As meninas pareceram se entender quase que imediatamente, elas ficaram chocadas com tudo que tinham em comum. A data de nascimento e o nome foram as principais, claro. Mas haviam mais alguns gostos em comum que elas compartilhavam, como o amor pelo chocolate e pelo sorvete, dentre mais algumas coisas infantis que eram comum em quase todas as crianças, mas para elas eram coincidências incríveis. Sara passou algumas horas admirando as duas brincarem e desenharem, era tão lindo e emocionante de se ver. Porém após Grissom chegar e Ruth informar que Sara havia passado mal, ele foi o primeiro a chamar o médico da família e pedir para ele verificar como estava Sara.

A morena foi para a sala, deixando as meninas no quarto. Assim não as assustaria, Julia Sidle não precisava de mais sustos. Enquanto ela estava sendo examinada na sala, as duas meninas brincavam e conversavam no quarto. 

— Os adultos estão meio estranhos há alguns dias. – Julia Grissom comentou.

— Eu também achei. – Julia Sidle respondeu enquanto pintava.

— Eu acho que eu sei  que é. – As duas meninas pararam de desenhar. – Eu ouvi o papai dizer que Sara é minha mamãe.

— Eu também ouvir dizer que o Senhor Gilbert era meu pai. – Ela fez uma cara de quem estava com dúvida.

— Será que a gente é irmã?

— Bom, eu já vi um filme de gêmeas que uma fica com papai e outra fica com a mamãe. E eu ia adorar ter uma mamãe. Meu papai disse que a minha morreu.

— Minha mãe também disse que meu pai morreu. Mas a gente não é igual. Tem certeza que a gente é gêmea?

— Nem todas as gêmeas são iguais.

Elas se olharam e sorriram travessas. Elas tinham que perguntar para eles se essa era a verdade.

— Vem, rapidinho, vamos perguntar para eles.

— Eu não consigo correr, eu canso.

— Não tem problema não, a gente vai devagarinho então.

Enquanto isso na sala, o médico aferia a pressão e temperatura de Sara, Grissom havia ficado verdadeiramente preocupado, e mesmo com todas as recusas de Sara, por fim, acabou aceitando que o médico a examinasse.

— Ela parece bem. Realmente só passou por uma emoção forte.

Logo a campainha tocou, e Esther abriu prontamente. Era Roberto, ele entrou e foi direto para sala.

— Está tudo bem? Ruth me falou que Sara não havia passado bem e que não havia conseguido entrar em contato contigo. – Ele falava com Grissom, mas se sentou rapidamente no sofá perto de Sara. – Como você está?

Sara teve certeza que soltou um sorriso bobo, mas em seguida desviou o olhar.

— Eu estou bem gente, é sério.

Agradecendo a prontidão do médico em vir, Grissom o acompanhou até a porta deixando Roberto e Sara sozinhos por alguns instantes. 

— Eu fiquei preocupado. – Roberto sorriu para ela. – Tem certeza que está tudo bem?

— Está sim. – Ela sorriu envergonhada. – Agora só estou um pouco envergonhada de ter causado tanta preocupação em todo mundo. Eu apenas fiquei um pouco emocionada quando conheci a Ju. Eu não sabia bem como agir, o que dizer, e quando a olhei nos olhos parecia que meu coração ia parar de novo.

— De novo?

— Sim, quando a Ju nasceu eu tive uma parada cardíaca somente de olhar em seus olhos, também disseram que foi emoção. Eu não sei direito. Mas agora eu estou mais tranquila. Ela é tão linda. – Ela sorriu para Roberto.

— Ela é sim.

Grissom então voltou para sala, e foi quando finalmente percebeu que havia algo acontecendo ali. Sara e Roberto se olhavam de um jeito diferente, e ela sorria para ele de um modo sincero. Na realidade, ele nunca havia visto ela sorrir assim. Seu sorriso era lindo. Porém aquilo de alguma forma o incomodou, embora ele não soubesse exatamente o porque.

Ele estava a ponto de interromper aquela ceninha, quando as meninas fizeram isso. Fora engraçado, pois Julia Grissom sempre vinha correndo e atropelando tudo, mas por causa da amiga, ela veio calmamente caminhando ao seu lado.

— Papai. – Ju olhou Grissom.

— Mãe. – Jujuba olhou Sara.

— A gente tem uma pergunta séria para fazer para vocês!

Sara virou-se para Grissom e eles se entreolharam. Alguma coisa lhes dizia que não ia sair boa coisa daquela conversa. Grissom sentou-se ao lado de Sara, e ela ficou entre os dois homens, enquanto isso, as meninas ficaram em pé, entre o sofá e a mesa de centro, na altura dos olhos deles. Ju tinha uma postura mais imponente, de braços cruzados, pronta a disparar a pergunta. Ja Jujuba era mais tranquila e parecia estar com medo dessa conversa tanto quanto os adultos.

— Nós duas somos irmãs? – Ju disparou na hora. – A Sara é minha mãe e você é o pai da Julia Dois?