Pai Pioneiro escrita por Carcata


Capítulo 2
Alergia


Notas iniciais do capítulo

fluff fluff fluff



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Grogu estava começando a ficar intrigado sobre as coisas a sua volta. Agora que estava acostumado com o senso de segurança que o Mandaloriano o proporcionava, o pequeno tinha se transformado de uma criança perigosa e poderosa para um simples bebê impetuoso.

Era contrastante a diferença que a simples presença de Din causava para Grogu, que ficava quieto e atento quando ficava longe dele, mas animado e tagarela quando estava nos braços do homem.

— O que você acha que está fazendo, ad'ika? — Din disse em tom suave ao se aproximar e Grogu levantou as orelhas ao receber a atenção dele, pronunciando quaisquer sílabas e vogais sem sentido. Ele estava cada vez mais ativo, confiscando todos os objetos dentro da nave que lhe chamavam a atenção.

E dessa vez a vítima de sua curiosidade era uma bolsa de couro do Mandaloriano, que tinha sido deixada de lado num canto qualquer até prender os olhos do bebê.

— Aí tem coisas perigosas demais pra você manusear. — Din avisou, mas deixou o outro bagunçar os conteúdos da mochila e ter sua diversão.

E com isso o Mandaloriano apenas sentou-se no chão e observou pacientemente, entretendo o garoto. Não era porque o achava fofo ou divertido ou algo do tipo, apenas estava supervisionando-o, impedindo qualquer outra possível confusão pela nave.

 Só isso.

— Ah, — Grogu pronunciou, e balbuciou mais algumas consoantes sem sentido ao mostrar para ele o que tinha encontrado: uma barra de proteína que Din tinha esquecido de consumir algumas horas atrás.

— Você não vai gostar disso. — Din advertiu quando o pequeno observou a barra cuidadosamente antes de abocanhá-la inteira em uma só mordida.

E logo em seguida cuspiu tudo no chão.

— Eu disse que não ia gostar — Ele suspirou quando viu a sujeira que o outro tinha feito no corredor. — E agora quem vai ter que limpar tudo isso sou eu...

Grogu estreitou os olhos e a boca em desgosto e voltou a vasculhar a bolsa como se nada tivesse acontecido .

— O que mais você achou aí? — Din quis saber, e seu rosto empalideceu por dentro do capacete quando Grogu puxou da mochila uma pistola a laser modelo DL– 44.

— Certo, já chega por hoje. — E em uma velocidade impressionante tirou a arma da mão do bebê e o levou para o berço.

Grogu mal teve tempo para compreender o que tinha acontecido, mas pareceu feliz ao ser manuseado por Din, que balançou a cabeça em frustração. Às vezes esquecia que 90% dos seus pertences não eram seguros para crianças.

 

 

 

 

Tinham se passado poucos minutos quando Grogu começou a se mover dentro do seu berço de metal, inquieto, mas Din não lhe deu muita atenção. Estava ocupado demais estudando um holograma recebido por um possível cliente para resgatar uma recompensa.

Passaram-se mais 5 minutos até que o bebê começou a reclamar, pequenos gemidos infelizes ecoando pelas paredes da Razor Crest.

— Agora não, Grogu. — Din disse enquanto programava as coordenadas para o próximo destino, mas Grogu continuou a grunhir por um bom tempo.

Até que ele começou a gritar.

Eram chamados desesperados e roucos, como se algo tivesse corroído sua garganta, e Din deixou o painel de controle imediatamente para correr até ele, seu coração batendo rápido e forte, assim como seus passos pelo chão metálico da nave.

Ele encontrou a criança com os olhos fechados e a testa enrugada de dor. Suas bochechas e boca adotavam um tom rubro e desnatural, e sua respiração soava arriada.

Grogu ergueu suas mãos quando viu Din, pedindo para ser segurado nos braços do outro. O Mandaloriano o pegou sem hesitar, analisando cada parte do corpo do pequeno para saber o que estava acontecendo.

— O que você sente, Grogu? Dor? — perguntou com a voz tensa, mesmo sabendo que não receberia uma resposta coerente. — Você caiu ou se feriu em algum lugar?

Grogu tossiu em resposta e apontou para a sujeira no chão, onde tinha cuspido a barra de proteína mastigada.

— Você engasgou com a comida? — A criança tentava chorar, mas parecia não encontrar ar o suficiente para fazê-lo, o que desesperou o Mandaloriano ainda mais. — O que você quer? Água?

A mente de Din estava em uma sinfonia bagunçada e angustiada a cada segundo que se passava, e estava prestes a conseguir algo para a criança beber quando ela começou a coçar o próprio pescoço, pequenas garras arranhando a pele rosa e sensível, e foi aí que Din percebeu que ele não estava engasgando.

— Você tem alergia...? — Din disse em um sussurro surpreso, mais para si mesmo do que para Grogu, e seus pensamentos congelaram por um segundo antes de voltarem em uma nova e fervente determinação.

Correu com Grogu em seus braços para a cabine da enfermaria e procurou por uma injeção de bacta que tinha adquirido na sua última visita a Tatooine, mas não obteve sucesso. Investigou a cabine inteira, porém não encontrou. Grogu continuou a apontar na direção da bolsa, seus gemidos de dor agora adotando um tom frustrado.

Din hesitou e virou-se para a mesma direção, repreendendo-se ao finalmente lembrar que a injeção estava dentro da bolsa. Seus passos rápidos alcançaram a bolsa e logo depois estava com a seringa nas mãos.

— Você sabia que isso estava aqui...? — perguntou para ele ao pegar o medicamento e preparar a dose. — Quando você estava vasculhando minhas coisas, você viu, não é?

 Grogu tossiu em resposta e encarou a seringa em receio, como se já soubesse o que aconteceria a seguir.

— Vou fazer isso o mais rápido possível, nem vai doer. — murmurou gentilmente para tentar confortá-lo, e o pequeno fechou os olhos quando sentiu a picada da injeção em seu braço.

Din apenas o abraçou, esperando ansiosamente o remédio fazer efeito. Grogu crispou os lábios em desconforto, mas relaxou depois de um tempo, o que fez o outro suspirar em alívio.

— Da próxima vez, vamos levar uma dose bacta aonde formos, okay? — disse Din, um pouco sem fôlego, e o bebê suspirou.

 O homem continuou a segurá-lo em seus braços pelo resto da noite.


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