Pai Pioneiro escrita por Carcata


Capítulo 1
Lágrimas e Abraços


Notas iniciais do capítulo

gente eu nao sei quase nada de star wars eu só to apaixonada por um certo mandaloriano e seu filho bb
(spoilers até o ep. 5 da 2° temp)



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Din assistia à chuva intensa decorando a paisagem do lado de fora da nave com os braços cruzados. Há tempos que não se encontrava desamparado daquele jeito.

Tinha pousado naquele planeta tropical para fugir das tropas Imperiais, sem sinal de comunicação ou civilização, e a tempestade caía há dias. Os trovões rugiam tão forte que o Mandaloriano decidiu não arriscar uma decolagem forçada e esperar o tempo clarear. Até lá teriam que ficar presos dentro da Razor Crest à mercê da sorte.

O homem suspirou e virou-se para encarar o bebê, que estava em seu berço de metal com o olhar mal humorado, suas orelhas cabisbaixas e sua testa ainda mais enrugada do que o normal.

Din não resistiu.

— Grogu.

O pequeno levantou a cabeça e olhou para ele, ainda não acostumado ao ouvir seu nome saindo da voz metálica de Din, que limitou um sorriso.

Mas logo depois o garoto virou a cabeça, seu rosto triste causando um estranho aperto no peito do Mandaloriano.

— O que foi? — perguntou para ele ao se aproximar, e foi rejeitado novamente quando os olhos grandes e escuros de Grogu evitaram os seus. — Está com fome? Não, você acabou de comer... Está entediado, então?

Ele tirou de seu bolso a pequena bola de metal da qual Grogu adorava brincar, uma parte da sua alavanca de decolagem da cabine do piloto. Não iria usá-la no momento, então não viu problema em entreter o pequeno.

— Vamos, não quer pegar a bola? Ou fazer aquela magia de Jedi? — Ele o tentou com a esfera nas mãos, mas Grogu apenas fez cara feia para ele, parecendo ainda mais desapontado.

Din inclinou a cabeça, intrigado, quando o bebê olhou de relance a chuva caindo na janela e soltou um gemido frustrado.

— O que foi, ad'ika? — sussurrou, sua voz atingindo um tom leve toda vez que dirigia palavras mando'a a ele.

Aquilo pareceu ser algum tipo de estopim, pois Grogu fechou os olhos e começou a chorar, pequenas lágrimas escorrendo por suas bochechas verdes.

— O qu-- Hey! — Din abaixou-se para vê-lo mais de perto, tentando não entrar em pânico. Depois de todas as aventuras e perigos que tinha passado naqueles últimos meses, o garoto nunca tinha chorado antes. — Você se machucou em algum lugar? Sente dor?

Din o pegou em seus braços com cuidado, analisando cada centímetro a procura de algum hematoma, mas no momento em que os pequenos dedos de Grogu agarraram o tecido da camisa de Din, seus prantos diminuíram a pequenos soluços e grunhidos.

O Mandaloriano prendeu a respiração por um momento, sem saber o que fazer, enquanto o pequeno secava suas lágrimas nas roupas dele, seu pequeno corpo tenso e trêmulo. Passaram-se alguns segundos e Din envolveu seus braços em volta dele, uma mão acariciando sua cabeça em um movimento reconfortante.

— Grogu...? — perguntou depois de um tempo, e o bebê apenas fungou e arrulhou fracamente em resposta, seu rosto ainda escondido no peito dele.

 Din observou a chuva pela janela e sentiu-se um pouco miserável por não poder fazer nada a não ser esperar o temporal passar, e talvez Grogu estivesse sentindo o mesmo. Infelizmente o bebê ainda não conseguia comunicar o que o atormentava, então tudo o que restava a Din eram só  adivinhações e tentativas de conforto, duas coisas da qual um Mandaloriano nunca foi treinado ou profissionalizado para fazer.

Sem pensar muito e com os soluços do pequeno ecoando nas paredes metálicas da nave, Din começou a sacudir seu corpo para lá e para cá, em uma fraca imitação de uma mãe tentando acalmar uma criança inquieta. Aquilo pareceu amenizar os resmungos de Grogu, e sentindo-se encorajado, Din arriscou a murmurar uma fraca melodia que se lembrava de sua infância. Não sabia as letras, mas apenas o tom das notas pareceu abrandar os arrepios do garoto, que adormeceu em poucos minutos.

Din então se viu no reflexo da janela da nave. Seu capacete Mandaloriano escuro e ameaçador, ombros tensos cobertos por armadura beskar rígida e polida, um bebê alienígena em seus braços. Grogu sempre foi um contraste em sua vida, desde quando o encontrou sozinho e em perigo em Tatooine, e agora tinha se tornado sua responsabilidade.

O Mandaloriano o depositou gentilmente no berço e foi em direção à cabine de piloto para finalmente arriscar uma decolagem. A tormenta ainda rugia lá fora, mas não podiam perder mais tempo.

Foi uma saída instável, mas a Razor Crest era rápida e conseguiu deixar o planeta sem muitos arranhões ou acidentes. Quando conseguiu estabilizar o voo e programar o próximo percurso, Din soltou um suspiro aliviado e quase pulou da cadeira ao sentir algo puxar sua perna, mas relaxou ao ver que era o garoto, encarando-o com seus grandes olhos escuros e ainda úmidos.

— Você acordou com a decolagem? — Din perguntou ao pegá-lo do chão e depositá-lo em seu colo. Em situações normais, ele colocaria o pequeno de volta no berço ou no assento do copiloto, mas ainda estava aflito quanto ao choro de antes, e preferiu ficar perto dele.

Grogu apenas ronronou em resposta e tentou agarrar a esfera de metal presa à alavanca do painel de controle, mas Din o impediu.

— Não. — disse, rigoroso. — Isso é pra dirigir, não é brinquedo.

A bronca soou bem hipócrita da parte dele, já que horas atrás estava usando aquilo para tentar brincar com o bebê. Din ignorou a hilária ironia da situação e focou em Grogu, que partiu sua atenção para outros dispositivos inofensivos. Apertou alguns botões coloridos — ele gostava da cor amarela, notou — até chegar ao mecanismo de luminescência da Razor Crest.

As luzes da nave desligaram e ligaram quando o pequeno, surpreso e animado, apertou os interruptores, e Din o deixou ter seu momento de diversão, até que as luzes apagaram novamente e não voltaram.

— ...Garoto?

Din acendeu as luzes de novo e viu o bebê com a esfera de metal nas mãos, descendo do colo dele e fugindo pelo corredor.

— Não! — Din correu em sua direção. — Isso não é brinquedo!


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Notas finais do capítulo

acho q ninguem vai ler isso (nyah é um deserto abandonado) maaass quis postar msm assim