Coincidence Of Love ✖ GSR escrita por Fénix Fanfics


Capítulo 67
Parte 2 ✖ Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Gente, esse é o penúltimo capítulo da parte 2. Então aproveitem, por que logo teremos nosso último capítulo e por fim, começa o especial. Eu já escrevi o último capítulo do especial (sim, eu comecei pelo fim hahaha), e acho que vão gostar bastante.

Desfrutem ♥



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Julia se permitiu estar triste, parecia ter escutado seu pai. Aproveitou que seu pai estava no trabalho, e sua irmã no escritório com Camil estudando, trancou-se em seu quarto e chorou, chorou até soluçar, até sentir que não saiam mais lágrimas. 

— Menina Ju. – Ruth entrou no quarto e viu a menina sentada no chão do quarto, com as pernas encolhidas e a cabeça entre os joelhos. – O que houve? – Perguntou preocupada.

— Nada… – Disse entre soluços. – Só estou triste.

— Você quer alguma coisa? Um chá? Uma água? – A senhora sentiu-se desesperada ao ver a pequena assim, amava aquelas meninas como se fossem suas. Principalmente Ju, a menina que carregou nos braços desde bebê.

— Não. Eu só preciso ficar sozinha. – Pediu com gentileza.

— Claro menina… Mas… – Ela ainda estava receosa.

— E… Por favor… Não conta pra ninguém. Eu não quero deixar ninguém preocupado.

— Tudo bem meninas. Mas, por favor, me chama, qualquer coisa, me chama. – Disse preocupada.

— Pode deixar, eu chamo sim. Por favor, só me deixa sozinha. – Pediu novamente, com gentileza, apesar da tristeza.

Ainda contragosto e preocupada, ela saiu e fechou a porta do quarto. Ruth ficou com coração apertado. Só não mais apertado que a menina que estava dentro do quarto. 

Sentia-se destroçada. Dolorida. 

Seu pai estava certo. Ela era apenas uma criança entrando na adolescência, por isso esse sentimento parecia aumentado, parecia tão forte. Abrir mão dele era obrigatório, porém dolorido. Queria gritar e o nó na garganta não deixava.

Ju não era uma menina de chorar, ao contrário da irmã que chorava com facilidade, Ju poderia contar nos dedos as vezes que havia realmente chorado durante sua vida. Porém naquele dia chorou por uma vida inteira, chorou até cansar, até sentir que o peso e a culpa sairem de seus ombros. Até sentir-se aliviada. 

Quando o cansaço ganhou, quando finalmente não tinha mais lágrimas. E seu rosto estava vermelho, seus olhos inchados. Então ela dormiu, naquela mesma posição, um sono profundo e pesado.

Nos dias seguintes ela evitou Hank e até mesmo a irmã, assim como a mãe, ela também precisava de um tempo, e fazia isso melhor quando se isolava. Queria esperar que a mãe dele contasse a verdade, e somente aí conversaria com ele. Ia para escola, mas lanchava sozinha, escondida. Em casa, ficava imersa em seus livros e estudos.

Isso não durou muito tempo, no final da semana, sexta feira. Enquanto estava no intervalo da aula, Hank e Jubs encontraram a irmã em um canto da escola, escondida, comendo.

— Te falei que ela estaria aqui. – Jubs falou.

— Ju.

Julia levantou os olhos, e estavam ali. Seus dois irmãos. Ela suspirou. Será que eles já sabiam de tudo? Ela tinha quase certeza que sim, parece que sua mãe havia falado com Julia Dois no dia anterior, e isso queria dizer que Hank, provavelmente, também sabia a verdade.

Internamente ela só queria que eles não a odiassem.

— Ahn… Oi. – Ela cumprimentou sem graça.

— Eu queria dizer que minha mãe falou comigo ontem sobre meu pai, sobre nosso pai. – Ele não sabia por onde começar. – Há quanto tempo você sabia disso?

— Faz um tempo. – Ela desviou o olhar.

— E porque não me contou antes?

— Para nós dois. – Jubs se intrometeu.

— Eu não sei, eu tive medo. – Ela franziu o cenho.

— De que? – Hank questionou.

— Sei lá. De vocês me odiarem ou ficarem tristes. Não sei. Passou muita coisa na minha cabeça.

— Você odeia ela Jubs? Por que eu não odeio. – Ele falou em tom de deboche.

— É por que você não divide o quarto com ela. – Ela riu. – Eu odeio as vezes, mas é por que ela peida quando tá dormindo. 

— Julia. – Ju resmungou.

— Ué, é verdade. Você não nota por que dorme. – Ela riu.

— É sério? Vocês não me odeiam? – Ju perguntou incrédula, ignorando o deboche da irmã.

— Por que isso aconteceria? – Jubs deu os ombros.

— Eu admito que por um momento fiquei chateado de você ter me escondido isso. Muita coisa que tu disse fez bastante sentido, finalmente. Daí minha mãe disse que era pra eu ter "empatia" – ele fez aspas com os dedos – e eu entendo por que tu ficou com medo. Só preferia que não tivesse esperado tanto.

— Bom, Julia Um. A gente pode conversar mais em casa. – Ela piscou. – Vou deixar vocês a sós, para conversarem. E a Camil tá me esperando.

— Tchau. – Ela sorriu. – E, Julia Dois. – Ela chamou de volta.

— O que?

— Tu ronca alto. – Piscou.

— Mentira!

— Não é mentira não. – Ela disse rindo.

Quando Jubs se afastou, o riso se fechou em uma cara séria novamente, quando encarou Hank e percebeu que ele tinha um ar triste. De alguma forma, ele não tinha dito tudo que tinha que dizer.

— A gente se beijou, lembra? – Ele quem puxou o assunto.

— Mais de uma vez, pra falar a verdade. – Ju concordou.

— É estranho, por que eu ainda acho que gosto de ti de outra forma.

— Eu acho que não. –  Ela sorriu. – Eu pensava assim também. Só que tive bastante tempo pra repensar.

— E?

— Tu olhou minha prima de um jeito diferente. Tu nunca me olhou daquele jeito.

— Bom, o que dá na mesma, por que ela é minha prima também.

— Não é não. Ela não é minha prima de sangue. – Ela sorriu. – Mas acho que ainda sim seria estranho né?

— Talvez. – Ele deu os ombros.

— Só que agora que a gente é irmão, alguma coisa tem que mudar?

— Bom, a gente não pode se beijar e nem namorar e nem se gostar daquele jeito. – Ele sorriu. – Mas eu acho que a gente ainda pode ser amigo, conversar, trocar livros. E eu tô feliz por isso. Namorados podem dar certo ou não, mas sendo minha irmã, tu vai ter que me aturar pra sempre.

— Já tô começando a me arrepender. – Ela riu.

— É serio Ju, apesar de toda confusão. Eu tô feliz mesmo de ter ganhado duas irmãs.

— Eu também tô feliz. – Ela sorriu.

Ela então se sentou, e ele se sentou ao lado dela. Ela recostou a cabeça no ombro dele. Suspirou.

— Como é a família do seu… nosso… pai?

— Você não tá perdendo nada em não conhecer. – Afirmou. – A vovó era muito legal, sério. Mas ela morreu faz algum tempo. Os tios são uns chatos e eu não tenho muito contato com eles. E não recomendo. 

— Bom saber. Você sabe que não considero ele meu pai né? Meu pai é o Gil.

— Eu sei. Mas a Jubs, mesmo não sendo filha de sangue, considera. Ela me falou.

— Sim.

— Apesar de tudo, minha mãe insiste que meu pai era bom…

— Minha mãe também.

— Acho que se o céu realmente existir, e ele estiver lá olhando pela gente, ele vai entender isso. Assim como o seu pai entende a sua irmã.

— Nossa irmã. – Ela corrigiu.

— Bom, não preciso mais ter medo do seu pai. – Ele riu. – Fui promovido de futuro talvez namorado para irmão. Tudo certo.

— Acho que meu pai também se sente aliviado. – Ela riu.

— Bom agora eu já tenho direito de me juntar a ele e controlar para que tu não tenha namorados, afinal sou seu irmão mais velho e tenho que te proteger.

Ela levantou a cabeça do ombro dele, rindo.

— Vai vendo.

— Ué.

— Ué que tu é grande, mas não é dois. – Ela fitou ele com o rabo do olho. – Eu ainda consigo te dar uma lição.

— É o que veremos! – Ele piscou.

— Idiota. – Reclamou.

— Besta. 

— Chato.

— Mala.

Sara bateu a porta, com dois toques. Era o apartamento de Roberto. Quem abriu a porta, no entanto, foi a filha, Raika.

— Oi Sara. – Ela deu espaço para a visita entrar.

— Oi Raika. – Cumprimentou de volta.

— Obrigada por vir. – Ela disse sorrindo.

— Não foi nada, você disse que precisava conversar. Bem estou aqui. – Ela sorriu. – Aliás, sua fala está melhorando muito. – Ela notou que o sotaque também estava mais fraco.

— Tenho treinado bastant com Ju. – Ela sorriu.

— E tem tido bastante progresso. Fico feliz que tenham ficado amigas. Ju não é uma pessoa com muitos amigos, diferente de Jubs que é mais sociável.

— Verdade. Mas quero ficar próxima de ela também. – Explicou. 

— Com certeza vai. – Ela sorriu. – O que você gostaria de conversar?

— Pode ser em meu quarto?

— Claro. – Ela sorriu. – Seu pai está em casa?

— Está… Está trabalhar no escritório. – Explicou.

Em seguida elas foram para o quarto de Raika, elas entraram, fecharam a porta, mas não trancaram. Raika convidou Sara para sentar-se em sua cama, e sentou-se logo em frente a ela. O silêncio pairou por alguns segundos, Raika estava um pouco incomodada com a pergunta que ia fazer, mas sentiu que tinha que fazê-la. Então, respirou e em seguida, jogou tudo de uma vez:

— Você gostar do meu pai? – Raika olhou profundamente nos olhos de Sara quando fez essa pergunta, tinha certeza que os olhos dela não mentiriam, não importa o qual palavra falasse.

— Que pergunta é essa Raika?  – Sara ficou um pouco surpresa com o questionamento da menina. Ou com o fato de tê-la chamado ali, somente para isso.

— Eu amar meu pai, muito. E você? Gostar dele?

— É claro que eu gosto Raika, Rob é muito importante para mim… Todo mundo sabe disso. – Ela sorriu. 

— Ele amar muito você. Ama…– Ela mesma corrigiu. – Ama muito você.

— Os sentimentos que nós temos um pelo outro é diferente agora. Dessa forma que você fala, eu amo meu marido, o Gilbert. O que eu sinto pelo Roberto é diferente.

— Diferente? Como?

Sara suspirou. Ela nunca tinha parado para pensar nisso realmente. Ou havia parado milhões de vezes, mas nunca havia chegado a uma resposta certa.

— Eu nunca consegui mensurar o tamanho do amor que eu sinto pelo Roberto desde que ele voltou. – Ela disse com sinceridade. Era incrível como ela se sentiu a vontade de falar aquelas palavras para Raika, coisa que não havia tido nem mesmo com Rafaela, para quem, ela geralmente, falava tudo. – Eu amo meus filhos como filhos, mas não posso negar que eu amo Ju de um jeito, a Jubs de outro, ainda sim, na mesma proporção. Não conseguiria decidir qual das duas eu amo mais. Eu amo Noah, meu anjinho, de forma tão intensa que me faz sentir que parte de mim está morta para sempre. E seu pai… Eu não sei como eu amo ele, só sei que o amo mais que um amigo, o que sinto por ele é mais intenso que isso, ainda sim, eu não amo ele mais da forma que ele me ama. Porque quem eu amo como homem, como parceiro, como alguém que eu quero passar o resto dos meus dias ao lado, é o Gil.

— Isso me deixar muito triste, por que é por culpa minha. E não ter como eu concerta isso. – Suspirou. – Não tenho o… Direito… de mudar ou decidir sentimentos…

— Por que você acha que a culpa é sua?

— Meu pai… Deixou a vida dele para buscar eu… Ele perdeu tanta coisa. – Ela falou com os olhos mareados. – Perdeu anos da vida, perdeu contato com minhas primas, perdeu você. Em guerra, ele carregava sua foto todos os dias… – Ela colocou a mão sobre o peito, para indicar que a foto ficava no bolso perto do coração. – Ele não querer morrer antes de te ver, dizia todos os dias isso. O tempo passa mais devagar em guerra, e em cativeiro cada dia é um ano. – Ela deixou escorrer uma lágrima. – Ele só perdeu, indo me buscar, ele só perdeu. Como ele vai poder amar a mim, se só fiz ele perder?

— Você está na família certa sabia? – Sara sorriu, também com os olhos mareados. – Aqui todos nós, seu pai, seu tio, suas primas, e até eu… Todos nós temos a mania de colocar sobre nós uma carga que não é nossa. – Ela levou a mão até o rosto de Raika e acariciou a bochecha. – E seu pai, ele te ama muito, por que ele não perdeu nada, pelo menos nada que seja tão grande quanto o que ele ganhou: você. Um pai ama tanto um filho, tanto, que ele poderia me perder mil vezes, poderia perder mil vezes o crescimento das sobrinhas, e ele sobreviveria, e viveria… Agora desde o momento que ele soube que você existia, a única pessoa que ele jamais aceitaria perder, é você. Acredite, eu sei bem como é isso.

— Você realmente acreditar nisso?

— Acho que ele mesmo pode te dizer isso. Por que outra mania horrível da nossa família, é ficar escutando atrás das portas. Não é Roberto? – Ela gritou em direção a porta.

Roberto não titubeou em entrar no quarto, correr até a filha e puxá-la para si em um abraço forte. O rosto dos dois molhados pelas lágrimas, ele pressionou a cabeça dela contra seu peito. 

— Minha filha nunca diz uma besteira dessas. Eu te amo tanto, mais que tudo. Não existe nada mais no mundo que eu ame mais que você.

— Mas eu estragar tudo pai… Tudo… – Ela dizia em lágrimas.

— Não, você não estragou nada. Olha o quanto a gente fez junto, seja lá, seja aqui. – Ele se afastou dela um pouco, e colocou as duas mãos sobre a face dela, fazendo ela olhar em seus olhos. – Filha, você foi o maior e o melhor presente da minha vida. Claro que eu perdi muitas coisas, – ele lançou um olhar para Sara por alguns segundos e depois voltou a olhar sua filha – mas de todas elas, a que mais me dói, foi ter perdido você e sua infância, ter deixado você sofrer na guerra e passar por tudo que passou, ter chegado tarde para ajudar seus irmãos e sua mãe. Por que você é importante pra mim, muito. E tudo que é importante para você, é importante pra mim. 

Raika se afastou um pouco do pai, com o rosto molhado pelas lágrimas, ela baixa a cabeça, desprendeu o hijab e o retirou. 

— Você é meu pai, – ela se esforçou para falar certo – não precisar… preciso… usar isso em sua frente. – ela sorriu.

— A não ser que você queira. Se você se sente desconfortável, eu vou entender.

— Não mais. Afinal… Você ser meu pai. – Ela sorriu.

Novamente eles se abraçaram, e ele entrelaçou os dedos nos cabelos da filha. Ela era uma menina incrível. E ele não havia mentido uma única palavra, nada era melhor que ser pai dela.

— Obrigada Sar… – Ele diz ainda abraçado na filha, olhando para o lado. – Acho que agora é sua vez, não é?

— Minha vez? – Seu rosto emocionado foi substituído por uma expressão confusa.

— Bom, existe um homem que você ama, que você o quer como parceiro e que se vê do lado dele todos os dias da sua vida. – Ele sorriu para ela. – Acho que está na hora de acertar as coisas e buscar sua felicidade.

— Eu… Eu estou com tanto medo de arriscar. – Admitiu.

— Sara, você pode arriscar e dar certo ou errado. Mas se você não se arriscar, nunca vai saber. 

— Você tá certo. – Ela sorriu.

— Eu sempre estou. – Ele piscou.


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Notas finais do capítulo

E aí, será que a Sara vai ouvir realmente o Roberto e resolver as coisas como Grissom? O que esperam para o último capítulo da parte 2???? ♥



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