Uzumaki Ahmya Shinden: Livro do Sol Nascente escrita por Hannah


Capítulo 17
O caminho shinobi


Notas iniciais do capítulo

Shisui retorna ao país da Chuva cumprindo a promessa feita à garotinha que, também, é a lembrança viva do tipo de shinobi que ele deseja ser. Mas Ahmya não é uma criança qualquer. Como descendente de um clã quase estinto e cobiçado por seu poder e possível alvo colateral do rancor de seu próprio clã e vila, o Uchiha teme pela segurança da Uzumaki e está disposto a contribuir para a proteção dela.



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Shisui estava sentado sobre o galho de uma árvore, com as costas encostadas ao tronco. 

Ahmya equilibrava-se orgulhosamente na parte mais fina do galho à sua frente. Dando passos pequenos com um pé na frente do outro e ambos os braços esticados para as laterais.

Ela ainda não tinha completado quatro anos e conseguiu subir a árvore acumulando chakra na sola dos pés, depois de uma demonstração de Shisui e poucas tentativas.

Cerca de meio ano se passou desde o primeiro encontro dos dois. E esta era a sexta vez que Shisui visitava aquela residência.

Estar ali não era uma tarefa fácil. Era preciso encontrar tempo para uma longa viagem em meio às suas missões, os compromissos com o clã, a dedicação à mãe e os treinos com Itachi. 

Além, é claro, de sincronizar as visitas com os horários em que a mãe de Ahmya não estivesse em casa. 

Não era como Shisui quisesse se esconder. Mas, mesmo depois de mais de anos, ele não tinha encontrado as palavras para dirigir à mulher de quem poupara a vida.

“Você já pensou em se tornar kunoichi?” ele sorriu gentilmente para a pequena à sua frente.

“Bom… a mamãe já foi kunoichi, mas ela agora é só médica mesmo. Ela não gosta de brigas” 

A menina fez o retorno com bastante habilidade e sentou-se de frente para o amigo deixando as pernas abertas penduradas para baixo e as mãos apoiadas na parte da árvore. 

“Eu também não gosto de brigas. Mas eu quero me tornar uma kunoichi um dia. Os amigos da mamãe Konan, Yahiko e Nagato... eles são shinobis pacifistas. É isso que eu quero ser”

Shisui sorriu discretamente, este conceito ainda o soava de uma forma estranha. 

Mas ele sabia que a menina dizia a verdade. 

O Uchiha conhecia os rumores sobre um grupo de ninjas que usavam o seu poder para abrir uma brecha contra os oponentes, mas resolviam a maior parte dos conflitos conversando e fazendo acordos. 

Isso o agradou. Talvez crescer cercada por uma aura como essa fosse mais saudável para Ahmya do que a infância de qualquer shinobi que Shisui tenha conhecido em Konoha. 

E aquela região parecia mesmo vivenciar alguma espécie de paz.

“Mas para alcançar esse sonho você terá que se esforçar muito. Imagino que um ninja pacifista precise ser ainda mais forte que aqueles que desejam lutar” as palavras do mais velho eram simples para que a menina conseguisse acompanhar.

“Sim, é o que a mamãe diz também. Quando volta do trabalho ela me passa alguns exercícios. É divertido praticar com ela. Mas eu treino mesmo sozinha, isso a deixa orgulhosa” Ahmya também parecia orgulhosa de si mesma.

Ela levantou-se de uma vez. 

“Olha o que eu sei fazer” a menina abriu os dois braços e soltou o corpo do galho alto para o ar, deu duas piruetas em queda livre e pousou habilmente no chão sobre um dos joelhos. 

“Isso é muito bom, mas não devemos superestimar nossas habilidades. Isso nos impede que estejamos sempre buscando melhorar” Shisui posou de pé ao lado da menina.

“Você gostaria que, assim como a sua mãe, eu te ensinasse algumas coisas que aprendi?”

“Isso seria demais! Você é incrível, Shisui-niisan!” 

As bochechas de Ahnya enrubesceram-se assim que ela completou a frase e percebeu que seu entusiasmo a fez trocar os vocativos.

Shisui sentiu seu coração se iluminar. Não seria tão ruim ter uma irmãzinha. Além disso, a confirmação de sua proposta era a resposta que ele desejava. 

A ideia de iniciar uma forma de treinamento com Ahamy, havia surgido para o mais velho um ou dois meses antes desse encontro, quando ele conheceu Uchiha Itachi. 

Itachi era um menino de cinco anos, filho do líder de seu clã. 

Há algum tempo, Shisui o observava quando o mais novo treinava sozinho.

E enquanto observava Itachi em seu pesado treinamento, ele teve a ideia. Ajudaria Ahmya a desenvolver o próprio poder. Para que ela fosse sua própria segurança. 

A idade não seria um grande problema. Ahmya era um pouco mais jovem que Itachi e, justiça seja feita, bem mais imatura. 

Mas ela aprendia rápido, parecia ter uma habilidade natural para controle de chakra e, principalmente, era aberta para as relações sociais, atenciosa com os outros e extremamente dedicada à sua própria curiosidade. 

Isso facilitaria as lições.

Itachi e Ahmya... Shisui percebia as duas crianças como os opostos das características que sustentava em si mesmo. Aqueles dois eram como a Lua e o Sol. E, aos poucos, construía com ambos os vínculos mais fortes que já tivera em toda a vida.

 

***

 

“Meio ano e você só me conta agora, senhorita Ahmya?” era Azumi. 

Mãe e filha estavam juntas à mesa de jantar “e se fosse um sequestrador?”

Ahmya tinha acabado de revelar o seu segredo, que tinha um amigo que iria treiná-la.

A bronca da mãe era forçada e parecia mais uma encenação cômica do que um sermão. Mas uma coisa incomodou a pequena, fazendo a ponta dos seus lábios se virarem para baixo.

“Como a senhora sabe que são seis meses? Eu só falei que eu tinha um amigo novo!” sua pergunta era também um protesto.

Azumi naturalmente já sabia o que se passava em sua casa desde a primeira visita. 

Em um dia comum de trabalho, a médica sentiu uma vibração atípica no chakra de sua casa. 

Preocupada, ela retornou imediatamente e, ainda de longe, observou as crianças interagindo. 

Mas logo ela decidiu-se por ceder ao menino a sua confiança. Afinal, se desejo do garoto fosse causar algum mal a sua família, ele já o teria feito em outro momento. 

Então a mãe escolheu não interferir na relação de sua filha com o irmão.

“E você acha que a kunoichi sensorial mais habilidosa da região não iria checar o chakra da própria filha quando a deixasse em casa?” 

O tom de Azumi ainda era cômico e exagerado. Na empolgação, ela referiu-se a si mesma como ‘kunoichi’, algo que sempre procurava evitar. 

Mas a mãe logo se estabilizou “e esse amigo, tem um nome?”

“Shisui-san” a pequena abriu um sorriso fazendo sua expressão típica de quem estava prestes a tagarelar. Mas, suavemente, a mãe a cortou. Ela tinha algo importante para dizer.

“Ahmya-chan… Shisui é um bom garoto. Eu fico contente que ele seja um amigo importante para você”

A interrupção de Azumi não foi um problema, Ahmya abriu um largo sorriso e confessou aceleradamente todos os detalhes das vistas, dos treinos, sonhos e projetos que os amigos compartilhavam. 

Enquanto ouvia a voz da filha o coração de Azumi se enchia de calor. 

A Uzumaki compreendia os motivos de Shisui em não se apresentar formalmente. Até porque, ela sentia o mesmo. 

Embora compartilhassem o afeto por uma pessoa em comum, e ambos tinham esse direito, eles ainda remetiam um ao outro as memórias que gostariam de esquecer. 


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