A Jornada escrita por SrtaAthena


Capítulo 8
Capítulo 7




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Narradora On

O sol abaixava cada vez mais no céu, Sakura estava sentada na cama do pequeno quarto, com o mapa aberto no tecido, ou o que tinha sobrado da folha de pergaminho.

— Shannaro!! Que estrago_ a Haruno abriu o quanto pode, despedaçando uma dobra aqui e outra ali, mas no final das contas ainda dava pra se localizar por ele.

A Vila das flores ficava dentro da montanha Togatta, numa parte mais baixa, mais a cima ficava a floresta e o país do ferro fazendo fronteira, do outro lado apenas pedra e mais pedra, talvez tivesse uma passagem segura que as pessoas daqui usem pra ir e vir da Costa da Vila dos barcos ou proximidades, poderia diminuir o tempo de viajem de Sakura pela metade, já que escalar era algo que demorava e demandava um físico que a rosada não tinha no momento, convenhamos.

— Talvez Kora-sama saiba de algo...._ Sakura mordeu os lábios, fechando o mapa e deixando em baixo do travesseiro, assim como o resto de suas coisas, principalmente sua bandana delatora.

Como não tinha roupas "convencionais" no ropeiro do quarto, a rosada precisou caber nos trajes de sacerdotisa, não eram iguais às da sacerdotisa mor, mas chegavam lá. Antes de ir deu uma olhada no espelho do banheiro/quarto, enrolando as mangas do kimono para que não atrapalhasse quando andasse, a parte de baixo era longa e deixava a ninja mais baixa do que o costume, o tecido era leve da cor preta, enquanto a parte de cima era de um rosa clarinho, com pequenas pétalas de flores de ameixeira, que faziam contraste com o cabelo rosado e curto da Haruno; nos pés apenas um par de meias brancas, bem tradicionais.

— Se fosse em outras circunstâncias, me acharia a ninja mais linda da minha geração, mas beleza não traria nada que desejava de volta_ suas esmeraldas pareciam desfocadas enquanto se perdia em pensamentos dolorosos, estar ali não era pra diversão, se apreciar no espelho com roupas daquele tipo era um bônus de sua jornada, que ainda estava no começo.

"Vai ficar aí parada? Deixe de ralhar suas desgraças, Haruno", Sakura negou com a cabeça, sendo repreendida por sua Inner, "empurrando" a jovem pra fora do quarto.

Sakura andou pelo corredor pequeno, com uma janela grande no final, analisando-o quase que meticulosamente, realmente não tinham outras pessoas morando ali, os cômodos depois do quarto em que estava eram os mesmos, vazios, com uma cama e roupeiro. Quando chegou no final do corredor, olhou pela janela, que dava pra parte de trás do terreno, se encantando com a beleza do Jardim de trás, era dividido como em uma plantação, rosas vermelhas eram separadas das pretas, azuis; os lírios-da-aranha-vermelha se destacavam em meio aos demais, que eram cultivados em baixo de uma árvore de ameixeira, na beira do riacho que corria ao redor da "ilha".

A rosada estreitou os olhos, analisando os níveis de casas, que tinham pessoas caminhando de lá pra cá, utilizando as escadas esculpidas nas pedras, homens, mulheres e crianças se variavam na visão da jovem, que parou quando encontrou um vão entre a pedra dos níveis um ao dois, uma passagem, quase imperceptível, talvez fosse aquela passagem que a mesma estava esperando, uma passagem segura pela montanha.

— Querida? _ Sakura pulou, colocando a mão no peito, se deparando com Kora atrás de si.

— K-Kora-sama, desculpe, eu estava...

— Explorando? _ os olhos cinzas a encaravam com precisão, enquanto uma sobrancelha estava arqueada.

— H-hai, explorando.

A mais velha sorrio, se aproximando da jovem, olhando pela janela.

— Sei que não é fácil se perder dos seus e acabar caindo num lugar estranho, mas as vezes isso pode nos surpreender_ as mãos calejadas da mulher seguraram as bordas da janela, desviando seu olhar para a jovem_ sempre devemos tirar lições dos desencontros de nossos caminhos minha jovem.

— Eu sei, Kora-sama, mas as vezes e difícil tirar algo de bom das desgraças que acontecem, e tão doloroso_ a rosada suspirou, relembrando das coisas que tinham acontecido em sua vida, seus pais péssimos, seus laços se desfazendo e sua inutilidade como ninja, eram pesos difíceis de suportar, dira espremer algo de bom deles.

— Mas ainda sim está aqui, isso não foi bom? _ Sakura sorriu, sendo abraçada pela mais velha, que acaeicou sua costa com carinho.

— Sim senhora..._ as lágrimas caírem aos poucos, enquanto a mais velha apertava o corpo da pequena.

— Agora, vamos comer algo, você não deve ter comido nada e deve estar com fome, amanhã você pode seguir seu destino _ a rosada acentiu, sendo levada pela sacerdotisa, que taragelava sobre suas ervas milagrosas e sobre sua fé, que ajudava no cultivo bom das flores.

Quando se deu conta, Sakura estava sentada no futon vermelho, com uma mesa farta de coisas, bom, coisas estranhas.

— Naomi-chan! _ Mina pulou no pescoço da rosada, lhe dando um abraço monstruoso_ você vai tomar minha sopa de amor-perfeito não vai? Fiz com ajuda da Kora-sama, prova, prova!

Sakura sorrio sem graça, enquanto olhava a tigela em sua frente com um caldo laranja, com várias flores no meio, fazendo a rosada duvidar se não era comestível.

— Vamos, Naomi, ou vai magoar minha onee desse jeito? _ Kimi estava a frente, saboreando arroz com um óleo duvidoso por cima, enquanto pegava repolho cozido, que estava numa travessa a sua frente.

— C-claro que vou comer! _ Sakura pegou a colher e, mesmo duvidosa, tomou uma colherada do caldo, que, milagrosamente, não estava ruim, pelo contrário, era cremoso e saboroso.

— E aí? _ Mina sentou do seu lado, encarando a com os olhos brilhantes.

— Esta uma delícia, Mina-chan! Nunca pensei que...

— Que flores fossem gostosas pra comer? _ Kimi a alfinetou, dando um sorriso de canto.

— S-sim, não estou acostumada a comer coisas assim_ deu mais colheradas, sentindo o estômago revirar de satisfação.

— Tivemos uma boa colheita, graças a Sengen-sama, por causa disso temos comida e material até dois festivais_ Mina falhou eufórica, se enfartando de bolinhos em formato de flores.

— Sengen-sama? _ Sakura os olhos, alheia.

— Sengen-sama ou Sakuya Hime e a Deusa das flores, protetora das cerejeiras, e a Deusa que adoramos, a que procuramos proteção e boa colheita_ Kora explicou com suavidade, tomando seu chá.

— Pena que sofremos de falta de fies_ Mina lamentou de boca cheia, respondendo às perguntas de Sakura sobre a ausência de pessoas naquele lugar.

— Mas sempre posso contar com vocês duas, querida, o templo pode estar vazio de sacerdotisas e ajudantes, mas sempre posso contar com minhas fies queridas_ Kora sorrio, pegando um bolinho da travessa.

— Agora a Naomi-chan também vai nos ajudar, né? _ Sakura encarou aqueles olhinhos brilhantes, sentindo a tristeza de dizer que não.

— Deixe ela, Mina, ela vai embora amanhã_ as íris negras da menina logo nublaram, mas firmou os braços ao redor do de Sakura, que deixou a tigela em cima da mesa e acaeicou as madeixas roxas da menina.

— Não queria que você fosse...agente lhe ajudou, você não gostou? _ Sakura sorriu, apertando os braços ao redor da menina.

— Mas é claro que eu gostei, Mina-chan, mas eu preciso seguir meu caminho, tenho gente me esperando _ não deixava de ser verdade, mas ainda era meia mentira e o coração da rosada apertava de ver aquela pequena triste.

Mina fungou, mas largou a Haruno depois de Kora insistir um pouco mais com a menina, que depois de um tempo acabou sendo levada pela sacerdotisa pra um dos quartos, deixando Kimi sozinha com Sakura.

— Você não deveria ter falado daquele jeito com ela, foi maldade_ Sakura se levantou, olhando Kimi que pegava os pratos sujos, sem dar muita atenção.

Uma veia pulsava na testa grande de Sakura, bufando com a falta de empatia com uma criança, tratou de ajudar aquela mulher petulante a recolher as coisas, se aproximando de uma pia, que era nada mais do que um balde grande como sabão. Kimi entregava a louça com uma bucha, alheia a rosada.

— Você a magoou_ Sakura insistiu, colocando a louça suja dentro do balde.

— Culpa sua _ rebateu a mulher, deixando a rosada estática, de raiva.

— Como é quie, sua garota arrogante.

— Já disse pra se mandar, posso ser arrogante, mas não sou eu que está no lugar errado_ Kimi se virou, enxugando as mãos no short preto.

— Posso estar no lugar errado, mas quem está fazendo as coisas de forma arrogante e você, e ainda com a sua irmã!_ as mãos de Sakura tremiam de raiva, enquanto Kimi a encaravam no fundo dos olhos.

— Ela precisa aprender que o mundo não é como aqui, como flores, e que as pessoas vão embora naturalmente...

— Mas não devia falar daquele jeito, você não se importa com ela? _ Kimi se virou, com os ombros abaixados.

— Queridas? _ ambas se viraram, encontrando uma Kora com uma lanterna nas mãos calejadas, com as sombras fazendo seu rosto parecer mais magro do que parecia_ está tudo bem? Ouvi vozes alteradas.

Kimi encarou a rosada pelo canto dos olhos, se virando para a louça, voltando a levá-la, em silêncio. Sakura suspirou.

— Esta sim, Kora-sama_ a rosada esboçou um sorriso, pegando o restante da louça suja da mesa_ ah, gostaria de falar com a senhora antes de ir para meu quarto, por favor.

A sacerdotisa mor afirmou com a cabeça, com delicadeza.

— Quando terminar, venha para o altar, vou fazer minhas preces enquanto isso.

Sakura afirmou com a cabeça, continuando sei trabalho com Kimi, que permanecia calada e distante. Quando terminou de guardar a última xícara, a rosada pendurou o guardanapo no balde vazio de água, sentindo a brisa da noite, que se formava devagar do lado de fora. Dentro de poucas horas estaria longe dali e não faria mais sentido se preocupar com as coisas que aconteciam naquela aldeia, mas era fácil? Lógico que não.

Quando chegou a sala principal do templo, Kora recolocava incensos no altar, que estava com diversas lanternas de papéis rosa, iluminando a estátua no meio do altar.

— Kora-sama? _ Sakura a chamou, se aproximando da senhora, que apagava uma velha, mantendo um sorriso nos lábios finos.

— Ah, bem vinda querida, sente-se _ Kora sinalizou uma almofada, sentando em outra ao lado, sendo acompanhada pela mais nova_ então, o que gostaria de conversar?

— Kora-sama, eu, gostaria de sua ajuda_ a mais velha estreitou os olhos, sinalizando para a mesma continuar_ preciso atravessar a montanha, mas não tenho um mapa para me direcionar, gostaria de saber se a senhora sabe de alguma passagem pela montanha que pudesse diminuir minha viajem até meus companheiros.

A mais velha coçou o queixo, pensativa.

— Creio que sim, a uma passagem pelas pedras, que dá até a Vila mais próxima, a Vila dos barcos_ os olhos de Sakura brilharam com aquela possibilidade_ ou será que é a Vila da floresta? Não me recordo, mas sim, a sim, se quiser a Kimi pode ir com você e lhe direcionar até metade do caminho.

— Eto...nao quero atrapalhar sua ajudante, você precisa dela aqui _ a Haruno deu uma desculpa qualquer, tentando se livrar do fardo da mulher de cabelos roxos.

— Lembre-se das minhas palavras, querida, vai ser melhor, Kimi conhece essa passagem melhor que qualquer um, não conheço guia melhor.

— Claro..._ parecia um pesadelo ter que precisar da ajuda da mulher arrogante, mas ajuda era algo irrecusável, mesmo que viesse da única pessoa da Vila das flores mais intragável que a flor mais murcha do Jardim.

Pela manhã, Sakura estaria fora dali, e mais perto de Ayame, seu destino final, mas até lá, a rosada teria que vencer a montanha do lado da pessoa mais desagradável que os berros de Naruto.


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