Love is blue escrita por Lola


Capítulo 19
Capítulo 19 - Mais próximo de você


Notas iniciais do capítulo

Olá olá!
Obrigada a todos que leram e comentaram.
Um cap pequenininho para podermos fazer uma ponte ao que realmente interessa.
Como será que eles ficaram juntos, eim? hehe

xoxo espero que gostem



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Capítulo 19 - Mais próximo de você

 

“Não sei o que fiz antes de te amar”

Daniel Jonas



Grissom sentiu seu celular vibrar novamente. Aquela deveria ser a terceira ligação em menos de 10 minutos. Mas ele não se importava. Tudo que conseguia fazer era escutar a voz de Sara ressoando em sua cabeça, falando sobre seu passado. Seu pulso definitivamente estava acelerado, além do incômodo aperto que estava no peito. Ele estava zangado, zangado consigo mesmo como a muito não ficava. 

Se não tivesse passado tanto tempo preocupado em se esconder dos próprios sentimentos, talvez houvesse percebido o sombrio caminho que Sara estava trilhando. Ele estava apaixonado pela mulher em iguais proporções não acreditava que poderiam dar certo. Mesmo que ela ainda fosse apaixonada por ele, mesmo que dias antes tenha dito que veio para Vegas por sua causa, hoje ele teve certeza que estava atrasado, e já era tarde demais para os dois. Foram quase cinco anos de uma dança entre se aproximar e afastar, e somente agora ele pode ter noção de todos os estragos. Ele havia falhado não apenas quando a rejeitou por puro medo, mas também falhou como seu amigo e chefe, como a pessoa que a trouxe para aquela cidade, longe de todos que ela conhecia. 

Mas ele ainda precisava fazer algo sobre ela. Mesmo que tudo que ele pudesse ter fosse apenas sua amizade. Ele não iria permitir que Sara fosse despedida, especialmente quando parte de tudo isso era sua responsabilidade. Ela era uma excelente criminalista, e ele precisava dela. 

Grissom estacionou seu carro e respirou fundo. Sentindo que demoraria bastante tempo para que se acalmasse completamente. O rosto de Sara continuava gravado em sua memória, as lágrimas e todas as palavras cheias de tristeza. Tirou seu celular do bolso e pode ver duas chamadas de Ecklie e uma de Catherine. De uma forma impressionante aquilo o irritou mais, e pode sentir sua mão contrair ao redor do aparelho. Saiu de seu carro disposto a resolver aquela situação o mais rápido possível.

Ao entrar foi direto para o escritório de Ecklie, porém ele estava vazio. Resolveu passar pelos corredores e procurar Catherine. Quando estava chegando na sala de descanso, pode ver as duas pessoas que procurava sentadas juntas e aparentemente em uma conversa bastante confortável. 

Se aproximou dos dois e logo disse - Você queria falar comigo sobre Sara?

— Não recebi a ação disciplinar dela. Por que a demora? - Ecklie perguntou calmamente.

— Não vou despedir ela.

Ecklie se acomoda melhor em sua cadeira, incomodado com a resposta de Grissom. Catherine decide intervir.

— Que ação vai tomar?

Grissom parece pensar por um momento, até responder - Já tomei.

Ele nunca havia sentido tanta certeza em si mesmo. Não importava o que dissessem sobre ele, nem mesmo como isso poderia prejudicar seu trabalho, pois ele devia isso a ela.

— Pensei ter sido claro - Ecklie disse.

— E foi. Agora me deixe ser claro. O comportamento de Sara é resultado direto da minha gestão.

— Então devia despedir você.

— Mas não vai - Grissom contra argumentou, usando seu tom de voz mais confiante.

— Olha, Gil… Já passei por isso, somos humanos. Ficamos próximos das pessoas, tentamos resolver seus problemas. Não funciona.

— Ela é uma ótima criminalista, Conrad. E eu preciso dela.

— Tenho certeza que precisa - Ecklie começa a mexer nos papeis sobre sua mesa, se irritando com a postura do supervisor noturno - Sabe o que mais? Ela esta fora de controle, e ela é toda sua - levanta-se de onde estava sentado e saí para o corredor. 

Grissom sente o peso daquelas palavras. Ele é inteligente o suficiente para saber que Ecklie não iria passar por cima de sua decisão, especialmente quando ele tinha a proteção do xerife. Mas definitivamente aquele havia sido o movimento mais arriscado em seu trabalho nos últimos anos.

Catherine o encarou em silêncio, esperando alguma explicação do amigo.

— Então…

— Eu falei com Sara - ele diz rapidamente - e ela tem consciência que passou dos limites com você.

— E ela explicou por que anda tão nervosa?

— Isso não irá se repetir - ele desviou a pergunta - Sara está passando por um momento delicado, mas nós já estamos resolvendo isso.

Catherine o olha atentamente. O que havia de diferente em seu amigo? Ela nunca o havia visto tão determinado em defender alguém. Mesmo que se tratasse de Sara, aquela era a primeira vez que ele se posicionava tão abertamente. 

— Existe algo que eu deveria saber? Sobre Sara?

Grissom olhou bem no fundo dos olhos de sua amiga, esperando que ela entendesse - Todos nós temos os nossos fantasmas… E as vezes podemos acabar descontando nas pessoas erradas.

— E quem seria a pessoa certa?

— Eu - Grissom respondeu prontamente. 

Catherine não fazia ideia do que ele estava dizendo. Mas ela confiava nele. Mesmo que ainda estivesse com raiva de sua colega pelo que ela havia dito, se Grissom estava tentando dizer que ela deveria relevar isso, ela iria considerar.

— Okay - ela disse.

— Obrigado.

Sem delongar mais aquela conversa, Grissom saiu rumo a seu escritório. 

 

///

 

Uma semana depois

 

Sara remexeu-se em sua cama, escutando um barulho de fundo em sua consciência. Algo não estava certo.

Em um clique de reconhecimento, abriu seus olhos e ergueu seu corpo, procurando por seu telefone. Não que ela precisasse se apressar para atender alguém, já que voltaria para o trabalho apenas no dia seguinte. Porém velhos hábitos são difíceis de mudar, e não pode conter o reflexo.

— Alô - disse rápido e alto demais.

— Eu te acordei?

Grissom.

— Grissom?

— Desculpe, te acordei?

Sara olhou perdidamente para algum ponto em sua cama, ainda com os pensamentos letárgicos pelo sono. 

— Sim.

— Sinto muito… - ela pode perceber que ele hesitou em reação a sua resposta, porém seu cérebro não reagiu - Bom… Estou saindo do laboratório agora e pensei… pensei que poderíamos tomar um café.

Sara continuou em silêncio, sem entender nada. Grissom queria tomar café com ela?

— Sara? Tudo bem?

— Oi! Sim… tudo bem.

— Então… Eu pensei em comprar algo e levar no seu apartamento… Se você não se importar.

Ela precisava responder. Sentia-se estranha com aquele convite, mas não tinha forças para recusar naquele momento - Okay.

— Okay… Devo chegar aí em 30 minutos. Vou apenas passar em algum lugar para comprar nosso café. Tem algo especial que você gostaria que eu levasse?

— Ham… Não, só o café já está bom.

— Certo. Até daqui a pouco.

— Até.

Desligaram. 

Sara abaixou o telefone e ficou encarando o objeto sem suas mãos por alguns segundos. Respirou fundo e soltou um longo suspiro, sentindo uma onda de confusão se espalhar por sua baixa consciência. 

Nos últimos dias, Grissom havia ligado para ela duas vezes, e realmente demonstrado interesse em saber como ela estava. E agora ele queria tomar café. Uma vozinha chata não parava de ressoar em sua cabeça, alertando-a para ele estar com pena dela. Por que mais ele teria mudado de comportamento logo após ela falar sobre seu passado? Sentiu-se triste.

Levantou-se de sua cama e rumou para o banheiro. Ela precisava tomar um banho rápido e trocar de roupa. Não queria pensar muito agora. Tudo que podia fazer era aceitar aquela visita, e limitar-se a aceitar o que ele estava disposto a oferecer. Mesmo que não soubesse exatamente o que.

Tomou um banho frio para despertar. Optou por roupas confortáveis, uma camiseta grande e larga e calça de moletom. Ela não queria ter a falsa sensação de que deveria se arrumar para ver Grissom. Deixou os cabelos molhados soltos, com o intuito de logo prendê-los em um rabo de cavalo quando começassem a secar e ganharem volume. Foi o tempo exato de colocar seus chinelos e escutar algumas batidas em sua porta. 

Suspirou novamente. Pode sentir seu coração acelerar e seu estômago revirar consideravelmente. Era incrível o efeito que aquele homem tinha nela. 

Rumou para a porta de forma automática, sentindo que seu corpo trabalhava independente de sua vontade racional. Pois tudo que gostaria era poder esconder-se em seu quarto e não precisar encarar a pena de Grissom.

— Hey - disse ela, abrindo a porta.

— Hey - ele sorriu para ela. 

O estômago de Sara revirou mais um pouco. Ela abriu espaço para que ele passasse.

— Desculpe tê-la acordado - disse Grissom, levando uma sacola para o balcão de sua cozinha.

— Não tem problema - ela caminhou para perto dele.

— Eu trouxe seu café - retirou um grande copo de isopor de uma das sacolas - Forte e com açucar.

— Obrigada - ela sorriu para ele pela primeira vez.

Grissom deixou que sua atenção ficasse nos lábios de Sara por mais tempo que o normal. Sentiu seu coração subir e descer pela garganta.

Ele não pode deixar de notar como ela parecia confortável. Roupas simples e cabelos molhados. Seu rosto estava levemente corado, e nunca se sentiu tão atraído pela mulher como naquele momento. Ele havia sido um idiota por afastá-la. Mesmo que eles não dessem certo, desejou que pudesse ter tentado algo com ela. 

— Você não vai se sentar? - ela perguntou, incomodada com o silêncio do homem a sua frente, parado olhando fixamente para ela. 

Grissom sorriu sem graça, sentando-se com Sara no balcão.

— Eu trouxe alguns bolinhos também - ele retirou uma grande caixa da última sacola, abrindo-a.

— Alguns? - ela arqueou as sobrancelhas, rindo das expressões de Grissom.

Havia pelo menos 15 bolinhos diferentes na caixa.

— Eu não sabia qual você gostava - ele deu de ombros.

— Obrigada - Sara pegou um, deu um mordida e sorriu.

Então veio o silêncio. Grissom tomava seu café enquanto revezava entre olhar para Sara e através dela. Já a mulher, manteve os olhos fixos no balcão, sem ousar encarar Grissom.

Seria tarde demais? Ele pensou consigo mesmo. Após todo esse tempo, e todo o sofrimento que ele a fez passar, teria o direito de lhe perguntar isso? Era como ter dois Grissom dentro de sua cabeça, um dizendo que ele ainda não estava atrasado, que ele deveria dizer a ela como se sentia, e o outro repetindo que não poderia mais fazê-la sofrer, e que tudo que poderiam ser era bons amigos. 

— Grissom…

— Hum - ele foi tirado de seus devaneios. Sara estava olhando para ele.

— Por que está aqui?

Ela precisava perguntar aquilo. Não estava mais suportando aquela situação. Mesmo que estivesse feliz pela aproximação, mesmo que ele parecesse realmente confortável com ela. Aquilo só podia ser consequência de algum sentimento como pena.

— Para tomarmos café?

— Além disso… Quero dizer - ela procurou as melhores palavras - Não que eu não esteja feliz com isso… é só que, bom, isso não é comum… e desde que conversamos… Eu não gostaria que você estivesse se aproximando de mim apenas por pena.

Grissom sentiu-se confuso, e ao mesmo tempo envergonhado. Abaixou os olhos e voltou a encarar Sara. Sentiu-se pequeno diante a mulher, vendo-a ali, sendo sincera com ele, enquanto tudo que ele fez nos últimos anos foi fugir. Ele havia passado a semana toda ensaiando como seria aquele café, ensaiando se aproximar dela, e fazê-la sentir que ele realmente se importava. 

— Eu disse que não sentia pena, e não estou aqui por isso.

— Então por que você está aqui?

Sara olhou suplicante, deixando transparecer em seu tom de voz toda a tristeza das inúmeras vezes que ele simplesmente a afastou. 

— Por que… Eu gostaria de me desculpar - estendeu sua mão até a de Sara sobre a mesa, segurando-a com a força necessária para transmitir segurança - Eu fui um péssimo amigo pra você durante todo esse tempo - Grissom manteve seus olhos baixos, fitando sua mão segurando a de Sara - Eu nunca soube exatamente o que fazer… ahm, o que fazer sobre nós, mas… Eu gostaria que você soubesse que eu me importo com você, e se… Caso você queira, eu gostaria de estar mais próximo.

Sara permitiu que seu coração se alegrasse. Apertou a mão de Grissom em resposta a suas palavras, impressionada com tudo que ouviu. E quando ele finalmente ergueu seus olhos, ela pode vislumbrar com certeza toda a sinceridade de suas palavras refletidas em sua íris azul. 

Ele não havia dito que a amava, ou que gostaria de um relacionamento com ela. Mas disse que se importava e gostaria de estar mais próximo. Aquilo era muito mais do que pensou ser possível nos últimos tempos. Sua única dúvida era se poderia se contentar com aquilo, uma proximidade como aquela sem se abalar.

— Acho que posso usar um pouco mais dessa proximidade - ela disse em tom leve, pois sabia que dizer tudo aquilo havia sido bem difícil para Grissom.

Ele sorriu para ela, sentindo que boa parte do peso em seu coração havia finalmente sido retirado.

— Obrigado.

— Pelo que? - ela riu, se aproveitando ao máximo da sensação que era ter a mão de Grissom unida com a sua. Ele ainda não havia quebrado o toque, não seria ela a fazer isso.

— Pela paciência.

Ela apenas sorriu.

Então ele puxou sua mão, consultando as horas no relógio de pulso.

— Acho melhor eu ir, você deve ter suas coisas pra fazer e eu preciso dormir um pouco.

— Certo.

Ele se levantou e foi até a porta, sendo seguido por Sara.

Quando ele se virou olhou bem em seu rosto, guardando cada detalhe daquele momento. Ela pareceu-lhe mais leve, menos tensa.

— Obrigada pelo café.

— Eu quem agradeço, Grissom.

Ele queria abraçá-la, mas decidiu que isso seria precipitado demais. Eles teriam tempo - Te vejo amanhã?

— Você verá.

E pela segunda vez naquela semana, Sara viu Grissom sair de seu apartamento. Mas, diferente da primeira vez, hoje ela sentia que algo estava realmente diferente entre eles. 


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