Sakura On 

Aquela visita horrível de meus pais pareciam como estacas no meu coração destroçado, Mebuki alfinetava os pontos mais sensíveis de minha barreira, enquanto meu pai tentava acalmar a fera, que reclamava o quanto tinha que se desdobrar com uma filha delinquente como eu, além da dor de cabeça com o meu quadro de saúde, que tinha tirado dos seus planos com meu pai, que não parecia ligar pra nada.

Tentei diminuir aquela agressão a todo custo, mas estava com minhas defesas baixas e recebi muitos ataques: delinquente, inútil, fraca, eram palavras duras e dolorosas que não conseguia suportar, tive que conter as lágrimas na frente deles, até que uma loira veio ao meu resgate, como uma salvadora.

Tsunade-sama interviu, encarando minha mãe de frente, enquanto meu pai parecia tenso com aquela situação. Foquei na loira matriarca, sustentando o olhar, com medo de perder qualquer coisa que desse o estopim pra uma briga com a Hokage. Ah, mas lógico que a Sra Mebuki não partiria pra agressão com a Hokage né? Bom, aprendi nessa vida a não duvidar das loucuras de minha mãe, então prestar a atenção nela era mais do que inteligente, caso ela pulo no pescoço de Tsunade-sama, que permanecia com o olhar em cima da loira.

Depois de algum tempo deliberando com eles, meus pais foram embora, deixando a médica ninja sozinha comigo no quarto, com o intuito de voltarem mais tarde, o que na minha opinião era mais uma desculpa pra não parecerem pais irresponsáveis na frente da líder da Vila. A verdade era que não se importavam o suficiente comigo para deixarem suas obrigações, sempre foi assim.

Bufei irritada, deixando as lágrimas caírem devagar, enquanto passava várias coisas na minha cabeça quando fosse sair do hospital, fugir de casa parecia mais reconfortante do que errado na minha visão, mas no momento, me desculpar com a SrtaTsunade era mais mais certo no momento, depois pensaria o que fazer.

— Desculpe se a senhora teve que ouvir esse desrespeito..._ solto um soluço, limpando as lágrimas o mais rápido que conseguia, não queria parecer desesperada na frente dela, abaixei a cabeça sentindo vergonha, mas não foi por muito tempo, já que a loira levantou meu rosto, com um sorriso pequeno.

— Você não tem que se desculpar por nada querida, por nada, entendeu? _ Tsunade manteve o sorriso pequeno e tímido, limpando minhas lágrimas teimosas com o polegar, enquanto encarava seu rosto.

— Sei que não, mas ouvir aquilo e duro pra mim, e não queria que outros olhassem também, eu já sou fraca e inútil, não queria ser conhecida com pais ruins_ coloquei uma mecha de cabeça atrás da orelha, sentindo meu rosto quente por causa do choro e da vergonha. Ser uma Haruno era difícil e encarar que e era das piores por apenas ser salva e cuidar dos outros era ainda mais crucificante.

Queria salvar o Naruto, trazer Sasuk-kun de volta pra Vila, mas minhas mãos não faziam nada além de tremer de medo, assim como meu corpo frágil e molenga. Tinha que deixa lo mais forte ou deveria dizer adeus aos meus dias de ninja, afinal, o que seria uma ninja que não consegue nem salvar seus companheiros de equipe?

— Deveria descansar, amanhã vamos fazer alguns exames de rotina pra saber como esta sua saúde e se tudo ocorrer bem vai ganhar alta mais rápido que qualquer paciente_ a voz da loira era suave e esperançosa, assim como seu olhar.

— Obrigada por tudo, Tsunade-sama..._ abro um sorriso sincero, deixando a loira com as bochechas levemente vermelhas, parecia que tinha deixado a mesma sem graça, já que logo em seguida se virou, fechando a janela devagar.

— Q-que obrigada o que, é meu trabalho! Agora deite se e descanse, amanhã venho lhe ver _ Tsunade se afastou, com o rosto virado para que não visse suas bochechas vermelhas.

— Sim senhora_ riu abafado, me aconchegando em baixo das cobertas, puxando o lençol até o pescoço, imaginando como estaria se tivesse em casa.

Provavelmente estaria cansada de mais uma missão do time 7, Kakashi-sensei teria se atrasado como de costume, com uma desculpa ridícula, deixando Naruto indignado, fazendo o gritar de frustração e de irritação. Sasuke-kun estaria em um canto, com os braços cruzados, observando a situação, enquanto eu estaria admirando suas feições, com os berros do loiro e de meu sensei no fundo, como num dia qualquer. Mas agora, não fazia mais sentido pensar no passado e chorar pelo que não tinha mais.

O que eu podia fazer e seguir em frente, tentando não ser mais um peso pra ninguém, me salvando com meus próprios punhos e determinação.

— Boa noite Sakura, amanhã, começa sua jornada...._ sorrio, falando pra mim mesma aquele fato, deixando o mais real do que nunca.

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Agulhas, injeções e chapas estavam me deixando com dor de cabeça, Yumi sorria enquanto coletava meu sangue naquele início de manhã, me acordando as 6h pros exames de rotina. Primeiro foi o de sangue, depois o de fezes e urina e em seguida bati umas chapas, tudo antes das 8h da manhã! Aquilo deveria ser considerado como tortura, mal tinha me recuperado e já estava sendo levada de um lado para o outro.

Tsunade-sama veio no começo da tarde para ver meus exames, estava almoçando quando vi sua silhueta entrar no quarto, com algumas pastas brancas nós braços. Yumi me deu um guardanapo, enquanto deixava meus talheres no prato vazio, limpando os restos de arroz e peixe dos lábios, mantendo meu olhar na loira.

— Bem bem, parece que já comeu seu almoço_ sorri, sentindo minhas bochechas levemente vermelhas com tanta atenção.

— Comeu bem Tsunade-sama, e os exames ocorreram tudo bem_ Yumi se levantou, pegando a bandeja vazia, deixando nos a sós, depois de seu breve relatório.

— Parece mais corada, isso é bom _ me ajeitei na cama, tirando as cobertas das pernas por causa do calor enquanto Tsunade-sama sentava na beira da cama, colocando as pastas em cima da mesa dobrável_ seus exames deram tudo normal.

— Isso quer dizer que estou liberada? _ pego uma das pastas, tentando ler as informações no papel, mas não deu muito certo, além dos resultados de sangue, o resto era como símbolos indecifráveis pra mim.

Tsunade me encarou e riu_ Menina apressada pra se livrar de mim.

Corei me sentindo envergonhada por ter passado aquela impressão, negando com as mãos, sentindo meu rosto mais quente_ N-não, claro que não, é uma hora estar sob os cuidados da Hokage, mas e que....

Engulo minhas falas, abaixando a cabeça, apertando o lençol com força, com medo do que viria a seguir depois de desabafar minhas angústias para alguém que estava apenas fazendo seu trabalho.

— Fale Sakura, não precisa ter vergonha em se abrir pra mim, eu sou sua médica e sou sua Hokage, nada me deixaria mais feliz de saber sobre você_ encarei a loira, que sorria com ternura, deixando meu peito quente, um calor bom, de acolhida. Não era a toa que ela era a Hokage.

Me ajeitei na cama, olhando diretamente para seus olhos caramelados, deixando a atenta com o que eu iria falar_ Eu pensei em fugir de casa, sair daqui da Vila, deixar mais leve pros ninjas dessa vila e, principalmente pra Narutoe pro Kakashi-sensei, de terem que cuidar de alguém inútil como eu, irritante...Por isso, permita que eu vá, va pra uma jornada, pra minha jornada em busca de mim mesma e do meu próprio poder, eu não quero ser uma imprestável pelo resto da vida!

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Tsunade On 

Pisquei algumas vezes, apos ouvir as palavras da jovem, que me olhava com determinação. Sair da Vila, pra fugir de seus pais péssimos até entenderia, mas sair daqui pra não ser um fardo, como poderia?

— Sakura...

— Por favor, eu preciso disso, de um tempo, de novos ambientes e novas oportunidades, sem ninguém me criticando ou salvando a minha pele...

Solto um suspiro, vendo as esmeraldas da jovem com um brilho de determinação que eu só tinha visto em Naruto e em Dan, meu amor, que tinha morrido à muito tempo.

— Você vai abandonar todos? Tem gente aqui que se importa com você, nesse mesmo hospital, eu, Naruto, como falar tudo isso pra eles? _ tentei pegar pelo pouco que tinha na Vila, tentando fazer com que abrandasse sua ideia de ir embora.

Sakura desviou o olhar por alguns segundos, puxando um fio do cobertor, enquanto se mantinha em silêncio por algum tempo, até puxar o ar e se virar pra mim mais uma vez.

— Se realmente se importam comigo, vão entender minhas escolhas. Eu preciso disso, Tsunade-sama, preciso mais do que tudo.

As esmeraldas se nublaram, ficando levemente opacas quando as lágrimas começaram a cair, mas não desviou o olhar como da última vez, apenas chorou, me encarando, sustentando sua decisão.

Mesmo que não quisesse admitir, eu me via muito nela e se fosse contra, apenas estaria indo contra tudo que eu sou e tudo que conquistei com meu esforço.