Artigo 157 escrita por mjrooxy


Capítulo 3
Capítulo 3




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Persistente, Cat Noir pulou de prédio em prédio, indo em direção à casa de Marinette. Seu coração batia rápido no peito e suas mãos suavam por baixo das luvas. Não entendia o que tais sinais significavam, mas quando Plagg sugeriu que ela pudesse gostar dele como Adrien. Uma felicidade sem precedentes o inundou, era como um tsunami de boas sensações.

Ainda gostava de Ladybug, é claro. Só que pensar em Marinette tendo sentimentos românticos por ele, fazia com que seu coração voltasse a bater. Como se Adrien estivesse afundando e conseguisse emergir. Era como voltar a respirar após longos minutos sem oxigênio. O suposto amor de Marinette seria como um bálsamo para seu coração desiludido. Ele se apegou a essa esperança, mesmo ciente de que podia ser em vão. Afinal, quanto maior a altura, pior a queda. 

Balançou a cabeça, afastando o pessimismo. Não se deixaria abater até confirmar que Marinette não sentia nada por ele, nem como Adrien.

Repentinamente, a imagem de um certo garoto de cabelos azuis preencheu sua mente.

— Luka, é óbvio. — fechou os olhos, hesitando, já quase na janela da garota. — Ela deve gostar dele e eu farei um novo papel de otário. Meu Deus, eu não canso de ser ridículo? 

Iria dar meia volta, nesse ponto a chuva caia sem trégua e ele encontrava-se todo ensopado. Contudo, ir direto para casa não estava em seus planos. De modo que Adrien ficou zanzando por Paris embaixo da forte tempestade. Em uma busca solitária por algo que sequer reconhecia, vagou sentindo toda sua esperança se esvair. Assim como aquelas gotas que escorriam pelo chão em direção a qualquer lugar. 

— Eu sou um fracasso total. — ele subiu em um prédio alto e lá ficou, com a água banhando seu traje preto. — O gatinho no telhado está sozinho sem sua gata… — cantarolou desiludido.

Não sabia quanto tempo ficou ali, foi descuidado deixando sua transformação acabar. Pensou que por certo ficaria doente pela estripulia, mas não fazia diferença. A chuva ao menos anestesiou a dor em seu coração. E foi nesse ponto que o garoto botou tudo aquilo que guardava em seu coração para fora. Chorando por pensar que nunca encontraria um amor sincero. Alguém que o correspondesse nem como Cat Noir e muito menos como Adrien. As lágrimas começaram a se misturar com a água da chuva, então ele não podia distinguir se realmente chorava ou imaginava que sim.

Plagg estava tão cansado, que não teve forças para brigar com Adrien. Apagou em sua mão, na correria, o garoto esqueceu o queijo do kwami e agora precisaria esperar ainda mais para sair dali. Começou a sentir frio e a espirrar, protegeu Plagg da chuva, escondendo-o em sua camiseta. Fazendo cabaninha com os joelhos erguidos e os braços para que o kwami não pegasse chuva.

Estava ensopado, batendo os dentes de frio, pensou se não pegaria uma pneumonia e morreria logo. Quando surgiu um brilho vermelho com bolinhas pretas ao longe e em instantes parou diante dele.

— A-adrien, o-o que faz aqui? — Ladybug gaguejou toda e, por um instante, quando o garoto ergueu o olhar. Viu Marinette diante de si.

A voz era dela, os gaguejos também. O formato dos lábios, os olhos, a altura, as curvas do corpo. Tudo em Ladybug lembrava Marinette. Ele engasgou ao engolir a própria saliva.

— E-eu… — não conseguiu pensar em nada útil para dizer. Nenhum civil conseguiria subir àquela altura sem ajuda.

Ainda mais embaixo da chuva. Fora que havia Plagg dormindo sob sua proteção.

— Está chovendo muito, vou tirá-lo daqui. — ela pareceu voltar a si, imediatamente enlaçando o corpo molhado e frio de Adrien.

— E-espera. — ele pediu, tentando proteger Plagg. 

Que, sem saber o que estava acontecendo, surgiu sonolento e fraco diante de uma Ladybug muito surpresa.

— Ladybug! — exclamou o kwami, arregalando os olhos.

— Plagg!

— Eu posso explicar. — Adrien começou, mas suas forças pareciam se acabar.

A medida que seu corpo começava a ficar quente, mesmo com a chuva fria que caia sobre si. 

— Você está queimando! — Marinette tocou o garoto na testa, ignorando as novas informações.

Não era hora de pensar na identidade de Cat Noir, ou surtaria.

A heroína voou com o garoto semi-acordado nos braços, sem saber para onde levá-lo. Resolveu que seria mais responsável que o colocasse na cama dele, alguém lá poderia ajudá-lo.

Depois pensou bem e ponderou que o pai de Adrien ficaria bravo ao vê-lo naquele estado deplorável.

— Plagg, o que eu faço? Ele está queimando de febre e totalmente ensopado.

Adrien tremia dos pés à cabeça, começando a delirar por causa da febre repentina.

— Ma-Marinette… — chamou inconsciente, suas bochechas muito vermelhas. Pareciam em carne viva de tão quente.

— Eu estou aqui. — Ladybug sussurrou, pegando a mão dele.

Sabia que não era sensato, Adrien podia se lembrar daquele momento e fazer a ligação.

Contudo, ela não se importou com isso. Diante da situação do garoto, desejou confortá-lo.

— Acho melhor tirar essas roupas molhadas e enfiar ele embaixo da água quente. — Plagg, que já estava acordado e muitíssimo preocupado com a irresponsabilidade de Adrien, observou.

— Não sei, ele está com febre. Apesar do frio, pode piorar com água quente. Mas tem razão sobre as roupas molhadas. — Ladybug refletiu, sentindo as bochechas esquentarem fortemente.

Ainda assim, ignorando seus sentimentos pelo garoto, tentou agir com sensatez e cobriu Adrien com um lençol.

— Vou retirar a camiseta e a calça dele, depois pegar um cobertor e um antitérmico. — explicou, o kwami assentiu.

Não era o ideal, mas deveria servir. 

Se chamassem alguém, Adrien provavelmente nunca mais sairia de casa. Ele e Marinette tinham de bastar.

Quando Adrien já estava embaixo de um cobertor bem grosso. Marinette pegou uma toalha, passando a enxugar os cabelos loiros e empapados do garoto.

— Você foi muito irresponsável. — deliberou consigo mesma, sentindo um misto de preocupação e euforia lhe atingir. — Gatinho bobo e infantil. 

— Marinette… — ele tornou a repetir, enlaçando desengonçadamente os braços pela cintura da garota, ainda de olhos fechados.

Ela fazia o possível para não observá-lo por baixo do cobertor, afinal, Adrien estava quase totalmente despido. Não era de bom tom que espiasse o garoto naquele estado frágil e delirante. Enquanto isso, seu coração se enchia de uma ternura tão grande por ele chamá-la pelo nome, ao invés de Ladybug. Que seu cérebro quase entrou em curto, de tanta serotonina circulando por ali.

Eram a mesma pessoa, mas parecia diferente quando Adrien aparentemente colocava Marinette acima de seus sentimentos pela Ladybug. Controlou o ciúme que sentia de si mesma e pensou que era bom. Significava que Marinette era importante para ele, talvez tanto quanto a heroína.

— Eu estou aqui, meu amor. — respondeu, terminando de secar seus cabelos carinhosamente. — Vou cuidar de você, meu gatinho. 

Lentamente Adrien foi abrindo os olhos, parecendo quase voltar a si. 

Bugaboo? — chamou, a voz soando arrastada e fraca. — Como eu faço pra roubar seu coração? — a garota riu. — Não, o seu não, acho que o da Marinette. Isso, como eu faço pra roubar o coração da Marinette?

Ela afastou a franja do garoto que caia em sua testa quente e depositou um demorado beijo ali.

— Meu coração já é seu, gatinho. — afirmou muito baixo, praticamente num sussurro. — Como Marinette e como Ladybug.

Adrien sorriu, absorvendo aquelas palavras. Antes de tombar na cama e voltar a dormir.

Plagg observava a cena com lágrimas nos olhinhos verdes, até esqueceu que estava com fome. Foi quando os brincos de Marinette começaram a apitar.

— Preciso ir, não posso sair daqui como… você sabe como. — o kwami assentiu. — Não vou conseguir trazer o antitérmico, desculpe. Você cuida dele? Prometo voltar depois.

— Cuido, eu acho que tem antitérmico em algum lugar nesse quarto. Vou procurar. — afirmou, já voando pelo cômodo. — Obrigado, Ladybug.

— Tchau, Plagg. — com isso ela saiu pela janela, sem saber exatamente o que acabara de acontecer.

Adrien era Cat Noir. Tudo mudaria entre eles a partir daquela descoberta.


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