Dinastia 2: A Coroa de Espinhos escrita por Isabelle Soares


Capítulo 56
Capítulo 56




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Julho de 2017

Alec definitivamente odiava chuva. O céu escuro, aquele barulhão no céu e o brilho dos raios quando caiam o assombravam. As paredes grossas do castelo pareciam mais frias e era tudo tão assustador! Ele se encolheu entre as suas pernas e se escondeu em baixo da cama. Mais um barulho de trovão e o pequeno príncipe de sete anos achou que tudo iria se desmoronar.

É apenas uma chuva”. Alec ficou repetindo isso para si mesmo com força para tentar aplacar o medo. Mas não estava adiantando. Ele tremia cada vez mais apavorado. Dessa vez, o raio cortou mais forte e iluminou todo o seu quarto. O barulho do trovão foi tão forte que fez tremer o chão. Alec então correu pelos corredores até o quarto de seus pais. O som dos gritos que saiam detrás da porta era tão alto quanto os que vinham do céu.

— Você não vai mandar os meus filhos para aquele lugar horroso de novo! – Alec ouviu a mãe gritar.

— Quem é você para decidir o que eu faço ou não com os meus filhos? Eles vão para Gordonstoun queira você sim ou não!

— Você é um monstro horrível! Não vê que eles não são felizes lá?

— E o que isso importa? Eles são príncipes e devem se preparar para as suas funções como tal. Não podemos nos deixar envolver com sentimentalismo bobo.

O silêncio se instalou por alguns segundos e Alec se sentiu encorajado a abrir um pouco a porta. E viu sua mãe partir para mais perto de Aro com mais altivez. Ele por um momento pensou que ela iria cuspir nele.

— É uma pena que Marcus tenha sofrido aquele acidente. Ele seria um rei muito melhor do que você. Na verdade, acho que você sabe bem disso. Se não soubesse não tinha mandato fazer um serviço bem feito nele.

Alec viu apenas Sulpicia cair no chão com a mão no rosto. Seu pai tinha tido a coragem de bater em sua mãe?

— Você não passa de puta! É isso que você é! Não foi você que se esfregou em mim louca para eu te comer por que ninguém mais queria?

— Cala boca!

O pequeno príncipe viu o seu pai partir com toda raiva para cima de sua mãe e viu que ele iria bater nela novamente. Alec não podia deixar. Criou coragem e abriu a porta. Isso chamou atenção dos dois. Aro olhou para ele com raiva e o príncipe sentiu mais medo dele do que da chuva.

— O que está fazendo aqui? – Aro perguntou ao filho.

— Você não pode bater na minha mãe!

— Filho não era isso que o seu pai iria fazer. – Sulpicia falou com lágrimas nos olhos.

— Não te ensinaram a bater na porta antes de entrar, moleque? É por isso que ele vai para Gordonstoun para aprender a ter educação.

— Eu não quero ir para lá. Quero ficar com a minha mãe.

— Você não tem querer, está escutando? – Aro falou com a voz mais alterada. – Não quero que seja um baitola molenga!

Alec baixou a cabeça e começou a chorar. Já nem lembrava mais da chuva.

— O que você está fazendo aqui?

— Estou com medo da chuva... – o príncipe falou baixinho.

— Está com medo da chuva, hã? Ótimo!

Aro pegou o braço do filho com firmeza e tratou de conduzi-lo para fora do quarto. Sulpicia os seguia com preocupação.

— Aro! Solte-o!

— Cala boca Sulpicia!

— Pra onde está levando-o?

— Ele não está com medo da chuva? Pois vai aprender a engolir esse medo agora.

O príncipe regente de Volterra continuou arrastando o filho pelos corredores do castelo, mesmo com as súplicas de sua esposa. Agora eles chamavam a atenção de todos. Os funcionários que viam aquilo se amontoavam para entender o que estava acontecendo. Aro só parou quando chegou ao jardim. Largou o filho no meio da grama e da chuva e gritou para todos ao redor.

— Você vai ficar aqui até aprender a não ter medos idiotas. E ai de quem tirá-lo daqui! Estão ouvindo? Deixem esse covarde aqui até ele aprender a não ter medo de chuva e quem ousar ir contra as minhas ordens vai se arrepender!

Aro então saiu do jardim deixando o filho sozinho em meio à chuva grossa que caia. Alec tremia de frio, mas temia ainda mais o que o seu pai podia fazer com sua mãe. Ele a viu sendo arrastada de volta para o quarto e imaginava em sua mente infantil o que podia acontecer. Olhou ao redor e alguns olhavam para ele com piedade, mas ninguém teve coragem de desobedecer ao seu pai.

Sem poder fazer nada, Alec apenas sentou-se no chão e tentou se cobrir com o seu próprio corpo e abaixou a cabeça para que ninguém o visse chorando. Não era isso que ele tinha que fazer? Então faria!

Suas pernas já estavam dormentes e congeladas quando sentiu as mãos de Sulpicia em seus ombros. Já era noite no céu e a chuva havia parado. Ele finalmente saiu da posição em que estava e virou-se para ela. Sulpcia estava machucada. Em volta de seu belo rosto tinha manchas escuras e Alec sentiu seu coração se afundar. Abraçou tão fortemente sua mãe e desejava que todas as feridas dela se curassem.

— Tudo vai ficar bem, querido!

Ele se apertou mais no corpo de sua mãe e foi levado nos braços por ela. Sulpicia carregou o seu menino até o seu quarto e tratou logo de tirar suas roupas molhadas e dar-lhe um banho adequado.

— Você vai ficar aqui comigo?

— Vou, meu menino lindo! Vamos ler juntos aquele livro que você gosta. Como se chama mesmo?

— O pequeno príncipe.

— Sim. É um ótimo livro!

O único amor que Alec realmente conheceu até o presente momento em sua vida foi o de sua mãe. Ele cresceu acreditando firmemente nisso. Que não existiam romances. Era tudo um grande engano, uma conveniência principalmente no mundo onde nascera. Quando se casou com a princesa tinha em mente isso. Seria um casamento arranjado, mas tinha lá um fundo de esperança que pudesse entender tudo isso que diziam por ai sobre amar alguém. Queria se sentir bem, acarinhado e acolhido por aquela família que parecia compreender tão bem de sentimentos tão friviais.

Durante todo esse tempo a união de seus pais, se podia chamar daquela forma, lhe mostrara a dura realidade que existia quando se fazia parte da realeza. Tudo era para um bem maior e nunca para eles mesmos. Entendia o casamento dos pais, mas não pôde nunca aceitar a maneira como Sulpicia fora tratada. Mas aquilo lhe dera uma base para o seu futuro. Não queria se envolver com ninguém que pudesse vir a sofrer junto com ele. Se não tinha amor, então por que se arriscar em algo que causaria mais dor?

Aquela fé que mantinha ao se casar se dissolveu rapidamente. Como ele poderia dar amor a Renesme se ele mesmo não o conhecia? Os Cullens estavam tão quebrados quanto qualquer outra família que havia conhecido em toda sua vida. Preferia agir na neutralidade. Não havia muita escapatória. Era uma vida de merda!

 Mas ai ele conheceu alguém que o fez mudar de ideia. Quando olhou para Lovelace sentiu algo estranho. Um tremor, uma atração, não sabia bem. Resolveu não pensar muito nisso a princípio. Ele estava casado e sentenciado. Porém, sentiu que Lovelace era parte do seu destino. Uma piada sem graça que o fez sorrir na cara dos deuses. No minuto que começaram a conversar, ele soube que ela era especial. Aos poucos foi descobrindo que ela não o achava um chato como todas as garotas pareciam achar. Lovelace tinha um bom papo e gostava das mesmas coisas que ele.

A cada encontro ele tinha mais certeza que queria ficar mais perto dela. Queria fazer coisas clichês, queria consumir cada um dos seus gestos, ouvir a sua voz e sorrir de bobagens. Então, era isso que era se apaixonar? Ele já estava perdido. Lovelace era tudo que ele precisava e o fazia realizar loucuras. Então, se agarrou a ela como se a perdesse iria também sumir todos aqueles bons sentimentos que passara a ter. Lovelace era seu bote salvatório.

Virou-se na cama e deu de cara com o rosto dela. Tinha ontem tido a coragem de dormirem juntos pela primeira vez, após muitos encontros secretos. No início, ele não queria encarar aquilo como um flerte. Eram apenas amigos e nada mais. Porém, como esconder toda aquela vontade de ficar juntos. Lovelace incorporou toda a sua liberdade emocional e senso de diversão que tanto ansiava. Então, deram o primeiro beijo e Alec entendeu que nem tudo se resumia a uma vida infeliz como a de seus pais. Ao menos dessa vez ele não estava sozinho.

Lovelace se mexeu e abriu os olhos aos poucos para se acostumar com a luz que entrava no quarto no início da manhã. Alec achava que estava diante da mulher mais bonita que ele tinha visto na vida. Ela olhou para ele e se aproximou até tocar o seu nariz.

— Estamos loucos sabia? – ela comentou.

— Faz parte do show. – Alec piscou.

— Por que não nos conhecemos antes?

— Não teria sido tão bom quanto agora. Antes eu acreditava que não existia vida além do que queriam que eu vivesse e agora você me mostrou que eu estava errado.

— Como vai ser agora?

— Temos que pensar nisso nesse momento?

— Claro que sim! Você está casado com a princesa herdeira desse país.

— Eu sei. Não quero fazer Renesme sofrer. Não queria que tudo ocorresse como aconteceu, mas o que podemos fazer? Nosso casamento esteve fadado desde o início. Ao menos eu e você, ou ela não podemos ser felizes?

Era o mesmo que Renesme pensava ao acordar. Abria os olhos e lembrava de todos os momentos difíceis que estavam vivendo e ainda viveria e só queria um momento para sentir-se feliz. Esticou o braço e pegou o diário de sua mãe e pensou sobre os momentos bons que eles viveram e o abriu. Sempre dava certo. Renesme pensava em algo e abria o diário aleatoriamente e lá estava Bella escrevendo exatamente sobre o que a filha queria ler.

“21 de Janeiro de 2044

Acordei essa manhã lembrando de um momento bom. Gosto de ser abraçada ao amanhecer por boas memórias. Remeti-me há 21 anos. Estávamos eu, Edward, Ness e o pequeno Tony, com apenas sete meses de vida em nossa casa de campo em Seraf. O bebê já engatinhava por toda parte. Edward adorava fazer caretas para fazê-lo sorrir. Antony sorria por qualquer bobagem. Ness tentava capturar a cena com um desenho. Desde os oito anos, ela batera o pé dizendo que não queria mais fazer balé e sim entrar para uma escola de artes. Edward foi o primeiro a concordar. O que ele não fazia por sua princesinha? Ness provou-se ser um grande talento e em muito pouco tempo desenhava melhor do que qualquer adulto. Eu tinha orgulho de suas habilidades.

Ela pôs as mãos na cintura e pediu firmemente que deixássemos de fazer bagunça e nos juntarmos por que ela iria nos desenhar. Edward e eu obedecemos feito dois pais bobos. Éramos uma família feliz! Até hoje tenho esse desenho comigo.”.

Renesme passou os dedos pela folha nas marcas de caneta. Lembrava-se desse dia. Era em algum fim de semana em 2022, quando Tony era apenas um bebê. Aquele tinha sido um ano especial. A família ficara completa e pareciam que nunca tinham estado tão bem como antes. Seus pais se beijavam apaixonados e se orgulhavam de suas duas pequenas obras. A princesa lembrava-se dos sorrisos e das malandragens que faziam juntos para se divertirem.

Quando refletia sobre isso compreendia aonde vinha a sua obsessão para encontrar um par perfeito. Renesme sempre fora apaixonada pelo amor. Sentia-se meio boba em pensar nisso. Mas o que podia fazer? Ela tinha crescido diante de vários casais perfeitos. Parecia fácil imaginar que um dia também encontraria o seu conto de fadas.

Mas a vida era cheia de reviravoltas. Ironicamente, logo ela que sonhava tanto em encontrar o amor perfeito acabara fadada a se casar com alguém completamente o oposto dela. É claro que havia também todo o peso de ser da realeza. Ela seria a primeira mulher a ocupar o trono belgão. Vivia em torno de uma sociedade e de um sistema machista que achavam que se futuro cônjugue não devia se intrometer a ponto de ser o rei postiço. Não havia essa preocupação quando seu pai ou seu avô se casaram. Mulheres da realeza serviam apenas para gerar filhos e andarem a quatro passos atrás do marido.

Renesme sempre soube disso. Seu perfeccionismo cobrava-lhe a duras penas que escolher um esposo ideal era muito mais além do que uma união romântica era um negócio de Estado. E olha onde ela estava agora?

Resolveu não pensar mais nisso. Se espreguiçou na cama e ouviu o celular gemer. Emily a essa hora em pleno sábado? Renesme bufou, mas atendeu a chamada.

— Bom dia Emily!

— Alteza, aconteceu algo gravíssimo!

— Deus! O que pode ser agora?

— É melhor você ligar a TV.

— Ok.

A princesa desligou o telefonema e pegou o controle da TV o mais rápido possível. Esperava ao menos que o grave fosse para Bono Donnalson e não para ela ou sua família. Na tela da televisão estavam várias fotos de Alec com Lovelace numa lancha e em uma delas estavam os dois dando um selinho. A princesa não podia acreditar no que via.

— Foram publicadas nessa manhã no tablóide “The Fame”, algumas fotos bem comprometedoras de sua alteza real, o Duque de Seraf, com uma mulher da alta nobreza belgã. Segundo a matéria, paparazzis flagraram na manhã de ontem numa lancha que navegava por New Visby. Vale a lembrar que o príncipe de Volterra encontra-se casado com a princesa herdeira. O palácio ainda não se manifestou a respeito. – relatou a apresentadora do programa matinal.

Renesme ao invés de se sentir traída, como qualquer mulher se sentiria ao ver o seu marido com outra, ela sorriu. Mas não foi qualquer sorriso, foi uma gargalhada intensa. Parece que sua boca reagia sozinha a notícia. Se sentia mais leve, mas feliz.

Há um tempo ela sabia da relação de Alec com Lovelace, há um mês para ser mais específica. Para ser sincera, o casamento dela com o príncipe durou apenas uma semana. Sim, enquanto estavam de lua de mel tudo ocorreu bem. Mas ao voltar para casa e se deparar com o terceiro elemento decisivo para o facasso daquela união, Aro Volturi, e a intensa rotina que só revelava a incopatibilidade de ambos só ajudou para que tudo terminasse amargamente como começou. O primeiro mês de convivência de ambos tinha sido apenas de cumprimento de responsabilidades. Renesme realmente tentou amá-lo, mas como conseguir encaixar um círculo num quadrado? Tentativas foram vãs e os dois perceberam que o melhor eram fingir uma convivência adequada.

O alívio de Renesme era tanto que ela se levantou da cama quase dançando para tomar banho. Estava definitivamente feliz por Alec ter encontrado alguém que o fizesse feliz. Jamais podia julgá-lo. Ela mesma sentia sentimentos fortes por William. Quando se lembrava do beijo que trocaram sentia o seu estomâgo tremer. Sabia que isso não era apenas uma bobagem romântica. Só não esperava que Alec pudesse ter sido tão tolo para deixar transparecer em público de tal forma.

Quando desceu já foi bombardeada pela sua equipe que se comportava como se uma grande bomba tivesse sido estourada diante deles, na verdade tinha, mas Renesme estava tranquila demais para se deixar abater. Não havia sido ela que tinha sido pega aos beijos com ninguém.

— Alteza, sua majestade o rei e a rainha mãe lhe esperam no escritório. – avisou Emily exasperada.

— Certo, obrigada Emily. – Renesme falou tentando seguir o seu caminho até o escritório. – Apenas me deixe conversar com papai e vovó, por favor.

— Mas o que iremos dizer a imprensa? – perguntou o seu relações públicas.

— Nada. Proavelmente Aro já esteja a caminho de Belgonia para resolver a bagunça. Me avise quando Alec chegar. – Ela piscou e seguiu em frente.

Ao entrar no escritório, seu pai já andava de um lado para o outro num nervosismo evidente. Esme apenas se servia com uma xícara de café com toda a compostura. Era incrível a diferença como eles lidavam com os problemas. Renesme apenas se sentou na poltrona relaxadamente.

— É inacreditável! – Edward falou alterado. – Parece que realmente os deuses estão contra mim. Não é possível que eu não possa ter em meu reinado um momento de paz.

— Bom... – Renesme iniciou. – Não fui eu que quis casar com Alec.

Edward olhou para ela revirando os olhos e continuou com a sua caminhada para lugar nenhum da sala.

— Tem noção o quanto isso é horroso? Nunca isso aconteceu antes em qualquer casamento real? Nossa imagem deve ser protegida de qualquer polêmica, de qualquer falatório em boca miúda. Qual a parte de que nós temos que ser o modelo a ser seguido que não foi compreendido?

— Há sempre uma primeira vez papai e você fala como se eu tivesse sido pega beijando alguém. Eu estou aqui quieta, suportando tudo e fazendo o meu trabalho.

— Verdade Edward. Nossa família não está isenta de situações assim. Somos seres humanos e temos sentimentos que podem ou não nos levar a fazer loucuras. Quem falar é hipócrita.

— Ah mãe não me venha com essa! Você mesma sabe que essas fotos são uma bomba em nossas mãos. Devemos manter a nossa imagem quanto família real.

— O mais importante agora é saber, como você está querida com relação a tudo isso? Eu sei que esse episódio foi apenas a consequência de um erro estúpido que cometemos. Eu me sinto culpada mais do que qualquer um por isso. Eu apoiei esse casamento no início e me arrependo tremendamente de não termos seguido num caminho diferente e mais decente. – declarou Esme.

Renesme respirou fundo e deixou passar a raiva que sentia por ter sido metida nesse grande jogo de conveniência. Sabia que Edward sozinho não tinha armado isso com Aro. Esme era a mente brilhante para articular as coisas e não mentiria ao reconhecer que tinha ficado muito entristecida por saber que sua própria família tinha tido a coragem de colocá-la ao lado de um homem apenas por conveniência. Sabia que ela mesma tinha aceitado por fim para ver se tirava algumas vantagens, entendia que as condições externas também favoreceram, mas ainda assim.

— Não vou dizer que estou arrasada por que seria uma mentira muito grande. Estou aliviada, essa é a verdade. Alec encontrou alguém para ser feliz. É uma pena que estejamos presos a esse casamento.

— Então, não vê mesmo mais chance de salvar esse casamento? – Esme perguntou.

— Não. Tentamos vó, mas somos muito incopatíveis para dar certo. Há uns dois meses vivemos apenas de aparências nos eventos que temos que estar juntos. Dormimos em quartos separados há um tempo, Alec me procura apenas.... Você sabe.

— Chega! – Edward falou colocando as mãos nos ouvidos. – Não vamos mais falar nisso. Temos que ter um plano para agora em diante.

— Certamente Aro já deve estar a caminho para nos forçar a nos entender e produzir um herdeiro real a todo custo. Para ele isso é a única coisa que importa, principalmente agora que está prestes a perder o trono de Volterra. Para Aro continuariamos nessa farsa indefinidamente.

— Você não sabe o quanto quero ver a cara de Aro, após essa mancada do filho dele. – Declarou Esme rindo.

— Eu não queria ver a cara dele nunca mais. – Renesme falou.

— O que faremos agora? Um divórcio em tão pouco tempo seria um escândalo ainda maior.

 Renesme forçou-se para não ser grosseira com o seu pai. Como ele não podia ver que ela merecia ser livre e feliz? Bella tinha razão ao pensar que ele estava sendo dominado pelos protocolos reais.

— Eu não quero o divórcio. – Esme olhou para Renesme surpresa. – Pelo menos não agora. Estamos ainda tentando finalizar o caso do assassinato da mamãe. Sabemos que existe a possibilidade de Aro estar envolvido e continuar casada com Alec vai me dar a oportunidade de me manter perto do maldito até descobrirmos o que aconteceu.

Esme deu um sorriso de leve e tocou a perna da neta. Estava orgulhosa da maturidade dela. Era dessa forma que um monarca devia se comportar.

— É isso mesmo! Sobre a bagunça lá fora, deixemos sem resposta como sempre fizemos.

Edward olhava para as duas incrédulo como elas conseguiam resolver tudo na maior calma quando tinhamos uma verdadeira crise sendo instaurada na inabalável imagem da monarquia belgã.

— Não se preocupe papai. Não foi você que pregou tanto a modernidade da monarquia. Bem, estamos conseguindo isso agora.

As leves batidas na porta chamaram a atenção deles e silenciou a conversa por alguns intantes.

— Entre! – gritou Edward com raiva.

Emily entrou toda sem jeito na sala e anunciou a chegada de Alec ao palácio. Renesme então encontrou a sua deixa para sair.

— Bom, se me dão licença, tenho que ter uma conversa com o meu marido.

— Tem toda, querida.

A princesa deixou o escritório e foi ao encontro de Alec. Precisavam ter essa conversa a dois para se resolverem definitivamente. Era engraçado a falta de comunicação deles, algo primordial na relação entre qualquer casal. O que provava que eles nunca foram um de verdade.

Alec se encontrava na sala anexa a suíte que ambos ocupavam. Estava nervoso, óbvio, mas o que mais podia se notar é sua vergonha evidente. Renesme sentou em frente a ele e pegou a sua mão. O príncipe ficou supreso com aquela atitude. Esperava que sua esposa iria recebê-lo aos gritos, como ele deveria ser recebido.

— Me desculpe Renesme. Eu fui horroso com você.

— No que mais podia dar a nossa relação? Alec não somos marido e mulher há tempos.

— Eu sei, mas eu não deveria ter me deixado levar. Não é direito!

— Você está apaixonado por ela, não está?

Mais uma vez o príncipe ficou supreso com a atitude de Renesme. Nem desconfiava que ela poderia saber do caso dele com Locelace. Ele era que era um tolo.

— Estou. Eu juro que eu tentei evitar que as coisas saíssem do controle, mas...

— Seus sentimentos foram maiores. Entendo.

— Eu me apaixonei Renesme. Lembra quando eu te disse que jamais poderia amar alguém? Pra mim o nosso casamento foi uma prissão conveniente. Eu não entendia nada sobre sentimentos, eu aprendi a não senti-los. A ser completamente inerte com relação a eles.

— Imagino. Aro esmaga qualquer coisa boa que possa existir. É irônico como recebemos uma criação diferente, como fomos levados a ter perspectivas opostas. Você a razão e eu o coração. Olha como a vida distorceu isso?

Alec sorriu e pegou as duas mãos da princesa, se sentindo até mais leve por poder ter aquela conversa franca com ela. Jamais poderia supor que ela o entenderia.

— Juramos antes de nos casarmos que seriamos honestos um com o outro, então, estou sendo agora.

— Que bom que podemos chegar a esse ponto. Você concorda que agora nosso casamento chegou ao fim, não é?

— Está pensando em divórcio? Quando me despedi de Lovelace nessa manhã foi decidido a não voltar a vê-la. Sei que ao menos temos que ter respeito a essa instituição em que estamos presos.

— Não digo divórcio... Temos nem um ano de casados e isso pegaria muito mal se acontecesse. Tenho que confessar que achei a sua atitude imprudente. Não podemos nos deixar expor dessa forma. Além de representantes da nação, somos também a representação moral de todas essas pessoas lá fora.

— Uma grande hipocrisia...

— Eu sei, mas é a realidade. Eles esperam que sejamos perfeitos.

— Papai está uma fera. Ele já me ligou umas 50 vezes e eu não tive coragem de atendê-lo.

— Fez bem. Ele já deve estar a caminho e com certeza vai tentar resolver a situação ao seu modo. Vamos deixar que o faça, mas por favor... Pelo nosso bem, não vamos ceder às vontades dele. Vamos continuar esse casamento pelo tempo que ele tenha que durar, porém das portas do palácio para fora, sim?

— Não poderia concordar mais.

Renesme acarinhou as mãos do marido que ainda estava nas suas. Pela primeira vez, ela pôde sentir uma verdadeira cumplicidade entre os dois e não se sentiu desagradável em sua presença.

— Lamento o que aconteceu conosco. Merecemos ser felizes e realmente espero que esse dia chegue.

— Eu também. O que faremos agora?

— Vamos ser mais discretos, sim? Prepare-se para enfrentar a fúria de seu pai. Ao menos não seja covarde e me deixe receber toda a carga.

— Não, de jeito nenhum. Papai não vai interferir mais nos nossos interesses.

— Espero que não. – Renesme falou se levantando da poltrona. – Agora, se me permite, devo sair agora. Fique em casa fora da vista dos paparazzis por enquanto.

— Aonde você vai?

— Acertar as coisas com uma pessoa.

Era eufemismo dizer que Renesme se sentia apenas aliviada. O seu setimento era o mesmo de um passarinho que era liberto de uma gaiola. Parecia que todo um futuro foi aberto diante daquele erro de Alec. Ela queria comemorar, dançar, gritar, mas contentou-se apenas a se manter com a mente funcionando.

Pegou a peruca, os óculos e seguiu até a garagem. Pegou um carro diferente do que era usado usalmente para despitar a atenção dos paparazzis, certamente de James também e seguiu para Genove. Agora que tinha conversado com Alec não se sentia mais culpada. Estava livre para também fazer as suas loucuras.

Seguiu para Brocken Hall e rezou para que William tivesse lá. Não aguentava mais ficar longe dele. Parecia que a distancia provocava ainda mais o seu desejo. Estava ficando quase louca ao tentar imaginar o que ele estaria fazendo, como seria estar com ele livremente. Queria deixar vazar os seus sentimentos de vez.

Passou pelo portão e agradeceu aos céus por encontrar as luzes do casarão acessas. William estava lá. Seu coração começou a bater ainda mais rápido. Ela apertou mais o acelerador para chegar até a porta mais rapidamente. Desligou o veículo e seguiu em frente. Não hesitou ao tocar a caminha. Na verdade, a sua vontade era de abrir a porta de uma vez. Esmurrá-la para que ele atendesse logo.

William atendeu e ficou surpreso. A última pessoa que esperava receber em sua casa naquele momento era Renesme.

— Posso entrar?

O jornalista apenas se afastou e Renesme entrou de uma vez, fechando a porta atrás dela. William tentou imaginar o que ela poderia querer. Mas a princesa dessa vez não hesitou, foi ao encontro daquele que tanto desejara e uniu os seus lábios aos dele. COMENTEM BASTANTE!


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