Internato Limoeiro escrita por sam561


Capítulo 39
Capítulo XXXVIII - Comemoração


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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O beijo entre Milena e Tikara acabou com vários selinhos do rapaz, que fizeram a moça rir.

 

"Sabia que neste exato momento os caras do time devem estar bufando por terem visto a gente se beijando?" ele perguntou enquanto a abraçava.

 

Milena riu divertida.

 

"Problema deles. Tikara, um conselho pra lidar com esses meninos: tem coisas que precisam ser ignoradas." falou com um riso e ele sorriu abobado enquanto sentia o coração bater mais rápido.

 

"Mi, depois de você me beijar na frente de todo mundo, eu não posso mais me segurar!" falou enquanto segurava na mão de Milena, que o encarou atenta.

 

A luz quadra iluminava o rosto de Milena, que o encarava esperançosa. Tikara, por sua vez, tinha a pele brilhante pelo suor, do jogo e do nervosismo, e o olhar fixo nos olhos dela.

 

"Desde a primeira vez que eu te vi, aqui nesta quadra quando eu fui fazer uma embaixadinha e dei uma bolada em mim mesmo, eu senti um tremelique gostoso. Eu vi uma garota maravilhosa que a cada dia que se passa me encanta mais e faz com que eu me apaixone cada vez mais por ela." começou e ela olhava com um sorriso surpreso e amoroso.

 

"Milena, sei que já dei minhas mancadas com você e que não sou um ótimo jogador ou alguém de notas altíssimas, mas sei que o que sinto por você é tão forte quanto levar uma bolada na cara, só que sem a dor. Sei que pode ser muito rápido, mas eu queria saber se…" falava e ela o olhava com expectativa já imaginando o que ele falaria.

 

"Se você quer ser minha namorada!" concluiu com um sorriso que a fez segurar em suas mãos.

 

"Meu amante de gel favorito, eu não ligo se você é ou não um ótimo jogador ou se você tem ou não as melhores notas, e as mancadas foram perdoadas. Eu sei que alguns acontecimentos me impedem de me expressar da melhor maneira, mas eu gosto muito de você, Tikara." ela começou e o sorriso dele cresceu.

 

"Eu pude sentir de novo como é gostar de alguém e receber isso de volta, e vou amar continuar sentindo isso. Então, sim! Eu quero ser sua namorada!" respondeu e logo sentiu ser tirada do chão por conta de um apertado abraço de Tikara, que terminou em um beijo apaixonado.

 

Antes que pudessem curtir o momento, ouviram o som de alguém limpando a garganta e se separaram. Ali estavam Átila e Cascão.

 

"Caramba, treinador! Ela não é mais minha capitã! Não tem motivo pra barrar a gente!" Tikara reclamou zangado.

 

"Eu sei! Mas o Carlito vem aí parabenizar vocês, então recomendo não burlarem regras." Átila respondeu indo para o vestiário.

 

"Eu não tenho mais nada ver com isso, então…" Milena falava pronta para sair quando Cascão a impediu.

 

"Nananinanão! A senhora é a co-capitã, lembra? Não vai pular fora e me deixar sozinho ouvindo as mais verdadeiras felicitações do Carlito!" falou e ela fez uma careta.

 

"Eu tenho que tomar um banho! 'Tô fedendo. Até daqui a pouco!" Tikara disse dando um selinho nos lábios da moça e saindo em seguida.

 

Cascão sorriu malicioso.

 

"Huuum… eu e quase toda a escola vimos o beijo. Mas eu acho que tem alguma coisa a mais…" ele disse e ela riu.

 

"Tem mesmo. Ele me pediu em namoro e eu aceitei!" a moça respondeu sorridente.

 

Cascão sorriu abertamente.

 

"Tô felizão por vocês! É ótimo te ver abrindo o coração de novo e ele finalmente tomando coragem de se declarar pra mina que gosta. Mas ó… não se esqueça dos inspetores." alertou.

 

"Jamais. Cadê esse Carlito, hein? Soube que vai rolar uma festa de comemoração e eu quero me divertir!" exclamou e o rapaz assentiu olhando ao redor à procura do diretor.

 

                                          X

Enquanto isso, dentro do vestiário, alguns rapazes comentavam sobre a cena que viram há pouco envolvendo Milena e Tikara. Átila já havia deixado o local quando o moreno saiu do chuveiro.

 

"Ei, Tikara! Na boa, você sabe algum podre da Milena, né? Que pra ela ter te beijado tem que ter feito alguma coisa muito ruim que você sabe e ela quer esconder." um aluno do terceiro ano perguntou.

 

"Ela me beijou porque ela gosta de mim e eu dela!" Tikara respondeu.

 

"Para de mentir! O que uma mina feito ela iria querer com um gel de cabelo ambulante feito você? Principalmente quando pode ter um homem de verdade." outro deles disse mostrando seu músculo do braço.

 

"Esse homem de verdade seria você? Pff…" rebateu e o outro ameaçou se aproximar. Mas, para a surpresa de Tikara, fora parado por Felipe.

 

"Para, cara! Não é de hoje que esse daí e Milena 'tão de rolo. Não sei por quê!" falou de olhos estreitados para o moreno.

 

"Eu já respondi! Porque nos gostamos!" exclamou.

 

O outro rapaz riu enquanto se desvencilhava de Felipe.

 

"Não vai durar! Além de ela ter se traumatizado com esse otário aí e aquele outro, garotas como ela, cheias de atitude e tudo mais, são difíceis de lidar. E você… claramente não dá conta. Pula fora, Tikara! Deixa pra quem tem experiência." falou apontando para si mesmo ao fim.

 

Tikara deu de ombros.

 

"Você me enoja!" exclamou saindo em seguida.

 

Xaveco seguiu o amigo e o chamou.

 

"Tikara! Você 'tá bem?" perguntou e o amigo sorriu.

 

"Pra caralho, Xaveco! Eu pedi Milena em namoro e ela aceitou! Acha que eu vou dar atenção pra esse bando de idiota? Justo agora? Mas de jeito nenhum!" exclamou e o cacheado sorriu.

 

"Então você finalmente tomou coragem? Parabéns, irmão! Vamos lá falar pro outro casal do grupo. Nossa… eu vou ficar de vela mesmo? É isso?" comentou.

 

"Vai ter festa de comemoração e ouvi dizer que tinha líder de torcida de olho em você. Então hoje pode ser seu dia de sorte." o moreno falou e Xaveco riu negando com a cabeça.

 

                                         *

Na sala da coordenação, Cebola estava sentado em uma cadeira com a perna balançando freneticamente esperando Marocas, que o chamou para conversar. Assim que a vice-diretora retornou à sala, ele sentiu a respiração pesar.

 

"Parece nervoso, Cebolácio. Tudo bem?" ela perguntou.

 

"Tu-tudo! Eu não 'tô nelvoso… nervoso, não." falou cometendo um rápido equívoco.

 

Marocas riu.

 

"Pode ficar calmo, ok? Vamos falar sobre a monitoria. Você deve saber que Manoela não achou nenhum aluno que quisesse ser monitor de inglês, então ela que tem dado a monitoria, mas alguns alunos vieram me procurar dizendo que não tem rendido tanto porque alguns têm dificuldades com a explicação dela e chega na monitoria e é a mesma pessoa, entende?" falou e ele assentiu.

 

"Então eu pensei um pouco sobre sua situação. Primeiramente, por que é complicada essa relação amorosa entre monitor e monitorado? Porque você pode ter um favoritismo." ela disse e ele suspirou.

 

"Dona Marocas, eu posso garantir pra senhora que consigo separar as coisas! Tanto que na monitoria que eu dava pra Mônica, mesmo sendo só nós dois, a gente realmente fazia as revisões! É claro que tem mais afeto, mas não interfere!" defendeu-se.

 

Marocas suspirou.

 

"Cebolácio, eu pude observar uma mudança de seu comportamento e de suas amizades, não sei se isso tem ou não alguma relação com a monitoria, mas sei que você sempre levou a sério." falou e ele assentiu.

 

"Considerando isso, eu falei com a professora Manoela, com o Carlito e até mesmo com outros monitores e monitorados sobre como proceder." continuou e o adolescente franziu o cenho.

 

"Monitores e monitorados? Por quê? Não são todos que gostam de mim, dona Marocas." respondeu e ela riu.

 

"Pode até ser, mas eu tinha que ouvir o que eles achavam de eu abrir uma exceção, afinal, eu não sei se eles têm relacionamentos amorosos." a mais velha disse e Cebola arregalou os olhos.

 

"Espera aí… abrir uma exceção? Então eu vou voltar pra monitoria?" perguntou com um sorriso e ela assentiu.

 

"Chegamos à conclusão que sua monitoria é muito construtiva para seus colegas e para você, então decidimos abrir uma exceção." confirmou e ele sorriu largamente antes de abraçar a vice-diretora.

 

"Obrigado, dona Marocas! De verdade! Não vou decepcionar!" exclamou animado e ela riu.

 

"Calma! Ainda não acabei!" ela falou e ele se recompôs, mas sem perder o sorriso.

 

"A partir de agora, você e Mônica não poderão fazer aquela monitoria sozinhos que vocês faziam, tem que ser junto com os outros e nada de favoritismo!" pontuou e ele assentiu.

 

"Pode deixar!" Cebola garantiu.

 

"E tem uma coisa séria! Seus colegas vão ficar de olho na relação de vocês dois durante a monitoria. Você mesmo disse que nem todo mundo gosta de você, então fique esperto com isso!" a mulher alertou e o rapaz assentiu.

 

"Vou ficar!" respondeu animado e ela sorriu.

 

"Ótimo. Pode ir agora! E bem-vindo de volta." ela disse e ele sorriu se levantando.

 

"Dona Marocas, a senhora não faz ideia do quanto a monitoria é importante pra mim. Então muito obrigado por me ajudar!" Cebola agradeceu.

 

"Eu consigo imaginar. Agora vai lá aproveitar a festa!" falou e ele saiu rapidamente.

 

                                          *

A noite já havia caído e a comemoração no internato contava com música, comida, bebida e diversão. Porém, nem todos alunos se divertiam, dois deles estavam sentados na sala do diretor de frente para ele, que lia alguns papéis.

 

"Nem te agradeci pelo gol que fez pra mim." ela sussurrou e ele riu.

 

"Eu disse que faria um. Sou um cara de palavra." sussurrou de volta e ela riu.

 

Carlito os encarou e os dois ficaram sérios.

 

"Magali e Cássio. Esperei passar o interescolar para dar suas punições por violarem regras do internato." ele falou sério.

 

"Cássio, vou te dar apenas uma advertência para seus pais assinarem, eles já sabem disso. Magali, você receberá duas advertências, uma por beijar no internato e outra por desrespeitar o diretor." decretou.

 

"Diretor! Eu sei que Magali não teve a intenção de te desrespeitar, então…" Cascão falava até o mais velho o interromper.

 

"Mas desrespeitou!" exclamou.

 

"Mas foi pra me defender! Então não acho justo só ela ser punida duas vezes." o adolescente emendou.

 

Magali negou com a cabeça.

 

"Não, Cascão! Não seria justo você receber outra punição por uma coisa que não é sua culpa! Eu te defendi porque eu achei certo, nem você e nem ninguém me obrigou a fazer isso. E eu já te disse, não se preocupe comigo!"  a moça falou firme e ele sorriu.

 

Carlito olhou para os dois e repensou em tudo que dissera no dia do flagra, inclusive acerca de sua raiva: havia sido pela quebra da regra ou por ser sua filha ali aos beijos com um garoto?

 

"Podem ir agora!" falou girando sua cadeira para ficar de costas para os dois.

 

Os adolescentes deixaram a sala e, no corredor, Magali lembrou de algo.

 

"Ah! Eu tenho que achar o Jerê e o DC. Narcisa, do jornal, disse que seria legal o grupo de música se apresentar hoje, e eu vou ver se e eles querem. Já te encontro!" ela falou mandando um beijo no ar e ia sair quando ele a chamou.

 

"Espera, Magali! Valeu de novo por me defender! Você correu um risco enorme, tomou duas advertências e mesmo assim ficou do meu lado." ele falou e ela sorriu enquanto o abraçava.

 

"Cascão, não precisa me agradecer! Eu faria tudo de novo se fosse necessário. Já te encontro!" falou lhe dando um selinho e saindo em seguida.

 

O rapaz deixou um suspiro escapar de seus lábios enquanto observava ela se afastar. O rapaz voltou a andar e, no meio do caminho, deu de cara com Mônica.

 

"Cascão! Você viu o Cebola? Ele ia falar com a Marocas e sumiu!" ela perguntou.

 

"Não, não vi, não." respondeu e a amiga o observou bem, parecia abatido.

 

"Tudo bem com você?" perguntou e ele riu.

 

"Acabei de sair da sala do Carlito. Levei uma advertência e a Magali duas. Meus pais já 'tão sabendo, então mais tarde vou pra casa e… ver no que dá." respondeu.

 

Mônica encarou surpresa.

 

"Eita! Eu meio que já esperava advertências, mas achei que ele pegaria leve com ela." comentou.

 

"Também achei. Mas vai entender esse homem." Cascão disse e ela assentiu.

 

"Mudando de assunto, parabéns pelo jogo! Foi ótimo, como sempre! Ano que vem tem mais, capitão!" a moça exclamou e ele sorriu fraco.

 

"Valeu! Mas não sei se quero ser capitão de novo." revelou e a amiga arregalou os olhos.

 

"Por quê? Você é ótimo!" ela exclamou.

 

"Não, Mônica, eu não sou ótimo. O Átila que confia demais no meu futuro como jogador de futebol." ele respondeu.

 

"Ué… e você não confia?" a morena perguntou.

 

Cascão respirou fundo.

 

"Ah, sei lá. Ficar preso nesse internato deixa tudo mais distante, eu 'tô longe de qualquer olheiro, Mônica. Fora que minhas notas nem sempre são as melhores. Só confirma que vou ser um sem futuro." desabafou.

 

Mônica o encarou incrédula.

 

"Você sabe que o Carlito só disse aquilo porque é um idiota, né? Ou porque 'tava bravo, sei lá. Cascão, não é isso que vai definir se você é ou não um sem futuro. E outra… eu soube que o Átila nem sempre foi professor de escola." falou e ele assentiu.

 

"Ele treinava uns moleques numa escolinha de futebol aqui perto. Mas faz tempo." Cascão disse.

 

"Então! Ele deve ter contatos! Ou até mesmo ser um olheiro e você nem imagina." ela supôs e o rapaz riu.

 

"Duvido!" exclamou.

 

"Nunca se sabe! Agora vamos atrás do Cebola. E da Magali! Outra que sumiu!" a moça disse puxando o amigo.

 

"Ela 'tá atrás do Jeremias e do Do Contra, o povo do jornal 'tá inventando moda como sempre." comentou e os dois saíram.

 

                                            *

Na área verde, Jeremias havia acabado de se separar de Do Contra e Magali, os três haviam negado a ideia de Narcisa de tocarem na festa, queriam aproveitar a comemoração sem participar ativamente dela. O rapaz comia um salgadinho quando Timóteo apareceu.

 

"Fala aí, amigão!" Titi cumprimentou com um tapa nas costas do amigo.

 

"Ainda 'tá mancando? Foi feio o machucado!" Jeremias comentou e o outro negou.

 

"Nada que me impeça de me divertir. Se é que você me entende..." falou subindo e descendo as sobrancelhas e o outro riu.

 

"Prefiro não entender." respondeu.

 

"Ah, você vai querer entender, sim! Até porque você, sendo um parça meu, vai sair ganhando." Titi disse e o outro franziu o cenho.

 

"Isso 'tá ficando estranho, cara." Jeremias comentou e o outro pegou algo do bolso.

 

"Reparei que tinha uma líder de torcida muito animada e que você já tem rolo com ela…" falou malicioso.

 

"A Denise 'tava tão animada assim?" perguntou e o outro riu.

 

"Percebe que eu nem precisei falar o nome? E ela 'tava sim! Então tenho um presente pra você. Aproveita!" exclamou entregando uma pequena embalagem ao amigo e saindo em seguida.

 

Jeremias olhou para o presente e riu antes de colocá-lo em seu bolso traseiro e voltar a comer.

 

                                           *

O vestiário masculino era um dos esconderijos favoritos de Xaveco e Nimbus, então, assim que o local se esvaziou e ambos se desvencilharam dos amigos, decidiram ficar por lá um pouco.

 

Os dois estavam sentados no chão, Xavier entre as pernas de Nimbus, que sorria com a conversa que tinham. Ambos sentiam que as coisas entre eles ficavam cada vez mais intensas e naturais.

 

"Então eu quase fiz você perder o jogo? Há-há! Foi mal!" o moreno disse.

 

"Só não perdi porque sou um ótimo jogador de xadrez." Xaveco respondeu apontando para si mesmo.

 

"Bem que você podia me ensinar a jogar! Bem de pertinho, no pézinho do meu ouvido…" Nimbus falou com a voz baixa próximo ao ouvido de Xaveco o fazendo arrepiar.

 

"Algum dia eu ensino. Mas agora não é hora de falar de xadrez, não acha?" perguntou virando um pouco a cabeça para olhá-lo e ganhou um beijo surpresa.

 

O beijo ganhava toques de intensidade fazendo tudo ao redor sumir para o casal enquanto aproveitavam o beijo. Assim que se separaram, o celular de Nimbus apitou.

 

"Mensagem do time? Gabriela quer parabenizar os perdedores!" falou após ler a mensagem.

 

"Vocês não são perdedores, só perderam esse jogo." Xaveco disse.

 

"E quem perde é o quê? Eu vou lá ver isso, você quer vir?" perguntou se levantando e o cacheado negou com a cabeça ainda sentado.

 

"Não, vou ir lá encher o saco dos meus casais. Agora são dois!" falou e Nimbus sorriu e o beijou na testa.

 

"Então a gente se vê depois." disse saindo em seguida.

 

Xaveco ficou alguns segundos ali sentado no chão enquanto sorria, Nimbus o fazia bem. Tanto que se perguntava o porquê se ter se questionado tanto no passado. 

 

O loiro saiu animado e não demorou para encontrar os amigos. Assim que os viu juntos em uma mesa do refeitório, riu.

 

"Nossa, como o grupo cresceu de repente. Antes éramos só três aleatórios, agora somos três aleatórios, uma ciumenta e uma ótima capitã." comentou piscando um olho para Milena que riu.

 

"Eu não sou ciumenta, só gosto de estar informada sobre as intenções de quem fica em cima do meu namorrado. E Milena, não se iluda! Ele só puxa o saco quando entra, depois você virra alvo." Penha alertou.

 

"Que coisa feia, Xavier." Milena comentou negando com a cabeça.

 

"É mentira dessa daí. Eu sou o mais legal desse grupo, inclusive." Xaveco respondeu e Penha riu alto.

 

"Ah, mas não é mesmo! O mais legal é o Nik." ela falou abraçando o namorado pelos ombros que assentiu.

 

"Sou obrigado a concordar!" Nikolas disse.

 

"É claro que ele vai ser mais legal com você, Penha, tem direito a brinde. Mas todos sabemos que de nós todos, sem distinções ou puxa saquismo em troca de beijo na boca, eu sou o mais legal." Tikara disse sorridente.

 

"Tikara, você é o mais chato. Se formos fazer um ranking, incluindo a Milena que acabou de chegar, você fica em último." Nikolas comentou.

 

"Nossa, tadinho!" Milena disse abraçando o namorado pelos ombros.

 

"Tá vendo, Mi? Só tenho amigo ruim!" falou negando com a cabeça.

 

"Não se faz de coitadinho! Milena, você escolheu o pior do grupo! O melhor você já não tinha chances de pegar." Penha falou acariciando o queixo de Nikolas que riu.

 

"Mas ainda tinha o Xaveco, ele pelo menos pratica dois esportes!" continuou fazendo todos rirem.

 

"Se o melhor é quem pratica mais esportes, seu namorado perdeu de lavada. O único esporte que Nik pratica eu não prefiro nem comentar." Tikara zombou.

 

"Mi, você que é uma capitã, o esporte obsceno que Nik pratica é considerado esporte mesmo?" Xaveco também zombou e Milena riu divertida.

 

"Conheço uns podres de vocês, queremos mesmo entrar nessa brincadeira?" Nikolas comentou apontando para os dois.

 

"Gente, como chegamos a essa conversa?" a cacheada questionou risonha.

 

"Já vai se acostumando, é uma conversa aleatórria pior que a outra. Namorro nenhum muda isso. E no caso do Xaveco, nada muda, o menino 'tá na seca há muito tempo." Penha disse e a cacheada riu antes de lançar um olhar para Xaveco.

 

"Como vocês têm tanta certeza que Xaveco é 'tá na seca?" ela perguntou e o loiro arregalou os olhos.

 

"Porque ele vive dizendo que nenhuma menina interessou. O cara 'tá exigente demais, aposto que a boca 'tá a pura teia de aranha." Tikara respondeu.

 

Milena riu e reparou o olhar do loiro para si, era como se ele implorasse que mudasse de assunto.

 

"Entendi.  Mas e ai? O que acharam dos jogos?" ela mudou de assunto e o loiro suspirou, ainda não sabia como contar aos amigos.

 

                                            *

Longe de todo o agito da festa, na horta, estavam Do Contra e Ramona deitados no gramado olhando para o céu.

 

"Você ainda acha que sou gostoso como uma jabuticaba?" ele perguntou de repente e ela riu.

 

"Eu não disse que você era gostoso, disse que achava jabuticabas gostosas." lembrou.

 

"Como eu já te disse, é uma questão lógica, Mona. Sou uma jabuticaba e você acha elas gostosas, logo, você me acha gostoso. Não tem escapatória, neném." ele falou e ela suspirou ainda risonha.

 

"Tá bom, senhor lógica, você é gostoso. Mas você tem mais motivos pra ser uma jabuticaba, seus olhos pretos e brilhantes me lembram uma, mas bem aquela que o brilho prende nossa atenção, sabe?" ela especificou e ele riu.

 

"Nossa, agora fiquei surpreso." o rapaz confessou e ela riu também.

 

"Eu te peguei nessa. Mas já que você é tão lógico, o que tem a dizer sobre os morangos?" ela perguntou e ele se virou para ela.

 

"Morango é uma fruta interessante. Tem uma aparência bonita, um gosto que consegue ser azedo e doce e faz bem. Assim como você." falou fazendo a moça corar enquanto sorria.

 

Ramona olhou para Do Contra por alguns segundos, estar ao lado dele a fazia muito bem e além de despertar sua autoconfiança, despertava vários outros sentimentos. O rapaz, que devolvia o olhar, tinha um pensamento parecido em alguns aspectos, contudo, fora a ruiva quem falou, sem pudores, sem gaguejos e sem medo algo que mudaria tudo mais ainda.

 

"E se a gente juntasse oficialmente uma jabuticaba e um morango? O que você acha que acontece?" ela sugeriu com um sorriso, conhecia Do Contra o suficiente para saber que ele havia entendido seu pedido de namoro, mais ainda por ele ter acariciado seu rosto.

 

"Eu acho uma excelente ideia." respondeu antes de beijá-la nos lábios.

 

O beijo era calmo e um tanto desajeitado por eles ainda estarem deitados, mas se separaram ao ouvirem alguns cochichos.

 

"Meu pai amado! Aquilo foi uma declaração?" uma das cozinheiras, que observava pela janela que dava acesso à cozinha, comentou.

 

"Esse menino sempre foi estranho! Quem diria que aquele ditado de que cada panela tem sua tampa era real?" outra riu.

 

"Ainda bem que sua filha não é assim, Sônia. Sorte que ela achou um menino normal." outra falou.

 

Os dois se entreolharam e decidiram ir até a área verde, onde ninguém ficava ouvindo suas conversas.

 

"Vou pegar um suco, trago pra você." ele disse e ela assentiu se sentando no banco.

 

Ramona olhou para cima e sorriu.

 

"Eu realmente pedi o DC em namoro… tudo sem tremer ou ficar nervosa!" comentou consigo mesma e logo saiu de seus devaneios ao sentir seu celular vibrar no bolso. Olhou o visor e viu ser uma solicitação de vídeo-chamada de sua mãe.

 

"Oi, mãe. Aconteceu alguma coisa?" perguntou e a mais velha sorriu.

 

"Queria te ver! Feriado vem aí! E adivinha?! Vamos nos ver!" Viviane exclamou e Ramona sorriu.

 

"Legal! 'Tava com saudades!" respondeu e olhou para frente, Nimbus se aproximava.

 

"Ramona, cunhadinha querida, seu namorado disse que vai demorar um pouco pra voltar, nossos pais inventaram de aparecer aqui." ele disse alto.

 

Ramona arregalou os olhos e forçou um sorriso após ouvir um grito de sua mãe.

 

"Namorado?! Você tem um namorado, minha filha? Eu quero conhecer ele! Traz ele no feriado!" Viviane exclamou eufórica.

 

"Mãe, é muito recente. Muito recente mesmo! É muito cedo pra isso! E não quero assustar ele com a nossa família!" Ramona disse.

 

"Eu quero conhecer, Ramona! Vai lá ficar com ele, depois a gente fala mais pra saber o que ele gosta de comer e tudo mais! Minha filhota tem um namoradinho!" a mãe disse  animada desligando em seguida.

 

Ramona, ao finalizar a chamada, olhou séria para Nimbus.

 

"Pela sua cara, eu fiz alguma coisa errada." supôs e ela assentiu.

 

"Minha mãe ouviu a palavra 'namorado' e agora quer conhecer seu irmão. Você tem noção que não faz nem uma hora que estamos namorando e minha família já quer conhecer ele?" ela falou e ele riu.

 

"Eu podia jurar que vocês já estavam namorando há muito tempo, mas relaxa. Se tem uma coisa que Xaveco tem me ensinado é que nem tudo precisa passar por mil e uma etapas pra acontecer, às vezes você só precisa se permitir sentir e viver o momento." falou e ela sorriu sentindo uma certa calma aquecer seu peito enquanto via o olhar apaixonado de Nimbus ao falar de Xaveco.

 

"Você tem razão. Mas acho que DC vai precisar ter sangue frio." ela disse e o outro riu divertido.

 

                                              *

Na quadra, Sofia dançava com suas novas amigas e também com Denise. Enquanto a ruiva procurava uma certa pessoa com os olhos, a amiga se divertia com sua música favorita.

 

"Miga, vou rapidinho procurar alguém." Denise avisou e a amiga riu.

 

"Sei muito bem quem você 'tá indo procurar. Fala pra ele que mandei um beijo, afinal, você tem monopolizado o Jeremias, nem vejo mais meu amigo." comentou e Denise riu.

 

"Tenho nada! Pode vir comigo se quiser." respondeu.

 

"Eu não! Por mais que eu adore ver vocês juntos, você 'tava torcendo por ele com fervor demais. E sabe o que isso significa, né? Ou você vai dar uns pegas nele ou vai pro dormitório fazer sei lá o quê." falou e Denise riu alto.

 

"Na boa, miga, esses seus novos amigos despertaram uma Sofia muito safada. Já passou pela sua cabeça que eu posso querer parabenizar ele por ter jogado tão bem?" a ruiva perguntou.

 

"Já, mas não é só isso. E sabe como eu sei? Porque eu te conheço! Sei que 'tá caidinha por ele. E conheço ele, e o cara 'tá caidaço por você." Sofia falou e a amiga ajeitou os cabelos com um sorriso largo.

 

"Para de falar assim! É claro que o Jerê mostra que gosta de ficar comigo e eu também, mas a gente não 'tá tão envolvido assim." falou e Sofia negou.

 

"Claro, Denise. Acredito nisso. Esse cara que não 'tá tão envolvido com você acabou de sair da quadra, só pra avisar." falou e a outra olhou para trás.

 

"Eu vou… eu vou parabenizar ele, só isso." a ruiva disse e a amiga riu enquanto a outra se afastava.

 

Sofia ia voltar a dançar quando Maria e Sarah apareceram.

 

"Sofia! Aquele gatinho ali quer ficar com você!" Maria falou animada apontando para um rapaz.

 

"Ele falou que sua animação na torcida hipnotizou ele. 'Tá arrasando corações, amiga!" Sarah falou.

 

Sofia olhou para o rapaz e negou com a cabeça.

 

"Eu não quero." respondeu decidida.

 

As outras se entreolharam.

 

"Não vai nem pensar?" Maria perguntou.

 

"No dia do parque ecológico, esse menino me ofendeu quando eu 'tava de braços dados com o Jeremias e a Denise. E não é porque eu não fico com ninguém há um tempo que vou beijar uma pessoa que me tratou mal e nunca mostrou um pingo de arrependimento." respondeu.

 

As duas assentiram e se afastaram para falar com o rapaz. Sofia não se deu ao trabalho de olhar, estava ocupada dançando sua música favorita sentindo a animação correr por suas veias.

 

                                                    *

Enquanto isso, Denise procurava Jeremias com as palavras de Sofia em sua mente. De fato havia torcido para o rapaz com fervor, podia dizer que fora apenas a adrenalina do momento, mas não era, fora porque queria que ele ganhasse para comemorarem juntos depois.

 

"Cadê esse menino?!" questionou olhando em volta com as mãos na cintura.

 

Olhou para perto da entrada do ginásio e lá estava ele, lendo algo em seu celular. Denise foi de mansinho até lá e gritou ao se aproximar.

 

"Peguei no flagra!" exclamou e ele apenas riu, sem um pingo de surpresa.

 

"Eu vi você chegando, gatinha." falou e ela riu enquanto o abraçava.

 

"Gatinha, é? Miau. Você sumiu depois do jogo! Nem te dei parabéns! Eu falei que ia dar certo!" disse dando um selinho nele.

 

"Você 'tava certa. Mas mereço um parabéns bem dado, não acha?" ele perguntou levando as mãos à cintura da moça aproximando seus corpos antes de começar a beijá-la nos lábios.

 

A proximidade de Jeremias somada ao fervor da torcida e à conversa com Sofia fez com que Denise sentisse um calor percorrer por todo seu corpo, e ela conhecia bem esse calor. Sem que percebesse, suas mãos passeavam pelas costas do rapaz e pararam em seu bumbum, onde sentiu algo estranho no bolso traseiro da calça dele.

 

"O que tem no seu bolso?" ela perguntou parando o beijo.

 

Jeremias, que por um momento havia esquecido do presente de Titi, pegou a embalagem e mostrou à Denise, que abriu a boca.

 

"Uou! Camisinha?! Quem o senhor pretendia comer hoje, Jeremias? Alguma líder de torcida?" perguntou sem perceber as duas possíveis interpretações: indireta ou ciúmes. Talvez nem ela mesma soubesse a resposta.

 

"Foi um presente do Titi. Ele disse que tinha uma líder de torcida muito animada." respondeu sincero.

 

"E eu sei quem é?" ela perguntou e ele riu.

 

"Tô olhando pra ela agorinha." o rapaz respondeu e ela, brincalhona, olhou para trás fazendo Jeremias bufar.

 

"Sério isso, Denise?" falou e ela riu divertida.

 

"Eu 'tô zoando! Eu sei que sou eu! Gastei minha voz torcendo por você, quer dizer, pelo time!" respondeu e ele riu.

 

"Pelo time? Então eu me senti amado à toa?" perguntou e ela deu de ombros.

 

"Exatamente." respondeu.

 

"Então vou devolver o presente." o rapaz disse e ela sorriu, ele estava a provocando.

 

"Ah, Jeremias… se você ganhou um presente, tem que usar." falou brincando com uma mecha de cabelo.

 

Jeremias inverteu as posições fazendo com que ela ficasse contra a parede e se aproximou de seu ouvido.

 

"E o que você sugere?" sussurrou e ela mordeu o lábio inferior enquanto sorria.

 

                                      X

Os dormitórios nem sempre eram quentes, mas, para Denise, parecia ter passado dos quarenta graus. A ruiva estava em cima de Jeremias distribuindo beijos no pescoço enquanto ele deslizava as mãos por suas coxas desnudas. As coisas ficavam cada vez mais quentes entre eles quando a porta se abriu e a luz foi acesa. De lá, entraram Milena e Ramona, que viraram o rosto.

 

"Mas que porra! Sempre interrompem a gente nessa merda de internato! Vocês não têm nada de melhor pra fazer?!" Denise questionou zangada.

 

"Desculpe interromper vocês, mas tem uma inspetora vindo pra cá. Pelo visto caguetaram que tem menino aqui!" Milena falou.

 

Jeremias e Denise se entreolharam de olhos arregalados, ela estava apenas de roupas íntimas e ele de calças, além disso, era possível notar os sinais físicos de excitação.

 

"Fodeu! E agora?" Jeremias questionou ficando de pé.

 

Denise crispou os lábios e teve uma ideia.

 

"Jerê, deita embaixo da coberta e vocês duas sentam em cima e finjam que 'tavam conversando. Vou fingir que 'tava tomando banho! Por favor!" pediu e os três, sem pensar muito, fizeram.

 

Jeremias estava embaixo da coberta grossa de Denise com todas suas peças de roupas, até os sapatos, enquanto Milena e Ramona estavam sentadas em cima dele tentando não deixar transparecer que tinha alguém lá com a ajuda de travesseiros e algumas roupas que estavam no chão. Quando a inspetora entrou, ela parecia furiosa.

 

"Cadê? Cadê o garoto que 'tava aqui?" perguntou olhando atrás da porta.

 

"Que garoto? Só estamos nós aqui! E a Denise que 'tá no banho." Milena falou enquanto apontava para o banheiro, onde soava o som do chuveiro.

 

A inspetora estreitou os olhos e olhou embaixo das duas camas térreas, nada. Olhou nas de cima, nada. E bateu na porta do banheiro.

 

"Denise! Inspeção de dormitório! Ouvi dizer que tem um rapaz aqui!" exclamou e o som do chuveiro cessou.

 

"A gente não pode nem tomar um banho em paz! Não tem menino nenhum aqui!" a adolescente exclamou saindo do banheiro apenas de toalha.

 

A inspetora entrou no banheiro e viu que de fato não tinha ninguém. 

 

"Bom… me disseram que tinha um rapaz aqui." falou desconcertada.

 

"Não tem! Mas tem muita gente nesse internato que me odeia. Então devem estar tentando me queimar por aí." Denise disse cruzando os braços.

 

A inspetora suspirou.

 

"Desculpe. Podem voltar com o que faziam." falou e deixou o local.

 

Os quatro esperaram alguns segundos e Milena foi olhar na porta, para ver se ela havia saído mesmo.

 

"Ela já foi." alertou e Ramona saiu da cama e Jeremias tirou a coberta.

 

"Nossa, eu suei ali embaixo! Que cobertor quente!" ele comentou limpando o suor da testa.

 

"Você já 'tava quente por si só, Jerê." Denise disse com um riso.

 

Milena e Ramona se entreolharam.

 

"A gente só veio pegar meu UNO, então… podem continuar estavam fazendo." a ruiva falou indo rapidamente até sua gaveta.

 

"Mas com cuidado, ela pode reaparecer a qualquer momento. Ouvi uns inspetores reclamando que o povo 'tá fogueteiro hoje." Milena riu ao dizer.

 

"Achei, Mi! Vamos lá." Ramona falou e saiu junto da morena.

 

Denise sorriu para Jeremias enquanto se sentava ao seu lado.

 

"Incrível como esse internato é empata foda." a moça comentou e ele riu.

 

"Empata qualquer coisa, na verdade." corrigiu e ela sorriu.

 

"E ai? Ainda 'tá a fim? Confesso que esse perigo de ser pega deixa tudo mais interessante." ela disse com a voz baixa e ele lambeu os lábios.

 

"Temos que ser rápidos e silenciosos." respondeu e a ruiva apenas soltou sua toalha mostrando toda a sua nudez sem pudor algum, confiava e se sentia bem com Jeremias.

 

O rapaz não evitou uma lambida nos lábios enquanto a olhava. E logo ela se aproximou dele novamente.

 

O casal trocava beijos e carícias pelo corpo. Conforme as poucas peças de roupas dele iam perdendo lugar, suspiros de prazer escapavam de seus lábios e deixava tudo cada vez mais íntimo. A quentura da noite estava apenas aumentando, e aquilo era bom.

 

                                            *

De volta ao refeitório, o número de alunos era menor graças ao fato de muitos pais terem buscado seus filhos tanto pela noite já ter caído quanto pelo fato de o dia seguinte ser sábado, o que era o caso de Toni, para a infelicidade de Gabriela que desde o fim do jogo de futebol perdera o loiro de vista.

 

Jogando UNO estavam Gabriela, Milena, Ramona e Magali. A última estava sozinha no dormitório quando Gabriela a chamou para jogar e ela aceitou, além de gostar delas, achava bom conversar com mais pessoas além de Mônica, Cascão e Cebola.

 

"Por que não chamamos o Jeremias pra jogar, gente? Acho que ele ainda 'tá aqui no IL." Magali perguntou.

 

Milena e Ramona se entreolharam com um riso.

 

"A gente até viu ele, mas ele já 'tava jogando outro jogo." a cacheada disse.

 

"E com certeza não vai querer trocar." a outra completou enquanto distribuía as cartas.

 

Durante a distribuição, Ramona viu Sofia, que parecia caminhar rumo aos dormitórios, e a chamou.

 

"Sofia! Você 'tá indo pro dormitório?" perguntou e a outra assentiu se aproximando delas.

 

"Tô, precisa de alguma coisa de lá?" a outra perguntou e Ramona negou.

 

"Melhor não ir pra lá agora." alertou e a dona dos cabelos castanhos franziu o cenho.

 

"Ué, por quê?" perguntou.

 

"Porque Denise e Jeremias 'tão se divertindo lá. Se é que você me entende." Milena respondeu e Sofia cobriu a boca com a mão enquanto ria.

 

"Eu não devia estar surpresa! Mas eu 'tô." Sofia comentou se sentando com elas.

 

As demais presentes na mesa também pareceram surpresas.

 

"É o que eu 'tô pensando?" Gabriela perguntou batendo as costas de uma mão na palma da outra.

 

As duas assentiram.

 

"Isso é sério? Eles 'tão transando? Aqui no internato?" Magali questionou incrédula e as duas assentiram de novo.

 

"A gente quase viu quando fomos pegar o UNO, e de quebra ajudamos eles a se esconderem da inspetora!" Ramona comentou.

 

"Nossa!" Magali disse boquiaberta.

 

"Que surpresa toda é essa, Magali? Por ser o senhor certinho, vulgo Jeremias, ou por ter gente que transa aqui no internato?" Gabriela perguntou com um riso.

 

A outra deu de ombros.

 

"Acho que um pouco de cada. É que é muito arriscado! Eu levei uma advertência por beijar na escola, imagina se descobrem que fizeram sexo?!" respondeu.

 

"Expulsão. Mas, tipo assim, aqui geral 'tá transbordando hormônio e muitos vão até o fim mesmo, eles não são os primeiros e nem serão os últimos. No time tem muita história sobre isso. Vestiário e banheiro são os lugares que mais rolam sacanagem aqui no IL." Milena comentou.

 

Magali piscou um olho de cada vez e riu imaginando o que seu pai diria se soubesse daquilo. Mas também se perguntou se ele não sabia e apenas fazia vista grossa.

 

"Vocês já quebraram essa regra?" ela perguntou e o jogo de cartas, simplesmente, foi esquecido.

 

"Não, correr o risco de perder minha bolsa só por isso é demais." Milena respondeu.

 

"Idem." Gabriela concordou.

 

"Eu não penso muito nisso." Ramona respondeu.

 

"Eu também não quebrei essa regra, felizmente! Imagina o arrependimento que eu teria se tivesse tido alguma coisa mais séria com meu, argh, ex!" Sofia falou sentindo um arrepio ruim.

 

"E você, Magali? Já pensou em quebrar essa regra?" Gabriela perguntou.

 

Magali abriu e fechou a boca. Por mais que gostasse muito de Cascão, nunca se imaginara quebrando essa regra específica com ele. Todavia, nunca iria se esquecer do beijo no armário e de toda a sensação boa que trouxera.

 

"Olha… eu nunca realmente parei pra pensar nisso. Eu 'tô ficando sério com uma pessoa que eu nem me vejo mais sem. Mas também nunca fantasiei um momento desses com ele." revelou.

 

"Não é uma regra, nem todo casal é apressado. Cada um tem seu tempo." Milena disse.

 

Gabriela riu.

 

"Isso é papo de experiente. Ela também começou a namorar hoje, Ramona, mas, pelo que sei, Mi frequenta uns pontos cegos questionáveis." comentou e a amiga riu.

 

"Eu acabei de dizer que prefiro não correr esse risco, boba. E você também conhece uns pontos cegos." dedurou.

 

"Ramona 'tá namorando? É quem eu 'tô pensando?" Magali perguntou com um sorriso.

 

"Não sei, depende de quem você 'tá pensando." a ruiva respondeu.

 

"Alguém aqui não acha que é o Do Contra?" Sofia perguntou e todas negaram fazendo Ramona rir.

 

"E eu achando que ninguém prestava atenção em nós dois." ela comentou.

 

"Muito pelo contrário! Justamente pelo DC ser meio esquisito, todo mundo observa." Gabriela falou.

 

"Tá ficando com alguém, Gabriela?" Magali perguntou, sabia que a loira já havia superado Cascão há muito tempo, mas queria ter certeza que ela havia se aberto para novas oportunidades.

 

Gabriela engoliu em seco, não havia falado de seu beijo com Toni para ninguém, nem mesmo Milena. E decidiu continuar assim.

 

"Não, eu 'tô de boa." respondeu.

 

"Porque quer." Milena disse.

 

"Do jeito que você fala parece que tem uma fila de menino querendo ficar comigo." Gabriela falou.

 

"Uma fila eu não sei, agora uma pessoa que você sabe muito bem quem é..." jogou no ar e a amiga revirou os olhos.

 

"Para de sonhar, Milena. Agora vamos jogar!" exclamou.

 

O resto da noite passou bem rápido, assim como os dias que antecediam o feriado. Com a chegada da data, o internato ficou vazio e as casas cheias.


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