente correto. Não sabia se o destino seria tão simpático em levá-lo até ela novamente caso ele fizesse a cagada de salvar o número errado. 

— Eu te ligo! - Disse o loiro, vendo a morena à sua frente recolher a bolsa e um jaleco antes de sair. 

Ela sorriu para ele, concordando, e parou em pé à sua frente. Draco nunca se sentiu tão idiota quanto neste momento, quando pensou se deveria abraçá-la, dar-lhe um beijo no rosto ou simplesmente acenar. Ainda bem que, diferente dele, a morena tinha muito mais atitude.

— Dois anos te servindo de babá e eu não ganho nem um abraço? 

Abraçaram-se e, enquanto se sentava novamente na cadeira, pôde vê-la saindo do restaurante. Draco poderia estar muito errado e sua mente poderia estar lhe pregando uma peça, mas ele poderia jurar que a viu saltitando.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?????
Estou louca para saber a opinião de vocês!!