A Jornada escrita por SrtaAthena


Capítulo 9
Capítulo 8




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Sakura On

O sol mal tinha nascido e já estava de pé, arrumei a cama e minhas coisas. Kora-sama tinha me dado uma mochila média, que prendia na cintura, na cor marrom, era simples e perfeita pra minha viajem, principalmente depois da perda de minhas roupas e da minha mochila.

Sim, roupas, minha roupas, amadas roupas, tinham tido perda total, apesar de terem sido lavadas, acabaram desfiando depois da terceira escovada no tanque, sem chance. Por causa disso ganhei roupas novas de Kora, roupas que cabiam em mim, diferente do kimono.

Peguei minha kunai, cortando os fios que estavam grandes, e mais um pouco na parte de trás com o auxílio do espelho, deixando meu cabelo bem curto. Puxei os fios da frente, que "escondiam" o tamanho da minha testona, deixando os fios meio-preso, deixando aquela testa de marquise para todo mundo ver.

Peguei minha roupa e vesti, deixando o kimono dobrado na cama. Me olhei no espelho, sorrindo com o que via, a roupa usada residia em uma blusa que ia até metade da barriga, da cor vermelha, com pétalas brancas nas laterais, pra esconder a barriga resolvi colocar faixas até o cós do short saia, que era da mesma coloração da blusa, com listras branca nas bordas, bem simples, nos pés sandálias ninjas, parte dos únicos bens que tinha sido salvos. Com a bolsa na cintura, estava pronta pra sair.

Certo! Vamos Sakura.

Sai do quarto, indo pra sala de ervas, encontrando Kora-sama e Kimi fazendo o desjejum, em silêncio. Me juntei a elas, no silencio agradável da manhã. Quando terminamos fomos pra trás do templo, provavelmente iríamos usar aquela passagem entre as pedras que tinha visto da janela do corredor, mas não falei nada sobre. Não sabia se tinham ninjas nessa vila, ou algo relacionado, então apenas esperei.

— Ain, espero que venha nos visitar quando vier pela área_ Kora-sama me deu um abraço apertado, com um sorriso largo_ coloquei alguns óleos e folhas pra fazer chá, também deixei um maço de pergaminho pra saber como usá-los caso se machuque.

Sorri, acentindo com a cabeça, grata pelo conhecimento e preocupação que a mesma tinha comigo, era tão atenciosa, me sentia mal por estar mentindo pra ela.

— Já podemos ir? _ Kimi se aproximou da beira do riacho, segurando a alça da mochila.

Como poderia ser tão desagradável? Por kami-sama!

— Sayonara, Kora-sama, até uma próxima vez, obrigada  por tudo_ me afasto da anciã, indo ao encontro da mulher impaciente.

Encarei o riacho e depois os rubis de Kimi, a água estava tuburlenta demais pra passar a nado, e pular, bom, só se quisesse cair nas pedras íngremes da beirola. Quase fiz a menção de perguntar como atravessariamos, quando a mulher puxou algo entre os arbustos da roseira, fazendo um caminho de pedra se formar, fazendo uma pequena ponte.

— Vamos_ solto um suspiro, seguindo a mais velha, passando por outro lado. Kimi entrou na fissura da pedra, com naturalidade, seguindo seus passos logo em seguida, com um pouco mais de dificuldade.

Estreitei meus olhos por um momento, me acostumando com a iluminação precária da caverna, enquanto seguia, um pouco cega ainda.

Quando consegui enxergar o suficiente, me dei conta de onde estava. Não era bem uma caverna, era um túnel mesmo, com algumas lanternas a gás presas nas paredes das pedras por fios, ou eram galhos? Não sabia ao certo.

— Anda logo, nao quero demorar mais que o necessário com você_ Kimi estava mais a frente, me encarando com uma carranca.

— Estou indo_ aperto o passo, acompanhando a no trajeto pelo túnel semi-iluminado.

Ficamos em silêncio por um bom tempo, tendo companhia apenas das lanternas e do barulho de água caindo, em algum lugar da montanha, além do caminho inconstante, que descia em algumas partes, outras que seguia reto e depois subia.

— Eu me importo com a minha irmã _ a voz de Kimi ecoou pelo túnel, fazendo um eco engraçado enquanto encarava suas costas.

— Então por que se comportou daquele jeito? _ apertei o passo, ficando do seu lado, encarando o perfil de sua silhueta, com os fios roxos escondendo boa parte do rosto.

— Eu preciso_ ergo uma sobrancelha_ não espero que você me entenda, mas e o que tenho que fazer.

— Não acha que é insensível de sua parte? _ Kimi riu, parando por um momento pra me olhar nos olhos.

— Faço o que for pra manter minha família segura, Naomi, até mesmo agir errado_ um brilho passou no fundo dos olhos da jovem, que voltou a andar pelo túnel, me deixando um pouco pra trás.

Não iria discutir as ações de alguém que tem seus motivos, mas parecia uma desculpa que minha mãe faria pra mim, justificando seus erros e defeitos. Fazer o que?

Continuamos andando até pararmos numa espécie de sala, que fazia bifurcação com outros túneis. Kimi apontou o do meio e continuamos por mais tempo que meus pés aguentavamos. "Tão lerda quanto o Naruto, vamos!", que Inner abusada, não era ela que estava quase desfacelendo de tanto andar num lugar abafado e úmido.

— Inner baka..._ sussurro pra mim mesma, esbarrando na mais velha com força, desequilibrando ela é a mim.

Kimi me agarrou, tentando se equilibrar, mas quando tentei agrra-la acabei perdendo o equilíbrio, sendo abraçada pela jovem, enquanto caiamos túnel a dentro, nos batendo e gritando.

 

/_

 

Kimi On.

Caímos pela parte mais baixa do túnel, mas por sorte não tinha pedras pontudas naquela parte do trajeto. Segurei a menina com força enquanto rolavamos como bolas de gude, parando só quando atingimos o final do túnel. Minha cabeça latejava e minha visão estava turva, mas conseguia sentir o peso de Naomi no meu peito, que parecia tão ferrada quanto eu.

— Naomii?_ a chamei, mas apenas escutei um resmungo abafado.

Puxei o ar com força, colocando a menina no chão devagar, sentando logo em seguida. Foi uma queda e tanto, mas adiantou um pouco mais nossa viajem.

— Gomenasai, Kimi_ os cabelos rosados da menina estavam bagunçados, e alguns arranhões eram visíveis em seu rosto, provavelmente eu estaria parecida, mas não era um incômodo.

— Tudo bem, pelo menos foi melhor que andar _ solto um suspiro, levantando os braços, me espreguiçando, sentindo os músculos pulsarem, mas não estavam tão doloridos.

— Não sei se foi melhor, mas fico contente em não andar tanto_ dou uma risada, observando onde estávamos.

Era a penúltima sala do caminho até próximo a costa, depois dali ainda tinha mais um túnel e duas viradas até sair na floresta e me livrar daquele peso.

Naomi se levantou, batendo as mãos sujas no short, me dando a mão pra levantar  logo em seguida. A encarei por alguns segundos, mas aceitei a ajuda.

— Vamos, não estamos longe _ Naomi afirmou com a cabeça, me seguindo pelo túnel estreito, tomando cuidado para não esbarrar em mim de novo, ficando do meu lado o tempo todo.

— Então, acha que vai encontrar seus colegas? _ a rosada me encarou, surpresa com a pergunta.

— Talvez, nosso destino não era nesse continente, quem sabe tenha que atravessar sozinha.

— Nossa, eles não esperariam você? _ a jovem riu.

— Presa, não os culpo_ dou de ombros, vendo que a mesma estava bem com aquilo, mas ser abandonada era difícil para alguém como ela, uma menina sozinha, até eu não seria capaz disso.

Continuamos andando, virando a direita, com cuidado, para que não fosse acontecer como lá atrás. Paramos pra comer alguns bolinhos de lavanda, e para descansar, mas não demoramos, afinal, queria estar em casa antes de cair a tarde, Mina e Kiu estavam sozinhos com minha mãe e não queria sobrecarrega-la.

Andamos mais um pouco até virar e descer o resto do túnel, saindo da montanha, não muito tempo depois. O sol estava forte e o cheiro de água salgada vinha com a brisa entre as árvores, não estamos muito longe da Costa, mas agora a viajante seguiria sozinha e eu voltaria para minha aldeia, para o almoço.

— Bom, e aqui que não despedimos, espero que consiga encontrar seu grupo_ Naomi desceu as pedras no pé da montanha, enquanto me despedia  ou pelo menos tentava.

— Agradeço, Kimi, eu também espero que consiga as coisas que deseja, mas com compaixão_ as esmeraldas brilharam quando disse tais palavras, a jovem acenou com a mão antes de correr floresta a dentro, desaparecendo depois de breves segundos.

Solto um suspiro, sorrindo enquanto dava meia volta, partindo para meu caminho de volta para a aldeia.

Compaixão não é? Isso soava bem.

 

/_

 

Sakura On

Quando me despedi de Kimi corri o mais rápido que podia pela floresta, sentindo o cheiro de mar se intensificar a medida que adentrava as árvores.

Parei, colocando as mãos nos joelhos, respirando fundo, tomando fôlego, ouvindo vozes de gente trabalhando, depois das últimas árvores.

Ajeitei o cabelo e tomei coragem, saindo da floresta devagar, saindo no que parecia ser uma rua movimentada, me misturei entre as pessoas que passavam, ocultando meu chakra o suficiente, como fazia na Vila das flores. Segui pela rua, observando as barracas de venda de coisas diversas, muitas frutas, temperos, mas o que era maioria eram os peixes e materiais de pesca, realmente parecia que estava na Costa, uma vila pequena de marinheiros, estava mais pra um mercado que uma vila.

Continuei a rua, saindo num centro, rodeado de casas de madeira e barro, mais a frente ficava o cas, com vários barcos atracados, com vários sujeitos transitando com redes de pesca e artigos do gênero. Tinha que descobri como embarcar em um deles, e por sorte, que fosse para a ilha da Vila Aka.

"Você não vai conseguir essas informações apenas olhando" Inner sempre se manifestando, mas não deixava de estar certa, se quisesse algo, tinha que investigar onde conseguir as informações certas.

Me afastei um pouco do cãs, entrando numa espécie de restaurante, como quem não queria nada, este estava cheio de gente, alguns pareciam viajantes que poderia estar de passagem, assim como eu. Sentei no balcão, olhando ao redor, quando uma mulher morena se aproximou.

— Vai querer alguém coisa? _ puxou um bloco de papel, com uma caneta, me olhando a espera de uma resposta.

— Na verdade gostaria de uma informação.

— Tenho cara de guia turístico? _ engulo a saliva, enquanto a mesma me encarava entediada_ se não quer nada de o fora, garotinha.

Solto um suspiro, vendo a se afastar para atender um homem de barba grande e desgrenhada.  Parecia que não ia ser fácil conseguir algo ali, talvez se eu fosse mais agradável perguntar de porta em porta, mas chamaria muita atenção.

— Não se preocupe, as mulheres daqui são assim mesmo_ ergo uma sobrancelha, vendo um homem se sentar do meu lado, com um copo na mão_ ainda mais nessa espelunca.

— Mal encaradas? _ o homem riu, tomando o líquido do copo, que soltava uma leve fumaça, sinalizando que era algo quente.

— Pode se dizer que sim criança, mas vamos lá, o que faz por aqui? Se perdeu da mamãe foi?

"Vamos encher esse bebum de soco, Sakura! Que presunçoso", reviro os olhos com aquela pergunta e com a gritaria da Inner, que parecia revoltada, eu também estava, mas não demostraria para alguém que mal conheço.

— Estou procurando uma embarcação que vá para a vila Aka, o senhor sabe?_ lancei verde, encarando as cicatrizes medonhas do homem que me encarava de canto, bebendo mais do líquido do copo.

— Vila Aka e, você quis dizer a ilha Kazan_ a figura se virou, se apoiando no balcão.

— Sim.

— Uhm, sei quem leve, mas não é fácil conseguir_ os dedos coçaram a barba, com os olhos virados pro teto, pensativo.

— Por que?

— Se não tiver dinheiro, não tem passagem, simples assim garotinha.

— Ah sim_ que ótimo, algo que eu não tinha no momento por que perdi tudo para uma cachoeira.

"Que tal começar a mendigar querida? Talvez ajude", suspiro, pensando seriamente naquela hipótese. Como conseguir dinheiro aquela altura?


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