Uzumaki Ahmya Shinden: Livro do Sol Nascente escrita por Hannah


Capítulo 3
A pior missão que poderia executar


Notas iniciais do capítulo

Uma kunoichi médica traumatizada pela guerra encontra-se no pior lugar onde poderia estar, o campo de batalha. Azumi não gosta de matar, mas seguir as ordens da Vila da Pedra é o que garante sua própria sobrevivência.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/798826/chapter/3

O Sol já se punha quando o esquadrão retornou. 

Antes de seus companheiros chegarem, a poucos metros de distância do acampamento, Azumi sabia a resposta para as perguntas em sua mente: não. 

Todos os ninjas da pedra que seguiram para o campo de batalha voltaram com vida. Alguns esboçando um sorriso doloroso, mas vitorioso. 

Kitsuchi e seu esquadrão carregavam alguns companheiros feridos resgatados da batalha. 

Assim que o grupo entrou pela clareira, Azumi se levantou. Ela já sabia o que viria a seguir.

“Nenhum de nós têm ferimentos graves. Há ninjas feridos de ambos os lados por todo o perímetro. Recolham os nossos, eliminem os demais”. 

Kitsuchi dirigiu-se à equipe médica e aos Anbus que faziam a segurança do acampamento, enquanto acomodava o companheiro ferido que carregava sobre a grama. 

O semblante do capitão era sério, mas calmo. Como se ele entendesse que a gravidade do futuro que estava por vir não lhe permitia um sorriso de alívio ou de comemoração.

Azumi começou a caminhar para fora da clareira. 

Enquanto andava torcia para não encontrar inimigos pelo caminho. Ela sabia que a prioridade dos ninjas médicos era salvar vidas e que não precisaria matar ninguém naquela noite. 

Mas lhe incomodava a ideia de ignorar os inimigos feridos caídos pelo campo de batalha. Eles quase sempre imploravam por ajuda. 

Antes que a Uzumaki pudesse alcançar o bosque, Tatsuo a segurou pelo braço.

“O que pensa que está fazendo, forasteira?” perguntou o homem de meia idade com um sorriso maldoso, quase cruel.

“O mesmo que o restante da equipe médica. Estou indo verificar o perímetro e ajudar nossos companheiros feridos” o rosto da jovem estava quase tão vermelho quanto seu cabelo. Ela esforçava-se ao máximo para soar o mais respeitosa possível.

“Acho que não” Tatsuo debochou acenando com a cabeça para o corpo do ninja que Azumi não conseguiu salvar. 

O rosto do homem pulsava, com aquele fluxo asqueroso de chakra que a médica já conhecia. O padrão de chakra que sempre fluía quando Tatsuo expressava sua maldade. 

“Nós dois sabemos que sua incompetência mata mais dos ‘meus companheiros’ do que consegue salvar. Quero que vá com a equipe de ‘limpeza’.” 

Tatsuo fez uma pausa e esboçou um sorriso irônico “Se você usar seu ninjutsu médico nos inimigos talvez consiga matar alguns... como fez com os nossos.”

Azumi estremeceu. 

Ela se esforçava muito para não odiar as pessoas e Tatsuo sempre fazia com que isso fosse um desafio ainda maior. 

Mas naquele momento o superior não importava. Era a ideia de matar que a apavorava. 

Matar pessoas derrotadas que mal conseguiam se mover.

Argumentar, recorrer ao número de pessoas que tinha salvado apenas naquele dia, não teria efeito. 

Ordens são ordens. Azumi não estava em posição de negociar. Uma nova guerra se iniciava e deixar sobreviventes das forças inimigas não era uma opção. 

A Pedra queria mandar seu recado à Folha. E a última coisa que uma Uzumaki repatriada desejaria era ser expulsa da nação que a recebeu, às vésperas de uma nova guerra. Mesmo quando parecia que este era exatamente o plano daqueles a quem ela deveria chamar de companheiros. 

Mas não havia escolha, era matar agora para não morrer nos próximos meses. 

Um Anbu indicou que a médica deveria seguir floresta adentro pela direção sul. Ninguém mais foi designado para aquela direção. 

Azumi estava acostumada a trabalhar sozinha. E por mais que tivesse uma promessa a cumprir... diante da ideia de caçar inimigos derrotados sozinha, o que menos lhe preocupava era a ausência de um ninja de apoio.

Enquanto caminhava para o sul, a kunoichi rezava para que não houvesse ninguém em seu caminho. 

Usando apenas o pouco chakra que lhe restava, ela ativou de forma ineficiente seu modo sensorial. Como se inconscientemente estivesse se esforçando para não encontrar ninguém. 

Mas não existe oração, nem mesmo esforço, que consiga suspender o destino. 

A alguns quilômetros do acampamento, sob as raízes levemente suspensas e retorcidas de uma grande árvore, emanava um chakra que parecia já ter sido poderoso. Mas agora ressoava fraco, como que em seus últimos suspiros. 

Este chakra dava à mulher a sensação de estar olhando para a expressão rígida de uma pessoa séria. Era duro e disciplinado, mas não era frio. 

Emanava uma incandescência controlada e sutil, como as últimas brasas secas e negras de uma fogueira que se apaga aos poucos. 

Mas, mesmo sutil, o calor do chakra parecia queimar dentro de Azumi. Não era desconhecido. 

Este era o mesmo chakra que havia colocado seus companheiros sob o poderoso genjutsu algumas horas antes. 

Abaixo das raízes retorcidas, a poucos metros de distância de Azumi, estava o Uchiha.

Ela não poderia ignorá-lo. 

Um Uchiha morto seria um troféu para a Pedra. Um Uchiha vivo seria fonte de informação, além de um par novinho de sharingans. 

A decisão estava tomada, Azumi iria capturá-lo vivo ou morto. Mas antes precisava se preparar. Afinal, mesmo ferido, aquele homem ainda era um Uchiha.

Provavelmente ninguém no mundo possuía um controle de chakra tão habilidoso como o de Azumi. 

Ela reduziu a circulação de chakra em seu próprio corpo até que os níveis tornam-se imperceptíveis até para os melhores ninjas sensoriais. 

A kunoichi sentou-se em posição de lótus e iniciou o ritual de equilíbrio com o chakra da natureza. 

Mesmo não querendo recorrer a este poder, ela não tinha escolha. Ainda que ferido e com pouco chakra, este não era um inimigo qualquer e não deveria ser subestimado. 

Ela estava pronta. 

Azumi se aproximou silenciosamente da grande árvore e posicionou-se na parte superior das raízes, próxima ao tronco. Ela estava a menos de três metros atrás das costas do inimigo. 

O Uchiha não a veria ali. 

Sentado, ele escorava as costas em um dos nós das raízes. Parecia não conseguir se mover, olhar para trás ou ativar seu sharingan. 

Enquanto Azumi retirava uma kunai do bolso da forma mais silenciosa que pode, o inimigo quebrou o silêncio com o sussurro que a kunoichi jamais imaginou que escutaria.

“Me desculpe, meu filho, não voltarei para o jantar...” ao final da última frase um pedaço de papel amassado e manchado de sangue caiu da mão esquerda do homem.

A mão que antes segurava o papel, tal qual o antebraço que a sustentava, parecia dilacerada. 

Com a mão direita o homem levantou um kunai na direção de seus próprios olhos.

“Você não vai fazer isso!” Azumi interpelou em um salto, seguido de um golpe com sua própria kunai. Ao se chocar com a do inimigo, a kunai projetou a arma do outro para metros de distância.

O Uchiha parecia verdadeiramente surpreso ao vê-la. E a encarou com os olhos estatelados, por menos de um segundo. 

Azumi sentiu os olhos do homem pulsarem e mudarem de forma. 

O desenho sobre a superfície dos olhos rubros não era como o de um Sharingan comum. Além disso, o homem chorava… sangue?! 

A Uzumaki foi descuidada, seria pega por um genjutsu... 

Mas não.

Após a pulsão, os olhos do inimigo fecharam-se lentamente. Ele estava inconsciente, a chama de seu chakra estava quase no fim. 

Azumi apertou o cabo da kunai em sua mão. Ela faria o que tinha que ser feito. 

A kunoichi posicionou a ponta de sua kunai sobre o pescoço do homem acima da gola do colete e a puxou efetuando um único corte preciso e eficiente... até o final.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Todo comentário é bem vindo, ideias, dicas e sugestões são melhores ainda.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uzumaki Ahmya Shinden: Livro do Sol Nascente" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.