Pov. Ochaco

Estava me alongando para iniciar mais um treinamento com os espíritos, fazia uma semana que havia começado a sair do castelo a noite enquanto todos dormiam para vir aqui na floresta. É nessas horas que a Yaoyorozu é minha salvação, seus clones já me salvaram de muitas escapadas no castelo, pois vez ou outra um guarda passava frente a meu quarto para verificar se eu estava segura. E pensar que Momo-chan já passou por tantos problemas na infância… As únicas que sabem que ela é uma bruxa sou eu e a Nejire. Nessa semana, os três primeiros dias foram os mais difíceis, precisei treinar meditação para incorporar o vácuo, esvaziando a mente só focando em sentir o espaço a minha volta. No terceiro dia, finalmente o meu poder apareceu. Num dos treinos com Todoroki, ele atirava chamas em minha direção e tive que focar em absorvê-las, o que não deu certo. Desviei do ataque, porém o inesperado aconteceu… Assim como a Hagakure é invisível por causa do ar, eu me tornei o nada, me tornei o vácuo por poucos segundos. Era uma sensação estranha, pois eu não tinha forma, era imaterial. Podia sentir todos os elementos a minha volta, era como se estivesse em todo lugar e ao mesmo tempo como se não existisse. Sinto o poder falhar e volto a forma humana. Quando noto que havia mudado de lugar e estava em queda livre no céu eu grito.

— Aaaaah! Toru me salva!!

Estava quase colidindo no chão quando sinto alguém me agarrar e aterrissar ao lado do lago. Seus braços eram fortes, então não podiam ser as meninas. Abro os olhos e noto Katsuki me segurando e coro.

— Katsu…

— Só saio por pouco tempo e quando volto você está caindo do céu? O que está havendo? Tá querendo virar anjo?

— Estamos treinando. — Digo ao lobo.

— Ochaco, você quer conhecer aquele lugar que te falei outro dia? — Katsuki me pergunta.

Noto que o lobo havia dito meu primeiro nome e sorrio. Katsuki me põe no chão e seguindo para a floresta ele volta e trás um javali.

— Consegui pegar esse javali, o almoço de hoje está servido.

— Hum, obrigada Bakugou. É gentil da sua parte pensar em nós. — Toru fala.

— Ah! É o mínimo que podia fazer por terem me dado um lar. — Ele diz envergonhado. Toru encosta sua mão nos ombros de Katsuki que sente o ar gelado e sorri. Ele está sorrindo para a Toru?

Estreito os olhos e me aproximando deles, entro no meio dos dois ouvindo um som de reclamação deles e esticando os braços, abraço o pescoço dos dois.

— Katsu… Você não ia me mostrar aquele seu lugar favorito? Ah! Toru, eu vou continuar o treinamento depois, tchau! — Me desgrudo da Toru e puxo Katsuki pelas mãos, o lobo olha para ela e depois para mim sem entender nada. 

Enquanto andava floresta a dentro, ouço o som de uma risadinha. Toru se comunica comigo por pensamento:

— Alguém está com ciúmes! Por acaso está gostando do lobinho princesa?

— E-Ei!! Não sei do que está falando, Toru. — Penso para Toru ouvir. — O Katsu é meu amigo, só isso.

— Ahã vou fingir que acredito, então o que foi aquela cena? Vou contar para os nossos irmãos que está apaixonada. — Toru afirma.

Desesperada eu digo:

— Não se atreva! Você está tirando conclusões precipitadas! O Katsuki é apenas meu amigo!!

— Por que nega tanto o que está na cara? — Minha irmã me pergunta e suspiro.

— Para dizer a verdade… Não tenho certeza dos meus sentimentos… — Respondo-a. — O Katsuki é tão fofo, as vezes tenho vontade de pegar nas orelhas dele só para ver como é a sensação.

— As orelhas? — Toru pergunta confusa.

— Não me diga que nunca sentiu essa curiosidade?

— Nenhum pouco. Irmã, sei que estou segurando vela então vou deixar vocês dois namorarem.

Sentindo o rosto esquentar eu grito:

— Nós dois não somos namorados!! — Percebo tarde demais que falará em voz alta. Katsuki me olha assustado por ter gritado do nada. Toru, você me paga!

Katsuki abre a boca tentando falar, porém fica mudo sem saber o que dizer. Escuto o elemento do ar rir e se manifestar:

— Eu nunca disse que eram…

— Mas você acabou de… — Sou interrompida pela Toru. 

— Tenho que ir, deveres de espírito elementar, tchau. — Suspiro, essa Toru… Como irei encarar o Katsuki agora? 

Após alguns minutos, tomo coragem e observo o lobo que também me olhava, nós havíamos parado de caminhar. Ele estava com as orelhas abaixadas o que era sinal de que estava triste. Seus olhos rubis brilhavam tão profundamente que era como se eu pudesse enxergar os seus sentimentos. Katsuki pergunta com a voz angustiada:

— Você está namorando? Q-Quem é o garoto de sorte? Não que eu me interesse… Espero que seja feliz. Eu…

— Não! Você entendeu errado Katsuki. — Digo ao lobo. — Estava conversando com a Toru e não é nada do que está pensando, até porquê no momento estou prometida em casamento com um príncipe e pretendo acabar com esse noivado.

— Você é noiva? — Katsuki pergunta de olhos arregalados. Ótimo Ochaco, para que piorar a situação?

— Sou, mas não quero me casar. — Respondo o lobo. — Meus pais me prometeram em matrimônio para com o príncipe de Iisland, porém sou contra o casamento. Há tanto para resolver, não quero perder tempo com um príncipe mimado. 

— Entendo. — Katsuki diz e suspira.

Voltamos a caminhar por mais meia hora pela floresta até que vejo uma grande barreira feita de… vácuo? Como é possível? Encosto na barreira transparente e sinto a minha energia alí, logo vejo um portal se abrir entre a barreira e sugar nós dois para dentro dela. Fecho os olhos por reflexo e quando abro estou sentada ao lado de Katsuki. Observo a área a minha volta e fico surpresa. Era uma praia!! Sorrio e tiro os meus sapatos, sinto a areia macia em meus pés e saio correndo e rodopiando pela areia.

— Katsuki, esse lugar é maravilhoso!! — A água era cristalina, haviam corais e conchas de todas as cores no mar. Me jogo na areia e fecho os olhos para apreciar o som do oceano. Sinto uma sombra em cima de mim e ergo um pedaço da touca vermelha. Katsuki que estava ao meu lado fazendo sombra, se abaixa ficando de joelhos na areia. — Como encontrou esse lugar? — Pergunto sorrindo, por incrível que pareça a praia me é familiar. 

— Foi num dia de caça, ninguém consegue atravessar a barreira, somente eu e agora você. — Diz o lobo. — Deve ser familiar pois tem a sua energia, não foi o que disse? — Compreendendo eu assento. Fico encarando o lobo até que ele se aproxima de mim e estende a mão direita colocando-a em meus cabelos. Coro com sua atitude e sinto o meu coração bater acelerado, tanto que prendo a respiração com seu toque.

— Ochaco… Eu… Eu te… — Katsuki se embaralha nas palavras e suspira. — Esquece.

— Hum? — Pergunto confusa. Queria saber o que ele ia falar, mas Katsuki parece estar inseguro. Suspiro. Essas sensações que ando sentindo ao ficar perto dele… Tentei negar, mas é impossível. É como um ímã. Foi então que percebi, me sinto atraída por ele. No fim das contas a Toru tinha razão… Por que eu teria ciúmes dele com a Toru? A resposta é simples, eu definitivamente estou apaixonada pelo lobo.

Continua…