Love is blue escrita por Lola


Capítulo 12
Capítulo 12 – O amor continua porque não sabe onde parar




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Capítulo 12 – O amor continua porque não sabe onde parar

 

O Guarda-rios

 

“É tão difícil guardar um rio

quando ele corre

dentro de nós”

 

  Grissom vinha sentindo-se como um vulcão prestes a explodir. Estava cada vez mais difícil ministrar a quantidade de pensamentos e sentimentos que vagavam por seu interior. Mas ao contrário dessas grandes massas de terra e lava quente, que quando saturadas estouravam e lançavam para todos os lados aquilo que estava dentro de si, o supervisor noturno mantinha-se em um movimento contrário onde suas pequenas explosões aconteciam de fora para dentro, e poucas eram as evidências para aqueles que o cercavam. Manter-se mais distante das pessoas, passava como normal, continuar com frases simples e sem grandes diálogos, também passava, expressões duras em seu rosto e sua barba de volta, nada de mais. A verdade era simples, e ninguém notava as inúmeras tragédias e guerras que Gil Grissom trazia no peito. Ótimo, pensou ele.

Ele tinha seu trabalho e suas obrigações, aquela era sua vida. Como um rio que corre e transpõe qualquer obstáculo que o impeça de alcançar seu destino, ele se sentia indo para algum lugar desconhecido. Qual era seu objetivo? Costumava ser tão claro, e nos últimos tempos, a rotina de uma vida sempre igual o prendeu e retirou de seu alcance aquilo que imaginava como um futuro. Mas por pouco nem as repetições diárias lhe seriam mais possíveis. O que ele teria feito caso a cirurgia de seu ouvido houvesse falhado? Por sorte, era como nascer de novo, e poder escutar os mínimos detalhes de qualquer som ao seu redor, poder ouvir a voz de qualquer um que lhe falasse, era algo que ele não sabia como poderia viver sem.

Ele ainda se lembrava do medo instantâneo que o tomou ao perceber pela primeira vez que seus ouvidos estavam falhando. De repente em meio a um caso, uma fala perdida, uma explicação. Daquele momento em diante tudo perdeu completamente o foco. O que seria do seu trabalho? Como poderia viver daquela forma? Afinal, seu trabalho era sua vida. Talvez ainda não estivesse suficientemente preparado para uma reflexão como essa, para encarar o peso de resumir uma vida a sua profissão. Mas lá estava ele, no meio de um caos desequilibrado, apavorado em perder sua audição, sentindo-se perdido e sem rumo. Todos ao seu redor puderam sentir de alguma forma as consequências do seu desespero. Como forma de defesa ele se afastou mais de sua equipe, tornou-se mais fechado e rígido em seu trabalho como supervisor. Um homem perdido no próprio planejamento perfeito.

Catherine tinha se mantido presente, e ele devia muito a mulher. Ela sempre fora uma boa amiga, mesmo quando ele era um perfeito idiota. Esteve presente durante a cirurgia e depois, enquanto tirou 3 semanas de folga. Ele também sabia que ela era a responsável por deixar escapar para o resto de sua equipe sobre sua condição de saúde, mas naquela altura isso já não era mais tão importante. Com o passar dos dias em recuperação, nada era mais significativo do que comemorar o mínimo ruído captado por seus ouvidos. Foi como ter a vida retomada em conta gotas. Ele poderia voltar para a tranquilidade de sua carreira, sem a preocupação com um futuro complicado e incerto. Mas será? Após todo o ocorrido, uma sombra enorme de dúvidas estava pairando sobre seus pensamentos. Percebeu que após 48 anos, sua vida esteve pautado em algo muito menos sólido do que imaginava. Por pouco não perdeu tudo.

Grissom olhou para os lábios de Sara, e percebeu que ela havia parado de falar, e que havia uma expressão irritadiça em seus olhos. Ele não se importou, porque sua voz ainda ecoava por seus ouvidos, mesmo que não tenha prestado atenção alguma em seu conteúdo. Como estava feliz por ouvir a voz de Sara.

— Grissom?

— Hum.

— Você escutou o que eu disse?

— Uhum – ele continuou sua análise, fixo em seus lábios, atento ao doce som que era a voz de Sara em seus ouvidos. Pensou sobre como sentiria falta da voz dela caso não pudesse mais ouvi-la.

— O que eu disse? – ela o desafiou, e somente neste ponto, Grissom acordou de seus pensamentos.

Grissom olhou para seu rosto bonito, e se lembrou de como nos últimos dias ela o havia evitado. Ele também evitava pensar sobre o motivo claro de tal comportamento.

— Informações sobre o caso? – ele arriscou, usando uma justificava bastante abrangente.

Sara revirou os olhos – Ok, você não escutou – ela deu de ombros, não se importando em esconder sua frustração – Estou indo pra casa, tchau Grissom.

Deixando um envelope de papel pardo sobre a mesa do supervisor, Sara se virou e saiu o mais rápido que pode do escritório.

Grissom observou seus movimentos, ainda imóvel atrás de sua mesa. Com a ponta dos dedos apertou um pouco os olhos, retirando o óculos e guardando-o dentro de seu casaco. Era inevitável, ele precisaria pensar sobre Sara.

Mas o que exatamente havia para pensar?

Ela o convidou para jantar, obviamente com intenções diferentes de apenas dois amigos compartilhando uma refeição. E de onde vieram essas intenções realmente? Antes de tudo eles eram amigos, e nunca conversaram sobre nada que fosse muito longe do tema trabalho. Ele havia dado algum sinal para ela? Ela realmente poderia estar interessada nele? Havia muito mais perguntas do que respostas, e essas eram as perguntas que Grissom menos gostava e tinha habilidade para lidar.

Suspirou profundamente, recostando todo seu corpo em sua cadeira, fechando seus olhos com força. Não era preciso mais escuridão do que a habitual de sua sala. Mas fechar seus olhos e tentar visualizar em sua mente o que estava ao seu redor era algo que ajudava-o a acalmar os pensamentos. Estantes, meus livros, meus experimentos, porta fechada, persianas, mesa, papeis... Grissom continuou seu exercício por alguns segundos, até que abriu seus olhos e sorriu fracamente. Observou a sala escura, fazendo um leve escrutínio de todas as coisas que a compunham, igualando comparações a seus recém pensamentos. Então ele viu o papel pardo sobre sua mesa e a imagem de Sara voltou para sua atenção. Ele gostava bastante da mulher – não apenas por tê-la trago para Las Vegas, mas ele sabia disso com clareza sempre que se lembrava das ocasiões onde ela esteve chateada consigo e não soube o que fazer, ou quando decidiu-se por um transferência. Grissom lembrou-se de quando a conheceu e como uma onda intensa de sentimentos o invadiu naqueles dias, fazendo-o até mesmo querer beijá-la. Será que não seria ele a ter sentimentos pela mulher?

Talvez suas reflexões já estivessem indo longe demais. Sua preocupação, junto de qualquer outro sentimento que nutrisse pela morena, eram naturais entre dois amigos, e provavelmente Sara estava fazendo confusão sobre isso. Ele era seu supervisor, eles trabalhavam juntos, e um relacionamento definitivamente não era algo que estava em seus planos. Já fazia muito tempo desde o último, e não foi necessário muito para entender que em sua vida o trabalho que escolhera não permitia uma vida pessoal compartilhada. E ele escolheu seu trabalho, como sempre fez desde jovem. Ele e Sara não poderiam dar certo. Mesmo que sem muito esforço fosse possível enxergar todas as coisas que tinham em comum.

Definitivamente, ele estava indo longe de mais em seus pensamentos.

Mas Sara estava chateada, obviamente, e Grissom não sabia o que fazer para remediar a situação. Logo ela iria entender que eles não tinham como funcionar juntos, e iria esquecer o que aconteceu. Ele esperava que sim, pois a última coisa que gostaria era que continuasse pairando sobre eles toda aquela energia estranha dos últimos dias.

//

Dias depois...

Casos difíceis sempre exigiam muito de toda equipe. Especialmente Grissom. E quando algo dava errado e o xerife decidia que sua presença de alguma maneira faria as coisas se resolverem mais rápido, aquilo só deixava o supervisor noturno mais irritado. Era cobrança atrás de cobrança, e tudo que ele poderia fazer era colocar toda sua equipe trabalhando o máximo. O modo supervisor estava ativado no nível máximo, e quando seu foco se encontrava tão restritamente em seu trabalho, as pessoas que o cercavam acabavam por sofrer os reflexos de seu comportamento.

Sara sentiu muito diretamente as implicações do modus operandi de seu chefe. A forma como ele a retirou de seu caso, e como falou com ela na frente do todos, definitivamente não havia sido legal. Sentia-se subjugada e deixada de lado, muito mais do que já se sentiu outras vezes. O lado racional que dominava sua vida tentava convencê-la que ele não havia feito por mal, e que aquele era apenas o modo supervisor em ativa. Mas mesmo assim, foi dolorido o choque de indiferença. A forma como suas palavras lhe bateram na face, e então desceram até o coração. Ela andava muito emocional sobre o homem nos últimos tempos.

Fixou seus olhos no lençol machado de sangue a sua frente, tentando se concentrar no trabalho – mas tudo que conseguia era ouvir o não de Grissom ecoando em sua mente, e como ele fazia arder seus olhos. Ela havia tentado, pois pensou que em algum lugar da relação deles poderia haver os sentimentos que o motivavam a lançar facadas como “desde que te conheci” ou “eu preciso de você”. Mas parecia que havia se enganado feio sobre ele e o que ela pensava que havia de sentimento naquela relação. Pessoas se apaixonavam sozinha, afinal. As expectativas estavam ali, pairando sobre sua cabeça quando o convidou para jantar, e mesmo com toda a coragem reunida, no fundinho se sua racionalidade sensata, ela já sabia a resposta do homem. Ela disse que um dia poderia ser tarde demais, mas nem mesmo Sara tinha certeza sobre a dimensão de seus sentimentos.

Sara só esperava que isso não atrapalhasse na relação deles no trabalho. Que evitar um ao outro e trocar poucas palavras fosse o ápice de suas desavenças. Somente isso já era o suficiente para deixar os dias mais longos e duros.

— Checando meu trabalho? – Grissom entrou na sala onde Sara estava e se aproximou.

— Só estou olhando – disse ela, mantendo a postura e o olhar fixo no lençol. Era só pensar no homem que ele aparecia.

Ele concordou em um aceno, encarando a mulher que apenas olhou para si de relance. Ela parecia bastante concentrada. Colocou a mão nos bolsos e curioso, perguntou: - O que está pensando?

— Bem, o corpo dela deixou este vazio – Sara descruzou seus braços e caminhou até o lençol, indicando com a mão o que estava dizendo, então virou para encarar Grissom – O estuprador estava por cima e a agarrou pelos pulsos.

— O que explica a transferência de cera dele para ela – Grissom concluiu o raciocínio.

— Sim – ela sorriu leve, concordando com a cabeça – Me prenda – disse suavemente.

Grissom encarava Sara em um leve torcer de seus lábios, bastante envolvido com toda explicação. Imediatamente ao pedido da mulher, ele entendeu o que ela queria fazer. Aproximou-se e segurou os antebraços dela, erguidos no rumo da cabeça, ambos muito pertos.

— Ela deve ter lutado – Sara desviou rapidamente seus olhos para as mãos de Grissom enquanto encenavam uma pequena luta, logo voltando ao contato visual – Depois desistiu – Sara revezava sua atenção entre os olhos fixos de Grissom nela e o que estava acontecendo em seus braços – Em seguida, quando ele se levantou, pôs as mãos nos lençóis para levantar – Sara olhou novamente para baixo e depois para Grissom.

— Dessa maneira – ele solta os braços da mulher, e coloca cada uma de suas mãos em um dos lados da cintura de Sara – O que explica como a cera passou dele para os lençóis.

— Sim – Sara que estava olhando para baixo, volta sua atenção para o homem a sua frente, ficando cara a cara com ele, dentro de um espaço pessoal quase que completamente inexistente.

Eles estavam perto demais, ela podia sentir a respiração quente e suave de Grissom em seu rosto, e o peso de ter seus olhos tão fixos e próximos dela. Então se lembrou sobre o que estava pensando minutos antes dele chegar, e como não gostaria que toda essa coisa sobre eles atrapalhasse em seu trabalho.

— Grissom, eu... Queria te falar uma coisa – ela se retira de entre Grissom e a parede com o lençol, buscando o máximo de espaço para poder respirar e manter distância entre eles.

— Diga – ele fala simplesmente, ainda sentindo a mudança repentina de comportamento de Sara.

— Sabe que concorri à promoção em nossa equipe.

— O seu requerimento está na minha mesa – ele se lembrou então do envelope com papel pardo, e fechando um pouco os olhos, lembrou-se que era sobre isso a conversa de Sara dias antes.

— Sobre isso... Eu precisava saber... – desconfortável, mas seguindo sua linha de coragem, Sara desviou os olhos por poucos segundos antes de continuar: - Preciso ter certeza que algo que aconteceu ou não entre nós não influenciará.

Sem conseguir disfarçar sua confusão, Grissom encarou Sara sem palavras, de boca levemente aberta e olhos aturdidos. Não foi capaz de dizer nada, ainda processando as palavras da mulher a sua frente. Em reação a todo o silêncio, a mulher pode sentir uma onda de nervosismo lhe subir a garganta, e começou a falar novamente:

— Não importa. Eu não deveria ter dito nada – virou-se de costa para Grissom – Eu... Estou sempre falando demais na sua frente... – Sara o encarou finalmente e disse tudo em meio a um sorriso desconcertado, sentindo o peso do erro que era ter iniciado aquela conversa. Virou-se e saiu da sala, desejando que a terra se abrisse e ela pudesse entrar nesse buraco e nunca mais sair.

Grissom olhou para a porta onde Sara havia acabado de sair, ainda sentindo uma confusão enorme. Ela definitivamente tinha a capacidade de falar muitas coisas na frente dele, coisas que ele definitivamente não entendia a metade e de onde vinham.

E que diabos ele estava pensando em ficar tão perto dela? Quando olhou nos olhos de Sara, sentiu-se ser invadido pela mesma sensação de anos antes, quando eles quase se beijaram. Seus profundos olhos castanhos o prenderam com tamanho magnetismo que tudo que ele podia fazer era se aproximar, cada vez mais. A forma como seus lábios se moviam e como o som de sua voz soava perfeito em cada palavra pronunciada. Tudo aquilo veio sem controle, e Grissom odiava perder seu controle. A maneira como seu cabelo emanava um doce perfume, e como seu rosto era jovem e bonito.

Grissom balançou a cabeça e ergueu as sobrancelhas, repreendendo-se por tais pensamentos. Estava sendo levado pelo comportamento de Sara, deixando-se afetar. Ele precisava manter sua compostura, manter a distancia correta e as palavras também. Sara era sua amiga, ele se importava com ela, não gostaria que isso fosse estragado. Mas aquele tipo de conversa não poderia continuar acontecendo, eles trabalhavam juntos, ele era seu chefe. E definitivamente ele não seria parcial sobre a promoção, ele jamais faria isso.

(...)

Caso encerrado. Como Grissom gostava daquela sensação de dever cumprido. Novamente seus esforços, junto dos de sua equipe, foram recompensados. Mais um dos bandidos fora preso, e os mocinhos prosperaram. Finalmente as coisas poderiam voltar ao normal, todas as rotinas restabelecidas.

— Parabéns, pessoal! Vocês fizeram um ótimo trabalho – Grissom disse fora do tribunal para Catherine, Nick e Sara.

— Muito obrigado pela ajuda, gente – Warrick disse.

— Você sabe, cara – Nick começou – Você sempre pode nos pagar um café da manhã como recompensa – o texano deu leves batidinhas no ombro do amigo, sorrindo brincalhão.

Todos emitiram sons de concórdia.

— Eu definitivamente posso fazer uso de uma grande xícara de café e bolinhos – concordou Catherine.

— Eu sinto mesmo que a Cath – Sara piscou para o moreno de olhos verdes – ainda mais que fiquei sem o meu caso por você.

Grissom pode notar o olhar que Sara lhe lançou quando disse isso, mesmo que muito rápido.

— Ok, ok – Warrick sorriu amplamente – Eu pago um café pra vocês, seus aproveitadores – Você vem, Griss?

O supervisor deu de ombros e sorriu – Quem recusa café de graça?

— Ótimo, vamos logo então – Catherine deslizou seus óculos escuros sobre a face, fazendo sua habitual jogada de cabelo – Vamos porque eu realmente gostaria de ver minha filha depois de três dias longe dela.

— E dormir seria ótimo também – Nick completou – Até mesmo Sara disse estar cansada.

— Bom, se a Sara está cansada... – Warrick zombou – nós realmente não devemos demorar nesse café e correr o risco dela mudar de ideia.

A morena segurou um sorriso em seus lábios, formando um leve bico – Vocês poderiam cuidar da vida de vocês, o que acham?

Assim seguiu-se o clima entre os CSI’s, até chegarem na lanchonete que costumavam sempre se encontrar após os turnos. Todos bastante animados e envolvidos em conversas descontraídas. Grissom sentia-se muito contente, vendo seus amigos sorridentes e leves. Por alguns segundos ele se esqueceu do vulcão que morava dentro de seu peito, e como havia milhares de sentimentos e pensamentos prestes a explodirem. Ele estava sentado ao lado de Catherine, do lado da janela, de frente para Sara, que se encontrava em uma conversa animada com Greg. O jovem havia chegado a pouco, e já enchia a todos com suas piadas e histórias excêntricas. O supervisor noturno sentiu uma pontada engraçada em seu estômago, ao ver como Sara olhava para jovem ao lado e sorria. Os cabelos caindo leves por seu rosto, os lábios corados por alguma espécie de batom, a pele branca.

— Já voltou atrás em seu comportamento?

Catherine o tirou de seus devaneios, lhe dando um leve cutucão no braço e falando meio sussurrado.

— Desculpe?

— Bom, você realmente foi ótimo hoje como supervisor – a loira lançou um olhar para Sara, que continuava com sua atenção em Greg – mas definitivamente, não combinou muito com você.

Grissom ficou confuso – Pensei que você havia dito que foi apropriado.

— Oh, você foi sim – ela sorriu de lado, dando uma última mordida em seu bolinho – mas eu tinha certeza que você voltaria atrás.

— Por que? – ele continuava sem entender toda aquela conversa.

Após o comentário de Catherine, mais cedo, ele realmente havia pensado sobre a forma como falou com Sara, e chegou a conclusão que poderia ter sido um pouco mais gentil.

— Tenho certeza que você é capaz de descobrir sozinho – ela riu novamente, dando uma piscada para o amigo – Pessoal, já está na minha hora! Minha filha precisa de uma mãe.

— E eu preciso de uma carona – Nick disse prontamente.

— Então vamos, garoto – Catherine se levantou – antes que Grissom resolva nos dar mais trabalho.

— Bom descanso pra você também, Cath – Grissom sorriu seu habitual sorriso torto.

— Eu acho que vou querer mais um café – Sara também se levantou – Alguém gostaria?

— Como você pretende dormir depois de tanta cafeína, Sara?

— Quem disse que eu pretendo dormir, Warrick? – erguendo uma sobrancelha atrevida, a mulher se afastou para o balcão e fazer novo pedido.

— Ela não tem jeito – disse o moreno.

— Acho que também vou querer mais um café – Grissom levantou-se e foi atrás de Sara.

Warrick e Greg trocaram rápidos olhares, pensando a mesma coisa. Aqueles dois não tomavam jeito.

— Se você não pretende dormir, o que vai fazer? – Grissom disse atrás de Sara.

Ela se virou surpresa e conteve um sorriso de lábios fechados – Bom, eu posso sempre voltar para o trabalho e terminar o meu caso interrompido.

As expressões de Grissom endureceram, mesmo reconhecendo que não havia mágoa no tom usado pela mulher.

— Sobre isso... – Grissom torceu suas mãos nervosamente na frente do corpo, olhando para os lados, quebrado o contato visual – Eu –

— Não tem problema, Grissom.

Ele se sentiu um idiota por ser tão péssimo em articular palavras simples. Ele era um dos caras mais inteligentes em sua área de atuação, era capaz de citar qualquer frase memorável e cheia de significados, mas não era capaz de formular um simples pedido de desculpas.

— Olha, eu sinto muito – ele finalmente disse, de uma só vez – O xerife –

— Grissom – Sara o interrompeu, colocando uma mão em seu ombro – Eu entendo, ok?

Ele soltou um suspiro, reconhecendo nos olhos de Sara que ela falava a verdade.

— No entanto, você pode me pagar este café como absolvição – a morena lhe lançou um sorrisinho de dentes brancos, e pegando seu café recém pronto no balcão, deu uma piscadinha para Grissom e voltou para sua mesa. Ela até poderia entender a dificuldade do homem em falar, mas não iria facilitar tanto.

Grissom não pode conter seu sorriso, soltou um longo suspiro de alívio, pagou o café de Sara e pediu o seu próprio. O relacionamento deles parecia uma montanha russa, o supervisor pensou. Já sentado em seu lugar na mesa e acompanhando a conversa animada que se seguia de Sara, Greg e Warrick, sobre cafeína e horas extras. Uma montanha russa de olhos fechados, onde ele não sabia onde estava indo, e menos ainda quando viriam as altas e as quedas. Tudo que ele podia fazer era sentir.

O amor continua porque não sabe onde parar

Livia Garcia-Rosa


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