Saint Seiya: O Rugido do Camaleão escrita por Anderson Luiz


Capítulo 63
Coroação




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[Templo Submarino, Mar Mediterrâneo]

Desde que Julian chegou ao Templo Submarino ele tem sido mantido em seus aposentos, o que lhe foi dito é que durante o período que o poder de Poseidon despertava em seu corpo era preferível que ficasse sob vigília até que este período de transição terminasse, a fim de evitar maiores transtornos. Julian recebia visitas constantes do General Dragão Marinho, de dois Sacerdotes e de Thetis. No mais, Julian não tinha contato com nenhum dos seus outros servos, com exceção de alguns soldados rasos que faziam a guarda do seu quarto.

E graças a essas visitas ele aprendeu muito sobre o deus dos mares, o Templo Submarino e sobre tudo o que estava acontecendo com ele. Ele aprendeu, por exemplo, que Poseidon sempre escolhia alguém da família Solo para encarnar, isso porque desde os tempos mitológicos a família Solo servia ao deus dos mares diretamente. Julian que ele era descendente dos Atlantes, mas não só ele, todos os Marinas também eram.

Julian descobriu que existem vários templos submarinos espalhados pelos sete mares, e que o principal é o templo de *Atlântis, também chamado de Palácio Continental, que foi construído sobre o Atlântico e que foi a base principal de Poseidon durante a primeira Guerra Santa contra Atena. Julian também aprendeu que o deus dos mares era apoiado por uma Corte Real, composta por Sete Sacerdotes, que funcionavam como conselheiros e representantes do deus. Cada um dos sacerdotes atuava em uma frente diferente, estando acima dos Generais Marinas, porém não sendo combatentes. Os Sacerdotes possuíam o mesmo peso que o Grande Mestre tinha para o Santuário e para a deusa Atena.

Julian questionou porque nunca ficou sabendo disso, mas ninguém soube responder o motivo pelo qual a verdade tinha sido ocultada dele. O General Marinho cogitou que por Poseidon ter passado quase 500 anos ausente desde a última Guerra Santa, as pessoas simplesmente pararam de acreditar em seu retorno e abandonaram as tradições. Ele também explicou que Poseidon deu ordens para que os Marinas só começassem a agir quando Julia completasse seus dezesseis anos, enquanto isso ele, o Dragão Marinho, ficaria no comando do Templo Submarino preparando as coisas para o retorno do Deus dos Mares.

Com o passar dos dias, por mais que Julian fosse tratado como um verdadeiro rei, com ainda mais regalias do que recebia como herdeiro do clã Solo, ele se sentia como um prisioneiro ao mesmo tempo que o cosmo de Poseidon que já havia despertado mexia com sua percepção, o que o deixava ainda mais inquieto.

— Está na hora! Preparem a Cerimônia de Coroação! - Disse Julian abrindo a porta  dos seus aposentos, assustando os soldados que estavam de guarda.

— Sen-senhor Poseidon!?

— Ma-mas não está na hora, ou está!? - Disse o soldado confuso olhando para o outro.

— Vocês ousam me desobedecer!? - Disse Julian irritado, envolto em uma aura ameaçadora.

— Ja-jamais meu senhor! - Disse um dos soldados dando alguns passos para trás.

— Não irei mais ficar trancafiado! - Bradou Julian! - Encontrem Thetis e passem as minhas ordens!

— Sim, meu senhor. - Responderam em coro os soldados que saíram correndo em busca da Marina.

Momentos depois os soldados encontraram Thetis e explicaram o que tinha acontecido e qual o desejo de Poseidon.

— Mas já? Acho que ainda é muito cedo para a cerimônia de coroação…

— Mas senhorita Thetis… estas foram ordens diretas do senhor Poseidon… - Disse um dos soldados ainda nervoso.

— E não foi a senhora mesmo que nos disse para realizarmos todas as vontades dele? - Questionou outro soldado.

— De fato. - Suspirou ela. - Reúnam todos no grande salão, avisem aos sacerdotes e deem início aos preparativos para a cerimônia. Enquanto isso eu irei até a Câmara das Escamas.

— Sim senhora! - Responderam em coro e partiram.

Algum tempo depois, todos foram reunidos no grande salão do Templo Submarino. Lá estavam concentrados milhares de Soldados, Marinas e todos os Generais, com exceção de Sorento que ainda não havia retornado.

— Thetis… - Chamou o Dragão Marinho.

— Sim, Dragão Marinho? - Disse a Marina fazendo reverência.

— É verdade que foi o próprio Poseidon que solicitou a Cerimônia da Coroação?

— Sim, e como o senhor ordenou que todas as vontades dele fossem acatadas, nós preparamos tudo… mas ainda não está muito cedo?

— Então isso quer dizer que a alma de Poseidon já despertou completamente. Imaginava que isso demoraria mais alguns dias, mas pelo visto Poseidon está com muito ímpeto em destronar Atena. Muito bem, então vamos continuar com a cerimônia. Traga o senhor dos mares para iniciarmos a coroação. - Disse o General.

Thetis acenou com a cabeça concordando e em seguida foi buscar Julian. Enquanto a Marina se afastava, o Dragão Marinho começou a sorrir maliciosamente.

— Foi mais rápido do que eu imaginava… aquele mimado está com seu ego super inflado…  mesmo com algumas mudanças no meu plano, ele segue perfeitamente bem… e em breve tudo será meu… irmão, aproveite o show… seja lá em qual inferno você esteja… - Pensou o General Marina.

Julian entrou no grande salão e foi ovacionado por todos. Ele vestia uma túnica branca comprida, com mangas longas, que possuíam bordados em dourado nas extremidades e um grande tridente dourado bordado bem no meio da túnica. Ele também estava usando um manto branco como se fosse uma capa, que estava presa nos ombros de Julian por botões dourados que tinham um tridente desenhado em alto relevo.

Julian caminhou até um grande trono de mármore branco onde sentou-se. Ao lado do trono havia um altar, também de mármore, onde repousava a Escama Sagrada de Poseidon junto com o Tridente Dourado.

Três pessoas caminharam em direção ao trono, dois eram sacerdotes, eles trajavam túnicas gregas clássicas, que tinham um exuberante azul claro e tinham bordados dourados que pareciam imitar as ondas do mar. Por cima da túnica havia um manto azul escuro que descia na diagonal pelo peitoral e se prendia na cintura, eles também trajavam braçadeiras douradas que imitavam escamas de peixe.

Entre os dois sacerdotes estava um jovem trajando uma Escama, ele carregava um *Búzio Dourado nas mãos. Ele tinha um pouco mais de trinta centímetros de comprimento, era lindo. O Jovem então se ajoelha diante de Julian e empunhando o Búzio Dourado, ele começa a soprá-lo como se fosse uma flauta e uma linda melodia ecoa por todo salão.

Julian fecha os olhos e se deixa ser envolvido por aquela música maravilhosa, não só ele, mas todos presentes no salão também são. Uma sensação de calmaria inexplicável toma conta de todos os presentes.

Os sacerdotes começam a declamar uma poesia, cada um declamando uma parte, porém a última parte foi declamada em coro pelos sacerdotes e pelo Marina.

 

“Oh, Poseidon de crina escura, senhor dos mares

E dos equestres selvagens e majestosos.

Sois implacável com teu tridente dourado em mãos,

Habitas nas fundações do mar, que em sua plenitude a tudo cobre.

 

Governante do azul profundo, cujo estrondos sacodem a terra,

Tuas florescências ecoam nas ondas, às vezes graciosas, às vezes tempestuosas,

Enquanto tua majestosa carruagem cruza o mar num espetáculo infindável,

Não há criatura viva que não se deslumbre com tua presença.

 

A ti coube o mar incompreensível, o maior e mais selvagem dos reinos,

Encarnaste na fonte da vida imprescindível, ó espírito das profundezas marinhas.

 

Proteja e conduza em segurança aqueles que cruzam teu reino

Proteja todos aqueles que tem temor ao seu poder e sabedoria.

 

Traga-nos paz, senhor das tempestades,

Traga-nos saúde e prosperidade irrepreensível.”

 

Julian fica de pé e abre seus olhos que brilhavam intensamente e seu cosmo começou a transbordar, então os dois sacerdotes e o Marina fizeram reverência e se afastaram. Em seguida a Escama de Poseidon começou a ressoar com o cosmo de Julian, ela então se desmontou e cobriu o corpo dele. Em seguida, o Tridente Dourado voou para a mão de Julian.

— Vejam! Poseidon está usando a sua escama! - Gritou um soldado.

— Nosso senhor ressurgiu completamente nessa era! Curvem-se diante do Deus dos Mares! - Bradou o Dragão Marinho ajoelhando-se. Em seguida, todos no salão também se ajoelharam.

— Hoje tem início uma nova era. A era do deus dos mares! - Bradou Julian e todos os soldados foram à loucura. - Meus súditos! - Chamou Julian batendo o cabo do Tridente no chão fazendo todos se calarem. - Nosso primeiro passo será limpar toda a superfície terrestre desses humanos malignos, apenas aqueles que sobreviverem à fúria das águas receberão a chance de conhecer um novo mundo!

— Nós Marinas juramos lealdade ao senhor dos mares! - Gritaram alguns soldados em coro.

— Depois iremos derrubar o Santuário! Atena permitiu que a maldade humana se espalhasse por toda a terra, até mesmo pelos mares! Eu posso sentir toda a poluição que mancha meu reino! A exploração descontrolada de petróleo está matando os sete mares! E eu sofro com isso! Não deixarei os humanos impunes!

— Lutaremos em nome da supremacia de Poseidon!

— Vida longa ao senhor dos mares!

Julian sentou-se em seu grande trono e se regozijou com a aclamação fervorosa dos seus servos. 

— Thetis. - Chamou Julian.

— Sim, meu senhor? - Disse ela ajoelhando-se diante dele.

— Quanto tempo até que a minha chuva cubra completamente a superfície da terra?

Thetis achou uma pergunta estranha, pois Poseidon deveria saber dessa resposta melhor que qualquer um, já que ele que controlava a chuva. - Humm… será que Poseidon ainda não despertou por completo? - Pensou a Marina.

— Thetis! - Chamou Julian novamente. - Você não me ouviu!? Responda-me!

— Perdão meu senhor… bem, dizem que na época de Noé, foram necessários quarenta dias e quarenta noites para que a terra ficasse completamente submersa… 

— Entendo… então quer dizer que ainda faltam ao menos trinta e sete dias…

— Provavelmente majestade…

— Tudo bem, em breve os tolos humanos serão eliminados da face da terra e uma nova era surgirá!

— Mas ainda teremos que lidar com Atena e seus cavaleiros, que desde a era mitológica se opõem ao senhor. - Falou a Marina abaixando a cabeça para não parecer grosseira.

— Dragão Marinho! - Chamou Julian.

— Sim, meu senhor? - Disse ele se aproximando e fazendo reverência.

— Qual a situação do Santuário de Atena? - Questionou Julian.

— Nada mudou desde o meu último relatório. Depois da guerra civil entre os cavaleiros, Atena está com suas forças reduzidas, não devemos considerá-los como uma ameaça real a vossa majestade.

— Ouviu Thetis? Não há com o que se preocupar. A era Sagrada de Poseidon é inevitável. - Disse Julian batendo o cabo do seu Tridente Dourado no chão, o som da batida ecoou por todo o Templo Submarino.

— Com todo respeito vossa majestade, as batalhas entre as legiões de Atena e as suas, se repetiram diversas vezes durantes as eras, a força de Atena está no mesmo nível que a sua e seus cavaleiros são uma força a se temer!

— Thetis, já chega dessa besteira! - A repreendeu, o Dragão Marinho. - Se insistir com isso, entenderei como uma insubordinação, terei que puni-la.

— Se Atena tem seus cavaleiros, Poseidon tem seus Marinas! - Disse o jovem Marina que havia tocado o Búzio Dourado se ajoelhando diante de Julian.

— E quem é você? - Questionou Julian.

— Eu sou Willahelm de *Tritão, Primeiro Comandante Marina do Pilar do Atlântico Sul, meu senhor. E tenho certeza que nenhum dos cavaleiros de Atena teria chance contra um Comandante, quem dirá contra um General.

— Primeiro Comandante? - Questionou Julian um pouco confuso. - Isso me soa familiar, mas não consigo me lembrar… 

— Meu Senhor, cada General Marina possui Sete Marinas sob seu comando e dentro desse grupo existe um que recebe o cargo de Primeiro Comandante, o escolhido poderá substituir temporariamente as funções de um General Marina, porém, para receber este cargo o Marina deverá ser tão poderoso e habilidoso quanto um General. - Explicou o Dragão Marinho.

— Por isso não há motivos para se preocupar com o exército de Atena, vossa majestade. - Disse Willahelm de Tritão.

— E posso provar que isso é verdade, meu senhor. - Falou Sorento se aproximando e jogando o elmo de Touro aos pés de Thetis.

— Senhor Sorento!? - Falou Willahelm surpreso.

— Isso é um elmo de ouro? - Questionou Thetis boquiaberta.

— Exatamente! Espero que isso ajude a amenizar os seus temores, Thetis.

— Tsc… o maldito não só sobreviveu, como conseguio mesmo derrotar um cavaleiro de ouro… Se me lembro bem, esse é o elmo do cavaleiro de touro… contúdo, isso só deve fortalecer os meus planos. - Pensou o Dragão Marinho com um sorriso nefasto, mas que foi parcialmente escondido pelo seu elmo.

— Então você derrotou um dos cavaleiros de ouro de Atena? - Questionou Julian.

— Sim meu senhor, eu, Sorento de Sirene, General Marina do Pilar do Atlântico Sul, lhe trouxe o elmo do Cavaleiro de Touro como oferenda. - Respondeu Sorento fazendo reverência.

— Como pode ver meu senhor, Atena não tem a menor chance contra as suas legiões. - Disse o Willahelm de Tritão orgulhoso.

— Como eu já havia lhe dito, meu senhor, o exército de Atena não é uma ameaça… - Começou a falar o Dragão Marinho, mas logo foi interrompido por Sorento.

— É verdade que não precisamos temer os cavaleiros… no entanto… meu senhor… existe outra coisa a se temer…

— Do que o senhor está falando!? - Questionou Thetis, confusa ao ver o temor nos olhos do General Marina.

— Não precisamos temer os cavaleiros, mas Atena é aterrorizante! Depois que derrotei Aldebaran, o cavaleiro ouro de Touro, Atena surgiu diante de mim e ela me pediu para dar um recado para o senhor.

— Um recado!? Vamos Sirene, o que Atena falou!? - Questionou Julian, extremamente curioso.

— Que ela deseja ter uma audiência com vossa majestade. - Respondeu Sorento.

— Que absurdo! Você se tornou um garoto de recados de Atena!? - Questionou o Dragão Marinho furioso.

— Não foi um simples pedido, soou como uma ordem, que eu fui incapaz de reusar. Ela não me ameaçou, nem nada do tipo, mas ainda assim uma força esmagadora emanou dela. Foi uma sensação tenebrosa, nunca tinha sentido nada parecido antes… Meu senhor, por favor, me perdoe… - Falou Sorento se ajoelhando diante de Julian.

— Não se preocupe. Eu já entendi as reais intenções de Atena. - Respondeu Julian.

— Como assim, senhor Poseidon? - Questionou o Dragão Marinho.

— Atena usou o mensageiro como mensagem. Se ela permitiu que Sirene voltasse vivo e ainda carregando uma oferenda, isso demonstra que Atena está realmente decidida em tentar resolver esta guerra de forma diplomática.

— E o que devemos fazer agora, meu senhor? - Questionou Thetis.

— Deixe que ela venha. Enquanto isso, vamos continuar com a Cerimônia de Coroação.

Dragão Marinho, Sorento, Willahelm e Thetis fazem reverência e se afastaram.

— Atena e sua diplomacia… Não será a primeira nem a última vez que ela tentará resolver os conflitos de forma diplomática… mas nem sempre isso será possível… parece que quanto mais Atena vive entre os humanos, mais tola ela fica. - Pensou Julian.

 


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Notas finais do capítulo

E mais um capítulo pronto, e este comemora os dois anos da fanfic, que foi dia 08 de Janeiro. Nesses dois anos muita coisa mudou, eu queria fazer uma estória mais simples e curta, mas fracassei hahahaha e acabei construindo algo muito maior do que eu imaginava e fico feliz com o resultado, espero que vocês continuem acompanhando e curtindo.

*Primeiro Comandante é uma nova classe de Marinas que criei para a fanfic, contudo a Escama de Tritão já havia aparecido no jogo do Ômega de PSP, que é muito bom.

*Búzio - É um molusco cujo as conchas são aquelas enormes que encontramos na praia, o tipo em questão que imaginei para este é o Bolinus brandaris, dá uma googlada.

*Tritão - Na mitologia grega Tritão era filho de Poseidon e sempre que o pai ia cruzar os mares, ele tocava uma musica num búzio para acalmar o mar.

*Atlântis - De acordo com o hipermito, Poseidon criou um palácio fortificado sobre o Atlântico, o qual recebeu o nome de Atlântis ou Palácio Continental, durante a primeira guerra santa, mas acabou sendo submerso pelos cavaleiros de Atena. As estórias sobre ele deram origens as lendas atuais sobre o continente perdido de Atlântis ou Atlântida.

O poema declamado pelos sacerdotes é baseado no Hino Órfico dedicado à Poseidon.

Agradeço aos leitores que aqui chegaram e até o próximo capítulo ^^



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