Saint Seiya: O Rugido do Camaleão escrita por Anderson Luiz


Capítulo 50
Magoas do Passado




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[Monte Etna, Sicília]

Os cavaleiros estavam fazendo uma varredura para tentar localizar e identificar quem estava tentando romper o Selo de Atena e libertar o Gigas Enceladus. Para isso, os cavaleiros foram divididos em dois grupos, um formado por Yuri, Jamian, Serge e Keyser e o outro formado por Mei, Spezzia e Shun.

— Mas que calor é esse? Pensei que estaria mais frio. - Comentou Jamian.

— Nós estamos no início da Primavera, e normalmente a temperatura fica entre os 20 e poucos graus, mas hoje segundo os jornais a temperatura chegou aos 29º, o que é uma temperatura anormal para a região. E quanto mais nos aproximarmos do vulcão, mais a temperatura vai se elevar. - Explicou Yuri.

— O senhor Mu chegou a mencionar que durante as batalhas contra os Gigas, terremotos e erupções tendem a acontecer e que infelizmente nem sempre foi possível controlar esses efeitos colaterais. - Comentou Serge.

— Grandes tragédias permeiam a história das Gigantomachias, mas para o resto da humanidade esses acontecimentos não passam de desastres naturais. E isso poderia ter se repetido anos atrás, mas graças ao meu mestre, os Gigas foram impedidos de renascer neste século. - Falou Yuri.

— Seu mestre sozinho conseguiu lidar com os Gigas? - Questionou Keyser espantada. - Será que o senhor Mu não estava alarmado demais? Será mesmo que esses Gigas são tão ameaçadores assim?

— Meu mestre era um dos doze cavaleiros de ouro… e ele teve muitas dificuldades para lidar com os Gigas. - Respondeu Yuri, sua voz transmitia um pouco de pesar.

— Se mesmo ele sendo um cavaleiro de ouro ainda assim teve tantos problemas para vencer os Gigas, o que nós poderíamos fazer? - Questionou Serge preocupado.

— Por isso ele nos treinou, nosso intuito é de preservar os selos e vigiá-los, fazendo o máximo para impedir o retorno deles. O mestre dizia que o terror que os Gigas trazem a terra nunca vai embora, se torna uma cicatriz que fica para sempre marcada. E que os fracos não terão chance de sobreviver. - Explicou Yuri.

— Quem dos doze cavaleiros de ouro? - Perguntou Jamian curioso.

— Máscara da Morte… o cavaleiro de ouro de Câncer… - Respondeu ela meio sem jeito.

— O trai… - Keyser notou que iria magoar Yuri e parou.

— Tudo bem… o mestre não era uma pessoa exemplar… ele acabou se desvirtuando do caminho… nós não sabíamos sobre a sua traição e fomos pegos de surpresa quando soubemos da sua morte.

— Er… Na verdade, todos nós fomos pegos de surpresa quando soubemos a verdade sobre o Grande Mestre… - Comentou Jamian.

— Muitos cavaleiros perderam a vida por causa da traição do Grande Mestre, vivemos anos sob uma mentira… O Santuário não irá se recuperar dessa tragédia tão cedo. - Lamentou Keyser.

O grupo então ficou em silêncio, não havia muito mais o que falar sobre a questão, eles continuaram vasculhando a área em silêncio.

— Vocês têm alguma suspeita sobre quem poderia estar tentando quebrar o selo? - Perguntou Serge tentando quebrar o silêncio melancólico.

— O mestre disse que ainda é possível que novos Gigas nasçam, mas que dificilmente serão tão poderosos quantos os primeiros que lutaram contra os deuses na era mitológica. - Respondeu Yuri.

— Então existe a possibilidade de um novo Gigas ter nascido e está tentando quebrar o selo para libertar Enceladus? - Questionou Serge.

— Provavelmente. E por isso que nós fomos enviados, para averiguar a situação real e o nível de perigo. Somos a ponta da lança… - Suspirou Jamian.

Enquanto isso, o outro grupo também acabou descobrindo que Mei era pupilo do Máscara da Morte.

— Aquele era um desgraçado, não sei como ele não matou nós três… e olha que ele tentou bastante. - Comentou Mei com um sorriso sarcástico. - Mas… ainda assim… ele arriscou a própria vida para impedir a volta dos Gigas.

— Nós três? - Questionou Spezzia.

— Sim, éramos três. - Respondeu Mei cabisbaixo.

— Éramos? O que houve com o terceiro? - Questionou a amazona de prata.

— Dante de Cerberus… ele morreu durante o combate contra os cavaleiros de bronze rebeldes no Japão, pelo menos foi o que ouvimos na ocasião, a princípio não acreditamos que ele teria sido derrotado por cavaleiros de bronze, mas no último contato que tivemos com o nosso mestre ele nos confirmou isso.

— Cerberus? Se não estou enganado ele lutou contra June. - Pensou Shun, mas ele não quis comentar sobre isso.

— Andrômeda, seus amigos realizaram uma proeza digna de um milagre, não só venceram os cavaleiros de prata como também os cavaleiros de ouro… - Comentou a amazona.

— É verdade Shun, vocês realizaram um milagre. - Concordou o aspirante com ela.

— E até mesmo você Shun, que sempre foi um bebê chorão conseguiu tal milagre… - Pensou Spezzia.

— Se bem que antigamente vocês vivam perdendo pra mim… - Gabou-se Mei. - Mas hoje em dia duvido que eu ganhe de um de vocês… principalmente por eu não ter virado um cavaleiro, sou só apenas um soldado raso, uma estrela anã.

— Antigamente? Do que você está falando? - Questionou Shun, confuso.

— Você era um dos mais novos, provavelmente não se lembra de mim… Mas eu sou um dos cem órfãos que a Fundação Graad juntou… e enviou para os quatro cantos da terra…

— Mas eu não me lembro de nenhuma criança de cabelos brancos… - Respondeu o bronzeado.

— Espera! Você é o *Mei-tostão!? — Questionou Spezzia surpresa.

Mei parou de andar e virou assustado para Spezzia. - Si-sim… mas como diabos você conhece esse apelido…

— Você não lembra do meu rosto? - Perguntou ela apontando para a própria face.

— Er… você sabe que está usando máscara neh? - Questionou Mei com um sorriso amarelo.

— Tsc… estou tão acostumada com ela, que às vezes esqueço que uso máscara… acho que acontece a mesma coisa com quem usa óculos… Mas enfim, acho que isso aqui vai refrescar a memória de vocês… - Spezzia retirou as proteções dos seus braços e mostrou várias cicatrizes que pareciam mordidas de cachorro.

— Então você é aquela garota que foi atacada pelos cães de guarda da Fundação e quase morreu! - Falou Mei espantado apontando para as cicatrizes da amazona.

— Sim. No mesmo dia que Ikki, o irmão mais velho do Shun, tentou fugir eu achei que poderia aproveitar o tumulto que ele tinha causado para tentar fugir também, só que aqueles desgraçados soltaram os cães pra me perseguir e depois não conseguiram controlá-los e eu quase morri. Mas ainda assim aquele velho desgraçado não me deixou em paz, eu fiquei no hospital da fundação por quase dois meses e assim que me recuperei ele me enviou para Ligúria na Itália, para iniciar o meu treinamento.

— Espera… Spezia também não é o nome de uma cidade da Ligúria? - Questionou Mei.

— Exatamente. Por sorte, eu acabei sendo enviada para a minha cidade natal. - Explicou a amazona.

— Mas então porque você não participou do Torneio Galáctico? - Questionou Shun.

— E porque eu deveria? Eu não tinha motivo nenhum para voltar ou obedecer a Fundação Graad. E por estar na minha cidade natal, eu simplesmente ignorei os chamados deles. E o meu mestre também disse que seria mais inteligente se eu não me envolvesse com aquele show, ou acabaria sendo morta pelo Santuário. - Explicou.

— Então foi por isso que você escolheu fazer um grupo com o Shun… - Comentou Mei.

— Sim, eu não me lembrava de você por causa dos cabelos brancos, mesmo percebendo que você pintou os cabelos e muito mal diga-se de passagem. - Comentou Spezzia debochando. - Eu também não reconheci os outros que encontrei no Santuário, mas me lembro muito bem do Shun e do Ikki por causa daquele dia. E pelo jeito você escolheu ficar no grupo do Shun pelo mesmo motivo.

— Sim, eu reconheci o Shun logo que ele chegou, e só estava esperando uma chance de falar com ele e perguntar dos outros. Eu pintei os meus cabelos como um tipo de homenagem ao meu mestre, pois essa foi uma das cicatrizes que ele ganhou ao lutar contra os Gigas anos atrás. - Explicou Mei sem graça passando a mão em seus cabelos bagunçados.

— Então a Yuri também pinta os cabelos? - Perguntou Shun.

— Sim, só que ela foi mais além, ela também abandonou o próprio nome, assim como o nosso mestre. Na verdade isso é algo comum no Santuário. Quando um cavaleiro quer se desvincular da sua antiga vida e focar nos seus deveres como cavaleiro ele abandona o seu nome de nascença e adota um nome que remete a sua determinação.

— Não sei vocês, mas essa é uma coincidência muito surreal… nós nos encontramos de novo depois de todos esses anos… é um sentimento um pouco confuso, na verdade… - Comentou Spezzia.

— De fato, é um sentimento estranho… Er… Mas Shun… tem algo que eu queria te perguntar… quantos… quantos de nós sobreviveram… - Perguntou Mei, a voz dele parecia carregar um fardo de cem anos.

— Bem… agora com a Spezzia e você… ao todo foram 12… Pelo menos que eu sei, outros podem ter sobrevivido, e assim como você não se tornaram cavaleiros… ou como a Spezzia que se recusaram a voltar para a Fundação Graad. - Respondeu Shun tentando ser otimista.

— Apenas 12… dos 100 órfãos… Apenas 12 sobreviveram… E quem foram eles? - Perguntou Mei cabisbaixo.

— Jabu, Geki, Ban, Ichi, Nachi, Seiya, Shiryu, Hyoga e… o meu irmão… que está desaparecido… desde o fim da batalha das 12 casas… - Lamentou Shun.

— Acho que lembro de alguns desses nomes… Jabu… não era esse o cavalinho da Saori? Hehehe… - Desdenhou Mei, tentando mudar o clima.

— Esse mesmo… E pelo que sei, ele virou o cavaleiro de Unicórnio… Continuou um babão… - Comentou Spezzia gargalhando.

— Sério? Então o cavalinho da Saori virou um Unicórnio? Parece que o destino não brinca em serviço, hehehe. - Brincou Mei.

Shun não resistiu e também sorriu.

— Olha quem fala… você era o único que não era espancado pelo babaca do Tatsumi… e vivia brincando com a Saori, sendo o único que ela não maltratava… todos achavam que você era uma babão da Família Kido… por isso não valia nenhum tostão, daí o seu apelido. - Debochou Spezzia.

— Tatsumi… a quanto tempo não escuto esse nome… - A voz de Mei parecia saudosista. - E a Senhorita Saori… digo, e a Deusa Atena… como ele está?

— Atualmente ela está no Japão resolvendo algumas pendências. - Explicou Shun.

— Quem poderia imaginar que aquela menina mimada e endemoniada era a reencarnação de uma Deusa? - Falou Spezzia.

— Pois é! Que loucura. - Respondeu Mei.

— De fato, a imagem que a Saori representa hoje é muito diferente de quando ela era uma criança… hoje ela já assumiu completamente o seu papel como Deusa Atena. Agora ela carrega um fardo que ninguém conseguiria sequer imaginar... talvez seja por isso que ela foi tão mimada durante a infância... talvez uma forma de tentar compensar sobre o que viria acontecer no futuro...

— Shun... não precisa ficar defendendo aquele desgraçado do Mitsumasa Kido... Ele foi um desgraçado de qualquer forma. - Comentou a amazona.

 

— Mitsumasa Kido... - Shun faz uma pausa como se estivesse escolhendo as palavras que iria proferir e continua. - Imagino que vocês não sabem sobre a nossa verdadeira origem… - Falou Shun cuidadosamente.

— Do que você está falando Shun? - Questionou a amazona.

— Sim... eu sabia… eu ouvi a conversa de alguns funcionários da Fundação… mas se eu contasse pra algum de vocês naquela época, quem iria acreditar? - Falou Mei.

— Hã? Do que vocês estão falando? - Indagou a amazona ainda mais confusa.

— Mitsumasa Kido… ele era o pai de todos os órfãos… todos os 100 órfãos são irmãos… - Respondeu Shun.

— Quê!? Você só pode tá de brincadeira… e ela não tem graça nenhuma! - Falou Spezzia.

Shun e Mei se entreolharam, era possível sentir o pesar em seus ombros e ver a cor opaca em seus olhos, então a amazona percebeu que não era nenhuma brincadeira.

— Vo-vocês estão me dizendo que aquele velho desgraçado enviou os próprios filhos como sacrifícios?

— Sim… foi isso mesmo… ele precisou… abdicar dos próprios filhos… ele decidiu se tornar o próprio demônio… - Comentou Mei com a voz embargada e os olhos rasos de água.

— Aaah, não me venha com essa ladainha que ele se sacrificou por um bem maior… - Falou Spezzia avançando contra Mei o segurando pela gola da sua camisa. - Fomos nós que vivemos um inferno durante nossos treinamentos! E muitos de nós nem devem ter sobrevivido!

— Treze anos atrás, quando ele estava de férias na Grécia, ele teve um encontro inusitado. Ele encontrou um jovem à beira da morte e ele carregava uma urna dourada e um bebê. E ele era Aiolos de Sagitário e aquele bebê era Saori, ou melhor, a Deusa Atena. Aiolos contou que o Grande Mestre do Santuário tinha tentado matar aquele inocente bebê, também contou sobre os cavaleiros e sobre Atena. Ele pediu que Mitsumasa cuidasse e protegesse aquela criança até o momento que ela despertasse completamente como Atena, e que enquanto isso ele deveria reunir o maior número de jovens possíveis para que dentre eles surgissem novos cavaleiros para lutar ao lado de Atena e dentre eles aquele que mais se destacasse e se fosse digno herdaria a armadura de ouro. - Explicou Mei retirando a mão da amazona da sua gola.

— Tsc… está me dizendo que todo o inferno que passamos… aquele torneio ridículo… foi tudo arquitetado por Mitsumasa? Desde o início, com a desculpa de proteger Atena?

— Mas se isso não tivesse acontecido, Atena teria morrido e a terra ficaria sem sua deusa guardiã… quem iria proteger as pessoas? Quem iria lutar contra os Gigas? - Falou Shun tentando encontrar algum sentido.

— Não me diga que você concorda com o que aquele velho desgraçado fez com a gente… - Questionou Spezzia transtornada.

— De forma alguma… a dor e o sofrimento que ele nos fez passar… talvez nunca vá embora… essas cicatrizes vão ser pra sempre… no entanto… graças a essas cicatrizes quantas vidas podemos salvar agora?

— Não me importa! Eu vou pessoalmente ao Japão socar a cara dele… - Gritou a amazona furiosa.

— Sinto muito… mas ele faleceu 1 ano depois que nós fomos enviados para nossos locais de treinamentos. - Explicou Mei enxugando os olhos.

— Mas que inferno! Espero que o desgraçado tenha sofrido bastante! - Falou Spezzia cerrando o punho e pisando com tanta força no chão que abriu uma depressão.

Os três ficaram em silêncio por vários minutos, quando de repente a amazona de prata o quebra. - Espera! Quantos de nós sabem sobre isso?

— Eu nunca contei pra ninguém. - Respondeu Mei.

— Eu, Hyoga, Shiryu e o Seiya descobrimos isso pouco antes das batalhas das 12 casas, quem contou a verdade foi o Ikki. Jabu e os outros não estavam com a gente, então provavelmente eles ainda não sabem da verdade. - Explicou Shun.

De repente o Monte Etna começa a tremer.

— Droga! Esse é o quarto tremor de hoje! - Gritou Mei tentando manter o equilíbrio.

— Eu não consigo sentir a presença de ninguém por perto. Nós estamos perto do Selo? - Perguntou Spezzia.

— Não! Ele fica dentro do vulcão! - Respondeu Mei. - Isso pode ser uma distração…

— Deixem comigo! As correntes de Andrômeda podem localizar o inimigo em qualquer lugar. - Explicou Shun esticando o seu braço direito onde estava enrolada a corrente triangular.

— E aí Shun? Conseguiu localizar? - Perguntou Mei depois de alguns minutos.

— Isso é estranho… eu posso sentir um cosmo maligno… mas é como se ele estivesse espalhado por todo o Monte Etna, a presença está se espalhando junto com o terremoto… desse jeito eu não consigo!

— Shun! Se o inimigo estiver tentando nos enganar ele deve estar próximo daqui! Tente achar o epicentro do tremor e use a corrente para localizá-lo! Se ele for a causa do tremor, ele tem que estar próximo do epicentro! - Gritou Spezzia.

Shun se concentrou e tentou localizar o epicentro do terremoto, depois de alguns minutos ele finalmente encontrou o epicentro do tremor. - Achei! Onda Relâmpago!

A corrente Triangular avançou por vários metros se movendo em alta velocidade e em zigue-zague, simulando o trajeto de um relâmpago. De repente ela chocasse com o chão e segue avançando por dentro da terra.

 


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Notas finais do capítulo

E mais um capítulo no ar, espero que vocês gostem. Minha intenção inicial era apresentar a Spezzia em Poseidon, mas acabei a trazendo pra cá e espero que ela sobreviva, hehehe.

Eis que surgem mais dois órfãos do passado, porém a estória de Mei é um pouco diferente e vou abordá-la no próximo capítulo, eu tentei fazer uma piada com Mei-Tostão, mas não da pra acertar sempre neh, hehehe.

Originalmente Máscara da Morte não teve pupilos conhecidos, o único apresentado foi o próprio Mei em Gigantomachia. Decidi colocar Dante de Cerberus como discípulo dele porque ambos treinaram na Sicília e por causa da temática de Cão do Inferno achei que super caberia.

Agradeço aos leitores que aqui chegaram e até o próximo capítulo ^^



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