[Rozan, China]

— Hunm… tive a sensação que um cosmo poderoso ficou instável e de repente sumiu… E agora a pouco tenho certeza ter sentido o cosmo de Atena se movimentando… será que ocorreu alguma coisa com Atena? - Pensou o Mestre Ancião aflito, diante da Grande Cachoeira de Rozan. - Aldebaran não me responde nem consigo sentir a sua presença… nem mesmo Atena está me respondendo. Devo interpretar isso como um mau sinal… Talvez se eu tentar a Shunrei… não, ela ainda deve estar se recuperando… talvez a Saintia de Golfinho… ela também foi enviada para fazer a guarda de Atena.

O Mestre Ancião se concentrou e começou a procurar por alguma presença que se encaixasse com a dela.

Mii estava seguindo em direção ao Santuário com Aldebaran nos braços, ela estava preocupada com a situação do dourado, os seus ferimentos pareciam um pouco graves. A Saintia estava prestes a deixar o território japonês quando escutou uma voz lhe chamando.

— Golfinho…

— Quem está ai? - Perguntou a Saintia preocupada, se fosse mais um ataque dos servos de Poseidon ela estaria em apuros e provavelmente não conseguiria proteger aquele homenzarrão de cento e trinta quilos que carregava nos braços.

— Você não deveria estar fazendo a guarda de Atena? O que houve? Porque está deixando o Japão e onde está Aldebaran?

— Esse cosmo é gigantesco… mas não parece ser de um cosmo inimigo… - Pensou Mii, sem saber o que deveria responder.

— Eu sinto uma fraca presença com você… quem você está carregando, criança?

— Eu não vou responder, até que você apareça! - Respondeu a garota, colocando Aldebaran no chão e entrando em uma posição defensiva.

— Sinto muito, eu não posso deixar o Cinco Picos de Rozan…

— Quê!? Não pode deixar os Cinco Picos!? - Nesse momento Mii entendeu com quem estava falando. - Mestre Ancião!?

— Sim, criança. Agora me responda o que aconteceu.

Mii contou ao Mestre Ancião tudo o que tinha ocorrido.

— A situação é grave, assim como eu imaginava. Vá, continue em direção ao Santuário, eu irei observar o seu caminho.

— Sim, senhor! - Respondeu Mii que pegou o touro nos braços e voltou a se mover.

— A guerra contra Hades é iminente e agora uma guerra contra Poseidon terá início… - Suspirou o velho mestre abaixando a cabeça pesadamente. - Mu… Pode me ouvir…

— Mestre Ancião?

— Sim, infelizmente não trago boas notícias.

O Mestre Ancião contou ao Mu tudo o que a Saintia de Golfinho havia lhe relatado.

— É uma situação extremamente complicada, como devemos proceder Mestre Ancião?

— Reúna os cavaleiros de ouro no salão do Grande Mestre para a Crusos Sunagein, esqueça toda a pomposidade e preze pela urgência, em breve Atena retornará para o Santuário para iniciarmos uma reunião de guerra.

— Sim senhor.

— Também quero que sejam enviados alguns cavaleiros até Blue Graad, para que possamos coletar toda informação possível sobre a última guerra santa contra Poseidon, já que a governanta das terras gélidas ofereceu ajuda. E assim que a Saintia de Golfinho chegar ordene a ela que vasculhe a biblioteca do Grande Mestre e pesquise tudo o que ela puder sobre Poseidon e se necessário envie-a até Star Hill.

— Farei isso imediatamente, com a sua licença Mestre Ancião. - Respondeu Mu partindo para cumprir as ordens que lhe foram dadas.

— O que pretende fazer Atena? Tem algum plano em mente? - Perguntou-se o Mestre Ancião preocupado.

[Santuário de Atena]

Mu explicou a situação a todos os cavaleiros de ouro remanescente e pediu que todos se dirigissem ao salão do Grande Mestre e que aguardassem o retorno de Atena para dar início a Crusos Sunagein. Enquanto os dourados se reuniam, Mu recrutou três cavaleiros para enviá-los para Blue Graad assim como o Mestre Ancião ordenou, eles tinham a missão de colher toda informação útil disponível, eram eles, Igazen de Órion, Shina de Ofiúco e Jabu de Unicórnio.

— Shina de Ofiúco, você irá liderar o grupo.

— Sim, pode contar comigo Mu.

— Prestem bastante atenção, a missão de vocês é coletar informações, essa é prioridade, evitem qualquer batalha desnecessária.

— Sim senhor! Faremos o nosso melhor. - Respondeu Igazen.

— Parece que a nova armadura de Unicórnio será muito útil. - Falou Jaubu.

— Qual a localização de Blue Graad? - Questionou Shina.

— No extremo leste da Sibéria. Sigam para o leste da Sibéria até encontrarem *Oimiakon, que é o local habitado mais próximo de Blue Graad. Depois vocês deverão continuar seguindo rumo ao leste. Agora, partam imediatamente!

— Sim! - Responderam em coro e os três partiram rumo a Blue Graad.

— Mestre Mu, eu também quero ajudar! - Falou Kiki surgindo diante do Ariano.

— Em breve a Saintia de Golfinho chegará no Santuário com Aldebaran, e ele precisa de cuidados médicos, então por favor ajude-a a cuidar dele. Leve-o para a *Fonte de Atena, se os ferimentos não forem muito graves, ele deve se recuperar rapidamente.

— Mas mestre Mu… eu quero participar da ação! - Reclamou o garoto.

— Kiki… - Chamou Mu, bem sério. - Zelar e proteger as pessoas necessitadas também é um dever dos cavaleiros!

— Tá bom… tá bom… - Resmungou Kiki.

Mu sorriu e colocou a mão sobre a cabeça do pupilo, assanhando ainda mais o seu cabelo. - Cuide bem do meu amigo.

[Templo Submarino, Mar Mediterrâneo]

A cerimônia de coroação já havia terminado. Julian dispensou todos presentes, com exceção dos seus dois Sacerdotes, o Dragão Marinho, Sorento e Thetis.

Eles estavam conversando sobre quais seriam os próximos passos de Julian, quando um soldado entrou no salão.

— Senhor Poseidon! - Gritou um soldado se aproximando.

— O que houve!? - Perguntou o Dragão Marinho tomando a frente.

— Alguém está se aproximando dos limites do templo!

— Como é? Alguém está tentando invadir os domínios de Poseidon!? - Falou Thetis surpresa.

Julian se levantou e o seu cosmo começou a rodopiar em sua volta. - Atena!

— Atena!? Mas como? Como ela achou o templo submarino!? - Questionou o Dragão Marinho, verdadeiramente preocupado, um embate entre os dois deuses naquele momento parecia ser cedo demais.

— Ela certamente sabe da existência desse templo. - Disse um dos Sacerdotes.

— Existem outros templos de Poseidon espalhados pelos sete mares. Como ela saberia em qual templo estaríamos e qual a sua localização exata? - Questionou o outro Sacerdote.

— Temos que investigar… - Começou a dizer um dos Sacerdote quando foi interrompido por Poseidon.

— Não será preciso. - Julian percebeu que o elmo do cavaleiro de touro estava brilhando sutilmente. Então ele caminhou até o elmo que tinha sido colocado em pedestal próximo ao trono como se fosse um trófeu. - Atena está usando o elmo dourado como guia.

— Perdão, senhor Poseidon, a culpa é toda minha. Eu não imaginava que Atena faria algo assim… - Falou Sorento se curvando.

— Isso já não importa. Deixe que ela venha. - Respondeu Julian sentando novamente em seu trono.

— Mas meu senhor… isso pode ser perigoso… podemos ter outros invasores… - Tentou Thetis, mas foi interrompida por Julian.

— Silêncio! Avise aos meus servos que ninguém deve ousar atrapalhar o meu encontro com Atena, aquele que desobedecer será severamente punido!

— Tsc… o que devo fazer? Ele parece ter ficado agitado, se eu agir imprudentemente e despertar a fúria de Julian posso acidentalmente despertar Poseidon completamente… vou ter que encontrar algum meio de acompanhar esse encontro de perto. - Pensou o Dragão Marinho.

— Eu me encarregarei que ninguém desobedeça às suas ordens, meu senhor. E se alguém tentar alguma coisa, eu mesmo o punirei. Vamos Thetis! - Disse o Dragão Marinho fazendo reverência e indo embora.

— Sim, senhor! - Respondeu a Marina, fazendo reverência a Julian, e seguindo o General Marina.

— E você Sorento!? Não deveria voltar ao Pilar do Atlântico Sul, caso existam outros invasores? - Questionou o Dragão Marinho que parou e se virou para Sorento.

— Ficarei aqui e farei a guarda do senhor Poseidon…

— Não é necessário. - Disse Julian interrompendo o Marina. - Este é um encontro diplomático, tenho certeza que Atena não tentará nada. Volte para o seu Pilar, contudo, fique em alerta.

— Err… está bem vossa majestade. Se é isso que deseja, irei me retirar. - Disse Sorento a contragosto. Ele fez reverência e foi embora.

O Dragão Marinho sorriu disfarçadamente e também se retirou junto com Thetis e o soldado. O General mandou que os dois repassassem as ordens de Julian e que eles alertassem, que aquele que desobedecesse as ordens de Poseidon seria punido com a morte.

Algum tempo depois o Dragão Marinho retornou para falar com Julian que estava conversando com os dois Sacerdotes.

— Vossa majestade, tudo está preparado para a chegada de Atena. - Disse ele fazendo reverência.

— Muito bem! Agora você deve voltar para o seu pilar. - Respondeu Julian.

— Antes disso, majestade, gostaria de conversar com o senhor sobre outra coisa que me preocupa.

— O que seria? Vamos, fale logo. - Falou Julian impaciente.

— Atena pode até estar vindo ter um encontro diplomático com vossa majestade, mas nossos informantes disseram que uma movimentação suspeita de cavaleiros foi identificada.

— Então Atena já começou a fazer seus movimentos!? Onde exatamente essa movimentação foi vista?

— A última informação que eu tive foi que eles foram vistos saindo de Moscou, provavelmente partindo em direção a Sibéria. Aparentemente esse grupo de cavaleiros saiu diretamente do Santuário.

— Sibéria? O que Atena poderia querer naquela terra congelada?

Nesse momento os dois Sacerdotes trocam olhares e um dos Sacerdotes toma a frente.

— Meu senhor, devido à iminente guerra, é muito provável que os cavaleiros foram até Blue Graad.

— Blue Graad… - O tom de Julian pareceu carregar certo ressentimento. - isso me soa familiar… o que é Blue Graad?

— Foi uma nação que surgiu no extremo leste da Sibéria, ainda na era mitológica, ela foi fundada por dissidentes do Santuário. Durante os inúmeros embates de vossa majestade contra Atena, Blue Graad serviu como suporte para o Santuário. Inclusive, Blue Graad ficou responsável por vigiar a sua alma, quando selada. - Explicou o Sacerdote.

— Provavelmente os cavaleiros estejam atrás de informações sobre essas batalhas, a fim de montar alguma estratégia contra vossa majestade. Esse movimento de Atena não deve ser menosprezado - Disse o outro Sacerdote.

— Esse é o motivo da minha preocupação! Senhor Poseidon, segundo as informações que temos Blue Graad foi devastada há vários séculos durante uma das mais brutais tempestades que já assolaram a humanidade, se tornando uma das área mais inóspitas de toda a Sibéria, contudo, existe uma pequena chance que ainda existam pessoas vivendo por lá, sejam elas descendentes ou mesmo pessoas de aldeias próximas que invadiram o local, ou apenas ruínas.

— E o que você sugere Dragão Marinho? - Questiono Julian.

— Enviar alguns Marinas para averiguar a situação, eliminar os cavaleiros e qualquer informação que possa ser usada contra o senhor.

— Apolodoro, Plínio… O que vocês acham? - Questionou Julian aos seus Sacerdotes.

— É um bom plano, vossa majestade. Como eu disse antes, não podemos menosprezar esse movimento de Atena. - Disse Apolodoro.

— O exército de Atena já se encontra fragilizado, se eliminarmos mais alguns cavaleiros, aumentaremos nossa vantagem sobre o Santuário. - Falou Plínio.

— Está certo, deixarei essa questão em suas mãos Dragão Marinho, faça como achar melhor.

— Sim senhor! Irei enviar alguns Marinas imediatamente para a Sibéria. - Disse o Dragão Marinho acenando com a cabeça e saindo do salão.

Porém, enquanto ele se aproximava da entrada do salão ele sentiu que uma presença poderosa estava próxima. - Finalmente ela chegou. - Pensou ele, voltando e se posicionou próximo do trono.

— Dragão Marinho, o que houve? - Perguntou Julian confuso.

— Ela chegou, meu senhor. - Respondeu ele bem sério.

Nesse momento uma mulher entra no salão e vai caminhando até Julian e quando ele vê o rosto dela se assusta, ficando de pé.

— Saori… você é Atena!?

Saori achou aquela voz familiar e ao se aproximar mais um pouco, ela também o reconheceu, ficando surpresa.

— Julian… você é Poseidon!?

Os dois ficaram se encarando por alguns minutos, o clima estava denso e o Dragão Marinho estava ficando preocupado.

— Ela está distraída… eu poderia acabar com ela aqui e agora… tsc… mas não sei como esse moleque vai reagir e posso acabar acordando Poseidon… não, não devo me afobar! Devo seguir meu plano original… - Pensou o General.

Nesse momento dezenas de soldados Marinas entraram no salão. Atena foi rodeada pelos soldados, então voltou a se focar em sua missão diplomática.

— Poseidon, eu quero que você cesse essa chuva.

— Que estranho… a presença de Atena é uma sensação familiar… mas eu nunca encontrei com ela antes… o que pode ser… já sei… essa é a mesma pressão que senti quando libertei Poseidon…

— Que ousadia invadir o templo do senhor Poseidon dessa maneira!? - Gritou um soldado.

— Com quem ela pensa que está falando!? - Gritou outro soldado.

— Silêncio! Já se esqueceram das minhas ordens!? Todos vocês devem se retirar, apenas Atena deve ficar.

— Tsc… vocês ouviram. Vamos nos retirar. - Disse o Dragão Marinho indo embora.

Depois de todos irem embora, Atena se aproximou de Julian.

— Agora entendo aquela sensação de quando nos encontramos pela primeira vez em minha mansão… somos inimigos mortais que travam inúmeras batalhas ao longo das eras… desde a era mitológica… quem poderia imaginar que nos encontramos assim…

— Eu estou tão surpresa quanto você… mas agora não é o momento de falarmos sobre isso… eu estou aqui como Atena.

— Muito bem, que assim seja. Vamos Atena, diga-me ao que veio.

— Você já sabe, quero que para essas chuvas, as enchentes provocadas por elas estão devastando o mundo inteiro. Esses eventos catastróficos estão matando milhares de inocentes!

— Infelizmente não há nada que eu possa fazer.

— Como é? A caso não é você que está controlando a chuva!?

— Por isso mesmo, serão 40 dias de chuva e ela não cessará até que todos os humanos corruptos sejam apagados da face da terra.

— Mas isso é loucura! - Bradou assustada.

— A água cobrirá toda a superfície da terra e não baixará por 150 dias.

— Ah…. mas isso parece com a estória de Noé, do velho testamento.

— Sm, isso mesmo! A muito tempo atrás Deus fez com que chovesse durante 40 dias e 40 noites, assim inundando completamente a superfície da terra e exterminando todas as criaturas vivas. Mas em sua benevolência e por amá-los demais, Deus decidiu poupar Noé e sua família. Mas atualmente as pessoas se tornaram completamente más, tiveram seus corações corrompidos, não há ninguém digno de ser salvo por minha mão. Contudo, aqueles que sobreviverem serão agraciados com minha benevolência, e poderão viver na nova era que irei criar. Depois que as águas retrocederem, eu irei governar não só os mares, mas a superfície completamente!

— Você está usando seus poderes para cometer assassinato em massa! Você está condenando a morte seres inocentes, como animais e crianças! Isso é loucura! É verdade que muitos tiveram seus corações manchados, mas nem todos os humanos são ruins, eu acredito que existem muito mais pessoas boas neste mundo. Não permitirei que isso fique impune! - Bradou Atena.

Mas as palavras de Atena não parecem ter alcançado Julian, ele não esboçou nenhuma reação, permaneceu irredutível.

— Uma vez eu pedi que você se tornasse minha noiva. Meus sentimentos não mudaram. Una-se a mim e vamos juntos governar este mundo. Os humanos nunca deveriam ter herdado esta terra.

— Minha resposta também não mudou.

Julian suspirou. - Então nesse caso, a partir de agora verei como minha inimiga e lhe destruirei.

— Você pode até tentar se quiser, eu não temo a morte. Eu, Atena, lutarei para impedir que essa loucura continue! Não vou permitir que você continue massacrando inocentes. - Falou Saori que estava com seus olhos vidrados enquanto confrontava Julian.

— Urgh… o que é essa presença aterradora!? Não é só isso… o que são essas formas ferozes que surgiram atrás de você!?

Por trás de Atena surgiram a imagem de várias constelações e as que estavam mais próximas da deusa eram Pegasus, Dragão, Cisne, Andrômeda, Camaleão e Fênix, que estavam mostrando suas garras para Julian.

— São os cavaleiros da esperança! Que surgem sempre que o mal ameaça o mundo! Eles também voltaram a vida, para lutar mais uma vez ao meu lado! E juntos iremos esmagar os seus planos perversos!