Artigo 157 escrita por mjrooxy
"Chegou chegando na minha vida devagar
Com esse jeitinho pronta pra me conquistar
Já conto as horas, os segundos, conto os dias
Quando penso em te ver o corpo arrepia..."
Naquela noite derrotar o Sr. Pombo não foi uma tarefa difícil para a dupla Ladybug e Cat Noir. No entanto, sem dúvidas foi muito mais estranho do que qualquer outra luta contra akumas.
Distraído, Cat Noir cometeu vários erros, que só não foram problemáticos porque o vilão era fácil de derrotar. A heroína, ao jogar o talismã para consertar o estrago feito, questionou-se o que podia ter acontecido para que o parceiro de time estivesse tão descuidado.
Como foi uma luta rápida, eles ainda tinham alguns minutos e a garota aproveitou para tirar aquela história a limpo. Não podiam continuar desconectados daquela forma, ou se dariam muito mal se lutassem com alguém mais forte.
— Gatinho, quero conversar com você. — intimou, já pegando-o pela cintura e atirando o ioiô até que estivessem no alto da Torre Eiffel.
Assim ele não teria como recuar.
O garoto estranhou, mas não fez oposição. Para ele tanto fazia o que ela queria dizer. Sentia-se desiludido desde sua última recusa, cansado de tanta responsabilidade e da obrigação de ter que parecer sempre bem. Mesmo quando estava no fundo do poço, como agora.
— O que você quer? — sua voz soou ressentida.
Ladybug agitou-se, ele nunca falou desse jeito tão grosseiro antes.
— Eu queria saber se você está bem. — explicou, chegando mais perto. Tocou no ombro do parceiro e notou seus olhos lacrimejarem.
— E você se importa? — revidou, empurrando a mão da heroína. Nesse ponto o Miraculous dele apitou. — Bom, já vou indo. Até, Ladybug.
Nada de bugaboo ou My Lady. Aqueles apelidos que ela detestava nunca fizeram tanta falta.
— Cat… — Marinette sussurrou, vendo-o pular entre os prédios.
Suspirando, a garota retornou para sua casa. Com um misto de agonia e ansiedade preenchendo o coração, por não compreender o que entristecia seu parceiro.
— Ele deve estar triste por causa da sua última recusa como Ladybug. — Tikki mencionou, quando já estavam embaixo das cobertas.
A noite estava fria e Marinette agradeceu por ninguém mais ter sido akumatizado. Não sentia um pingo de vontade de correr pela cidade, lutando, num clima tão frio e molhado. Principalmente com Cat Noir provavelmente ainda emburrado e distraído. Seu chocolate quente e o filme de romance que colocou pareciam ser uma ótima opção. Poderia estar com Alya e Nino, porém, não quis segurar vela para eles. Tikki era uma ótima companhia, muito obrigada.
— Será, Tikki? — Marinette refletiu, confusa. — Não entendo porque ele ainda está triste. Achei que tivesse superado, afinal, o que significou aquele beijo repentino em mim, como Marinette? Aliás, aquela visita no geral? — suas dúvidas só aumentavam.
Marinette amava Adrien com todo o seu coração, não podia corresponder a outros sentimentos. Ainda assim ficou tentada a retribuir, ficava todas às vezes que Cat Noir flertava consigo. Só que não dava muito bola, pensando que era por costume. Não levava a sério a paixão que ele dizia sentir por ela. O golpe fatal foi quando o herói simplesmente a beijou sem mais nem menos em sua forma civil. Mesmo quando sentia-se desencorajada por Adrien, não poderia aceitar o suposto amor de Cat Noir pela Ladybug. Ou seja, por ela. Que tipo de relacionamento teriam, sem sequer poderem revelar suas identidades?
Marinette, entretanto, ficou lisonjeada, é verdade. Contudo, a decepção foi maior. Não que pudesse reclamar, nunca deu esperanças a Cat Noir. Não fazia sentido exigir fidelidade dele.
— Ele pode ter tentado te esquecer, quer dizer. Esquecer a Ladybug, com você, Marinette. Quer garota mais apropriada? — brincou, ela riu.
— Me esquecer comigo mesma. — riram ainda mais. — De qualquer forma, ainda bem que eu tinha retirado os pôsteres do Adrien das paredes, ficaria constrangida se Cat Noir visse.
— É, mas você já os substituiu por recortes novos. Se Cat Noir aparecer novamente não terá como fugir. — Tikki provocou, voando e parando na cabeça da garota.
— Não tem porque ele aparecer aqui outra vez. — afirmou, segura.
Mas ela estava enganada.
(...)
Adrien estava pior, sentia-se humilhado sentimentalmente. E, quando lembrava de seus erros como Cat Noir, sua raiva aumentava. Porque a única coisa que fazia de melhor, também parecia arruinada? Plagg tentava consolá-lo em vão.
— Adrien, não fica assim. — pediu, pegando um pedaço de queijo e olhando para o garoto, que continuava jogado na cama desolado. Com o braço tampando os olhos. — Quer um pedaço do meu camembert?
— Não, Plagg. Obrigado. — negou, sua voz soou baixa.
— Não gosto de te ver deprimido desse jeito. — retrucou, comendo. — Sei que minha ideia de olhar ao redor pode não ter sido muito boa inicialmente. Mas eu disse com a melhor das intenções. Ainda acho que você e a Marinette tem tudo em comum.
— Só que ela não gosta de mim, Plagg. — murmurou. — Isso dificulta as coisas.
— Será mesmo? — o kwami devolveu, parando na barriga do garoto. — Você foi como Cat Noir, não sabe o que ela sente pelo Adrien.
Ele imediatamente deu um salto na cama. Ficando sentado e alerta.
— O que está sugerindo? — uma sobrancelha loira se arqueou, ao passo que seu coração deu um pulo dentro do peito. — Que a Marinette pode gostar de mim como Adrien?
— Por que não? — Plagg respondeu serenamente, com outra pergunta.
— Tá de brincadeira. — Adrien se jogou outra vez na cama. Mas agora com um brilho favorável no olhar e um sorriso travesso curvando seus lábios.
— Lembra quando filmaram o quarto dela e tinha várias fotos suas? — lembrou.
— Ela explicou isso. — Adrien murchou. — A Mari é fã do meu trabalho e uma grande amiga, apenas isso. Aquele beijo foi um equívoco. — desconversou. — Além do que, não vi foto nenhuma quando apareci lá como Cat Noir.
— Você é tão lerdo. — Plagg arrulhou. — Ao invés de lutar pelo seu amor, fica aí choramingando feito um bebê chorão.
Adrien jogou um travesseiro no kwami, que saiu rolando na cama.
— Ei, isso doeu!
— Bem feito, quem mandou chutar gato morto?
— Morto porque quer. — Plagg não se deixou abater. — Aposto meu camembert que Marinette gosta de você.
— Mas eu amo a Ladybug, não adianta usá-la para esquecer quem eu realmente amo. — suspirou, sonhador. — Não seria justo com ela e nem comigo.
— E aquele beijo, não significou nada? — insistiu o pretinho.
Plagg reprimiu o desejo de falar algo mais.
— Significou. — o garoto tapou o rosto com o travesseiro. — Céus, foi tão especial e mágico. Por alguns instantes esqueci completamente de tudo, até do meu nome. — ele riu, a lembrança esquentando suas bochechas e seu coração.
— Até da Ladybug? — provocou.
— Durante o beijo sim. — confirmou o garoto, surpreso com sua própria resposta.
Amava Ladybug, mas naquela ocasião, Marinette mexeu consigo e o beijo foi apenas a cereja do bolo.
— Então não desista, Adrien. — Plagg incentivou. — Se o coração dela for de outro, roube ele pra você.
Adrien gargalhou alto com aquela ideia.
— Roubar o coração da Marinette. — repetiu, apreciando profundamente a possibilidade. — Não me parece nenhum pouco ruim. — com uma nova centelha de esperança brilhando em seus olhos.
Ele decidiu fazer uma nova visitinha à garota dos olhos azuis índigo.
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