Coincidence Of Love ✖ GSR escrita por Fénix Fanfics


Capítulo 36
Capítulo 36


Notas iniciais do capítulo

Desfrutem ♥



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Quinze dias depois…

Gilbert estava enfurnado em seu escritório, precisava trabalhar, tinha que manter sua mente ocupada e ao mesmo tempo distraída, era a única maneira de seguir em frente. Sua concentração, que já não era a mesma, foi quebrada com a porta se abrindo sem permissão, ele já estava pronto para espraguejar quando levantou os olhos e reconheceu quem invadia sua sala.

— Oi filho! 

— Oi mãe!

Por uma fração de segundos sentiu-se mais leve. Mesmo sendo adulto, ter sua mãe ali era reconfortante. Lhe passava um pouco de segurança. Ele já quase não dava conta de lidar com tudo que estava acontecendo em sua volta. Ele tirou os óculos, se levantou e foi até ela, que o recebeu com um abraço apertado, eles ficaram assim por um par de minutos.

— Como você está meu filho?

— Cansado mãe.

Isso era visível, as olheiras sob aqueles olhos azuis demonstravam seu cansaço. Assim como a perda de peso e a postura baixa. 

— E como está Sara?

— Na mesma. – Ele disse com pesar.

— Desculpe ter demorado tanto a voltar, juro que tentei voltar o quanto antes.

— Tudo bem mãe, eu sei que tentou. – Ele suspirou. – Mas a senhora está aqui agora. E confesso que isso me deixa aliviado.

Grissom convidou a mãe a sentar-se no sofá de seu escritório, ele se sentou juntamente a ela. Logo estavam conversando sobre os últimos acontecimentos e ele estava podendo desabafar enquanto lhe contava tudo que havia ocorrido nas duas últimas semanas. Ainda sem se dar conta, logo ele estava choroso.

— Quando eu vi ele naquele caixão. Era tão pequeno. O caixão não tinha nem um metro inteiro, meu bebê tinha apenas quarenta e cinco centímetros. – A lembrança era torturadora. – Ele era tão pequeno, tão bonito, ele parecia um pouco comigo, um pouco com Laura, e pode parecer estranho, mas parecia com Sara também. – Ele deu uma pausa, sentia um nó na garganta. – Eu acho que nunca vou esquecer da cena dele deitado naquele caixão, o tip top branco e azul. Os pequenos olhos fechados. Todas as noites, quando eu fecho os olhos, antes de dormir, essa cena aparece, como se estivesse gravada em minha mente. É a última imagem que eu vejo antes de dormir.

— Um pai nunca deveria ter que enterrar o próprio filho. – Ela disse com pesar, preocupada com o filho.

— E Sara nessa situação, as meninas perguntam por ela todos os dias. Eu tenho que dizer que ela está bem, mas a realidade é que não sei se algum dia ela vai ficar bem. – Ele suspirou. – Ela não fala com ninguém, nem comigo, nem com a psiquiatra, ela passa o dia inerte, não se alimenta sozinha. É como se ela tivesse morrido, por que ela não parece estar mais no corpo dela. Eles não sabem dizer se isso é só do estresse pós traumático, ou se as convulsões afetaram ela neurologicamente. 

— Gil, se para você está sendo díficil. Consegue imaginar como é para ela? Sara estava gerando essa criança, seu corpo mudou, seu hormônios também. Ela sentia o bebê mexer, conversava e vivia aquele momento. O corpo dela sofreu diversas mudanças para receber uma criança. E, de repente, não há criança alguma. Se o nascimento de uma criança já gera mudanças tão grande a ponto de haver depressão pós parto, imagina uma criança que nasce e morre no mesmo dia? Isso vai além de algo emocional, isso é físico também para ela. Talvez se desligar do mundo ao redor dela foi a única maneira que ela conseguiu encontrar de se manter viva. Onde ela está agora?

— Ela saiu da internação há dois dias e foi movida para a ala psiquiátrica depois que teve um surto. Ficou extremamente agitada e depois simplesmente parou e voltou a ficar inerte, desde então não faz mais nada.

— Se você quer um conselho de mãe, eu diria para trazer Sara para casa. Ficar perto das meninas e de pessoas que gostam dela, pode fazer que ela se recupere mais rápido. Contrate uma enfermeira se for preciso.

— Eu pensava em fazer isso após o transplante de Julia, está marcado para o final dessa semana. Os exames dela saíram ontem, e ao menos uma notícia boa, ela está pronta para o transplante. Quando falei com ela, ela disse que não faria sem a mãe dela. Ela não sabe ainda o quão complicado é o estado de Sara, e eu não sei se é o melhor momento para descobrir.

— Essas meninas já passaram por tanto. – Beth suspirou. – Mas elas são fortes. Eu tenho certeza que se você explicar o que está acontecendo e trouxer Sara para casa, Julia irá de boa vontade fazer o transplante.

A conversa com sua mãe se estendeu por muito tempo, porém ao final, ele sabia que ela estava certa. Trazer Sara para casa faria bem a ela e as filhas. Ainda sim, teria que ter uma outra conversa de adulto com as meninas. 

As Julias ainda estavam muito sentidas pela morte do irmão. Mesmo sendo crianças, elas já tinham apego por aquele bebê, e ainda que esquecessem isso por alguns momentos, elas não estavam tão felizes quanto antes. Todos na casa esta com um clima pesado, todos estavam tristes. As meninas estavam com a avó, abrindo os presentes que ela havia trazido da europa quando Gilbert as chamou para conversar.

— Pequenas eu tenho que falar com vocês.

As meninas ficaram tensas naquele exato momento. Sabiam que vinha notícia ruim. Desde Noah e sem sua mãe em casa, sempre que uma conversa parecia séria, elas ficavam tensas.

— A mamãe ta viva né? – Ju foi a primeira a disparar.

— Está sim meu amor, a mamãe de vocês está viva. Mas eu também queria falar dela. E sobre o transplante da Jujuba também. – Ele olhou para ela.

— Não. – Bateu o pé. – Eu não vou fazer se a mãe não tiver comigo. Eu quero estar com ela. – Disse chorosa.

— E se a mãe de vocês estivesse em casa, mas não pudesse acompanhar você ao hospital. Você iria? Você poderia ver ela antes de ir e logo depois que voltasse. O que você acha?

— E… Eu não sei.

— Talvez ela possa até te visitar no hospital, mas isso eu já não posso prometer.

— A mamãe ainda tá dodói? – Ju perguntou.

— Na verdade não. – Grissom suspirou. – Eu não sei bem como explicar isso para vocês, mas a mamãe de vocês está triste ainda pelo Noah, muito triste.

— Nós também. – Ju rebateu.

— Eu sei, mas a tristeza dela é diferente. Ela não fala com ninguém, não consegue fazer as coisas sozinha. É como se ela estivesse dormindo o tempo todo. Bem, eu não sei como explicar. As vezes ela também fica agitada. Ela está diferente.

— Ela vai voltar ao normal? – Jujuba perguntou preocupada.

— Eu acho que sim pequena, eu acho que em casa, com o nosso amor e carinho, ela vai voltar ao normal. Eu só não quero que vocês fiquem assustadas ou preocupadas quando verem ela. – Ele suspirou. – E eu quero muito que você faça o transplante Jujuba, quando a Sara voltar a entender as coisas, quando ela acordar, ela vai ficar muito feliz de saber que você está curada. Você não pode fazer isso por ela?

— Eu tenho medo. Queria a mãe comigo.

— Eu prometo que eu vou estar com você o tempo todo. E que a Sara vai ficar muito muito feliz de ver você bem. De ver o quão forte e corajosa você está sendo.

— Mas se você vai ficar comigo, quem vai ficar com a mãe?

— Eu, né boba? – Ju olhou para a irmã. – E quando eu tiver na escola, ainda tem a vovó e a Ruth. 

— Tudo bem Gil. – Ela suspirou. –  Pela mãe! Mas eu quero ver ela antes de ir pro hospital.

— Eu prometo que vocês duas vão ver ela o mais breve possível.

O quarto era em branco, com uma cama, uma poltrona, poucos objetos, a maioria sem ponta. Sara estava sentada a poltrona, olhando para a vista da janela. Era uma vista bonita e relaxante, muitas árvores, podia se ouvir os pássaros do quarto.

— Hey, Sara. – Grissom havia chegado. – Como você está?

Nenhuma resposta. 

Ele se aproximou e se ajoelhou, pegou a mão dela entre as suas e a beijou. Depois olhou para seu rosto. Não havia mexido um centímetro sequer. Seguia olhando fixo a janela. Era como se houvesse se convertido em um robô. 

— Sabia que hoje você vai para casa? Você vai poder ver a Ju e a Jujuba. As duas estão morrendo de saudades de ti. E talvez assim você também possa se sentir melhor. Quem sabe você consegue voltar a realidade, não?

Ela ainda não se mexia. Mal piscava.

— A Jujuba está com o transplante marcado para sexta feira já. Ela está bastante ansiosa. Te ver vai fazer bem a ela, vai dar força.

Ele foi interrompido quando a porta se abriu. Era o médico da ala psiquiátrica. Grissom se levantou quando viu ele entrar e se aproximou dele.

— Olá Senhor Grissom, tudo bem? – O médico o cumprimentou gentilmente. – Me informaram que o senhor solicitou a alta da senhorita Sidle. O senhor sabe que a alta ainda não foi recomendada.

— Olá Dr. eu sei sim, ainda sim, nós temos todas as condições de oferecer a assistência que ela precisa em casa. E sinceramente, acredito que o fato de poder estar com as filhas irá ajudar muito ela.

— O estado mental da paciente Sidle, ainda é bastante delicado. O surto que ela teve foi grave, e não foi atoa que ela foi trazida para a ala psiquiátrica. Ela ainda tenta buscar pelo filho falecido em alguns momentos. Além disso, mesmo conforme ela for recobrando a noção da realidade, as lembranças podem vir muito confusas, ela pode por alguns momentos não se recordar das filhas ou do senhor. O senhor tem certeza que isso é o melhor para você e suas filhas?

— Tenho sim. E acredito que é o melhor para Sara também. – Ele disse por fim. – E se eu notar que ela está ficando mais agitada ou piorando em casa, não hesitarei de compreender o erro e trazer ela para cá imediatamente.

— Se é assim senhor Grissom, estarei organizando a alta dela. Poderá ir embora amanhã pela manhã.

— Combinado.

Levar Sara para casa não foi tarefa fácil, tinha que preparar seu próprio psicológico e o das filhas também. Ele teve, também, que resolver questões de logística, como uma enfermeira especializada que pudesse auxiliar a morena com atividades básicas como se alimentar e a higiene pessoal, uma vez que ela não fazia nada. Também teve que mover ela de quarto, já que o quarto que estava acomodada anteriormente ainda tinha os objetos do Noah. Ninguém havia se atrevido a mover nada de lugar até então.

Grissom a trouxe bem cedo, enquanto as crianças ainda dormiam. A enfermeira que já o acompanhava, auxiliou a colocar ela na cadeira de rodas e a levá-la até o quarto, lá acomodou ela em uma poltrona, frente a uma grande janela. Assim como no hospital, ela ficaria com uma vista para o pátio, que era o momento em que ficava mais calma e tranquila.

— Bem vinda de volta ao lar. – Ele disse mesmo sabendo que não haveria retorno.

Ela estava igual. Era deprimente.

Seus olhos ficavam perdidos em direção ao horizonte, sua respiração era lenta e calma, como se estivesse dormindo. Ela mal piscava. Não tinha expressão.

— Mamãe?

Grissom olhou instantaneamente para trás, Ju estava lá na porta. Somente ela. 

— Cadê sua irmã?

— Dormindo.

Ela respondeu automaticamente sem dar muita atenção. Se aproximou da mãe com certa pressa, ficando em sua frente. Mal podia acreditar que estava em casa.

— Mamãe?

Surpreendentemente ela moveu a cabeça de modo sutil, mas pela primeira vez ela parecia estar olhando fixo para alguém. Ela olhava fixamente a Júlia, e era como se a reconhecesse. Gilbert naquele momento ficou estático, mal respirava, aguardando que Sara falasse alguma coisa, qualquer coisa. A enfermeira ia se aproximar, mas Grissom  fez um sinal com a a cabeça para que não se movesse.

— Filha. Onde você estava? Eu estava preocupada com você. – Sua voz era fraca e cansada, as palavras saiam pausadas e um pouco enroladas, mas ainda sim, dava para se fazer entendida.

— Eu estava em casa aqui mamãe, com o papai.

— Papai? – Sara pareceu confusa.– Meu amor, a mãe já te explicou que seu pai era bombeiro, ele morreu antes de você nascer, ele era um herói.

— O papai Gil, mamãe.

Ela pareceu perceber a confusão da mãe, seu pai já havia explicado que as lembranças de Sara poderiam estar confusas, ainda sim, ela era somente uma criança para lidar com aquilo. Gilbert sabia disso, mas ainda sim, preferiu não interferir.

— E também minha irmãzinha, a Jujuba. – Ela continuou.

— Irmã? Como assim? – Sara ainda parecia mais confusa. – Você não tem irmãos, eu só tive uma filha. Você está bem?

Gilbert olhou para o lado, em direção a porta. Ele não havia percebido que Jujuba também havia acordado, e que estava ali, estática, ouvindo Sara dizer que tinha somente uma filha. Ela tinha apenas seis anos. E pareceu ficar em choque com a situação. Ela não falou nada, não se moveu um centímetro. Apenas ficou parada, olhando para Sara, enquanto a morena, insistia que Ju, era a única filha que havia tido, mesmo com os protestos delas tentando explicar que sim, ela tinha uma irmã.


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Notas finais do capítulo

Temos notícias boas e ruins nesse capítulo. É muito bom saber que a Jujuba finalmente vai poder se curar. O lado ruim tem sido a maneira que a Sara tem processado a morte do Noah. A gente tem que admitir que o Gil tem segurado muito bem essa barra, né?

E para o próximo capítulo, o que podemos esperar?

A) Sara continuará na mesma
B) Sara se lembrará de tudo e conseguirá reordenar as lembranças
C) Sara se lembrará de Jujuba, porém suas lembranças ainda estão confusas
D) Sara se lembrará de Gil



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