A Jornada escrita por SrtaAthena


Capítulo 7
Capítulo 6




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Kimi On

Aquela menina, parecia que tinha emergido da própria montanha, suja, machucada, molhada e febril, quase uma sobrevivente de algum desastre natural, que precisava ser socorrida rápido ou talvez não fosse durar até a próxima lua cheia. E eu pensando que iria ser apenas uma visita tranquila a lagoa, por Sengen-sama, que nada aconteça.

Mina parecia ter se afeiçoado a jovem, que tinha lindas madeixas rosadas, que estavam desgrenhadas por causa do que quer que aquela menina tenha passado, na verdade, ela toda estava desgrenhada, suas roupas estavam rasgadas, molhadas e fétidas, tinha marcas de arranhões e hematomas pelos braços e pernas, além de um grande galo na cabeça, acho que era melhor chamar a Kora-sama o mais rápido possível, tinha medo dela desfalecer na minha frente.

— Mina, ajude Kiu a levar a água pra casa, vou levar nossa visitante até o templo_ ofereço o balde a jovem, que fez uma careta de desgosto_ Vamos! Não discuta com sua irmã mais velha.

— Hai, hai, vamos Kiu-kun _ sorri, bagunçando as madeixas do menino, que me deu língua assim que Mina começou a andar, se afastando de nós.

— Que templo, Kimi-san?_ a rosada me encarou, curiosa com a situação.

— Já vai saber, vamos_ puxei a menina estranha, descendo os degrais do nível primário, indo pro último, o central, que apenas tinha passagem pela ponte pequena.

O jardim estava deslumbrante como sempre, mas não estava em todo o seu esplendor, assim como o desabrochar da cerejeira, o tempo de esplendor das flores dali já tinha se passado e esperávamos o próximo ciclo, com o festival das flores, que acontecia em outras vilas, como a vila do ferro e da Grama, onde tiramos o sustento da metade do ano.

— Aqui e muito bonito_ a voz passada e tímida da menina soou na minha cabeça, me trazendo a realidade.

— Sim, aqui cuidamos das nossas flores como se fossem crias nossas_ dou uma resposta normalmente, mesmo que quisesse me gabar de como eramos bons no cultivo de flores e de ervas medicinais, mas como uma visitante, era melhor ficar com o pouco de informação.

Na entrada do templo, Kora-sama varria os degraus estreitos, cantarolando algo que não conseguia descrever, quando nos aproximamos o bastante para ter sua atenção, a mulher no auge de seus 50 anos nos encarou.

— Kimi-chan! Que surpresa lhe ver nessa hora, geralmente vem mais tarde pras orações do fim do dia_ seu sorriso enrugado era caloroso, suas madeixas brancas estavam presas em um rabo de cavalo baixo, com dois filetes de cabelo moldando seu rosto magrelo.

— Eram meus planos anteriores, mas trouxe alguém que precisa de seus cuidados, Naomi, essa é Kora-sama, nossa sacerdotisa mor_ as apresentei, encarando as íris esverdeadas da rosada, que fez uma reverência.

— Prazer, Kora-sama, me chamo Sa-...digo, Naomi.

— Ora, que incomum termos visitantes, ainda mais tão bonitos e jovens_ Kora puxou as bochechas da menina, que corou_ linda como uma cerejeira, mas tão maltratada, que péssimo minha querida!

— Tive um acidente, me perdoe por chegar nesse estado....

— Deixe disso, venha, vou lhe ajudar com esses ferimentos. Kimi-chan, por favor, pegue os jarros de ervas e me ajude_ a sacerdotisa puxou a menina pra dentro do templo, enquanto me ordenava como de costume. Que coisa desagradável, por Sengen-sama!

 

 

/_

 

Sakura On

 

Mais uma ajuda na minha lista, como conseguia tantos assim? Mas viria a calhar. A sacerdotisa do templo me levou pra dentro, pedindo o auxílio de Kimi, que não parecia nada contente com aquela situação, mas acatou as ordens da mais velha, seguindo agente logo depois. 

 

O templo em si não era luxuoso, mas era bem ornamentado, as paredes típicas eram vermelhas, dando contraste a madeira de cerejeira do piso liso e limpo, não era grande demais ou pequeno demais, sua atmosfera era aconchegante e seu perfume de rosas era inebriante; na entrada um pequeno altar se estendia até quase a parede do meio, com vasos altos, mas de acabamento simples, contendo orquídeas e galhos de ameixeira, com flores, como pétalas redondas e delicadas, além de oferendas a uma divindade que não conseguia me lembrar o nome, sua estátua era de um verde-escuro brilhante, como se fosse esmeralda, alguns incensos eram postos no altar, dando um clima misterioso a aquele símbolo sagrado.

Kora me puxou pra um corredor, que ficava do lado direito do altar, por ele tinham várias portas de estilo oriental, da mesma cor das paredes do templo, quase se mesclando com elas, a sacerdotisa parou em frente de uma delas, abrindo pro lado com leveza, revelando um aposento oval, não era diferente da entrada, mas era mais decorado que qualquer parte que tinha visto até o momento.

— Sente-se querida_ Kora me indicou um futon vermelho, que ficava em companhia de mais quatro, ao redor de uma mesa baixa, de maneira. Acatei a ordem da anciã, sentindo a maciez do tecido. Kimi logo apareceu na sala.

A mulher se aproximou da mais velha, pegando jarros de prateleiras de um armário antigo, de madeira, colocando em um balcão, na qual Kora-sama trabalhava em alguma coisa. Desviei minha atenção ao lugar em si, não que fosse de visitar templos, mas aquele em particular era mais como uma casa de algum médico que um templo em si, não ouvia vozes de outros fiéis ou aspirantes a sacerdotisas, era quieto e sereno, com o perfume de flores e plantas molhada penetrando os cômodos, como fumaça num incêndio, não que estivesse reclamando, mas no mínimo era estranho. "Vai que são pessoas canibais? Vão comer nossos órgãos e o que sobrar vai servir de adubo!", engulo o bile que formou na boca do estômago enquanto a Inner se agitava, apavorada, e se fosse verdade? Por kami-sama! Estava perdida.

— Naomi-chan?_ travo, virando o rosto devagar pra Kora-sama, que estava na minha frente, com um sorriso largo, me oferecendo um copo, contendo um líquido verde, parecendo um chá_ tome, vai diminuir sua febre e suas dores musculares.

"Toma não, Sakura, toma não!", minhas mãos suavam, mas não tinha muito pra onde correr, peguei o corpo, cheirando o líquido quente, não parecia ser veneno ou coisa do gênero, mas nunca se sabe né? Mas fui, tomei até a última gota, na fé e na coragem, sentindo o líquido quente passando pela minha garganta com suavidade, sentindo meu corpo aquecido por dentro de uma maneira boa.

— Boa menina, e chá de carqueja*, e um ótimo anti-inflamatório, mas também tem uma pitada de manjericão, pra sua febre_ Kora gesticulava enquanto falava com orgulho das ervas que usava e, provavelmente, cultivava_ agora va com a Kimi-chan, ela vai lhe mostrar seu quarto e depois conversamos.

— Eu não queria incomodar a senhora, me satisfaria apenas com a acolhida_ tento me desviar dos cuidados da mais velha, que riu.

— Ora, não é um incômodo ajudar alguém, jamais negariamos ajuda quando se precisa, nossos ensinamentos são baseados na compaixão e caridade, não é nada que já façamos minha querida_ a mais velha acariciou meu ombro, me ajudando a levantar.

— Ahigatô, Kora-sama_ sorriu, agradecida.

— Agora va.

Aceno com a cabeça, seguindo uma Kimi emburada, me levanto ao corredor e a um quarto não muito longe de onde estava, este era igual a outra sala, a diferença era a cama de solteiro, os lençóis brancos, um ropeiro, uma banheira de madeira, que ficava dividido por uma parede de bambu, com uma cortina protegendo aquele pequeno lugar íntimo. Era um bom quarto, na verdade era melhor que imaginava.

— Aqui, tem roupas limpas no armário, toalhas também, tente descansar antes de ir embora daqui, pra achar seu grupo de viajantes_ Kimi parecia frisar a parte de quando fosse embora, diferente de Kora, que era hospitaleira, a mulher a minha frente parecia arrogante e desconfiada.

— Eu não irei alongar minha visita, pode ter certeza, só quero estar bem pra ir, Kimi_ dou de ombros pra sua arrogância, tendo passado no curso de Uchiha Sasuke, já estava acostumada.

— Espero, somos uma vila pacífica, e quero que continue assim, e eu não tenho nenhuma confiança em você, rosadinha_ o dedo indicador da mesma se encontrou no meu peito, me empurrando de leve. "Aquela mulher queria morrer, shannaro!", minha Inner tinha razão, que petulância, por kami-sama.

— Olha, apesar da sua arrogância e petulância na voz, eu jamais seria desrespeitosa com alguém que me "ajudou"_ faço aspas com os dedos, encarando os olhos vermelhos me fuzilando_ e eu nunca causaria danos a alguém tão bondosa quanto Kora-sama e isso inclui essa vila, então fique despreocupada!

Kimi abriu e fechou a boca algumas vezes, parecendo sem ter o que dizer. Isso aí Sakura!

— Só se manda amanhã, credo, por Sengen-sama! _ a mulher se afastou, fechando a porta quando saiu, batendo o pé pelo corredor, dava até pra ouvir a mesma bufando de raiva, enquanto se afastava.

Solto um suspiro, sentindo meu peito quente de satisfação, me jogando na cama, com meu corpo dolorido. Precisava de um banho, roupas limpas e perfumadas, ah, é uma noite de sono pra recuperar minhas forças. "Vá encher a banheira, vai logo!", Inner gritou, me fazendo levantar em um pulo.

Enchi a banheira até a metade, a cima tinha uma prateleira com pequenos frascos que pareciam ser de essências, os rótulos descreviam algumas variações, como lavanda, maracujá, rosas, camélias, margaridas e canela, outras mais pareciam mais complicadas e pareciam infusões, babosa e erva cidreira me pareceu mais atraente, coloquei um pouco na água e peguei uma toalha branca no armário. Quando tirei minhas roupas e afundei na água, parecia que tudo tinha sumido, peguei uma esponja e comecei a me lavar.

Pelo mapa a vila das flores ficava ao norte, fazendo fronteira com a floresta da parte neutra, com alguns km tendo o país do ferro como fronteira, meu rumo era mais ao nordeste, passando pelas montanhas, chegando perto da Costa e, finalmente, na Vila dos barcos.

Depois disso apenas seria uma travessia ao desconhecido, não tinha decorado o rumo a barco, mas demoraria, no máximo, uns 3 dias atravessando a montanha e mais um problema pra travessia até a Vila Aka.

— Shannaro, eram muitas coisas pra pensar_ afundo na banheira, ficando com metade do rosto pra fora da água, pensando nas coisas que ainda faltava pra conseguir chegar lá, no meu destino final, será que Ayame me aceitaria como aluna? Conseguiria superar minhas fraquezas? Que coisa..., por hora, apenas aproveitaria aquela água maravilhosa, e as horas de sono que teria depois.

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Glossário do capítulo:

Carqueja: uma planta medicinal, muito utilizada no Brasil. Seu chá e benéfico para várias coisas, além de possuir propriedades anti-inflamatorias. (Fonte: Google)


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