A Jornada escrita por SrtaAthena


Capítulo 18
Capítulo 17




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Ayame On.

Sakura progredia cada dia mais, tinha se tornado tão boa em ninjutsu médico quanto eu em sua idade, até mais. Seus ataques estavam mais desenvolvidos e gastava chakra com cuidado, desperdiçando o mínimo, mas ainda não estava bom. Aprendeu a manipular os venenos em suas kunais, bombas de fumaça e shurikens em nossos treinos noturnos, além de ficar muito boa na técnica do Kongōken, algo característico de minha antiga sensei.

Me perguntava o que mais ela deveria aprender, se tudo que tinha em meu arsenal estava em suas mãos, bastava continuar seu destino, apenas isso.

— Está distraída, sensei_ a rosada se sentou ao meu lado, com a voz arrastada de cansaço de uma noite virada nos livros.

— O que vai fazer depois que aprender tudo que tenho a oferecer? _ vou direto ao ponto, tomando um gole de chá verde, recebendo alguns minutos de silêncio.

Talvez não soubesse o que fazer depois dali, estava a quase um ano sob meu teto e sob meus poucos ensinamentos, mas o pouco que está, e o suficiente para me preocupar com ela.

— Não pretendo voltar pra Konoha tão cedo..._ sua voz soa como um sussurro, mas conseguia ouvir_ talvez viajar, ajudando as pessoas em minhas andanças, ainda a guerras sendo travadas, e as pessoas precisam de assistência.

— Pensei que fosse mais objetiva_ tomo mais um gole, sentindo a brisa do final da manhã, balançando as copas das árvores com força.

— Pra alguém que não tinha um bom plano pra quando escapasse da Vila, bom, não deveria ficar surpresa, sensei_ solto uma risada abafada pela xícara de chá, abaixando o objeto, colocando o no tatame da sala de pergaminhos

— Sakura...

— Eu sei_ soltou um suspiro, sentindo sua cabeça se acomodando no meu colo, tímida, o que me deixou um pouco desconcertada. Nunca tive filhos, tirei essa capacidade de mim mesma quando mais nova, e nunca consegui ter algo com Nina além de algo profissional de uma assistente_ as vezes me pego pensando o que todos estariam fazendo, se sentiram minha ausência e se queria que eu voltasse...

Seu corpo tremia, de medo? Talvez, de medo do futuro, de suas inseguranças, era totalmente compreensível. Acariciei suas madeixas rosadas, em um carinho tímido, olhando para a frente, impossibilitada de vê-la por causa das faixas. Seu tremor foi diminuindo aos poucos, sua respiração tornou-se suave e silenciosa, seu corpo realçou depois de um tempo, descansando de seus medos, por hora.

— Ayame-sama? _ Nina rompeu o quarto, quase aos tropeços.

— Quieta....fale baixo_ sussurro, ainda ouvindo a respiração suave da menina.

— Gomenasai...._ levantei a cabeça, virando em sua direção, esperando o por que de tanto alvoroço_ Ouvi de alguns pescadores, de terem visto um barco desconhecido se aproximando do conjunto de ilhas...

— Continue

— Apenas com dois tripulantes, um moreno e o outro, platinado..._ ergo uma sobrancelha_ talvez, Kabuto? Faz muito tempo...

— Não me importo de seu relacionamento estranho com aquele ser deprimente, o que me pergunto e o por que de sua visita, se realmente for ele_ mordo a ponta dos meus lábios, imaginando todas os por quês de uma visita do mais fiel dos capangas de Orochimaru a minha porta. Não que fosse incomum, tive um passado com o sannin das cobras, experimentos, histórias de terror, que foram esquecidas....o que ele queria agora?

— Senhora?...._ solto um suspiro, acomodando Sakura no chão do tatame, me levantando o mais silenciosa possível, deixando a rosada dormir, tranquila.

— Reforce nossas defesas, mas não de muito na vista, vou comunicar a Hokage_ sussurro, ouvindo os passos da azulada se afastarem dali, rapidamente.

Se fosse receber visitas como essas, deveria estar preparada para tudo.

 

/_

 

Sasuke On

Demorou uma eternidade até chegarmos ao destino. Estava escuro ainda e as luzes da Vila brilhavam como pequenos vagalumes, Kabuto desceu do barco, cobrindo o rosto com o capuz da capa, o que fiz também.

A Vila Aka era pequena, quase imperceptível com as árvores ao redor, as pessoas pareciam despertas, mesmo com a escuridão, talvez, fosse umas 5h da manhã, se fosse chutar.

— Vamos_ sigo o platinado, passando pelo cãs e penetrando na Vila, recebendo alguns olhares aqui ou ali, pareciam que eram pescadores locais, ou turistas de passagem, não dava pra confirmar, apenas andar e fingir que era mais um que ia e vinha ao lugar.

Andamos até sairmos de perto das casas, nos orientando por uma estradinha, com o barulho de grilos sendo nossos companheiros.

— Orochimaru-sama foi preciso, se ela não cooperar...

Balanço a cabeça, revirando os olhos com a coisa óbvia dita pelos lábios podres de Kabuto. Sendo uma ninja que teve relações com aquela cobra, tinha que me preparar pra tudo.

Subimos devagar, com o luar indo embora aos poucos, tão suave que nem percebíamos sua presença indo embora. Quando íamos dobrar ouvimos um estalo roco, como se tivéssemos esbarrando em alguma coisa.
Dei um pulo pra trás, desviando de kunais afiadas e banhadas por alguma coisa viscosa.

— Cuidado, Ayame e mestra em venenos_ ouso a voz de Kabuto longe, desviando de mais uma leva de kunais, saltando pra trás.

Ele conta isso agora?

Avanço junto com Kabuto, pulando pelas árvores, prestando o máximo de atenção por onde pisava. Demos quase a volta naquela parte, mas acabamos em outras armadilhas ao decorrer do caminho. Parece que estavam nos esperando.

Tsc, que irritante!

 

/_

 

Narradora On

Kabuto pulava e desviava das kunais ou shurikens que eram lançadas das moitas próximas ou de árvores mais altas. Sasuke revidava as que podia, mas o platinado estava mais preocupado em completar sua missão.

Correu o mais rápido que pode, deixando o moreno cuidando das armadilhas pelo caminho, puxando uma kunai da bolsa em sua cocha, focado em seu objetivo. As árvores foram diminuindo, até que uma casa surgiu no seu campo de visão, lambeu os lábios, excitado pelo que poderia extrair de cada pedaço daquele lugar.

Pulou duas ou três vezes até pousar com tudo no jardim, sendo jogado para trás por uma onda de chakra, que saia de uma fina barreira, que estava protegendo a casa. Algo simples, feita com uma massa de água.

— Esperta...

— Tudo para deixar a podridão fora da minha casa_ as madeixas brancas de Ayame pareciam flutuar com o vento do fim da noite, suas íris vermelhas eram incrivelmente opacas, sendo tão mortais quanto uma espada, que por sinal, estava embanhada nas mãos da mestra de venenos.

— Deveria se olhar no espelho_ Kabuto sibilou, ajeitando os óculos com o indicador.

— Eu não devo satisfações ao meu passado, Kabuto, apenas com o que faço a partir de agora, e agora, estou mandando ir embora_ os lábios finos da mulher tremeram em um rosnado, quase felino, protegendo o que era dela, que estava sob suas asas, mas apenas inflamou a sede do servo de Orochimaru, que esboçou o mais largo e cruel sorriso.

— Sasuke-kun, finalize essa mínima fagulha de orgulho_ Ayame encarou o menino, quase da mesma estatura de sua aluna, surgindo de trás da figura de Kabuto, fazendo os símbolos do Jutsu de fogo. A mulher apertou o cabo da espada curta, vendo as chamas evaporarem a barreira de Kazumi de maneira tão rápida, que se não fosse aquela situação, deixaria a antiga ninja médica impressionada.

O último dos uchiha, ou pelo menos quase, o garoto sobrevivente do massacre, de um clã perigoso e astuto. Nunca iria imaginar que encontraria ele ou o outro em sua vida curta e pacata, mas estava enganada, pois estava ali, segurando uma espada, com os olhos afiados, com o brilho vermelho escarlate, tomando suas íris, pronto para lhe atacar.

— Você é um garoto jovem ainda, deveria estar em sua vila, não com uma cobra como essa_ a silhueta da mulher estava posta a frente de sua varanda, com as portas e janelas fechadas, com pedaços de pergaminhos fazendo o lacre da casa completo.

Sasuke não parecia disposto ou afetado pelas palavras da mais velha, apenas estava ali para cumprir uma missão e testar os resultados de seus treinos com o mestre das cobras, nada mais importava além de seguir os desejos de Orochimaru. Avançou na mais velha, assim como Kabuto, com sua kunai.

Ayame dei um pulo para trás, chocando sua espada com a do moreno, ao mesmo tempo que desviava das investidas do platinado, ficando numa dança frenética de defender e desviar de ambos, conseguindo uma brecha para chutar o peito de Kabuto, o lançando para trás com força, mas não percebeu a veracidade do sharingan, que previu seus movimentos, dando a oportunidade ao moreno, que, em um pulo rápido, afundou a lâmina da espada no ombro da mesma.

Kabuto se levantou, vacilante, sorrindo ao ver a tal cena, era a primeira vez que o pequeno uchiha feria alguém a mando de seu mestre, era mais um passo para a vitória de ter algo perfeito para servir como receptáculo. Sasuke se afastou o suficiente, balançando a espada devagar, tirando um líquido preto e viscoso que ficou na lâmina.

Ayame se agachou, estreitando as íris vermelhas, levemente ofegante, o ferimento latejava e seu sangue tóxico escorregava pela ferida, corroendo a alça do kimono, quase que instantaneamente.

— Doku sutairu*...

— Sasuke, sai daí!

O platinado gritou, pegando algo em sua bolsa o mais rápido que pode, se preparando para o que viria a seguir.

—....hōshi*_ Sasuke jogou o corpo para o lado, enquanto uma fumaça roxa saia do corpo de Ayame, cobrindo o jardim, quase que completo.

O moreno tentou cobrir os olhos, sendo puxado por Kabuto de maneira brusca. O corpo do uchiha latejava, sentindo os efeitos da cortina de fumaça venenosa.

— Tente se manter acordado_ o moreno não parecia compreender, apenas sentiu algo cutucando sua pele_ isso vai ajudar com o veneno, tente pegar uma brecha...

A agulha, junto com a seringa, foi deixada para trás, trazendo os sentidos de Sasuke de volta, mas não completamente. Estavam em cima de uma árvore, vendo a fumaça densa, pairando sob o jardim.

A dupla de desafiantes ficaram a espreita, esperando a hora certa para investir na platinada. O tempo foi passando, dando lugar a uma manhã levemente nublada.

Levou um pouco mais de tempo até que a fumaça começou a de dissipar, revelando uma ninja ofegante, no meio do Jardim. Kabuto sorrio, essa era a deixa para finalizar aquilo de uma vez, arranjaria uma desculpa para o corpo de Ayame, sendo recompensado pelo seu acervo particular. Estava tão focado nisso que não percebeu o descuido ao avançar na mesma, que parecia um alvo fácil.

— Shannaro!!_ um borrão rosa saiu de trás das árvores, com o punho levantado, envolvido por chakra, deixando os olhos de Kabuto arregalados.

O soco teria finalizado aquele embate, mas Sasuke correu para "ajudar" o companheiro inconveniente, parando o soco da rosada com uma kunai, fazendo a mesma pular para trás, ficando do lado de sua sensei.
As esmeraldas estavam afiadas, mas agora estavam arregaladas por encontrar seu antigo companheiro de time ali, atacando sua mestra e a ela própria.

— S-Sasuke-kun....
.
.
.
.
.
.

— Sakura...

Estavam ali, cara a cara, de lados diferentes, sendo inimigos um do outro, com sentimentos abalados e confusos, naquela encruzilhada de seus destinos.

Poderia mesmo lutar contra tudo? Contra seus laços?


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Notas finais do capítulo

Glossário do capítulo

Doku sutairu: Hōshi / Estilo veneno: esporos



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