Pov. Uraraka Ochaco

Sentados na grama perto do lago, eu perguntava ao Bakugou sobre o mesmo. Estava muito curiosa para entender como o lobo fora amaldiçoado até que pergunto algo que chama a atenção dos espíritos:

— Katsuki, posso te perguntar como você foi amaldiçoado e o por quê? — O lobo se engasga com o chá que tomava e dou tapinhas nas costas dele fazendo-o cuspir o líquido para fora.

— Bem... O bruxo que me enfeitiçou, ele apagou parte das minhas memórias para não ser descoberto, isso foi a muito tempo atrás, provavelmente você não era nascida ainda.

— Espera! Quantos anos você tem? — Pergunto surpresa com a novidade.

— Dezesseis, essa maldição me impede de envelhecer, mas eu devo ter alguns séculos de vida. — Katsuki diz. — Não sei por que ele fez isso comigo, só sei que a maldição me transforma completamente em lobo na lua cheia e perco a consciência me tornando uma fera selvagem. É bom que saibam disso para quando ocorrer a transformação.

Todoroki comenta:

— Não acham estranho? Vocês dois tiveram as memórias apagadas e...

— Mas por motivos diferentes. — Corto o meu irmão. — Vocês não me contaram que eu perdi a memória por me apaixonar? O All Might que criou as regras para nos proteger, enquanto no caso dele foi um Bruxo. Onde você quer chegar Shoto?

— Esquece, deve ter sido apenas coincidência, afinal se um de nós nos apaixonarmos, também podemos perder as nossas memórias. — Todoroki responde.

— Como queria poder gostar de alguém, kero. — Tsuyu suspira. — Tem um ser da floresta que é meu amigo, porém estou começando a sentir o que não devia, então estou enterrando esse sentimento lá no fundo. Mas é muito doloroso, ele é um ser das sombras como o Bakugou, o Tokoyami é um híbrido de fênix e corvo.

Observo a Tsuyu e pergunto:

— Você também tem alguém que gosta? — Ela assente. — Um dia, talvez, a gente possa achar alguma forma de mudar essa regra. — Me levanto e me aproximo do lobo. — Lobinho, você quer treinar agora? Me ensine os golpes básicos.

— Pode ser. — Katsuki se levanta e se posiciona ao meu lado. — Primeiro forme um punho nas mãos. — Eu faço o que ele diz e o lobo me mostra os movimentos, tento o acompanhar, porém é mais fácil usar o arco do que lutar fisicamente. Katsuki interrompe meus pensamentos. — Assim não biscoito!! Desse jeito parece que você está mexendo um caldeirão.

— Por acaso é uma indireta?

— Não sei do que está falando biscoito.

— Você está me chamando de bruxa!

— Está mais para fada por sua beleza estonteante... — Bakugou sussurra, porém consigo ouvi-lo e coro. Ele nota que ouvi o seu comentário e se desespera. — N-Não!! Q-Quer dizer... V-Você é...

Abraço o lobo e sorrindo digo:

— Obrigada pelo elogio lobinho. Enfim, acho que entendi. — Faço o movimento certo e Katsuki segue me ensinando outros tipos de luta. Durante o treino, eu corro na direção do lobo para desferir um soco quando tropeço nos meus próprios pés e caio em cima de Katsuki. Pelo menos ele amorteceu a minha queda. Apoio as minhas mãos em seu tórax para me levantar, por frações de segundos vejo os olhos do lobo cintilarem. Consigo sentir os seus batimentos acelerados, minha respiração se prende assim como os meus olhos em seus lábios, eles pareciam tentadores. Volto a me aproximar do lobo e nossos rostos quase se encontram, ouço o lobo suspirar e passar as mãos em meus cabelos próximo do pescoço causando-me um arrepio nessa região. — Katsu... — Vejo uma folha de árvore voar em nossa direção e desperto-me do transe. O que estava prestes a fazer? E ainda por cima na frente dos meus irmãos como plateia. Que vergonha!! Ainda bem que a Hagakure me alertou. Me afasto do lobo corada.

— A-Acho que seria uma boa treinar os meus poderes, Tsuyu? — Pergunto ao elemento da água.

— Kero. — Tsuyu assente, seu rosto estando vermelho. Todoroki havia desaparecido, provavelmente não querendo segurar vela. Já a Hagakure... Ela dançava junto as folhas e ria, o que se passa na mente dela? Se bem que quando tropecei, senti como se algo tivesse me empurrado... Hum, suspeito.

Katsuki pergunta:

— Tudo bem que eu irei ficar aqui, mas onde irei dormir?

— Hum... A casa na árvore tem cinco quartos. — Digo. — Um para cada elemento, como não estou usando o meu quarto, você pode ficar lá, já que atualmente vivo no castelo.

— Verdade, Kero. — Tsuyu diz. — Não vi você trazer nenhuma mudança contigo Bakugou.

— Isso é por quê não tenho nada. — Katsuki diz. — Sou apenas um lobo selvagem e livre.

Todoroki diz:

— Então alguém precisará te domesticar. — Shoto aparece atrás de mim me dando um susto e sugere me encarando, arregalo os olhos com sua indireta.

— É o que meio a meio? — Bakugou grita. — Está achando que sou um cachorrinho para ser domesticado?

— Verdade, o Bakugou parece um pinscher, só sabe latir, mas não morde. — Digo fazendo todos rirem do meu comentário em relação ao lobo.

Katsuki estreita os olhos para mim e diz:

— É melhor correr por sua vida princesinha. — Bakugou se levanta do chão e corre atrás de mim estendendo suas garras para me assustar, o que não funciona mais, porém fujo do lobo correndo em círculos ao redor do lago temendo por minha vida.

— Aaaaah!! — Grito quando sinto seus braços envolverem minha cintura. — Fui capturada!! — Bakugou me ergue colocando-me em seus ombros como se eu fosse um saco de batatas e me esperneio dando soquinhos leves em suas costas. — Me salvem do lobo mau!!

— Provocou agora aguente. — Toru fala rindo de mim.

— Que belos irmãos eu tenho, nem para me salvarem do lobo mau. — Faço um biquinho triste.

— Lobo mau é? — Katsuki pergunta sorrindo de canto e arqueando as sobrancelhas. — Diz isso, mas quis ser minha amiga. — Ele disfarça.

— Sem segundas intenções seu pervertido, aliás, será que pode parar de apertar minhas coxas? — Pergunto corada ao lobo. — E-Eu quero descer, estou ficando tonta.

Katsuki me solta no chão com toda delicadeza possível, anota-se: Me derrubando. Ele coloca suas mãos em minha testa medindo a minha temperatura preocupado e pergunta:

— Você está se sentindo bem? Desculpa por te jogar no chão.

— A-Ah! Tudo bem Katsu... — Digo feliz por sua preocupação comigo.

Pelo canto do olho vejo a Toru e os meus irmãos me assistindo enquanto comiam chocolate. Sério isso? Agora virei teatro para ser assistida? Envergonhada com toda aquela atenção sobre nós, escondo meu rosto na curva do pescoço de Katsuki, o lobo sem saber o que falar me abraça e faz um cafuné na minha cabeça.

— Obrigada por tudo até agora, Katsu... — Digo sussurrando. Saindo de seu abraço viro-me para os meus irmãos elementares. — Tudo bem, estou pronta para aprender sobre os meus poderes.

— Ochaco, até outra hora! Irei caçar na floresta. — Bakugou fala se despedindo.

— Já vai? — O loiro assente. — Que pena, mas tudo bem, até outra hora. — Sorrio para ele.

Depois de perder o lobo de vista, pergunto:

— Então, por onde começamos? — Pergunto animada, hoje será um longo dia... Um ótimo longo dia eu espero...

Continua...