— Irmãs? – Grissom olhou abismado.

— Julia Dois? – Sara também estava confusa.

— Sim, a Julia um mora a mais tempo na casa, então ela é a um… Eu cheguei agora e sou a dois. – Jujuba ergueu os braços como quem dizia que também não entendia nada.

— Sim, irmãs. – Ju também respondeu. – Eu ouvi você dizendo que Sara é minha mamãe, e a Julia Dois ouviu a Sara dizendo que você é o papai dela. A gente tem mesmo nominho e nascemos no mesmo dia. Somos gêmeas!

Grissom e Sara não sabiam exatamente o que falar. Elas tinham apenas seis anos e pareciam uns pequenos prodígios. Como naquela idade elas iam juntar os pontos dessa forma e chegar a essa conclusão tão rápido? Estava errado, claro, mas era o mais próximo da verdade possível. Eles não estavam preparados para essa conversa ainda. Ainda sim, quando se olharam, eles sabiam que teriam que adiantar o assunto e contar a verdade.

Por um momento eles quiseram rir, mas ambos se contiveram.

Eles pegaram as meninas no colo e Roberto se retirou da sala, assim deixaria eles mais a vontade para conversar com as crianças. No entanto, Grissom pediu para que ele não fosse embora, mas que aguardasse no escritório, pois precisava conversar com ele depois. Voltando as meninas, eles começaram a explicar.

Não fora fácil ilustrar de uma maneira fácil de compreender, de fazê-las entender que foram trocadas no hospital e lhes falar que não eram seu pai e sua mãe de sangue, mas que ainda sim, os amavam como tal. As meninas tinham semblante triste, estava confusas, mas no final das contas pareciam ter encarado com mais facilidade que os adultos.

— Então Sara é a minha mamãe. E você não é meu papai? – A voz de Ju era trêmula.

Grissom então colocou as mãos em volta do rosto da pequena e olhou no fundo dos olhos dela.

— Julia, eu sempre. Sempre. – Ele enfatizou. – Vou ser seu pai. Não importa o sangue, o que importa é o sentimento, e eu te amo, e você é minha filha. Mas agora eu também sou papai da Jujuba, e agora a Sara também é sua mamãe.

— Isso é um pouco confuso. – Julia Sidle balançava os pés sobre o colo da mãe.

— O que é confuso minha princesa? – Sara ajustou os cabelos da menina para trás da orelha.

— Se você é a mãe da Julia Um e o Grissom é o pai da Julia Um. E se você é minha mãe e o Grissom meu pai. Então como a gente não é irmã? – Seu rostinho confuso, era uma graça.

— Não é que você está certa? – Grissom interferiu quando percebeu que Sara não tinha muito que falar. – Como nós dois somos bobos, né Sara? É obvio que se vocês duas tem o mesmo pai e a mesma mãe, vocês são irmãs.

As meninas pareceram extremamente felizes naquele momento. Grissom estranhou, apesar de se conhecerem há poucas horas, elas pareciam extremamente ligadas já. E pegando Jujuba – ou Julia Dois – pelo braço, Ju foi com ela direto para o quarto.

— No fim, a única coisa que importava para elas eram ser irmãs. – Sara riu consigo mesma. – Nós adultos somos realmente complicados. – Ela deu os ombros.

— Ela ta aprontando alguma coisa. – Grissom pensou alto quando viu Ju se afastando.

— Como?

— Quando ela enruga a testa e dá aquele sorrisinho meio de lado. Ela teve alguma ideia e geralmente vai aprontar alguma coisa.

Quando Grissom se virou para a Sara, ela tinha exatamente a mesma expressão. Ele olhou um pouco pasmo, ainda se acostumaria com isso. Ambas eram muito parecidas.

— Bom, ao menos sei a quem ela puxou agora. – Ele riu. – Vamos ao meu escritório.