Uzumaki Ahmya Shinden: Livro do Sol Nascente escrita por Hannah


Capítulo 16
A verdadeira natureza de um Uchiha (parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Shisui chegou ao seu destino a resposta para que tipo de shinobi ele seria corria e tagarelava alegre do outro lado da cerca.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/798826/chapter/16

 

O coração de Shisui pareceu fragmentar-se repentinamente, como uma louça que se choca contra o chão. 

Os cabelos vermelhos presos delicadamente em duas tranças, contrastavam com os grandes olhos negros da criança em seu campo de visão.

Ela vestia uma manta negra e curta, com uma tira vertical vermelha e o brasão Uzumaki nas costas, sobre uma camiseta clara e shorts curtos.

A criança sorria e corria, esbanjando toda a sua empolgação infantil de seus pouco mais de três anos. E batia suas botas shinobi pesadamente sobre o chão a cada passo.

Ela era linda e radiante. 

‘Ela… sobreviveu?!’

Que tipo de shinobi Shisui seria agora que estava diante da imagem vívida da garotinha que parecia tão brilhante quanto o Sol?

Se sua decisão apontasse para corrigir os erros do passado, dedicar sua lealdade inteiramente às ordens da vila e à vontade do clã, o cenário era favorável. 

Shisui mataria a criança e emboscaria a mãe.

Mas, seria mesmo esse o propósito de um ninja? Cumprir cegamente as ordens que lhe eram dadas, sem um sonho ou uma vontade que lhe fossem próprias? 

Viver da obediência, ser guiado pela ambição do acúmulo de poder sem qualquer razão que extravase o próprio ego. Essa opção seria cômoda. Absolveria Shisui do peso da culpa pela morte de Fuyuki. 

Afinal,  sua última missão não exigia que seus companheiros necessariamente voltassem vivos. 

Mesmo com atraso, Shisui encerraria suas pendências com seu clã e com seu pai. E, com toda a certeza, este seria um passo definitivo para blindar seu coração com escuridão.

Mas... matar uma criança recém chegada ao mundo com o único propósito de quitar suas contas com o passado...

“É algum tipo de brincadeira?” nas pontas dos pés a menina de cabelos vermelhos erguia seus grandes olhos negros nos esforços de enxergar por cima da cerca baixa. 

De alguma forma ela o notou a presença de Shisui e se aproximou enquanto ele perdia-se em seus pensamentos.

‘Como ela me encontrou?! Com essa idade…’ 

Shisui colocou-se de pé.

“Por favor, não vá embora” embora sustentada em tom agudo, típico das crianças dessa idade, a  voz da menina chegou a Shisui de uma forma suave e doce. “Não têm muitas crianças por aqui. Se você está brincando de se esconder nas árvores... eu posso brincar também?”

O garoto mais velho apenas encarava a pequena. Ele procurava não esboçar expressão, mas o que sentia era que seu coração queimava em dúvidas. Ele tinha que tomar uma decisão. 

Shisui saltou, caindo de pé do lado de dentro da cerca.

“Uau! Você pula como um shinobi. Mas não tem um protetor de testa… você ainda está na academia?” 

Embora já tivesse assumido sua aparência original, Shisui havia tirado seu protetor. Ele não estava em uma missão oficial. Então não deveria envolver Konoha nos assuntos daquela viagem. 

A menina parecia fascinada pela figura desconhecida à sua frente. O que era nitidamente expresso por seus grandes olhos arregalados e fixos no outro.

“Eu… é… você está sozinha?” Shisui precisava tomar sua decisão.

“Bom… a mamãe saiu com o Nagato e os outros. Eu estou com a velha senhora Kane. Ela cuida de mim às vezes... Mas ela não sabe nenhuma brincadeira.” a menina torceu o nariz de uma forma que Shisui achou cômica. 

Mas ela parecia encarar sua indignação infantil com seriedade.

Shisui levou a mão às costas e segurou o cabo de sua tanton [1], ainda sem desembanhá-la. Ele a apertou com força, como se o gesto pudesse lhe dar alguma coragem para tomar sua decisão.

“Eu me chamo Uzumaki Ahmya” a garota curvou o corpo exageradamente “você quer ser meu amigo?”

Sem mais tempo para refletir sobre que decisão deveria tomar, Shisui agiu por impulso, deixando-se guiar por seu coração. 

A próxima ação que tomasse determinaria que tipo de shinobi ele escolheria ser. E Shisui agiu da única forma que sentiu que fosse capaz. 

“Sim”

Ahmya respondeu com um sorriso largo e sincero. A mão pequena e macia pegou a do ninja, puxando-o entusiasmada na direção das flores. 

O Uchiha soltou a tanton e seguiu a criança. 

Os dois passaram cerca de uma hora juntos. 

A senhora dentro da casa era um desastre como babá. A menina poderia ter sido sequestrada ou morta em diversas oportunidades.

Shisui se apresentou apenas pelo primeiro nome e desconversou quando a pequena o perguntou de onde vinha e como era sua família. 

Ahmya pareceu não notar as esquivas e tagarelava agitada, revelando espontaneamente detalhes de sua vida e de seu dia a dia. 

E, embora não falasse muito, Shisui emitia algumas palavras curtas para demonstrar sua atenção.

A inocência infantil da menina acalmou o coração do mais velho. 

A cada minuto em sua companhia ele sentia a escuridão de outrora dissolver-se, substituída por um calor semelhante àquele emanado pelo sol refletido do nos cabelos vermelhos da criança. 

Essa sensação confortava sua alma e seu corpo. 

Neste momento Shisui estava certo de que não precisava de um modelo pronto como  shinobi para sustentar sua vida. Ele seria um shinobi à sua própria maneira.

Além disso, ele compreendia gradativamente que não precisava mais esquivar-se ou enterrar a culpa pela morte do amigo ou por qualquer outro fracasso. 

Estes lhe valeriam como lições. A lembrança de que ele era falho. Que poderia ser cruel e covarde. Mas que a consciência disso o permitia mudar. E fazer escolhas tendo a dor como uma referência para aquilo que precisaria melhorar em si mesmo.

‘O verdadeiro Shinobi é aquele que protege o mundo de sua própria escuridão.’

Shisui fez uma boa escolha quatro anos atrás e foi forte o suficiente para levá-la adiante agora. 

A prova de seu acerto e de sua força sorria e tagarelava à sua frente, enquanto depositava em uma dúzia de flores seus braços. 

Quando a senhora dentro da casa gritou para que a menina entrasse para o almoço, Shisui despediu-se rapidamente, sob o pretexto de que tinha muito o que fazer naquele dia.

“Você vai voltar para brincar comigo?” os grandes olhos pidões de Ahmya impunham uma condição que ele não pode recusar.

O mais velho assentiu com um aceno de cabeça discreto. 

Com esse sinal, a pequena o abraçou agarrando-o pelo tronco “obrigada, Shisui-san”

Shisui sentiu um calor enrubescer suas bochechas. Ahamya soltou o abraço e correu desengonçadamente para o interior da casa, sem perceber.

Enquanto voltava para sua própria casa, o chuunin pensava em como a condição daquela criança era frágil.

Embora, em teoria, o mundo não estivesse mais em guerra, os conflitos ainda eram recorrentes. 

Ahmya era uma Uzumaki e ser colocada em situação de perigo era uma questão de tempo. 

Shisui não pretendia abandonar as responsabilidades com sua vila ou com seu clã, mesmo que estivesse disposto a encarar a realidade à sua própria maneira. 

Então como poderia ajudar aquela criança a estar mais segura, mesmo com uma distância tão grande os separando?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Notas:

1 - Tanton é uma espada curta japonesa que pode medir entre 30 e 60 cm. Geralmente esse tipo de espada é vista com membros jovens do clã Uchiha.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uzumaki Ahmya Shinden: Livro do Sol Nascente" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.