Coincidence Of Love ✖ GSR escrita por Fénix Fanfics


Capítulo 44
Capítulo 44


Notas iniciais do capítulo

Capítulo em pleno dia dos mortos por que acho que combinava com a história. Hoje vamos falar do Roberto, e tem quem ame o capítulo, tem quem odeie, e tem que fique ambíguo.

Vamos ver o quanto sem coração vocês podem ser.

Desfrutem ♥



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Ela sabia que deveria ter ido para casa, mas se sua meta aquele dia era descansar e relaxar para poder estar com a mente livre para trabalhar no final de semana, que lugar melhor para fazer isso do que ao lado do homem que ela amava? Já teria um final de semana atribulado, poderia ao menos aproveitar a sexta feira a tarde.

Logo após se vestirem e saírem do banheiro, eles foram para o quarto de Gilbert onde descansaram um pouco. Porém em seguida já estavam nús e suados de novo. Logo eles estavam com fome e resolveram descer para comer algo, assaltaram a geladeira.

O sorriso estampado na face dos dois, como dois adolescentes enquanto se beijavam. Sara andava de costas, era guiada por Gilbert, que não a soltava. Seus lábios estavam colados, e necessitavam um do outro. Ele a guiou da cozinha para sala e a deitou sobre o sofá com cuidado, sem sair de cima dela, deixando seu corpo entre as suas pernas.

— Você ainda não está cansado? – Ela riu. – Nós acabamos de…

— Sara, eu estou tão feliz de estarmos finalmente juntos. Eu não consigo parar de te beijar, as vezes parece que se eu parar, vai ser tudo um sonho. E eu não posso deixar isso acabar.

— Isso não vai acabar. Não mesmo. – Ela sorriu para ele. 

Eles se beijaram de novo, ainda com mais vontade. Enquanto suas mãos percorriam o corpo um do outro, com vontade, como se fosse uma necessidade. Até que ficassem sem fôlego.

— Ruth está fora com as meninas, vão demorar a voltar. Carlos está lá na guarida. E Esther e os outros funcionários estão de folga. Por algumas horas essa casa é totalmente nossa, e eu quero estar com você em todos os cômodos! – Ele sorriu maliciosamente. – E ainda faltam alguns...

— São cômodos demais, Gil. – Ela riu imaginando que seria impossível ainda que quisessem.

— Então de quisermos que dê tempo, temos que começar agora.

— Meu Deus, onde estava esse Gilbert Grissom que eu não conhecia? – Ela sorriu com malícia.

— Aguardando uma oportunidade para estar com você. E agora que conseguiu... 

O telefone então tocou os interrompendo. Não o celular, mas o fixo que ficava ao lado do sofá. 

— Não atende Gil. – Sara implorou com uma voz infantil.

— Ruth está fora com as meninas.

— Verdade. – Ela havia esquecido desse detalhe por alguns segundos. Ele tinha o dom de fazê-la esquecer de até das coisas mais importantes.

Sara se sentou no sofá. Grissom arrumou sua roupa que estava toda bagunçada assim que se levantou do sofá. Em seguida atendeu o telefone.

— Oi Carlos... Sim... Como? Oficial do exército?... Você sabe o motivo do assunto. Só um segundo.

Sara sentiu um soco no estômago naquele momento. Ela queria acreditar que havia ouvido errado, mas deu sexto sentido já sabia que havia algo errado. Ela não podia estar certa. Não podia.

— Sara...

— Diga para ele entrar. – Ela interrompeu Grissom, mas sua voz estava diferente, como se estivesse engasgada. O som custou a sair.

A morena se levantou do sofá, o sorriso que levava com ela alguns segundos antes de fechou em um expressão séria e tensa, e a felicidade que sentia se transformou em ansiedade. Ela arrumou suas roupas que estavam bagunçadas, ajeitou o cabelo como pode com as mãos, e foi para a porta. Fechou os olhos. Os braços cruzados sob os seios. Tensa. Aguardava alguém bater a porta, mas ainda não tinha tido coragem de abrir ela.

— O que está acontecendo Sara?

Grissom se preocupou com ela, percebeu a mudança. Percebeu como ela estava nervosa. Ainda sim, ele não sabia o que significava. Mas de alguma forma, ela sabia. E ainda que tentasse ela não conseguia falar, suas mandíbula estava dura.

A cada segundo ela sentia seu coração acelerar, e os três toques na porta, foram acompanhados de três batidas fortes em seu coração. Era como se ela pudesse ouvi-las. Ela esticou a mão para colocar na maçaneta, e elas tremiam tanto, tanto. Gilbert não sabia exatamente o que fazer, só queria entender o que estava acontecendo, ele estava muito preocupado, mas não sabia como ajudá-la. Quando a porta se abriu, Sara não precisou de uma palavra sequer, ela viu o oficial fardado, em posição de aguardar, com uma bandeira do seu país dobrada entre suas mãos.

Se ele falou alguma coisa ela não ouviu, ela não conseguia ouvir nada. Quando ele esticou as mãos, alcançando para ela a bandeira, ela a segurou contra seu corpo, e já não cabia mais sobre suas pernas. Sem forças ela se ajoelhou no chão, com os olhos fechados, e apenas deixou que a lágrimas escorressem pelo seu rosto. 

Ela queria gritar, dizer que aquilo não era verdade. Mas não conseguia, nenhuma palavra saia. Se sentia sem voz.

Ao vê-la cair de joelhos, Grissom tentou amparar ela. Ele sabia o que significava a bandeira, ele apenas não sabia o que significava naquele contexto.

Alguns minutos mais tarde, Sara estava sentada no sofá. Grissom e o oficial haviam ajudado ela a se erguer e a apoiado até se sentar no sofá. Ela estava se recompondo, tentando entender o que havia acontecido. Até então, Gilbert também não sabia exatamente o que estava acontecendo. A única coisa que pôde fazer foi trazer uma água para Sara.

— Afinal, o que está havendo aqui? – Ele externou por fim seus pensamentos. 

Perguntou para o oficial a sua frente, já que Sara não parecia ter condições de falar.

— Isso. – Ela mostrou a bandeira para Grissom, se adiantando ao homem de farda. – É por Roberto. – Ela tentava conter as lágrimas.

Isso foi um choque para Gilbert. Roberto estava morto?

— Mas e a bandeira. Não deveria ser no enterro, ele... – Nem mesmo Grissom sabia o que falar ou pensar. Que diabos Roberto fazia servindo ao exército? – Sara não é um familiar… – Ele estava confuso.

—Não há corpo para enterrar. – Ele disse com pesar. – Sofremos um ataque, todos que estavam na tenda morreram. Roberto e mais sete soldados. – O oficial falava dele com certa intimidade, não o chamava pelo sobrenome, como se o conhecesse bem. – Ele disse certa vez que as duas sobrinhas e Sara Sidle eram a única família que ele tinha.

...

As lembranças que até então pareciam tão distantes, pelo simples fato de evitar pensá-las, vieram arrebatadoras, tão vivas e tão presentes como se houvesse ocorrido ontem. Ainda lembrava do rosto vermelho de Roberto quando chegou a casa de Grissom, lavado por lágrimas quando abraçou as sobrinhas, ele sabia, em seu íntimo, ele sabia que seria a última vez. Quando chegaram ao escritório, ele não sabia o que falar, como iniciar aquela conversa. Ela se sentou a mesa, na cadeira de Grissom, e Roberto a sua frente, com a mesa entre os dois. Aquela era a menor barreira que os dividia. 

— Roberto, você está bem? Está me assustando. 

— Eu não estou bem Sara, nada bem. – Ele admitiu sem titubear, Roberto estava lá para dizer algo, e não ia retroceder. – Eu preciso te contar uma coisa, uma história, desde o início. Para que você possa entender a minha decisão.

— Claro. – Ela colocou a mão sobre a barriga, o bebê mexia fervorosamente, já sentindo a agitação da mãe.

— Quando eu tinha dezoito anos eu me alistei para o exército. Eu cheguei a te comentar sobre isso. Alguns anos mais tarde eu servi no Afeganistão.

— Eu me recordo vagamente disso, você não gostava de falar muito sobre isso. Mas vi algumas condecorações em seu apartamento.

— Nunca me orgulhei de participar de uma guerra, mesmo sendo bom no que fazia. Servi por anos, e fiquei no Afeganistão por anos também. – Ele suspirou. – Lá eu conheci uma mulher, Afegã, com quem eu me envolvi algumas vezes. Maritza o nome dela. Nosso relacionamento não era sério, apenas alguns encontros casuais, na guerra tudo parece mais intenso, já que aquele dia pode ser literalmente o último. E eu era um garoto ainda, imaturo. – Ele deu os ombros. – Quando voltei para cá, nunca mais tive contato com Maritza. 

— Certo, e por que está me contando isso agora? O que isso, ou o que ela, tem haver com tudo isso?

— Eu recebi uma ligação há alguns dias, não era de Maritza, mas de uma pessoa que a conhecia, da confiança dela. Ele me informou que Maritza morreu. – Ele disse com pesar. – E que deixou uma menina órfã, minha filha.

Aquela notícia impactou Sara, mas não mais que Roberto, que até poucos dias antes nem imaginava que era pai.

— Você sabia...

— Claro que não Sara. – Ele a interrompeu abruptamente. – Você acha mesmo que eu viria para cá e deixaria uma filha no meio da guerra? Por mais jovem e imaturo que eu fosse. Eu não sabia que ela estava grávida. – Ele passou a mão entre os cabelos, nervoso.

— E você tem certeza que é sua?

— Não faço ideia, Sara. Essa pessoa apenas me disse que grupos extremistas sabem que ela é filha de soldado, Maritza a mantinha a salvo, mas agora ela não tem ninguém por ela. Ninguém para proteger ela. Talvez não seja minha filha. Talvez ela só tenha dito isso para que eu a tirasse de lá e a trouxesse por um lugar seguro. Mães são capazes de qualquer coisas pelos seus filhos e você sabe bem disso. Mas e se for minha Sara? Se ela for minha filha? – Seus olhos já estavam mareados novamente, ele estava a ponto de chorar. 

— É difícil ficar com essa dúvida. Impossível. O que você vai fazer?

— Eu vou buscá-la. – Ele disse por fim. – Eu falei com o comandante, e eles disseram que me levam até lá, ajudam a resgatar ela e trazer para o nosso país. Se... – Ele deu uma pausa. – Se eu voltar a servir. Eles sempre me quiseram de volta, eu quem não queria voltar. Agora eles estão usando minha filha como uma moeda de troca. – Falou com desgosto. – E eu não sei quanto tempo demorarei para encontrar ela, e nem quanto tempo vão me cobrar esse favor. Mas, Sara, eu tenho que ir. 

Ele colocou as mãos sobre a mesa. A morena não sabia o que dizer, ela lutava incessantemente contra as lágrimas. Ela queria ser forte por ele, ser forte pelos dois. Seu coração apertado sabia que aquela conversa ainda não tinha chegado ao seu ponto alto. Ainda sim, ela não conseguia dizer nada, somente escutar.

— Eu precisava colocar minha cabeça no lugar, por isso te pedi alguns dias. Deixar minha vida para trás, para ir para um lugar de onde eu não sei se vou voltar. Ainda sim, me parece errado somente cogitar a ideia de não ir. – Ele suspirou. – Eu deixei ordens expressas com um advogado amigo meu para tudo que possar ocorrer. Se qualquer coisa acontecer comigo, tudo que eu tenho é para meus sobrinhos, os três. – Ele afirmou. – São minha única família, e você será a representante deles até que atinjam a maioridade. A exceção do meu apartamento, quero que fique com ele. Se eu não voltar, mas a menina sim, ela terá direito a metade de tudo que eu tenho, e a outra metade será dividida igualmente entre meus sobrinhos. Você ainda será a representante deles. Quero que cuidem da menina para mim. 

— Roberto! Isso é um testamento? – Ela negou com a cabeça. 

— Provavelmente a menina volte antes de mim. E eu vou tentar voltar, eu juro, mas eu não sei como vão ser as coisas por lá. – Ele falou com sinceridade. – Eu tenho que pensar em você, nas meninas, e no bebê. 

— Roberto, – sua voz estava embargada, ela apertou as mãos dele com força – volta para casa, não seja o herói.

Roberto não respondeu. Eles trocaram um olhar profundo por um longo tempo, o silêncio tomou conta do ambiente. Ambos seguravam as lágrimas, mas os olhares de ambos estavam tristes, sem esperança. Suas mãos se separaram por algum tempo, e ali eles ficaram, por algum tempo, calados, apenas trocando olhares, talvez aproveitando o momento, talvez se despedindo. Eles tinham que gravar a imagem um do outro na memória. A face de Sara era o que daria forças para Roberto. A face de Roberto era o que daria esperanças para Sara. 

— Eu sinto tanto Sara, tanto. – Disse ele por fim, pegando a mão dela. Ele se sentia culpado, ainda que soubesse que a decisão era a certa, ele se sentia culpado. – Eu me sinto a pior pessoa do mundo, te deixando aqui grávida, com a Jujuba entre idas e vindas do hospital, você está em um momento de fragilidade, e eu deveria estar aqui te apoiando. Talvez eu devesse ficar, mas eu não posso ignorar isso, eu tenho que ir... Você deve me odiar por isso.

— De onde você tirou essa besteira? – Ela negou fortemente com a cabeça. – É claro que eu entendo você, e eu só vejo o quanto você é um homem digno, honesto e correto pela atitude que está tomando hoje. – Ela novamente apertou a mão dele. – Eu fico realmente triste de você ter que partir e muito preocupada, eu tenho que confessar. Mas... – Ela suspirou. – Eu no seu lugar, não pensaria duas vezes. Eu nunca vou odiar você, pelo menos não por isso. E eu posso te esperar...

...

O restante da lembrança ela preferiria esquecer. Agora apenas, vinha em sua cabeça o último beijo que deram. Aquele beijo com gosto de lágrimas e de despedida. Aquele beijo que ela sentia que seria o último, mas que agora que realmente sabia que era, ainda era mais dolorido de pensar.

— E a menina? Onde está a menina?

— Roberto praticamente nunca deixava ela sozinha, confiava ela a poucas pessoas. Ela estava com ele na hora do ataque, também não sobreviveu. 

— Meus Deus. – Sara colocou a mão na cabeça, seus dedos passavam entre os cabelos. – Se ele já estava com ela, por que ele não voltou. – Vocês o obrigaram a ficar lá, não é? O exército não autorizava a dispensa dele. Ele me disse que isso aconteceria. Vocês o mataram. – Acusou indignada.

— Isso não é verdade senhorita Sidle. Ele quem não quis voltar. – Isso supreendeu Sara. – Haviam outras crianças. Ele não conseguiria deixar nenhuma para trás. Ele estava tenando salvar as outras. Ele recebeu ordens estritas para não fazer isso, mas ele não ouviu.

— Eu pedi tanto para ele não ser um herói. Tanto. 

Estava inconformada. Ela escondeu o rosto com as mãos enquanto deixava que as lágrimas rolassem.

— Com sua licença senhorita Sidle, eu tive a honra de servir com Roberto quando era mais jovem, e novamente até poucos meses atrás. Ele era um herói, ir contra isso, era como ir contra sua própria natureza. Ele era um grande homem. 

— Ele era sim.


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Notas finais do capítulo

E aí, quem acertou o quiz e chutou na D, de descobrir finalmente o que aconteceu com o Roberto. E eu confesso que escrevi essa cena chorando, por que eu amava ele, mas até os príncipes morrem, não é mesmo! (deixa eu chorar aqui quietinha).

E agora, percebemos o quão frágil a Sara ficou ao saber da notícia. Como vai ser a reação do Gilbert em relação a isso?

A) Ele irá brigar com ela enciumado pelo fato de ela demonstrar tanto essa perda
B) Ele irá se afastar dela por achar que ela ainda o amava, mostrando novamente sua insegurança
C) Ele irá compreender o sentimento de perda dela, e irá apoiar conforme puder

A, B ou C?

Nos vemos no próximo capítulo!



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