Internato Limoeiro escrita por sam561


Capítulo 20
Capítulo XIX - Amizade


Notas iniciais do capítulo

Não faço ideia de onde veio minha inspiração hoje, mas á que veio...


Boa leitura ♥



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A semana parecia estar passando mais rápida. Quando os jovens perceberam, já era tarde de quinta-feira, em especial, faltavam alguns minutos para o início das atividades extracurriculares. Em uma sala de aula, Nikolas estava em uma reunião de monitoria com Ana Paula, em que ela o orientava e tirava dúvidas.

 

Enquanto a mais velha fazia um exemplo na lousa, o rapaz não parava de bocejar, estava com sono por conta de sua mente, principalmente à noite e momentos livres, sempre o lembrar do fora que levara de Mônica.

 

“Nikolas! Está me ouvindo?” a professora perguntou e ele assentiu.

 

“Sim! Desculpe, ‘sora, ando meio cansado. É teste, rotina, estudos...” falou e ela levantou a sobrancelha.

 

“Eu vejo adolescente que fica a semana toda na escola, aprendi a ‘ler’ vocês muito bem! Essa carinha é de quem não anda dormindo bem, mas não por causa de coisas da escola.” Ana Paula observou e o moreno suspirou, havia esquecido que a professora favorita havia o ajudado muito durante o incidente com Carmem.

 

“Eu ‘tô bem, ‘sora.” mentiu, não estava com vontade de falar sobre isso com ela.

 

“Não vou insistir. Por hoje acabamos, mas saiba que uma desilusão amorosa não é o fim do mundo, Nikolas, talvez seja até um novo começo.” ela disse e o rapaz riu.

 

“Tá bom... Não é como se a pessoa que resolveria todos os meus problemas amorosos fosse passar por aquela porta.” ele falou e, no mesmo instante, alguém entrou, a porta estava aberta.

 

“Ah, desculpe.” a pessoa falou e Ana Paula riu junto do aluno.

 

“Entra, Penha. Estava aqui com Nikolas preparando coisas da monitoria.” ela disse enquanto ajeitava suas coisas.

 

“Então é assim? A senhorra que faz tudo?” Penha perguntou.

 

“Não, eu só o oriento e passo o que precisa, não posso deixar tudo nas mãos dele. Mas quem tem feito a magia acontecer não sou eu.” a mais velha explicou e ele riu pegando sua mochila.

 

“Nem eu, eu só explico uma coisa que já foi explicada. Vou deixar vocês sozinhas.” ele disse pegando suas coisas e Penha tocou em seu ombro.

 

“Não, esperra! Eu precisava falar com você! Eu só vim entregar uma atividade pra ela.” ela disse entregando a folha à professora, que observou o conteúdo.

 

“Ah, sim. Penha, estou orgulhosa de você!” falou e a morena franziu o cenho e olhou para o rapaz que deu de ombros.

 

“Orgulhosa de mim? Pelo quê?” perguntou.

 

“Você tem levado a monitoria a sério e temos visto o resultado. Parabéns!” a outra explicou e a morena sorriu.

 

“Obrigada, professorra.” agradeceu e a docente sorriu os liberando para saírem.

 

Nikolas esperou o puxão que Penha sempre lhe dava rumo à sala do zelador ou algum lugar pouco iluminado ou movimentado, mas não aconteceu. No lugar disso, ela ficou ao seu lado.

 

“Não tem mais medo que te vejam com um nerd como eu?” perguntou e ela ajeitou a mochila em seu ombro.

 

“Bom... eu pensei sobre isso e... você sabe...” falava sem saber como completar e o rapaz assentiu.

 

“Tudo bem, já entendi. Mas e então? O que queria falar comigo?” perguntou encostando na parede.

 

Penha respirou fundo, nunca imaginou que falaria a alguém o que estava prestes a falar.

 

“Ér... não erra amor, erra cilada!” exclamou com um sorriso forçado tentando aliviar o clima ruim que viria, mas só fez o rapaz ficar mais confuso.

 

“Hã?” perguntou de cenho franzido ela suspirou passando a mão no rosto.

 

“Eu ouvi sua declarração pra Mônica!” foi direta e o dono dos dreads ficou sério.

 

“Ah... então imagino que veio até aqui pra me ridicularizar? Igual seu grupo fez da outra vez? Eu pensei que você estava mudando e que eu ‘tava enganado sobre...” falava até ela o segurar pelos ombros.

 

Parra de colocar palavras na minha boca, garroto! Eu sei que você não tem motivo nenhum pra acreditar em mim, e nem merreço pelas coisas que faço há tanto tempo, mas eu realmente não vim te zoar! Eu vim dizer que eu... que eu sinto muito pelo forra! E pra não ficar triste por isso, vai ver não erra pra ser.” falou com seus olhos castanhos fixos nos dele.

 

Nik estava atônito e Penha nervosa, por mais que pouca coisa tivesse sido dita, havia sido difícil para ela falar tudo aquilo.

 

“Ér... obrigado. E desculpe por ter reagido assim, eu...eu não esperava isso.” ele falou coçando a nuca.

 

Penha riu.

 

“Acho que eu também não.” ela disse brincando com os pés.

 

Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos.

 

“Nikolas, você sabe coisas sobre mim que quase ninguém sabe. E você sempre foi muito legal, até quando podia simplesmente ter virrado as costas. Então eu acho que serria legal se a gente... ‘cê sabe... fosse amigo.” ela disse tirando uma mecha de cabelo do rosto sem conseguir olhar para o rapaz, por algum motivo seu rosto parecia mais quente.

 

O rapaz não escondeu sua surpresa, mas o som do sinal não o deixou permanecer assim.

 

“Se não quiser, tudo bem!” exclamou enfim olhando para ele.

 

Como se fosse obra do destino, no mesmo instante que ela o encarou, Nikolas abriu um sorriso, que diminuiu toda a sua tensão.

 

“Penha, você me viu levando um fora. Nem o Tikara e Xaveco, que são meus amigos há mais tempo, tiveram esse privilégio.” falou sem nem precisar responder formalmente.

 

Penha riu.

 

“Prometo que não conto pra ninguém. Tenho aula de arte agorra, a gente se vê.” ela disse e logo saiu.

 

Nikolas sorriu e também foi para a sua aula, Penha sempre conseguia surpreendê-lo.

 

                                      *

No auditório, Jeremias e Denise observavam com caretas a péssima maneira que seus roteiros, que haviam sido feitos quando eles não se falavam, eram encenados.

 

“Puta merda... que coisa horrorosa! Se me perguntarem, a culpa é do membro do grupo de teatro.” Denise comentou e o rapaz a encarou.

 

“Você também é do grupo de teatro.” ele disse.

 

“Honorária, meu rapaz. Tanto que, meninooo... olha a hora! Tenho que ir pra minha aula de informática!” ela disse e já ia sair quando foi puxada de volta por Jeremias.

 

“Nananinanão! Não vou carregar essa culpa sozinho. Isadora olha pra gente toda hora, é como se trucidasse minha alma.” comentou e Denise riu.

 

“Os dois bonitos aí! Podem vir até aqui?” Isadora chamou séria e os dois se aproximaram.

 

“Por que meu personagem é um idiota?” Toni reclamou.

 

“Pra mim as suas falas ‘tão bem fiéis.” Gabriela comentou com um riso fazendo o loiro a fuzilar com o olhar.

 

“Em nossa defesa, a gente nem se falava direito quando escrevemos isso.” Jeremias revelou.

 

“E agora falam? Assim, do nada?” Mônica perguntou.

 

“Não é bem do nada, a gente ‘tá convivendo faz tempo por causa da parte tecnológica que a Isa quer, da Sofia e otras cositas más.” Denise respondeu.

 

Mônica revirou os olhos, não estava nem um pouco animada com o rumo sem graça que sua personagem seguia, tanto que questionava se valia a pena estar ali. Enquanto ouvia a chuva de críticas ao roteiro, aproximou-se de Gabriela.

 

“Miga, vou vazar desse ensaio, quer ir?” chamou e a loira arregalou os olhos.

 

“O quê? Mas, Mônica... você é a protagonista!” exclamou.

 

“Gabriela, o roteiro ‘tá uma bosta! Não vai sair disso hoje.” ela falou com a amiga e saiu sem ser percebida.

 

A loira suspirou enquanto se aproximava da discussão.

 

“A gente vai fazer outro, Isadora! Relaxa!” Jeremias disse revirando os olhos de braços cruzados.

 

“Eu pedi pra vocês dois se comunicarem pra escrever, não fizeram isso. Pedi pra esses dois TENTAREM se conhecer melhor pra fazer um bom papel e cadê?” Isadora reclamou apontando ao fim para Gabriela e Toni.

 

“O roteiro ‘tá uma merda! Não posso fazer milagres!” Gabriela se defendeu.

 

“A culpa não é só nossa! Não adianta a gente escrever uma coisa cheia de amizade se vocês nem se olham!” Denise apontou.

 

“A culpa é sua, Isadora! Escolheu logo duas pessoas sem um pingo de interação!” Toni acusou e a loira riu sem humor.

 

“Marco Antônio, você ao menos tentou começar a porra duma conversa com a Gabriela? Vai cair a boca se usar ela pra outra coisa além de falar merda e beijar as menininhas que você só ilude?!” Isadora surtou e todos a encararam surpresos.

 

Gabriela riu da expressão de incredulidade de Toni, mas não durou muito.

 

“Você também, Gabriela! Custa tentar conhecer uma pessoa pra fazer um bom papel?” questionou.

 

“Eu ia falar com ele, só ‘tava esperando um dia bom.” Gabriela inventou e o rapaz assentiu.

 

“Ah, o caramba que ia! Vocês dois e todo o resto ‘tão cagando pra isso! Não sei se vocês repararam, mas eu formo este ano! Eu vou sair do IL e o grupo de teatro, que já acabou uma vez, vai acabar de novo! E tudo porque vocês não dão o devido valor ao teatro. Xingam o Carlito, mas, no fim das contas, são tudo igual!” exclamou e os demais ficaram em silêncio.

 

“Jeremias!” exclamou alto fazendo o rapaz dar um pulo de susto e Denise bufar para reprimir um riso enquanto olhava para a parede.

 

“Você que ‘tá mexendo com o levante do grupo de música, fica esperto pra isso não acontecer lá também. Agora, por favor, reescrevam o roteiro com coisas interessantes! Gabriela e Toni, conversem e levem a sério! E Mônica... ué, cadê ela?” ela disse apontando cada um deles até notar a ausência da protagonista.

 

“Vazou.” um aluno falou.

 

Isadora bufou.

 

“Hoje ‘tá difícil... eu vou atrás daquela desmiolada. Jeremias, fica aqui pra falar com o resto sobre o que esperam dos papéis.” falou saindo.

 

“Jerê, eu tenho real que ir pra minha aula. Vai ficar tudo bem? Pelo pulo que deu, o susto foi grande.” ela disse risonha e ele a encarou de olhos semicerrados.

 

“Vai pra sua aula, vai.” ele disse e a ruiva saiu rindo.

 

Gabriela e Toni estavam envergonhados, ela por ter decepcionado a amiga e ele por vários motivos, desde a conversa que teve com Xavier na segunda, que não saía de sua cabeça e o impedia de fazer qualquer coisa contra o novato, até a fala de Isadora.

 

A capitã do time decidiu deixar todo seu orgulho de lado e caminhou até Toni.

 

“E ai?” falou e ele assentiu.

 

“E ai.” respondeu.

 

Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos.

 

“Isa tem razão. Nós mesmos dissemos que iríamos fazer em nome da nota e da arte, então vamos fazer direito!” ela disse e ele assentiu.

 

“Fechou. Pra começar, podemos falar do roteiro.” Toni sugeriu e ela assentiu se sentando ao lado dele.

 

“O que te incomodou tanto?” Gabriela perguntou.

 

“Além de meu personagem ser um idiota? O cara não mostra uma emoção que não seja tesão por qualquer mulher!” ele disse.

 

A loira riu.

 

“Quando eu disse que ‘tava fiel, eu não ‘tava zoando. Você é exatamente assim!” ela disse e ele franziu o cenho.

 

“Não sou, não!” ele disse.

 

“Eu nunca vi você sendo diferente.” a outra comentou.

 

“E você? É a pessoa que só sabe estudar e jogar vôlei. Não é à toa que levou um fora do Cascão.” Toni disse e ela o encarou boquiaberta.

 

“O que uma coisa tem a ver com a outra?!” questionou.

 

“Você nunca se diverte, Gabriela! Nem no vôlei, porque lá você fica dizendo o que os outros têm que fazer e ouvindo gente dizendo que você não devia estar lá.” o loiro explicou e ela se calou por alguns segundos.

 

“Mas o que é diversão pra você? Fazer trote? Zombar dos outros? Se achar superior a todos por causa de um grupo? Se isso é diversão, tenho orgulho em não saber me divertir. E outra, o fora que eu levei não foi por esse motivo, foi porque ele não queria nada sério.” ela disse.

 

Toni riu da última parte, mas a primeira parecia ter se juntado à resposta de Xavier.

 

“Acha mesmo que ele iria falar outro motivo? Por quem mesmo dizem que você foi trocada? Pela Magali? A mesma pessoa que não fica com o nariz nos livros o tempo todo ou em uma atividade específica?” ele disse e ela bufou.

 

“Engraçado que o Cascão sempre ‘tá na quadra e ninguém fala disso, agora eu faço minhas coisas e falam!” comentou e o rapaz assentiu.

 

“Tem sua razão, mas ele ainda é mais de boa. O cara é de boa com tudo mundo, inclusive com o Cebola, um popular!” falou e ela riu.

 

“O Cascão realmente é legal com todo mundo, tanto que é mais amigo do Cebola do que você. Eu vi o story do Cascão no carnaval, você não ‘tava lá com eles.” ela disse.

 

“E eu lá tenho contato com o Cebola fora do IL?” respondeu sem pensar e ela o encarou surpresa.

 

“Não? Vocês são amigos só aqui?” perguntou e só então o loiro percebeu que havia falado demais.

 

“Enfim, isso não vai melhorar nossos péssimos personagens. Já que a gente precisa se conhecer melhor... qual a sua matéria favorita?” perguntou imaginando que esse seria o assunto que a interessasse.

 

A loira riu e ele não entendeu o motivo.

 

“É química, mas por que esse tipo de pergunta?” perguntou.

 

“Porque você só gosta de estudar.” respondeu e ela deu de ombros.

 

“Eu não gosto só de estudar! Eu também gosto de assistir série, de ler, de moda, e por aí vai. Mas devolvendo sua pergunta... qual a sua matéria favorita? Aposto que é educação física!” falou e ele negou.

 

“Não, são duas! Sociologia e arte!” respondeu e ela arregalou os olhos.

 

“Tá me zoando?!” falou e ele deu de ombros.

 

“Por que a surpresa?” perguntou.

 

“Como alguém que gosta dessas duas matérias pode fazer as coisas que você faz?” ela questionou.

 

Toni deu de ombros.

 

“Você e todo mundo que pensa igual só conhecem uma parte minha. Inclusive... Jeremias! Por que meu personagem é tão ruim?!” questionou e o novato cruzou os braços segurando um papel de alguém que reclamava.

 

“Mais da metade das suas falas foi a Denise que escreveu.” ele respondeu sem tirar os olhos do papel.

 

Toni encarou surpreso.

 

“Pela sua cara, vocês realmente só são amigos aqui. Sabe, Toni, talvez você devesse rever seu conceito de amizade.” Gabriela comentou e ele a encarou.

 

“O que quer dizer com isso?” questionou.

 

“Foi a sua ‘amiga’ que escreveu seu roteiro, e ela não levou em conta suas facetas, pelo que eu sei, eles tentaram deixar algumas coisas fiéis. Ei, Jerê, me tira uma dúvida aqui.” Gabriela falou e foi até o outro.

 

Toni suspirou enquanto uma sequência de pensamentos o acometia, eram as falas de Xavier, de Isadora, de sua mãe e agora as de Gabriela. Aquilo estava o deixando mais preocupado do que queria.

 

                                               *

Enquanto isso, pelos corredores, Mônica caminhava com cautela para evitar que funcionários a vissem. Durante seu caminho, viu se aproximando a pessoa que menos queria ver: Nikolas.

 

Olhou em volta a fim de achar alguma fuga e, no mesmo instante, viu Cebola pegando algo em seu armário.

 

“Cebola! Finalmente! Vamos lá na biblioteca falar sobre o inglês!” ela disse alto a Cebola, que foi puxado sem ter tempo de impedir.

 

Nikolas pareceu ignorar, mas Cebola, assim que chegou na biblioteca, puxou seu braço da mão de Mônica.

 

“Qual é a tua, garota?” questionou massageando o braço.

 

“Foi mal, eu não ‘tô a fim de ensaiar hoje e eu meio que dei um fora no Nikolas e ‘tô evitando encontrar ele. Aí você apareceu e decidi usar como escape.” respondeu e ele riu.

 

“Já vi gente matando aula, agora matar ensaio... essa é nova. E Nikolas foi rejeitado de novo? Que coisa triste.” Cebola disse rindo um pouco mais ao fim, ainda tinha em mente que o dono dos dreads e Penha tiveram alguma coisa.

 

Mônica bufou.

 

“Não ri do menino, ele foi super fofo. Eu só não quero iludir ninguém. E se você fosse do grupo de teatro, entenderia o motivo de eu estar fugindo.” ela disse e ele se sentou em uma cadeira dali.

 

“Devia ter pensado nisso quando aceitou participar. Mas enfim... é bom ver que sua maluquice voltou.” falou e ela o olhou.

 

“Hã?” perguntou.

 

Cebola não pretendia falar nada, mas era mais forte que ele. Com Mônica muitos momentos eram cheios de “coisas mais fortes que ele.”

 

“Segunda-feira, na monitoria, você ‘tava estranhona. Não me perguntou nada sobre minha vida pessoal, como sempre faz. Parecia até uma pessoa normal.” falou e ela cruzou os braços divertida.

 

“Eu te disse no carnaval que não era invasiva. E outra, eu sou muito normal.” a moça explicou.

 

“Não é, não. Se você fosse normal, você não saberia tanto sobre mim.” falou sincero e ela o encarou sem entender.

 

“O que eu sei sobre você?” Mônica perguntou.

 

Cebola engoliu em seco e respirou fundo em seguida.

 

 “Que eu uso uma máscara.” respondeu o que ela tanto quis ouvir.

 

Mônica sorriu. Ao mesmo tempo que queria gritar um sonoro “eu sabia”, queria deixá-lo livre para falar ou não sobre isso.

 

“Uau... não esperava isso do nada.” a morena falou.

 

Cebola coçou a nuca.

 

“Eu também não. Mas... eu me sinto confortável em contar as coisas pra você, eu nunca me senti assim com alguém, nem mesmo com a Penha.” confessou e novata não evitou um sorriso.

 

“Talvez porque você sabe que eu não vou sair por aí contando seus segredos. Mas e ai? Por que a máscara?” ela perguntou se escorando na mesa.

 

O rapaz ponderou se contava ou não, era um assunto bastante íntimo que nem mesmo seu grupo sabia.

 

“Você não entenderia.” falou desviando o olhar.

 

“Se você não falar, não vou entender mesmo. Não sou que nem aqueles pais que descobrem tudo sobre os filhos só de olhar.” ela disse tentando deixar o clima mais leve e ele respirou fundo.

 

“É justamente por causa deles.” Cebola falou e a moça franziu o cenho.

 

“O quê?” perguntou.

 

O moreno decidiu desabafar.

 

“Meus pais são extremamente exigentes, acho que não preciso dizer que isso mexe com a maneira que lido com as coisas.” começou.

 

“Sempre ouvi que devia estar acima da média. Então, quando vim pra cá, eu vi a chance de não ter que agradar meus pais o tempo todo, de ser diferente de fora do IL.” continuou.

 

“Então você construiu um Cebola diferente de quem realmente é pra tentar não ser o que seus pais tanto exigem que seja...” ela supôs e ele assentiu.

 

“Eu gosto de ter notas altas, sempre fui muito incentivado a ser o melhor e isso ficou, mas... eu não iria conseguir esquecer de toda a cobrança se não tentasse seguir uma outra personalidade, eu queria ser visto de um jeito novo, mesmo que não fosse meu verdadeiro eu.” Desabafou.

 

Mônica estava boquiaberta, desde o começo via algo diferente em Cebola, mas nunca imaginou que seria esse o motivo.

 

“Acho que o Cebola de fora do IL é muito mais legal, mas seria ainda melhor se ele pudesse ser quem ele quer ser, e não quem os pais ou os ‘fãs’ querem.” a novata falou sincera e ele a olhou e, instantaneamente, abriu um sorriso.

 

Foi o primeiro sorriso verdadeiro de Cebola que Mônica presenciou, e o achou lindo. A morena se pegou sorrindo abobada para o rapaz, não só pela expressão relaxada que ele tinha, mas também pelo fato de ele ter confiado seu maior segredo a ela.

 

“Seu sorriso sem máscaras é muito bonito, Cebola. Espero que algum dia outras pessoas também o vejam.” comentou e o rapaz encarou o chão enquanto ria.

 

“Se você falar pra alguém, eu nunca mais olho na sua cara, Mônica.” falou e ela riu gostosamente.

 

“Não se preocupe. Sou boa em guardar segredos.” ela disse piscando um olho.

 

Antes que os dois falassem mais alguma coisa, a porta se abriu.

 

“MÔNICA!” era Isadora furiosa.

 

A morena sorriu amarelo.

 

“Isadora, eu já ‘tava voltando pro auditório, sabia?” falou enquanto andava até a saída.

 

“É mesmo? Não parece.” a loira disse.

 

“As aparências enganam. Vou até correndo pra lá.” a outra disse antes de, de fato, correr.

 

“Mônica! Temos que ter uma conversinha sobre responsabilidades!” a mais velha exclamou indo atrás dela.

 

Cebola começou a rir da situação.

 

“Essa Mônica é maluquinha...” comentou com um sorriso e deu um suspiro ao fim.

 

                                               *

Assim que o horário das aulas acabou, Ramona bebia água quando sentiu alguém tocar em seu ombro.

 

“Ramona, do segundo ano, certo?” era um inspetor.

 

“Sim.” confirmou.

 

“O diretor quer falar com você. Me acompanhe.” ele disse a moça arregalou os olhos enquanto sentia as mãos tremerem.

 

Os piores pensamentos passaram pela cabeça da ruiva durante o curto trajeto, que pareceu durar uma eternidade. Assim que entrou na sala, viu que Do Contra já estava lá.

 

“Agora que os dois estão aqui... sabiam que ir contra minhas regras é algo sério?” ele questionou olhando diretamente para a moça, que mostrava nervosismo.

 

Do Contra bufou.

 

“Diretor, nas regras não está escrito nada sobre montar um grupo de música. E, caso seja do interesse do senhor, nós temos apoio de vários alunos, inclusive aqueles que os pais são conhecidos do senhor.” mencionou.

 

Carlito franziu o cenho, odiava alunos “desbocados” como ele.

 

“Duvido muito que eles irão apoiar financeiramente essa ideia. Seria necessário um professor de música, uma sala específica, um horário livre e várias outras coisas. Tudo isso é muito burocrático, não vale a pena.” falou.

 

O rapaz riu.

 

“Não sou do tipo que desiste, senhor.” falou.

 

“Pois deveria, nós dois sabemos que seus pais, Maurício, não serão tão favoráveis assim.” falou e o sorriso do rapaz murchou um pouco.

 

“Talvez, mas só se perde quando para de lutar. E ainda nem começamos.” falou e o mais velho deu de ombros e liberou a saída dos dois.

 

Após alguns passos, Ramona parou de andar parar respirar melhor.

 

“Não fica assim, Ramona, ele só quer assustar.” o rapaz falou.

 

“E ‘tá conseguindo! Maurício... e se a gente for expulso?” ela questionou colocando os cabelos para trás preocupada.

 

“Não vamos, confia em mim.” ele disse e a moça suspirou.

 

“Eu não tenho esse espírito rebelde que você tem, é muito libertador, mas... eu sou medrosa demais.” ela disse e ele riu.

 

“Não acho, você ter continuado no internato depois dos trotes e do jornal mostra que é muito corajosa. Admiro muito isso em você.” o moreno falou com um sorriso que fez ela sorrir também.

 

“Você é um dos pilares do levante, mas eu me sentiria péssimo em te forçar a participar. Eu e várias outras pessoas estamos com você, mas se estiver se sentindo desconfortável, eu vou entender e apoiar qualquer decisão que você tomar, Ramona.” continuou seriamente.

 

As palavras de Do Contra tinham o poder de acalmar Ramona, mas mesmo assim ela precisou pensar por alguns segundos se queria ou não permanecer na causa. A novata encarou o amigo e respirou fundo.

 

“Eu quero continuar! Acho que é uma oportunidade de... de fazer uma coisa que nunca pensei que faria!” ela exclamou e Do Contra sorriu abertamente e abriu os braços.

 

“Dá aqui um abraço!” falou e eles se abraçaram com um sorriso.

 

                                      *

Enquanto isso, na quadra, Magali estava sentada na arquibancada. A moça assistia ao treino sem muita animação quando Cascão se sentou ao seu lado.

 

“E ai! ‘Tá fazendo corpo mole?” ele perguntou e ela riu.

 

“Não, esperando minha vez! Sabe, Cascão, eu ‘tava aqui pensando... quase nunca te vejo, onde você fica?” a moça perguntou.

 

“Aqui na quadra! Eu gosto de ficar aqui.” ele disse.

 

“Gosta mesmo? Eu acho a quadra tão feia.” a morena comentou e Cascão riu.

 

“Não é pela beleza dela, aqui ‘tá precisando de uma reforma boa. É mais por ser um tipo de refúgio. Aqui eu esqueço um pouco do quanto é ruim estudar em internato.” ele disse.

 

“Você não gosta nem um pouquinho de estudar aqui?” a morena perguntou.

 

“Não, até gosto, mas morar onde você estuda é foda! Tipo assim... eu gostava muito de dar uns rolês à tarde depois da aula, ficar à toa, não ter que seguir um monte de regra e por aí vai! E agora não posso!” explicou.

 

Magali fez uma careta.

 

“É... olhando por esse lado...” ela disse e ele riu.

 

“Pra você deve ser pior.” comentou e a moça negou.

 

“Ah, até acostumei. E não é como se minha vida fora daqui fosse um agito.” ela falou.

 

“Mesmo? Algum dia que eu não for passar meu fim de semana aqui, te chamo pra ir pra rampa ou jogar um fut’ de rua comigo!” ele disse.

 

Magali arregalou os olhos enquanto processava tudo.

 

“Magali! Vem jogar um pouco!” a voz de Gabriela a despertou.

 

“Eu... eu vou adorar.” ela respondeu antes de sair de lá com uma questão em mente.

 

“Será que ele falou sério?” questionou-se enquanto ia para a quadra.

 

Cascão ainda estava na arquibancada quando Cebola apareceu.

 

“Olha só quem ‘tá aqui...” comentou e o amigo riu.

 

“Eu disse que não fugia dos treinos. ‘Cê fica sumindo, Cascão, nem consegui contar uma parada que descobri sobre a Magali, no dormitório não dava.” ele disse esfregando uma mão na outra.

 

“Virou estagiário do jornal? Eu não quero ouvir fofoca, não, Cebola.” Cascão respondeu.

 

“Não é fofoca, eu ouvi uma conversa entre ela e Gabriela. Ela gosta de você, mano.” revelou.

 

“Todo mundo gosta de mim, eu sou foda!” brincou apontando para si mesmo.

 

“É sério.” o outro disse e o amigo bufou.

 

“Cebola, ela mesma já disse que gosta de mim...” ele dizia até o outro bater nas próprias coxas.

 

“Então por que não ‘tão se pegando?” perguntou incrédulo.

 

“Porque é um gostar de admiração.” respondeu.

 

“Ah, que admiração o quê! Eu ouvi a conversa!” o outro exclamou.

 

“Deve ter ouvido errado, porque nem faria sentido elas falarem sobre isso. Se me dá licença, não tenho tempo pra fofocas, as escalações do time ‘tão aí e Átila colocou a escolha no meu lombo.” Cascão falou se levantando.

 

“Eu vou ser escalado?” Cebola perguntou.

 

“Não sei, tu é um saco de sedentarismo.” respondeu e o outro levantou o dedo médio e logo olhou para o lado.

 

“E do vôlei? Sabe se a Mônica foi escalada?” perguntou como quem não queria nada.

 

Cascão sorriu malicioso.

 

“Eu não sei, mas e esse interesse aí? ‘Tá a fim da novata que te chama de falso?” perguntou e o amigo bufou.

 

“Aff, nada a ver! Ou você sabe alguma coisa que eu não sei?” perguntou.

 

O outro riu cruzando os braços.

 

“Cebola, ela mexe com você, né? Assume que dói menos.” falou e Cebola pensou em mentir, mas não tinha motivo.

 

“Tá bom! Ela é interessante.” assumiu e o outro bateu uma palma.

 

“Sabia! Aquela implicação só podia dar nisso! Mas, olha, no seu lugar eu ficaria esperto. Sabe como os urubus daqui são com novatas, e tem o Toni, que já mandou na lata.” Cascão alertou e Cebola riu.

 

“Ela não dá mole pra ninguém, pelo visto. Já até dispensou o Nikolas.” disse e o outro negou com a cabeça.

 

“Tu é fofoqueiro demais! Vai, vinte voltas na quadra, corpo mole!” mandou e o outro assentiu enquanto se levantava.

 

Cascão pensou por alguns segundos no que Cebola disse sobre Magali e seu olhar foi até a moça, que errava uma jogada. Um sorriso brotou em seus lábios.

 

                                      *

Ainda na quadra, Xavier e Nimbus estavam sentados na arquibancada aguardando serem chamados. O cacheado agora ficava nervoso quando estava perto dele, mas tentava esconder isso. Para não ficar um silêncio estranho, Xaveco falou sobre a vida amorosa de seus amigos.

 

“Que o Tikara era a fim da Milena eu já tinha percebido, agora imaginar o Nikolas sendo o pivô do fim de Penha e Cebola... é difícil.” Nimbus assumiu.

 

“Ele não foi, mas pelo visto o próprio Cebola acha que foi. Mas, vai, seria possível ela gostar dele.” ele disse e o moreno riu.

 

“Seria, imagina o tesão em toda vez tirar dez em matemática?” comentou e o loiro riu.

 

“Nunca senti tesão com isso.” ele disse.

 

“Mesmo? E o que te dá tesão? Ou nem precisa ser tesão, pode ser... o que te deixa sem rumo, no bom sentido? Um xaveco bem dado, Xaveco?” Nimbus perguntou olhando diretamente para o rapaz.

 

Xaveco sentiu as bochechas esquentarem e logo limpou a garganta balançando a cabeça.

 

“Ah... o que deixa qualquer homem assim. Várias coisas!” exclamou.

 

“Várias? Fala uma então.” o veterano pediu e o outro engoliu em seco olhando ao redor e vendo uma garota comendo uma maçã.

 

“Ah... sei lá, uma pessoa que eu gosto comendo uma maçã.” falou e Nimbus franziu o cenho completamente surpreso.

 

“Bem peculiar...” balbuciou com um riso enquanto Xaveco se xingava mentalmente.

 

Para a salvação de Xaveco, Cascão o chamou para jogar. O rapaz saiu como um raio enquanto Nimbus ria da resposta inesperada.

 

                                               *                

Na quadra, Tikara estava com um ótimo rendimento, continuava tendo a ajuda de Milena quando podiam, e achava que isso, somada à presença dela, o deixava mais alegre. Assim que fez um gol, e lançou uma piscadela e um sorriso aberto à Milena, que retribuiu. Cascão sorriu orgulhoso.

 

“Boa, Tikara! Pode ir pro vestiário!” Cascão liberou o rapaz que logo foi para lá.

 

Assim que chegou no chuveiro vazio, ouviu alguns passos.

 

“Eu te falei pra ficar longe dela!” Felipe exclamou se aproximando dele.

 

“E eu nunca disse que faria isso.” ele respondeu sem medo algum.

 

O outro riu.

 

“Acha que vai ter alguma chance com ela? Você? Ela ainda me ama! E você não vai atrapalhar meus esquemas!” exclamou.

 

O moreno riu debochado.

 

“Tem razão, não vou atrapalhar porque eles não vão nem existir. Acha que uma pessoa inteligente e linda como ela vai voltar com a pessoa que só fez ela sofrer quando pode achar coisa melhor? A fila anda, irmão, e você perdeu.” falou e o outro o olhou feio.

 

Sem mais nem menos, Felipe socou o estômago de Tikara e logo desferiu um soco no canto da boca do outro, que sangrou. Tikara caiu com a surpresa, mas ainda assim conseguiu chutar a canela de Felipe.

 

“Filho da puta! Acho bom que isso sirva de aviso!” o loiro exclamou saindo em seguida.

 

Tikara levantou sentindo a barriga doer.

 

“Droga!” exclamou e decidiu tomar banho no dormitório.

 

Assim que deixou o vestiário, surpreendeu-se ao ver que sua paixonite estava lá fora.

 

“Tika... o que aconteceu? Sua boca ‘tá sangrando!” ela perguntou ao ver o machucado.

 

“Ah, nada, não. Eu só escorreguei. Viu o gol que fiz pra você? ‘Tô melhorando!” falou e ela o encarou séria.

 

“Não mente pra mim, alguém te bateu. Quem foi?” ela perguntou e ele desviou o olhar.

 

“Ninguém, só esquece isso.” falou passando o pulso na boca.

 

A cacheada negou com a cabeça enquanto o puxava de volta ao vestiário.

 

“O que você ‘tá fazendo?” perguntou.

 

“Te ajudando, os vestiários daqui ‘tão sem espelhos e você precisa saber onde ‘tá sujo.” ela disse.

 

“Não precisa, Mi, eu ‘tô todo suado, fedendo e você não merece sentir minha catinga.” o rapaz falou e ela riu.

 

“Eu já recebi abraços coletivos do pós jogo várias vezes, acho que aguento.” disse e ele cedeu.

 

Como os dois não tinham tantas coisas em mãos, ela pegou um pedaço de papel higiênico e o molhou antes de passar no canto da boca dele lentamente. Tikara não evitou de sorrir com o toque e a proximidade da moça, que também sorriu.

 

“O que foi? ‘Tá me olhando estranho. ‘Tá doendo?” perguntou pegando mais papel e ele riu.

 

“Não, ‘tô só admirando a vista. Você ia me dizer alguma coisa quando me viu?” falou e ela assentiu.

 

“Ia perguntar se você vai fazer parte do levante em prol ao grupo de música.” ela disse passando um papel seco no pequeno ferimento.

 

“Depende, se você me convidar com jeitinho...” falou e ela riu jogando fora o papel e indo lavar as mãos novamente.

 

“Junte-se a nós, Tika. Vai me fazer feliz.” a moça convidou.

 

“Com prazer. Mas eles vão fazer algum evento? Porque faz tempo que as aulas começaram e não tivemos nenhuma forma de boas vindas que realmente foram boas.” ele disse.

 

“Queria, hein? Uma festinha pra agitar um pouco aqui. Eu sempre fico aqui aos fins de semana, então minha vida é bem parada. Nesse carnaval nem fiz nada, só ouvi comparações mesmo.” ela disse e o moreno assentiu com uma ideia na cabeça.

 

“Eu tenho que ir agora, mas eu vou colocar seu nome na lista, ‘tá?” ela disse e ele sorriu.

 

“Claro. Obrigado pela ajuda.” ele disse e ela sorriu.

 

“Não tem de quê.” falou e logo saiu rapidamente.

 

Tikara umedeceu os lábios e também deixou a quadra com um sorriso.

 

                                               *

Denise estava sentada em um banco da área verde sozinha quando, para a sua surpresa, Tikara apareceu.

 

“Denise, tenho uma ideia que vai alavancar sua carreira!” exclamou e ela o olhou de cenho franzido.

 

“Mais?” perguntou.

 

“Sim! E se você organizasse uma festa de boas-vindas?” ele sugeriu e a ruiva riu.

 

“Tikara, isso é mais difícil do que parece. E as aulas já começaram faz tempo.” ela disse.

 

“Sim, mas pense bem, o terceiro fez aquele trote memorável, e você, que é mais influente que eles, faria algo maior.” ele disse e ela riu com interesse.

 

“Olha... não é uma má ideia... vou falar com o pessoal do jornal e fazer isso acontecer!” ela exclamou logo saindo bastante animada.

 

Tikara se sentou ali com um sorriso largo enfeitando o rosto.


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Notas finais do capítulo

O "não era amor, era cilada" que Penha disse a Nikolas é da música do Molejo, Cilada



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