Uzumaki Ahmya Shinden: Livro do Sol Nascente escrita por Hannah


Capítulo 4
Do outro lado


Notas iniciais do capítulo

Uchiha Takashi era o que se podia chamar de homem simples, dedicado à su vila e ao seu clã. Incubido de mais uma missão que não parecia diferente de tantas outras executadas durante sua carreira shinobi, o jounin de Konoha não esperava encontrar no campo de batalha a mulher que selaria seu destino.



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Uchiha Takashi não se sentia exatamente como alguém especial. Pertencia a um clã poderoso, era um jounin da Vila Oculta da Folha, casado com uma boa mulher e pai de uma criança promissora. 

Shisui tinha cinco anos, era um garoto esperto e carinhoso. Mesmo com pouca idade começaria a frequentar a academia ninja naquele mesmo ano.

Faltando pouco para alcançar a marca dos trinta anos, o shinobi da Folha não se sentia exatamente medíocre, ele tinha consciência de seu próprio poder. 

Mas era como se ainda faltasse alguma coisa… então ele se apegava a seu dever, era a melhor forma de evitar pensamentos impróprios e o sentimento de ingratidão.

Naquela manhã, Fugaku, o membro mais respeitado entre os Uchiha, havia lhe passado uma missão pessoalmente. 

Takashi deveria juntar-se a um time misto de genins e chunins de Konoha que já estavam em batalha no país da Grama. 

O País do Fogo estava sendo atacado. Eram dois ataques simultâneos, não se sabia se estavam coordenados. 

Ao noroeste, a vila da Pedra tentava avançar pela fronteira com o País da Grama. Ao sudoeste a Areia avançava pela região do País dos Rios. 

A situação não era nada confortável para Konoha. 

As tropas enviadas para sudoeste informaram que o Terceiro Kazekage em pessoa liderava o incursão da Areia. Os esquadrões mais fortes estavam sendo mandados para lá, junto ao Relâmpago Amarelo. 

Mas o avanço da Pedra não deveria ser subestimado. Este grupo estava mais próximo da fronteira. 

E se os ataques das duas aldeias fossem coordenados, a presença do Kazekage no campo de batalha poderia ser uma distração. 

Fugaku deu a ordem, Takashi deveria se deslocar junto aos reforços da Folha para o confronto contra a Pedra. 

Em caso de emboscada, um Uchiha no time seria de grande utilidade. E ele era um homem capacitado para essa tarefa. 

Para Takashi o principal objetivo na vida de um homem é honrar seu clã e sua vila. De forma que a resposta para a missão apenas poderia ser “sim, Fugaku-sama”.

Quando chegou ao campo de batalha, na companhia de meia dúzia de outros jounins, Takashi encontrou uma disputa equilibrada. 

Mortos e feridos de ambos os lados. Mas as tropas inimigas estavam perigosamente próximas dos limites do País do Fogo, era preciso fazê-los recuar. 

Os inimigos eram menores em número. Mas, pelo fluxo do chakra, estavam mantendo uma base escondida na floresta, poucos quilômetros dali. 

A Pedra tinha vantagem territorial e tática. 

Takashi não conseguia medir ao certo quantos ninjas estariam na base de apoio inimigo. Mas sabia que reforços inimigos chegariam mais rápido ao campo que os seus.

O plano deveria ser simples, enviar mensageiros pedindo reforços ao Hokage, reduzir os inimigos em números e interceptar sua base de apoio. 

Enviada a solicitação por reforços, Takashi deveria se concentrar em neutralizar a maior quantidade de inimigos no menor tempo possível, na mesma medida em que recolheria informações sobre sua base e reforços. 

Por um momento ele sentiu-se satisfeito por estar ali, seu Sharingan seria de grande utilidade.

Ele poderia executar seus dois objetivos com apenas um olhar para cada inimigo. Não deveria existir na Pedra um ninja capaz de liberar seu genjutsu em menos de dois dias.

Takashi se descuidou. Um jovem ninja o atacou mais rápido que pode mirá-lo com seu Sharingan. 

O ataque veio pela frente, mas o olhar do jovem voltava-se para o chão. 

Por um instante o Uchiha considerou que o oponente poderia já conhecer seu poder. Mas logo percebeu que o adolescente na verdade verificava as armadilhas de lama pegajosa que havia deixado ao seu redor. 

Takashi portava uma katana e garoto inimigo pensou que seu oponente a usaria para bloquear o ataque de sua kunai ou desviaria, caindo em alguma de suas armadilhas. 

Mas o sharingan identificou as armadilhas. E alguns centímetros livres no chão foram o suficiente para que o Uchiha desviasse e rasgasse superficialmente o peito do garoto, fazendo-o cair no chão. 

Antes de pensar em se levantar, o jovem ninja da Pedra já estava sob o genjutsu do jounin da Folha. 

Outro ninja aproximou-se às suas costas. Takashi não teve tempo de ver naquele jovem o reflexo de seu filho ou antecipar o futuro que aguardava Shisui como um shinobi. 

Era preciso reagir. 

Depois de duas horas no campo de batalha o Uchiha já não contava mais a quantidade de inimigos que havia neutralizado. 

Entre golpes de taijutsu e genjutsus um grito estarrecedor o fez parar por um segundo. 

“É pela paz!!!!” vociferou um chunin de sua sua vila, enquanto golpeava um oponente, quase partindo-o ao meio. 

Estranhamente Takashi teve a sensação de que jamais esqueceria aquela cena. Mesmo que essa não fosse a sua primeira guerra, mesmo que esta morte não tenha sido a mais trágica que ele presenciava.

Embora curta, essa pausa foi o suficiente para que Takashi observasse todo o campo por um instante e percebesse que, aos poucos, os inimigos feridos eram recolhidos e não retornavam. 

A Folha ainda tinha ao menos vinte e cinco ninjas de pé, enquanto a Pedra agonizava, reduzida a quase uma dúzia em condições de lutar. 

Pelas informações extraídas de seus oponentes com seu sharingan, ele já sabia que a base inimiga no interior da floresta era um acampamento médico improvisado e protegido por Ambus. 

Takashi já conhecia a localização e alguns rostos de ninjas médicos no acampamento. 

Os números começavam a virar, logo seria possível capturar os poucos inimigos restantes no campo de batalha para utilizá-los como reféns e desarticular a base de apoio quando o reforço da Folha chegasse. 

Mesmo que alguns inimigos feridos retornassem da base médica, Takashi sabia que aqueles sob seu genjutsu, e estes eram muitos, não se levantariam nos próximos dias. E isso o poupou de matá-los. 

O Uchiha já não contava mais o tempo quando aquela terrível sensação o atravessou. 

Reforços estavam a caminho. Mas não eram os seus. 

Recuar não era uma palavra que fazia parte do vocabulário daquele homem. 

Ele teve tempo suficiente para mandar dois mensageiros de volta à vila com o relatório da batalha. 

Mas seu chakra estava no limite. E ele não era capaz de prever o que viria a seguir.

Ao menos trinta ninjas da Pedra surgiram entre as árvores que cercavam o campo de batalha. 

À frente deles estava Kitsuchi, o filho do Terceiro Tsuchikage e, segundo rumores, o melhor usuário do estilo terra de sua geração. 

Quando os reforços inimigos se afastaram da relva, Takashi viu o que parecia ser impossível. 

Ao menos metade dos que caminhavam para o campo de batalha estiveram sob seu genjutsu poucas horas antes. 

‘Quem os liberou? Como é possível?’ 

Não era hora para perguntas. E o Uchiha precisava agir.

“Dispersar!!!” ele gritou com todo fôlego que ainda o restava. 

Essa era a única estratégia possível. Se ficassem seriam massacrados. Talvez dispersando ganhariam mais algum tempo para a chegada do reforço aliado.

Era tarde demais. O sharingan de Takashi o permitiu ver com nitidez uma onda de espetos erguerem-se do chão em direção a um chunin do Clã Aburame. 

O rapaz não conseguiria se desviar, ele parecia paralisado de medo. 

O Uchiha projetou-se sobre o garoto e arremessou-o para longe. 

Com o salto ele mesmo foi impulsionado para longe das pontas de pedra. Mas os espetos atingiram seu braço esquerdo, rasgado-o profundamente da altura do ombro até a palma da mão. Uma pancada no abdômen quebrou duas de suas costelas. 

Os dedos de Takashi estavam parcialmente esmagados pelo impacto da colisão entre os espetos de concreto que se cruzaram antes que conseguisse recolher a mão. 

Logo o Uchiha levantou-se de seu salto. 

O garoto Aburame já estava de pé, correndo em direção à floresta densa. 

O mais velho fez o mesmo, mas tomou a rota sul. Ele já não conseguia ativar seu sharingan. Então viu-se obrigado a tomar distância de seus perseguidores.

Takashi já não sabia há quanto tempo estava correndo ou se os inimigos ainda estavam em seu encalço quando viu aquela grande árvore. 

Ele havia perdido muito sangue e sentia que poderia desmaiar a qualquer momento. 

A árvore possuia raízes grossas e parcialmente hasteadas e o jounin poderia se esconder embaixo delas para fazer a última coisa que lhe restava. 

Quando sentou-se, escorando-se em uma das raízes da árvore, Takashi pensou se seus companheiros ainda estariam vivos. Se algum deles ainda conseguiria se encontrar com os reforços. 

O esconderijo estava suspeitosamente silencioso, e Takachi deveria ser rápido. 

Tudo o que poderia fazer agora era honrar e proteger sua vila e seu clã. 

Ele destruiria seu Sharingan e depois se mataria. Mas precisava ver o rosto de seu filho uma última vez. 

O homem retirou uma fotografia do bolso de seu uniforme. Shisui sorria. Mas a foto estava manchada com o sangue que escorria de sua mão. 

Takashi balbuciou algumas palavras sem nem perceber. 

Seus tendões falharam e a fotografia escapou por entre os dedos. 

A mão direita que apertava o cabo de uma kunai, apontou a arma na direção de seus próprios olhos. 

‘Tem que ser agora!’

“Você não vai fazer isso!!!”

Alguém projetou-se sobre Takashi em um salto e arremessou sua kunai para longe. 

Era uma mulher. 

Ela agachou-se diante do jounin e o rendeu. 

O shinobi da Folha a encarou com espanto. A mulher era usuária de jutsu sábio. 

Foi então que ele realmente percebeu... estava acabado. 

A mulher ruiva, essa completa desconhecida, seria a última pessoa de quem ele veria o rosto antes de morrer. 

No fim, Takashi não protegeu seus companheiros, seu clã, nem sua vila. 

Ele morreria desonrado e sem cumprir seu dever.

Os pensamentos do Uchiha se debatiam em autoflagelo e ódio de si mesmo, quanto ele foi dominado por uma sensação de ardência. 

Algo o queimava por dentro, percorrendo do fundo da cabeça até os olhos, onde a dor se concentrava. Um líquido denso e morno percorreu suas bochechas.

Seus olhos pareciam queimar como brasas. Aquela sensação era… poder.

‘O Mangekyou Sharingan?!’

O poder supremo dos Uchihas seria despertado nos últimos instantes antes de sua morte. 

Takashi viu o rosto da mulher à sua frente escurecer aos poucos. Já na escuridão ele sentiu a ponta fina de uma kunai pressionar o seu pescoço. 

‘Que desperdício, acabou…’


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