Internato Limoeiro escrita por sam561


Capítulo 16
Capítulo XV - Pequenas descobertas


Notas iniciais do capítulo

Olar, gente!!!! Este capítulo tem uma coisinha diferente. Sei que o alcance aqui no nyah é bem diferente que no Spirit, mas vai que vocês querem brincar? kkkkk Enfim, como a páscoa é no domingo (04/04), trouxe uma "caça ao easter egg" kkkk No capítulo temos dois easter eggs, que são objetos nem tão escondidos que já apareceram em dois capítulos da fanfic, que estão por aí em alguma parte. Para ficar mais fácil vou dar três dicas e o resto é com vocês. Nas notas finais dou as orientações de o que fazer se você encontrar e tem brinde kkkk mas a parte legal é que não é uma competição, ou seja, quem achar o easter egg, e acertar, ganha o brinde que direi lá nas notas finais.

Dica 1 - Os dois objetos apareceram pela primeira vez, respectivamente, nos capítulos III (Resposta) e X (O trote)
Dica 2 - Neste capítulo, um dos objetos aparece nas mãos de um novato e o outro na de veteranas
Dica 3 - Há um personagem comum que apareceu no local em que estava um desses objetos ou teve alguma ligação direta com o outro objeto.

Boa leitura, divirtam-se e leiam as notas finais ♥



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A manhã de sexta-feira havia começado gelada, fracos raios de sol aqueciam um banco da pouco movimentada área verde onde estava, para a surpresa de quem estava ali, Penha. A moça quase não pregara o olho à noite por conta de vários pensamentos latentes, o principal deles a direcionava para seu monitor de matemática.

 

Olhou para cima sentindo o vento gelado bagunçar seus cabelos enquanto sua mente a levava de volta à tarde anterior.

 

"Diferente de você, que só está cercada de gente que só quer sua popularidade e de amigos que, no fundo, nem são seus amigos de verdade já que a única que era o grupo fez questão de afastar." as palavras de Nikolas martelavam em sua mente a fazendo bufar.

 

"Tenha dó! Por que eu não parro de pensar nisso?!" xingou-se enquanto negava com a cabeça.

 

Olhou para o lado, em direção às mesas, e viu cinco alunos do primeiro ano, dois meninos e três meninas, que lembravam ela e seu grupo, apenas pela quantidade, cores de cabelos e por um deles ser um casal, mas havia uma enorme diferença nesse grupo: eles não pareciam estar juntos por uma questão de popularidade.

 

"Penha! Que estranho te ver aqui a essa hora! Menina, até com esse vento todo seu cabelo fica um arraso!" uma garota disse e Penha a olhou sem ânimo algum.

 

"Você não tem nada de bom pra fazer além de ficar puxando meu saco?" perguntou seca e a moça sorriu sem graça.

 

"Ah… desculpa. Aproveitando que 'tô aqui, Sofia cometeu um erro que eu jamais cometeria." a outra disse e logo saiu.

 

Penha negou com a cabeça e riu.

 

"O que estou pensando? Nikolas é um estranho que acha que sabe o que fala! Meu grupo é bem amigo, sim!" balbuciou sem acreditar em nada que dissera decidindo caminhar pelo internato para espairecer.

 

                                           *

Outra pessoa que acordou cedo e decidiu aproveitar o frio do lado de fora dos dormitórios fora Jeremias que estava inquieto, daquela vez não tinha nada a ver com o jornal, e sim com o fim de semana. O primeiro feriado se aproximava e com ele sua volta à fazenda, não sabia ao certo se falaria ou não suas experiências aos avós.

 

"Você sempre acorda cedo, impressionante!" a voz de Do Contra fez o rapaz olhar para o lado.

 

"Relógio biológico. Mas você também acorda." o novato respondeu e o outro assentiu e se sentou, Jeremias era uma das poucas pessoas com quem Do Contra falava, o principal motivo eram os fins de semana.

 

"Diferente de muita gente daqui. Parece pensativo, ainda anda nervoso com o jornal?" perguntou.

 

"Não, eu já me entendi com quem precisava. É que vem vindo feriado prolongado e eu não sei o que dizer aos meus avós quando me perguntarem o que eu 'tô achando do IL." o outro respondeu.

 

"E o que você ‘tá achando?" Do Contra perguntou.

 

"Sinceramente? Uma bosta. Se tratando de aprendizado, assumo que é muito bom, mas o internato em si e muitas pessoas daqui… são horríveis!" confessou e o outro assentiu.

 

"Aí está sua resposta!" falou e o novato riu.

 

"Queria que fosse simples. Mas e ai, Do Contra, feliz em voltar pra casa?" perguntou e o outro deu de ombros.

 

"Talvez se eu tivesse indo pra uma fazenda onde dá pra eu sumir nos matos por um tempo, estaria. Mas tenho que me contentar com meus pais conservadores que me acham estranho." o veterano respondeu simples.

 

"Como assim estranho?" Jeremias perguntou.

 

"Meu jeito de ser. Mas chega de assuntos ruins, Ramona e eu estamos fazendo um levante em defesa à volta do grupo de música, como você aconselhou." Do Contra falou e o de cabelos crespos riu.

 

"Eu aconselhei? Eu 'tava zoando!" esclareceu.

 

"Eu levei a sério e adoraria que você se juntasse a nós nessa luta." o de topete disse e Jeremias assentiu.

 

"Conte comigo, mas ainda não posso me expor, 'tô meio ferrado por causa do jornal." falou.

 

"Sem pressa, Ramona e eu ainda estamos chamando algumas pessoas mais próximas. Curta o frio." o veterano falou saindo em seguida.

 

Jeremias pensou um pouco na possibilidade de um grupo de música, parecia interessante.

 

                                           *

As aulas da manhã passaram lentas como de costume, porém a professora de arte trouxe uma surpresa nos últimos minutos da última aula da sexta-feira.

 

"Quero um trabalho em grupo para animar o feriado de vocês. É sobre as tradições carnavalescas! Mas eu vou escolher os quartetos!" ela disse pegando sua caderneta e um suspirou coletivo foi ouvido.

 

"Qual foi, 'sora? Esse fim de semana eu vou pra casa!" Timóteo reclamou.

 

"Vocês fazem o trabalho fora do internato, ué. E espero que se reúnam! Não quero que um só faça tudo." ela disse.

 

"Professora, eu vou pra fazenda dos meus avós. É longe daqui." Jeremias alertou.

 

"Você tem acesso à internet?" a docente perguntou.

 

"Sim!" exclamou e ela assentiu pegando seu caderno.

 

"No seu caso, exclusivamente seu caso, você pode fazer de forma online com o resto do seu grupo. Começando com você, Jeremias! Você, Denise, Maurício e Milena." escolheu e os quatro olharam surpresos.

 

"Que grupo aleatório é esse, professora?" Denise perguntou.

 

"O grupo 1! Grupo 2: Gabriela, Marco Antônio, Sofia e Ramona." falou e os dois loiros bufaram.

 

"O loco, 'sora! Juntando o Toni e a Sofia? Eles quase saíram no soco!" Cascão comentou.

 

"Vou confiar no bom senso de vocês. Grupo 3: Xavier, Penha, Nikolas e Tikara." falou.

 

"Grupo 4: Mônica, Cebolácio, Magali e Cássio." disse e as duas comemoraram e os rapazes assentiram animados.

 

A professora continuou escolhendo os grupos e temas específicos de cada grupo e logo os liberou. Um raríssimo momento aconteceu quando Tikara pediu que os membros de seu grupo esperassem e chamou Denise, os dois quase nunca conversavam no internato, e fora dele.

 

"E se a gente fizesse lá em casa no mesmo dia? Nossos temas são bem parecidos." o rapaz sugeriu.

 

"Ah, é! Vocês são meio irmãos, facilita mesmo." Milena disse e alguns olharam para os dois.

 

"Vocês são meio irmãos?!" Jeremias perguntou surpreso.

 

"Não é bem assim! Ele só é filho da minha madrasta. Mas pode ser desse jeito, pelo menos acaba mais rápido e a gente se livra! Amanhã a gente se fala." Denise falou e já ia sair quando Milena a impediu.

 

"Ei, espera aí! Você nem perguntou se todo mundo pode!" lembrou.

 

"Eu posso à tarde. Umas… três?" Nikolas falou lançando um rápido olhar para Penha, que também o olhava. Xaveco estreitou os olhos para a interação

 

"Pra mim 'tá bom!" Milena disse e os outros concordaram.

 

"Também! Mas eu não sei onde você morra." Penha disse.

 

"Ué, mas vocês não são grandes amigas? Pensando bem… acho que nunca vi a Penha lá em casa…" Tikara comentou pensativo.

 

"Então às três?" Denise desconversou e todos assentiram, exceto ela e Do Contra.

 

"Não, acho que três e vinte e sete, trinta e dois, por aí, é melhor." ele disse e os demais olharam confusos.

 

"Por que vinte e sete ou trinta e dois? Fala três e meia de uma vez! Ah! Moleque maluco!" Denise disse e logo saiu.

 

Do Contra ria enquanto Tikara pegava os números dos demais. Ia pegar o de Penha, mas ela simplesmente saiu antes de ele chegar.

 

"Essa Penha é uma arrogante!" comentou.

 

"Verdade! Não acha, Nik?" Xaveco perguntou e o outro deu de ombros.

 

"Sei lá. Eu vou indo nessa, as mesas boas acabam rápido." ele disse e Xaveco o acompanhou.

 

O de feições asiáticas se aproximou de Milena com um sorriso e anotou seu número.

 

"Eu salvo como 'Mi' ou 'Mi amore'?" perguntou após escrever o número dela.

 

"Mi amore?" ela repetiu com um riso.

 

"Um jeito carinhoso de falar com uma pessoa que precisa ser mais carinhosa nos treinos. Fiz até um coraçãozinho." falou e ela riu enquanto olhava no caderninho, de fato tinha um coraçãozinho.

 

"Bela tentativa, Tika. A gente se fala amanhã!" a moça disse e ele sorriu ao olhar para o número dela.

 

                                          X

O grupo três não ficou para combinar um horário, Toni apenas disse que tinha o número de Sofia e saiu fazendo com que as meninas decidissem sozinhas; já o grupo quatro, havia se juntado no corredor.

 

"Então? Onde a gente vai fazer?" Cascão perguntou.

 

"Qualquer lugar, menos na casa dela. Encarar o Carlito fora do IL não é comigo." Cebola disse apontando para Magali.

 

"Ah, para! Você e seu grupo nunca se fodem, nem vem!" Mônica comentou.

 

"Ah, não? Então por que Penha foi pra diretoria quando você brigou com ela?" ele perguntou cruzando os braços.

 

"E eu que sei? Vocês que são amigos!" a novata respondeu.

 

Cascão riu enquanto ficava ao lado de Magali.

 

"Já vi que esses dois vão brigar.” comentou e ela riu.

 

“Vai ser um longo trabalho.” Magali disse e o rapaz assentiu.

 

“Ok, gente, não precisa ser na casa de alguém. Pode ser em algum outro lugar, sei lá.” Cascão sugeriu.

 

“Tipo onde? A biblioteca pública?” Mônica perguntou.

 

“Boa ideia! É aqui pertinho!” Magali disse animada e os meninos assentiram.

 

Cebola já ia se afastar quando Mônica lembrou de algo.

 

“Ah, Cebola! Sua blusa!” ela disse pegando de sua mochila a roupa dobrada.

 

“Por que você ‘tá com a blusa dele, Mônica?” Cascão perguntou com um sorriso sugestivo.

 

“Nada de especial, Cascão, a aventureira aí gosta de se meter em encrencas. Mas o bom é que me deve duas. Amanhã às dez da manhã na biblioteca, nada de atrasos!” Cebola respondeu jogando a blusa no ombro e saiu rindo.

 

Cascão olhou para ele e depois para as meninas.

 

“O que ele quis dizer com isso? Espera aí, dez da manhã? VOLTA AQUI, CEBOLÁCIO!” Cascão disse antes de correr atrás do colega fazendo as duas rirem.

 

                                      *

As horas passaram rápidas depois do almoço, quando já eram cinco da tarde, a movimentação no internato ficou bastante intensa graças ao fato de que praticamente todos os alunos iriam para as suas casas por conta do feriado.

 

Xaveco, Nikolas e Tikara haviam sido autorizados por seus pais para irem embora sozinhos, então os três saíram juntos e, com a permissão de seus responsáveis, foram até a casa do loiro, que os convidou para jogarem vídeo game. Assim que entraram, perceberam que tinha alguém na sala.

 

“Xavier! Quem são esses?” o homem perguntou enquanto os encarava.

 

“Meus amigos. Manos, esse é meu tio que mora na casa ao lado, mas sempre ‘tá aqui.” respondeu sem muito ânimo e o adulto levantou.

 

“Traz amigos e nunca uma namoradinha, né? Mas tudo bem. Você deve ser o do reforço de matemática, né? Tem cara de inteligente!” ele falou enquanto apertava a mão de Tikara, que riu.

 

“Eu não teria paciência pra dar monitoria, não. ‘Cê é louco! O maluco da matemática é ele.” falou e apontou para Nikolas, que acenou.

 

O homem, surpreso, mediu Nik dos pés à cabeça e seu olhar parou nos dreads.

 

“Ah... É que vi seu cabelo e... bom, pensei que estudos mais sérios não eram muito a sua praia.” ele disse e o rapaz revirou os olhos enquanto Xaveco corava de olhos arregalados.

 

“Tio?! ‘Cê tá maluco?! Vamos lá pra dentro, gente!” exclamou praticamente puxando os amigos para seu quarto.

 

Assim que entraram, Tikara colocou sua mochila perto da cômoda e se sentou na cama e Nikolas tirou sua mochila e o celular do bolso.

 

“Nik, irmão, me desculpe pelo meu tio. Ele enche o saco da minha vó o dia todo e aparece aqui só pra falar merda.” Xaveco se desculpou.

 

“Ah, relaxa, muita gente não gosta dos meus dreads.” ele disse tranquilo enquanto tocava em sua cabeça e colocava seu celular em cima da cômoda.

 

“Mesmo? Eu acho  foda!” Tikara comentou.

 

“Eu também, por isso eu não dou a mínima pro que dizem. Enfim, quem começa jogando? Já querem perder pro pai logo de primeira?” Nikolas perguntou com um riso.

 

“As visitas começam.” Xaveco falou ligando o jogo.

 

“Ah, carrega meu celular pra mim, fazendo favor? Minha bateria acabou e minha mãe gosta de me ligar. Pode pegar ele e o carregador na minha mochila.” Tikara pediu e o loiro foi até a mochila do amigo escorada na cômoda.

 

“Cê é folgado, hein? Mas, Tika, tenho que te parabenizar. Usar seu parentesco com a Denise pra dar em cima da Milena foi uma ideia ousada.” Xaveco disse enquanto tirava da mochila do amigo um caderno, uma caneta solta, uma embalagem de tinta cor de rosa, que inclusive caiu em seu pé, e enfim o carregador e o celular.

 

Tikara riu.

 

“Tenho que tentar, né? Diferente de certas pessoas.” falou enquanto balançava a cabeça para o lado.

 

“Lá vem você de novo com isso!” Nikolas exclamou e Xaveco riu enquanto jogava de volta as coisas na mochila do amigo, exceto o caderno e uma caneta, e, ao levantar, ouviu o celular de Nik vibrar e a luz acender.

 

Xaveco nem estava curioso, mas, ao olhar de relance, percebeu algo que o fez arregalar os olhos. Era uma mensagem de Penha, que perguntava sobre que horas ele iria à casa dela. A surpresa do loiro fora tanta que deixou o carregador de Tikara cair e os outros dois olharam.

 

“Êêê! Quebra meu carregador!” o de cabelos lisos respondeu.

 

“Foi mal, escorregou. Ér... Nik! Seu celular vibrou!” falou e o amigo foi até lá pegar seu aparelho enquanto o jogo não carregava.

 

Xaveco observou o dono dos dreads responder e logo bloquear o aparelho.

 

“Sua mãe já ‘tá mandando você voltar?” Tikara perguntou.

 

“Não, era outra coisa. Ah, carregou!” o rapaz respondeu e se sentou.

 

Xaveco desenhava no caderno de Tikara enquanto juntava algumas peças sobre a relação do amigo com um dos membros do grupo que eles tanto tinham raiva.

 

“Ô, Xaveco! O que você ‘tá desenhando no meu caderno?” Tikara perguntou e o loiro riu olhando para seu desenho.

 

“Nada, ué.” falou enquanto fazia um novo desenho.

 

“Tá desenhando rola, né?!” acusou e o cacheado riu.

 

“Não sei por que acha que eu faria isso, Tikara.” fingiu inocência e o amigo cerrou os olhos e se virou para o jogo.

 

Xaveco virou o caderno para Nikolas que riu, não era apenas o que Tikara pensou ser, mas os dois decidiram zoar o amigo.

 

“Não me deixa esquecer de mostrar esse caderno dele pra Milena amanhã.”  o veterano brincou e o Xaveco riu alto.

 

                                               *

Ainda no internato, Denise carregava uma pilha de papéis com a ajuda de Sofia quando trombou com Narcisa, que parecia apressada, fazendo com que todos caíssem.

 

“Poxa, Narcisa! Olha por onde anda! Misturou os papéis todos! Eu ‘tô com isso acumulado desde o dia do trote do terceirão, tenho que entregar isso tudo pra Isadora!” Denise comentou enquanto se abaixava para pegar os papéis caídos.

 

“Desculpe... espera aí, faz um tempão que foi o trote!” Narcisa disse se abaixando para ajudar.

 

“Nem tanto, só parece. Mas por que a pressa? A saída é pro outro lado!” a ruiva disse.

 

“Eu queria falar com o Jeremias.” ela disse e a outra riu.

 

“Eu também queria, metade desses papéis são do teatro e ele é meu ajudante. Mas esse menino sumiu justo na hora de levar embora pra ler, suspeito, não?” Denise falou.

 

“Ele já foi embora, Dê. A fazenda dos avós dele é longe.” Sofia comentou terminando de pegar os papéis.

 

“Sério? Que droga!” a de cabelos rosas bufou desanimada.

 

“O que você queria com ele? Fazer reportagem sobre como o jornal fodeu com ele?” Sofia perguntou.

 

“Calma, Sofia. Ele ‘tá mais de boa que você com essa situação.” Denise disse calma.

 

“Ai, é que eu fico irritada com isso! Foram lá mexer na vida do menino e manipularam tudo!” a outra disse irritada e Narcisa engoliu em seco, sentia um certo medo de Sofia.

 

“Na verdade, eu queria... eu queria me desculpar com ele. Fui eu que fiz a matéria.” confessou e a de cabelos castanhos claros olhou séria para a outra garota.

 

“Você tem noção de que ele teve problemas por sua causa, né?” perguntou séria.

 

“Sim, eu sei. Eu tinha combinado com Toni de descobrir alguma coisa sobre o Jeremias em troca de entrar pro grupo de vocês, mas ele me enganou!” Narcisa disse.

 

“Ué, mas por que ele queria descobrir alguma coisa sobre o Jeremias? Toni quase não fazia trote com o Jerê!” Sofia questionou.

 

Denise lembrou do dia em que estava presa nesses papéis e Toni foi falar consigo sobre isso.

 

“Toni é um cara traiçoeiro, meninas. Você sabe muito bem disso, Sofia. E Narcisa, em termos de tema, você foi ousada, mas se formos ver o conteúdo... você foi péssima! Você manipulou até demais e deixou muitos furos. Estou decepcionada.” falou e a outra assentiu.

 

“Desculpe. Ér... Sofia? Se você puder dizer a ele que sinto muito, eu agradeceria.” a de cabelos rosas disse e a outra negou.

 

“Até poderia, mas isso é você que faz. Agora vamos, Denise, ‘tá ficando tarde.” a outra disse e saiu com a amiga. Narcisa, por sua vez, encarou arrependida, sabia que quando Denise dizia estar decepcionada com alguém do jornal, esse alguém perdia toda sua credibilidade.

 

“Toni é um cuzão!” xingou enquanto saía desanimada.

 

                                      *

O resto da tarde e a noite passaram depressa, quando os jovens se deram conta, já era sábado de manhã. Em uma casa da região central, Do Contra estava deitado no gramado sem camisa, óculos escuros e fones de ouvido; ao seu lado, sentado em uma espreguiçadeira, estava Nimbus lendo um livro.

 

“O que você ‘tá fazendo?” a voz da mãe dos rapazes soou e, pelo tom de estranheza, já era possível saber com quem ela falava.

 

“A pergunta foi pra quem?” Do Contra perguntou já sabendo a resposta.

 

“Pra quem mais seria? Pra quem ‘tá lendo um livro sentado em uma cadeira como uma pessoa normal, ou pro outro que ‘tá todo arreganhado no mato?” a voz do pai se aproximou.

 

“Pergunta difícil essa.” o mais novo falou ainda com as costas viradas para o sol.

 

“Não me desafia, Maurício! O que você fazendo da sua vida?” ele perguntou.

 

“No momento, eu ‘tô ouvindo a nona sinfonia de Beethoven enquanto espero minha unha secar e tomo uma dose diária de vitamina D.” respondeu mexendo os dedos da mão esquerda, que tinham um esmalte preto nas unhas, e os pais olharam incrédulos enquanto Nimbus negava com a cabeça.

 

“Olha... a música eu até aprovo, agora pra que esmalte, garoto?” o pai perguntou.

 

“Não, deixa, querido! Meninos, queremos saber o que vocês andam fazendo à tarde no IL, os esportes, como estão as coisas...” a mãe falou.

 

“Eu ‘tô no time de vôlei, tem sido ótimo estar com tanta gente legal. Mas ando ocupado com o inglês como aula extra e estudo avançado, fora as outras aulas.” Nimbus disse e os pais sorriram.

 

“Isso aí, filhão! Conduta de homem sério!” o pai parabenizou e o rapaz assentiu com um sorriso forçado.

 

“Eu jogo xadrez, faço estudos avançados em filosofia e me desdobro em dois pra participar do grupo de pintura e escrita criativa. Atividades difíceis, mas prazerosas.” Do Contra disse.

 

“Maurício, você não pensa em ser um pouco mais parecido com outros garotos de dezesseis anos?” a mãe perguntou tentando esconder a decepção na voz.

 

“Não, eu ainda não fiz dezesseis.” respondeu e os dois se entreolharam enquanto Nimbus segurava o riso.

 

“Nem escola interna, Keiko... a gente vai sair agora e voltamos mais tarde.” o pai disse e saiu com a esposa.

 

Nimbus levantou.

 

“Do Contra... tu ainda vai ser deserdado. Nossos pais são conservadores!” falou e o irmão deitou de barriga para cima e cruzou as pernas.

 

“Nimbus, você fica aí dando uma de filho exemplar e esquece o porquê de ter sido mandado pro internato. Você tem mais motivos que eu pra querer quebrar esse conservadorismo.” rebateu e o irmão bufou e já ia sair quando lembrou de algo.

 

“Sabe... aquele seu colega de quarto, o Xavier, é um cara legal?” perguntou e o irmão o olhou.

 

“Por que quer saber?” Do Contra perguntou.

 

“Não posso querer saber sobre quem divide quarto com meu irmão?” o outro perguntou.

 

“Pode, mas eu tenho mais dois colegas. Fora que você nunca me perguntou isso em nenhum outro ano nesses meus três anos no IL...” falou e Nimbus bufou.

 

“Moleque chato!” exclamou e saiu enquanto o outro ria.

 

                                               *

Um pouco distante dali, em um bairro mais baixo, Gabriela bocejou enquanto entregava um copo de água à Isadora, que havia ido até lá para jogarem conversa fora, as duas eram vizinhas. Faltava chegar Milena, Flávia e Ana, que moravam mais longe.

 

“Isa, na boa, de onde você tirou que Toni e eu iríamos conseguir ser amigos na peça?” perguntou se sentando.

 

“Porque aquele jeito de menino mau do Toni não me engana, ele sabe interpretar tão bem que faz geral acreditar que ele é um lixo e só.” a mais velha respondeu.

 

“Então ele é bom ator mesmo, porque eu acredito que ele é um lixo e só.” a de cabelos curtos disse.

 

“Vocês dois já começaram a se falar mais?” ela perguntou e a amiga riu enquanto se servia de café.

 

“Claro que não, não tenho estômago pra encarar um cara que só sabe encher o saco e dar em cima das meninas.” Gabriela respondeu.

 

“Gabi, vocês precisam interagir pra peça! Até o Jeremias e Denise estão se dando bem trabalhando juntos.” Isadora disse e a outra riu.

 

“Eu sou amiga do Jerê, ele me disse que ser ajudante dela é fácil porque ela só repassa pra ele parte do trabalho que você dá. Ou seja, eles nem conversam.” Gabriela respondeu enquanto pegava um pão.

 

“Ah, é? Bom saber disso...” Isadora falou enquanto pegava um pãozinho doce.

 

Vozes femininas chamaram pela loira que foi abrir o portão. Eram as que faltavam.

 

“Oi, meninas que enjoei da cara e Ana! Quanto tempo, mulher!” a moça falou abraçando as amigas e um pouco mais a ruiva que não via desde as férias.

 

“Por que será? A bonita nunca sai daquele internato!” Ana exclamou se sentando com Isadora, assim como as outras.

 

“Olha onde eu moro! Só tem vizinho que não quer nada com a vida e acha que os outros ‘tão na mesma, é música alta o dia todo!” defendeu-se.

 

“A mãe dela me mandou mensagem hoje perguntando se a gente iria sair, quando eu disse que não sabia ela começou a sugerir lugares. Ela quer que você viva um pouco, miga.” Milena revelou.

 

“E o que você pode falar, Milena? Tu é outra que só estuda e nem vai pra casa!” Flávia lembrou.

 

“Sim! Mas vamos lembrar que lá em casa a comparação rola solta! Agora meu irmãozinho ficou em primeiro num simulado deles lá e minha irmã passou em um concurso, desde ontem ‘tô ouvindo que devia tentar fazer coisas novas.” a morena disse.

 

“Esse é um bom conselho! Devia ter entrado no teatro.” Isadora disse comendo um rosquinha.

 

“Cilada, Mi! Ano passado eu topei ajudar a Isa no teatro e com quem ela queria que eu fizesse par? Um dos meninos que eu mais tinha raiva: Felipe. Ele ainda enche teu saco?” Ana perguntou.

 

“Enche! Deu uma de querer me reconquistar, mas ele sabe que não vai conseguir.” a morena respondeu.

 

“Podemos dar esse mérito ao Tikara?” Flávia perguntou subindo e descendo as sobrancelhas e Milena arregalou os olhos.

 

“O quê?” perguntou e as outras riram.

 

“Quem é Tikara? Me falem dos babados!” Ana pediu animada.

 

“É o novato que dá mole pra Milena e ela nem tchum.” Gabriela respondeu.

 

“Ele não me dá mole, ele só queria treinar depois de ter sido humilhado pelo Cascão.” Milena disse colocando café em uma xícara.

 

“Tá tentando enganar quem? Eu sei que você reparou que ele ‘tá na sua! Não mente!” Flávia disse apontando um pãozinho para ela.

 

“Eu nem sei quem é o cara, mas isso de querer treinar é migué pra ficar perto de você! Conheço esse tipo!”  Ana falou e a outra riu se rendendo.

 

“Tá bom, chatinhas, eu percebi! Mas eu não quero nada com ninguém no momento.” Milena falou.

 

“Mas tipo assim, se o Tikara chegar em você todo bonitinho, com o brinquinho brilhando e tudo mais, e te chamar pra sair, o que você responde?” Isadora perguntou curiosa.

 

“Que eu fico no IL aos fins de semana.” a outra respondeu e a dona da casa riu.

 

“Ah, vai enganar outro, Milena! É por causa do Felipe que eu sei! Não tem nada a ver com ficar em IL. Se eu tivesse um boy a fim de mim, eu caía matando.” Gabriela disse e as amigas riram.

 

“Que carência é essa, Gabriela Cassandra?!” Ana perguntou.

 

“Não soube? Cascão me deu um pé na bunda. A trouxa aqui achou que ele queria namorar, mas não queria é nada!” ela respondeu.

 

“Que merda, mas foi pra ficar com outra?” a amiga perguntou.

 

“Olha... não sei. Saiu um boato no jornal que a Magali ‘tava de olho nele.” ela disse.

 

“Vai acreditar em jornal da escola, Gabi?” Flávia perguntou.

 

“Sei lá, mas eu vejo eles sendo amiguinhos e fico com uma pulguinha atrás da orelha. Mas vamos esquecer isso e falar da vida.” respondeu e elas continuaram conversando e se divertindo.

 

                                      *

Próximo ao internato estava Cascão esperando seu grupo de trabalho do lado de fora da biblioteca pública. O rapaz tinha as mãos nos bolsos enquanto assobiava quando Magali apareceu.

 

“Oi, Cascão!” cumprimentou e ele sorriu.

 

“Oi, Magali! Me lembra de dar uma cadernada no rosto do Cebola? Porque inventar de fazer trabalho de arte às dez da madrugada é pedir pra apanhar.” ele disse e ela riu.

 

“Pior foi a gente que aceitou!” a moça disse.

 

“O maluco simplesmente sumiu depois daquilo, nem deu pra negar. Cadê a Mônica?” o rapaz perguntou.

 

“Ela disse que não demora. E o Cebola?” ela perguntou.

 

Cascão riu sem humor.

 

“Teve a ideia de vir cedo e não chegou ainda.” falou e a moça se escorou no muro baixo que tinha ali.

 

Os dois ficaram alguns segundos em silêncio quando a moça decidiu falar.

 

“Ér... Cascão, o que fez você ir parar no internato?” ela perguntou e ele riu olhando para o chão.

 

“Minha rua tem uns caras meio... problemáticos. Minha mãe nunca gostou que eu andasse com eles, mas eu ficava na rampa e eles sempre ‘tavam lá e, ‘cê sabe, eram pessoas carismáticas.” começou.

 

“Nem todos lá são pessoas ruins, muitos trabalham, estudam, pensam no futuro, fazem os corres deles tudo dentro da lei, mas tinham uns que sempre iam pra porta do colégio ‘impressionar as novinhas’ e ‘passar umas coisinhas’ pra uns alunos de lá. Eu era do colégio Limoeiro e um desses veio me oferecer.” ele disse e Magali abriu a boca surpresa.

 

“E... você aceitou?” ela perguntou com receio.

 

“Não, eu não tenho vontade sabe? Mas um amigo meu não pensava assim...” ele disse e a moça engoliu em seco.

 

“A mãe dele descobriu, falou pra minha e meus pais colocaram na cabeça que eu tinha que ir pra um lugar seguro. Eles sabem que rola trote no IL, mas sabiam também que eu conseguiria me virar bem.” Cascão disse mais animado para quebrar o clima estranho e ela sorriu.

 

“Você nunca sofreu um trote, né?” ela perguntou.

 

“De ir pro jornal, não, mas mesmo eu sofrendo uns fracos, eu ainda não gosto, é meio exagerado.” o rapaz respondeu.

 

“Meio? Eu acho muito exagerado!” a morena falou.

 

Cascão sorriu para ela e já ia perguntar algo quando ouviu uma pequena discussão se aproximando.

 

“Já disse que não, Mônica!” a voz de Cebola exclamou.

 

“Tá bom. Eu vou descobrir porque você é tão duas caras.” ela disse cruzando os braços.

 

Cebola arregalou os olhos e a encarou.

 

“Duas caras? Garota, o que você...” ele dizia e os outros dois se entreolharam antes de irem até eles.

 

“Cebola, eu vou te catar! Manda a gente vir às dez e chega quase onze?!” Cascão reclamou de braços cruzados.

 

“Era pra eu ter chegado antes, mas a madame curiosidade ficou me enchendo e eu mudei de rua, mas é impossível fugir de gente curiosa.” Cebola disse e Mônica lhe mostrou a língua.

 

Magali sorriu.

 

“Depois vocês brigam, vamos entrar e começar esse trabalho.” ela disse e os quatro entraram, com Cebola dando um leve empurrão em Mônica e ela retribuindo com força fazendo o de cabelos lisos esbarrar nos outros dois e quase os derrubar.

 

“Essa vai ser uma longa manhã!” Cascão comentou e Magali suspirou antes de rir.


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Notas finais do capítulo

Então, gente, pra quem quiser brincar kkkk é assim:

Se você achar o EG (Easter Egg), pode me mandar uma mensagem privada ou escrever o que você acha que é aqui nos comentários e eu te respondo por mensagem privada, assim todo mundo poderá procurar. Caso você não acerte de primeira, não fique triste, pode me enviar quantas mps quiser até acertar os dois kkkk

Se você acertar os dois EGs - ganha 2 brindes

Se acertar apenas um EG - ganha 1 brinde

Os brindes são relacionados à fanfic e darei 4 opções, mas como a vida é feita de escolhas, você só poderá escolher duas caso acerte os dois EGs. E elas são:

Opção 1 - Um spoiler sobre seu personagem favorito

Opção 2 - Um spoiler sobre seu casal favorito

Opção 3 - Uma curiosidade sobre o processo criativo de algum momento de qualquer capítulo

Opção 4 - Uma curiosidade sobre a construção de seu personagem E/OU casal favorito

É isso o/



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