Coincidence Of Love ✖ GSR escrita por Fénix Fanfics


Capítulo 53
Parte 2 ✖ Capítulo 06


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente gostaria de pedir desculpas pelo atraso da postagem desse capítulo, eu realmente tento postar ao menos uma vez na semana, mas final de ano é bem corrido pra mim.
Segundamente, queria dizer que quem não chorar no capítulo de hoje até soluçar é uma pessoa totalmente sem coração!!!!!

Por ultimo, mas não menos importante, DESFRUTEM ♥



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— O que vocês estão aprontando? – Jujuba disse assim que entrou no carro.

— Como assim? – Grissom respondeu sem graça, era um péssimo mentiroso.

— Você e a mãe estavam estranhos. Nunca saem só com uma de nós. Se nos querem separadas é por que estão aprontando algo. Gil, qual foi a última vez que saímos juntos, só nós dois?

— Hm… Deixa eu contar nos dedos… – Ele então começou a fingir que contava apontando um dedo e outro. – Nunca. – Ele disse cheio de graça.

— Exatamente. Nós nunca saímos juntos. – Constatou cheia de razão.

Ele deu partida no carro e seguiram para fora da mansão. 

— E isso é por que mesmo? Por que você nunca quer. E eu não entendo Jujuba, qual é o grande problema que nós temos. Eu não suporto pensar que você me odeia, por que eu amo você, você é a minha filha, você é filha da Laura e da Sara. – Ele sentiu seus olhos marear.

Ele não soube porque agora, mas aquilo estava trancado em sua garganta há tantos anos e ele nunca havia conseguido colocar para fora. Mas naquele dia, sozinho com sua filha no carro, ele não conseguiu se controlar. Ele não podia obrigar sua filha a amá-lo e querer ele como pai, mas podia dizer a ela como se sentia, como se sentiu nos últimos sete anos.

Ele pôde ver a menina baixar a cabeça. Não sabia se estava chorando ou não.

— E-Eu, eu não odeio você. – Ela respirou profundamente. – Na realidade eu lembro de tanta coisa. Eu lembro de você comigo no hospital, foi você que esteve do meu lado durante o transplante, e durante quase toda minha recuperação quando a mãe esteve mal. Só que eu não sei explicar, eu não sinto que a Laura seja minha mãe e eu não sinto você como… – Ela não teve coragem de falar. – Eu nunca senti. Eu te amo, muito. Mas não…

Grissom suspirou. Aquilo cortou o coração dele.

— Eu sinto muito Gil, eu sei que você é meu pai, e eu disse isso mil vezes na frente do espelho, mas sempre que eu repetia era estranho. Mas isso não quer dizer que eu não goste de você. Eu não te odeio.

— Eu queria saber tanto por que disso Jujuba. Eu queria saber o que eu fiz de errado para não merecer ter o amor de pai. Por que filha, eu te amo tanto. Tanto.

Ele estacionou o carro na primeira vaga que encontrou, seus olhos estavam muito molhados pelas lágrimas para poder continuar a dirigir. Era bom colocar tudo para fora ainda que a realidade fosse triste e dolorida. Devia ter dito isso para ela há tanto tempo. 

Gilbert não queria chorar na frente da filha, ainda sim, foi inevitável. Ele se deu por vencido e se deixou ficar triste, arrasado para falar a verdade. Olhou para o lado, e viu que a menina também chorava. 

— Julia Um diz que eu sou ingrata. – Ela desabafou. – Ela diz que eu deveria pensar em tudo que vocês fizeram para me manter viva. E o quanto vocês me amam. Só que cada vez que ela diz isso eu só sinto raiva e mais raiva. E eu não consigo controlar isso. Eu não consigo controlar meus sentimentos. –  Ela fungou. 

Ela não conseguia olhar nos olhos do pai. Ela olhava para seus joelhos e segurava o banco com as mãos firmes.

— Todo mundo fala sobre o que fizeram por mim, sobre estarem ao meu lado. Só que esquecem que eu estava lá, que eu vi tudo, e eu lembro de tudo. Eu lembro da mãe chorando ao lado da minha cama por que você disse que eu não era sua filha, ela achava que eu estava dormindo, mas eu não estava. Eu lembro das noites em claro que a mãe passou do meu lado. Eu lembro das noites em claro que você, o tio Roberto, a Ruth e a vó passaram ao meu lado. – Ela não conseguia parar de chorar. – Eu lembro da Julia Um raspando o cabelo comigo. Eu lembro da mãe engravidando do Noah por minha causa, e lembro dela perdendo ele, eu lembro que ela ficou louca, e lembro que você mentiu para nós por semanas para nos proteger. – Ela respirou profundamente, como se tivesse sentindo falta de ar. – Eu lembro da mãe chegando em casa antes do meu transplante sem conseguir fazer nada, eu lembro que ela parecia um robô, eu lembro que ela esqueceu de mim e de quem eu era. Eu lembro que mesmo quando ela lembrou de mim, ela não lembrava que eu estava doente. 

— Eu também lembro de tudo isso filha. – Grissom chorava junto com ela.

— Mas vocês não se lembram de muitas coisas Gil. – Ela apertava o acento do banco do carro firme com as mãos. – Vocês não lembram como era a sensação enjoar e não ter fome, ou de eu ter fome, mas não conseguir comer, ou de eu comer e vomitar tudo em seguida, vocês não lembram de como eram fortes as dores que eu sentia, das queimações, da minha cabeça como se fosse explodir. Vocês não lembram como eram incômodos e até constrangedores os exames invasivos, as quimioterapias, as radioterapias, do que eu senti acordando e vendo meu cabelo cair. As vezes eu fecho os olhos e ainda lembro das noites no hospital, do som dos aparelhos. Do cheiro da comida. E do medo… – Ela soltou um gemido entre as lágrimas e puxou o ar para os pulmões. – Eu tinha tanto medo de morrer no hospital, as outras crianças saiam do quarto e a mãe dizia que elas tinham tido alta, mas todas tinham leucemia também, e a maioria delas eu sabia que não tinham ido pra casa. Eu sei que hoje eu tô bem, mas eu ainda sinto esse medo dentro de mim. – Novamente ela precisou retomar o fôlego. – E daí me dizem que eu sou ingrata. Que eu esqueci tudo que aconteceu, mas eu lembro, de cada detalhe, como se tivesse sido ontem. Por que pra mim, sempre que eu acordo de manhã, foi ontem.

— Por que você nunca contou isso para ninguém?

— Eu tenho conversado com a psicologa da escola faz um tempo.

— Mas por que não falou para mim ou para sua mãe?

— Por que eu queria fazer algo por mim, sem depender dos outros, sem que ninguém precisasse fazer sacrifícios por mim. – Ela suspirou.

— Nós somos seus pais Júlia, é nosso dever nos sacrificarmos por vocês duas todos os dias. Vocês querendo ou não, vocês precisando ou não.

— Sabe o que mais me incomoda? – Ela suspirou. – O fato de eu não poder reclamar de nada. Talvez isso seja o que mais me incomoda. Todas as vezes que eu reclamo da minha vida, ou que digo que ela é uma droga, eu ouço alguém dizer: “Ah, mas pelo menos você está viva, pensa que teve uma oportunidade, uma segunda chance”. Isso é um saco. – Desabafou. – Todas as minhas colegas já tem mais corpo que eu, todas já menstruam, até mesmo a minha irmã. E eu sei, eu sei que eu ainda tenho algumas sequelas de tudo que eu passei, eu entendo isso, mas a pior sequela é eu não poder nem reclamar em paz sem alguém me lembrar que eu tive a beira da morte. Me tratar como se eu ainda tivesse seis anos e não entendesse de nada, na época realmente tinha muitas coisas que eu não entendia, mas hoje, hoje eu sei tudo que aconteceu, e eu tenho ciência da quantidade de vezes que eu quase morri. E isso deveria me dar o direito de poder reclamar mais, por que ninguém passou pelo que eu passei, mas novamente eu sou a ingrata que não dá valor a segunda chance que ganhou. E ganhei as custas de quem? De um bebê que nem teve a oportunidade de viver.

— Noah não morreu por sua causa. – Gilbert interferiu.

— Mas ele surgiu por minha causa Gil, e eu demorei muito tempo para entender que a culpa não era minha. Só que as vezes a culpa bate. Eu só queria poder ser normal, mas mesmo tendo me curado da leucemia, o rótulo dela vai me perseguir pelo resto da vida. Seja através da pena, do julgamento ou das minhas lembranças.

— Eu realmente sinto muito que você se sinta assim. De verdade filha. Eu… Eu queria saber o que te dizer.

Em um impulso, ele puxou a menina contra si e abraçou forte. Os dois choraram ali abraçados, por longos minutos até conseguirem se acalmar. De alguma forma, mesmo que muito tristes, eles sentiam que tinham tirado um enorme peso dos ombros e se libertado de tantas palavras não ditas.

Quando eles se desvencilharam do abraço, eles ficaram longos minutos parados. Júlia quem cortou o silêncio.

— Você não me tirou de casa para termos essa conversa, né?

— Não. Na realidade era para Sara conversar com Ju. – Ele sorriu sem graça. – Mas eu fiquei realmente feliz por isso. Por termos conversado. 

— Eu também. – Admitiu.

— Sabe, eu não quero que você se sinta forçada a nada. Eu não vou te mentir e dizer que não é totalmente decepcionante saber que eu não consegui chegar em você ainda, que eu ainda não sou de verdade o seu pai, mas eu fico feliz em saber que não me odeia, que você gosta de mim do seu modo. E eu perdi os primeiros seis anos da sua vida, e agora mais sete. Então eu só quero aproveitar o que temos, eu quero te conhecer realmente como é, e seja qual for nosso vínculo, ele é especial pra mim. Eu só quero seguir, sem pressão nenhuma. Um dia talvez você me veja como seu pai, mas se não, eu posso ser apenas o Gil, e tá tudo bem. Será que podemos tentar assim?

— Eu acho que sim, Gil. – Ela piscou para o pai.

— Eu preciso te perguntar mais uma coisa antes de voltarmos para casa.

— Fale.

— Você odeia que a gente te chame de Jujuba, né? Você apenas não diz isso porque foi sua mãe que te deu esse apelido.

— Há quanto tempo sabe disso? Ju ficou com o melhor apelido, vamos admitir.

— Bom já faz um tempinho, mas estava esperando que falasse isso para eu ter certeza.

— Até os dez anos isso era fofo, agora é brega. Sei lá. – Deu os ombros. – Até Júlia Dois é melhor. – Ela então riu pela primeira vez durante aquela conversa.

— Vamos escolher um novo codinome para você soldada. – Piscou.

Eles trocaram um sorriso cúmplice. E pela primeira vez em sete anos, Grissom sentiu que finalmente estava se conectando com sua filha.


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Notas finais do capítulo

E aí, quem chutou B no capítulo anterior. Eu acho que essa conversa entre Jujuba e Gilbert foi realmente bem produtiva.

E agora eu tenho três perguntar aí?

1 - Quem chorou?

2 - Deem uma dica de novo apelido para a Jujuba. Um "mais adulto", por favor, ela ta me incomodando muito com isso! hahaha

3 - Vamos voltar ao pensamento do capítulo anterior. O que aconteceu com a Sara que ela passou tão mal?

Sem alternativas hoje, somente perguntas. Até o próximo capítulo (prometo que será BOMBÁSTICO).

Até!



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