Martírio escrita por Lótus e Annye


Capítulo 4
Capítulo 4




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Madara se sentia frio e desconectado de todos, exceto Izuna, mas mesmo seu irmão parecia cada vez mais distante depois de se estabelecer com sua companheira, eles já esperavam seu primeiro filho, não que ele quisesse competir com a família de seu irmão, isso nunca, o dia mais feliz da vida de Madara foi quando seu irmão aceitou Konoha e a proteção que ela oferecia, superado apenas pela notícia da vinda de seu sobrinho ao mundo. Mas haviam se passado cinco anos desde que Tobirama partiu e todos seguiram suas vidas, Hashirama e Mito tinham dois filhos, Izuna se casou e em breve seria pai, Tōka e Hikaku, mesmo com suas almas gêmeas tiradas pela guerra, iniciaram um relacionamento que desencadeou uma série de outras relações interclãs, ou seja, Konoha continuou, indiferente a partida de Tobirama, que só era lamentada pelos três Senju que de fato o amavam e, secretamente, por Madara. Não havia um dia em que não se perguntava o que teria sido se ele não fosse um idiota estúpido, que não se lembrasse da centelha de dor nos olhos vermelhos no dia em que disse aquelas palavras crueis e mais que isso, não lembrasse do quão bom sensor Tobirama era e do misto de coisas horriveis que ele deve ter sentido em seu chakra, Madara não amava o albino, não o conhecia o bastante para isso, mas se arrependia de seu preconceito e crueldade, eles poderiam ter sido amigos ao menos e talvez ele ainda estivesse aqui, mesmo assim não havia nada que pudesse fazer, Hashirama o fez prometer que não o procuraria.

A iminência de uma guerra com Kumo, que era uma vila relativamente mais nova que Konoha, mas muito maior e infinitamente mais brutal, foi uma benção disfarçada para Madara, Hashirama finalmente quebrou sob a preocupação do que poderia acontecer e pediu para que Madara rastreasse seu irmão e o trouxesse de volta. Levou quase um mês para achar Tobirama em uma praia a alguns dias de viagem de Uzushio, ele tinha quase certeza que o homem o sentiu chegando há quilômetros, pois o esperava na areia, cercado por nada a direita e um penhasco a esquerda.

O mar havia feito bem a Tobirama, a pele macilenta estava bronzeada, a magreza doentia deu lugar a um peso saudável e as olheira de cansaço haviam sumido, suas roupas seguiam o mesmo estilo simples de Konoha, mas mais leves e ressaltavam músculos que Madara tinha quase certeza que não estavam lá antes.

—A que devo a honra, Uchiha? - Tobirama pediu exasperado, ele não queria ninguém de Konoha perto dele, principalmente aquele homem.

Demorou muito tempo para Tobirama se reconstruir depois que deixou a vila, meses para encontrar esse lugar, se instalar e abrandar a dor que carregava sempre com ele. Ele apreciava sua solidão interrompida apenas por idas às aldeias próximas e por raros companheiros de cama e não queria pessoas de seu passado contaminado a paz que havia encontrado.

—Seu irmão me mandou. - Madara tinha prometido a si mesmo não antagonizar o albino, mas o tom irritado e desdenhoso o tirou do sério - Kumo quer atacar Konoha e seu irmão precisa de você lá.

— Isso não é problema meu, eu já fiz mais do o suficiente por Konoha.

—Mas Konoha é sua casa! - Madara rugiu, parte raiva, parte desespero - Você vai deixar sua família morrer por uma birra infantil? Vai deixar seu irmão morrer?

—Eu nunca disse isso, eu amo meu irmão e faria qualquer coisa ao meu alcance por ele, eu dei tudo de mim para que ele pudesse ser feliz, na nossa infância quando Butsuma queria soldados e não crianças, na guerra quando não matei Izuna uma vez depois da outra, mesmo quando todos os meus instintos me disseram para fazer isso e depois construindo Konoha mesmo quando meu clã e o resto da Vila me desprezaram, mesmo quando meu irmão me ignorou por você e mesmo quando você, minha alma gêmea, sentia nojo de mim. Não ouse chamar isso de birra. - Tobirama não ergue a voz e as palavras não saem dele com raiva ou como um desabafo, mas como uma dor cansada, com um conformismo que roubou toda a luta de Madara - Hashirama, Mito, Tōka e seus filhos... sim, eu sei sobre os filhos do meu irmão, sempre serão minha família e eu vou amar e proteger eles com minha vida, mas Konoha não é minha casa e eu nunca mais vou pisar lá.

Tobirama e Madara olharam nos olhos um do outro, e o moreno percebeu que não havia nada a fazer, ele poderia ter consertado as coisas antes, ele ou Hashirama ou qualquer um, mas agora era tarde demais, não havia nada para consertar, então ele assentiu e tentou guardar a memória daquele Tobirama, mais calmo e saudável do que ele já tinha visto, em paz e quase feliz. Tobirama, determinado a fazer um último sacrifício por amor a seu irmão, se virou para retornar a casa/laboratório que era mais sua casa que qualquer lugar havia sido desde que perdeu seus irmãos e Madara iniciou a viagem de volta à aldeia que ele construiu para ser a morada de seus sonhos, mas que não era realmente sua casa. Ambos lamentando um amor morto antes de ter uma chance de existir, no fim das contas, as almas gêmeas realmente não precisam significar nada.


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