Mirror Myself In You escrita por LadyDelta


Capítulo 25
Take On Me


Notas iniciais do capítulo

Atrasada, com sono, vontade de morrer, porém aqui. Nota cagada por motivos dê: Só quero cair na cama e desmaiar
Esse capítulo é blá blá blá
Revisado igual a minha cara de sono, alguma incoerência deve ter, não é possível, mas sigam lendo que resolvo tudo depois, só não queria deixar cagado de novo a minha promessa de postagem.

Playlist da história.

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Música do capítulo: A-ha - Take On Me

~Boa leitura



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Victória Pov.

Joguei minha mochila sobre o sofá da sala e logo em seguida joguei o meu próprio corpo sobre ela. Eu estou feliz, caralho. Eu nunca, em toda a minha vida, imaginei que Galateia e eu teríamos algum assunto para conversar e agora é como se sempre tivéssemos feito isso. Faz tão pouco tempo que nos conhecemos, mas parece que são anos de amizade.

— Pai! Vick tá fazendo aquela cara de idiota de novo. —Jhu reclamou da mesinha de centro, onde fazia a lição de casa e assistia Bob Esponja ao mesmo tempo.

— Essa é a cara de alguém que está completamente fodido de amor. — Falou surgindo na porta da cozinha com uma frigideira na mão e fiz uma careta.

— Você tá cozinhando? — Perguntei receosa com a resposta. Meu pai sabe fazer muitas coisas nessa vida, mas cozinhar não é uma delas.

— Estou! Macarronada.

— Eca, você cozinha pior que a Vick! E olha que a comida dela parece vomitado de cachorro. — Jhu reclamou e lhe olhei em choque.

— Você está exagerando! Não é tão ruim assim.

— A questão é que a do papai é pior. — Pontuou e assenti várias vezes.

— Nisso preciso concordar. A gente não precisa de intoxicação alimentar não, pai.

— Mas a Vanessa ligou dizendo que estava cansada, então eu estou tentando ajudar. — Murmurou olhando para frigideira que segurava e suspirei tirando o paletó do meu uniforme pra jogar em cima da cabeça da Jhu.

— Vai tomar no seu cu, Vick. Fica jogando esse casaco fedido e... Olha! Até que não está fedorento não. Cheirinho de cereja. — Cheirou a roupa e a puxei da sua mão para conferir.

— É o perfume da Galateia. — Abracei o paletó o cheirando.

— Que orgulho. Isso significa que fica pendurada nela tempo o suficiente para absorver o perfume. Isso que eu chamo de atitude, puxou pro papai mesmo. Coisa mais linda. —Pai se gabou e revirei os olhos antes de virar a cabeça em direção a porta ao ouvir o som da chave girando, por onde Vanessa entrou carregando a bolsa e se curvou para tirar o sapato de salto.

— Eu estou morta! Minha cabeça dói, tenho cólica e minha alergia atacou por que a porra de uma professora deixou a desgraça de um saquinho de sílica gel rasgar na minha mesa. Eu odeio minha vida, inferno. — Xingou fechando a porta na força do ódio. — Oi meu nenê. — Sorriu carinhosa e se abaixou para deixar um beijo na testa de Jhu e ir até meu pai. — Oi amor. — Beijou seus lábios com carinho e juntou o cabelo para amarrar em um coque. — Caralho, minhas costas também estão doendo como o inferno. — Rosnou e prendi o riso por seu humor alterar tão radicalmente em segundos. — Oh... Você está cozinhando? — Sua voz soou doce e amena, o que me fez rir.

— Eu ia fazer macarronada, mas agora que você chegou, o que acha de jantar fora? Você toma seu banho, relaxa um pouco e a gente vai. — Propôs no mesmo tom carinhoso e Jhu e eu nos entreolhamos em pura felicidade. Não tem como a Vanessa recusar, ela também acha a comida do meu pai horrível.

— Tudo bem, vou tomar um banho quente e me arrumar. — Beijou seu rosto e saiu em direção ao quarto.

— Já que é assim, também vou tomar meu banho e ficar pronta. Quando estivermos perto de ir, me chamem. — Peguei minha mochila no sofá e fui para meu quarto tomar um banho. Separei minha roupa e me lavei rápido para ter tempo de mandar mensagem para o Vicent. Ele me prometeu contar coisas sobre a Galateia. Saí do banho vestindo meu short e uma camiseta listrada simples, já que sempre que saímos para jantar fora, é no mesmo restaurante, todas às vezes. Pendurei minha toalha ao lado da porta do banheiro e me arremessei na cama para pegar meu celular, logo abrindo a janela de conversa com Vicent.

[19:20]: Cheguei para perturbar! Qual estilo de música ela gosta?

Enviei e estiquei a mão para pegar o caderno qual havia copiado dela quando peguei para fazer uma anotação. Isso aqui é um verdadeiro achado, sinto que tem o mesmo valor que um diamante.

Pudim: 

[19:22]: Boa noite! Deu sorte, Sam está aqui em casa e ela sabe mais coisa que eu. Galateia gosta de tudo que tem uma vibe lenta, fanzoca da Lana Del Rey, Aurora, Ruelle e derivados.

Own ela gosta de tudo que é lento, que coisa mais fofinha. Da super para imaginar ela deitada em uma rede enquanto escuta Aurora no fone de ouvido.

[19:23]: Gênero de filme favorito?

Perguntei logo depois de anotar em um espaço especifico do caderno, esperando a resposta que começou a demorar.

[19:26]: Oh! Me responde logo.

Nenê: 

[19:27]: Vicent me perguntando coisas que você quer saber sobre mim? Eu sirvo pra que aqui? Ele aproveita isso para jogar na minha cara que tem mais atenção sua do que eu. Não é justo ficar em segundo plano porque as perguntas são sobre mim! Me pergunte o que quiser. Não tem nada que eu não te responda.

Arregalei os olhos pela mensagem e comecei a rir, procurando o número dela em minha agenda, iniciando uma chamada. Nem precisei esperar, já que ela me atendeu no primeiro toque.

— Que tal essa? Eu não ligo para o seu primo. Oi razão da minha existência. – Falei antes dela pensar em falar qualquer coisa e a ouvi rir.

Agora eu gostei. Olá, garota linda. Pergunte para mim, não para ele. — Resmungou.

— Ele estava me ajudando. Que dramática.Brinquei.

— Não sou dramática. Você que dá mais atenção pro chato do Vicent. Eu sou muito mais atraente e carinhosa que ele. — Resmungou e mordi o lábio inferior. Com toda certeza você é muito mais atraente que ele.

— Para de mentir, Ninfa! Todos sabem que eu sou muito mais gostoso. Sam tá de prova! Já experimentou né? — Vicent perguntou e o ouvi resmungar uns cinco “aí”. Espera! Estou no viva voz?

— Vick, fofa... Quando virá aqui de novo? A gente te ama e quer mais uma dose de você. — Sam brincou do outro lado e sorri. Eles são tão legais.

— Quando me convidarem.

— Se é assim! Pode vir hoje mesmo. — Galateia falou empolgada e Sam e Vicent começaram a rir aprovando. - Na verdade pode vir agora. Quer que eu mande o motorista te buscar? — Perguntou e não consegui segurar o riso.

— Ah! Claro. Só o prazo de arrumar minhas coisas. — Brinquei.

Sério?? Tudo bem. Eu vou... – Se calou por um momento e suspirou. – Você está sendo irônica, não é? – Perguntou triste e me senti um monstro por ela realmente ter levado a sério.

— Eu estou, meu amor. Me desculpa.

Ah... Tudo bem, eu me empolguei. — Falou culpada e ri. Que fofinha meu Deus.

— Agora é sério, Vick gatinha! Passa o fim de semana com a gente? – Vicent perguntou e sorri.

Você tem a Sam. A Vick é só minha. – Galateia falou e ouvi o grito do Vicent e sua voz se afastando.

—  Galateia! Você não pode roubar ela só pra você. – Ouvi sua voz se elevar de novo e em seguida o barulho de uma porta batendo.

— O celular é meu e eu levo pra onde me der vontade. – Falou birrenta e acabei rindo. Não acredito que ela me roubou da ligação com todos. – Vick? — Chamou preocupada e ri baixinho.

— Estou aqui. Me roubou e saiu correndo, que feio. – Brinquei.

Não quero e não vou dividir.— Murmurou e neguei com a cabeça.

— É ciumenta? Linda desse jeito? – Usei da minha coragem que não consigo quando ela está me olhando. Será que eu consigo flertar por chamada?

— Fazer o quê se me falta confiança?

— Confiança... Garota! Eu nunca te faria ter de me dividir na sua vida. – Garanti e olhei para o teto do meu quarto, onde meu pai tinha instalado um espelho infinito, dois dias antes de eu vir morar com ele.

— Nesse quesito, faço minhas as suas palavras. O que está fazendo?

— Falando com você e olhando para meu espelho infinito.

— O que é um espelho infinito? – Perguntou confusa e sorri. Será que é normal eu notar a diferença do seu tom de voz para cada estado de espírito momentâneo dela?

— Quer o resumo ou a explicação do que eu sei?

— Qual você fala menos? – Nossa! Será que estou incomodando ela?

— O resumo... – Sussurrei pensando no que dizer para poder desligar logo. Eu não quero ficar enchendo o saco dela. Porra, agora estou com vontade de chorar.

— Então me dê a explicação do que você sabe. Quanto mais falar, mais feliz eu fico. – Falou e arregalei os olhos me sentando de supetão.

— Meu Deus! Eu jurava que estava te enchendo o saco, Galateia. Pelo amor, meu coração agora tá até disparado com esse susto. – Alertei massageando suavemente o peito enquanto a ouvia rir do outro lado. MANO! Que susto da desgraça. – Você fica rindo? Eu me achando rejeitada aqui, puta que pariu. Já estava tipo “ah, pronto! Tô incomodando”. – Me auto imitei e sua risada ficou mais alta e fofinha do que o normal. Acho tão amorzinho a risadinha dela, é muito gostosinha de ouvir, parece um bebezinho.

— Perdão, não foi a intenção. Era pra ser um flerte. – Falou e parei de massagear o peito para entreabrir a boca em choque. FLERTE????

— Você disse flerte? – Não é possível.

— Disse, por quê? – QUÊ? ESPERA! O QUÊ? ELA CONFIRMOU?

— Hã... Er... Hahahaha por que você flertaria com uma pobre mortal feito eu, ó grande suprema? – Tentei brincar para espantar meu nervosismo e falta de jeito. Consigo flertar por chamada: não.

— Deuses adoram um mortal. Olha o tanto de semideuses por aí, inclusive, sou uma. – Caralho, como ela pode estar tão tranquila? Porra.

— Então eu deveria cair no seu charme, semideusa de araque? – Brinquei, mesmo que minhas mãos estivessem tremendo em puro desespero. ELA ADMITIU QUE FLERTOU COMIGO! Certo... Calma, respira. Pode ser flerte de brincadeira, acontece nas melhores amizades.

— Sinto informar, mas na mitologia eu sou filha de Hades, você que lute. – A não! Você não vai usar mitologia pra cima de mim não, porque eu sou viciada.

— Eu sou a porra de uma sereia, garota! Quer mais sedução que uma sereia?

— E daí? Eu SOU uma ninfa. UMA NINFA. – Falou como se estivesse orgulhosa e deixei um sorriso enorme ocupar meus lábios. É muito fofa, meu Deus. – Filha de Hades, você no máximo é filha de Poseidon, um mero peixinho perto do meu pai.

— Você respeite o meu pai! – Não acredito que ela tá me provocando. – Eu não admito que desrespeite a força dele. ELE MANDA NO MAR! Tudo, tudinho. – Ela gosta de mitologia! ELA GOSTA DE MITOLOGIA.

— Eu não ligo pra nada que ele faz ou deixa de fazer. A única coisa que ele fez que eu me importo, é você. – Porra! Caralho... Galateia de Deus? Você quer me enfartar?

— Ok... Estou só o meme do pinscher bravo versus o pinscher feliz. – Praticamente sussurrei e ela ficou em silêncio por alguns segundos.

— Eu não conheço...

— COMO NÃO? Ah... Certo, você é uma vovó de meia idade. – Ri por ouvir seu resmungo e coloquei minha chamada no viva voz. – Vou te enviar os dois por mensagem. – Alertei abrindo minha mensagem com ela, não demorando a achar a figurinha, já que é umas das que mais uso para falar com Vanessa. – Esse aqui sou eu quando você menospreza meu pai perfeito. – Enviei a imagem e fechei os olhos para apreciar sua risadinha. – E esse aqui sou eu, quando logo em seguida você flerta comigo. – Mandei e esperei um pouco por ela ficar em silêncio por alguns segundos.

— Eu ia te enviar um coração, mas não sei onde fica. Pra que tanto emoji? – Reclamou e foi minha vez de rir. Pelo amor de Deus, é muito nenê.

— Me dê o seu, assim não precisa procurar em lugar nenhum. – Tentei e mordi o lábio inferior logo em seguida. Não creio que estamos brincando de flertar e eu ainda não caí dura no meio do chão. Porra, é a Galateia.

— Esse já é seu, desde sempre.

— Uau, essa foi boa. – Ela é melhor nisso do que eu. – Oh... O espelho infinito! – Lembrei que ainda não havia lhe explicado. Basicamente é um vidro insulfilmado refletindo luzes de natal em um espelho. O efeito é como se as luzes piscando fossem infinitas. O meu em particular, pisca em várias cores diferentes que posso ou não escolher. Meu pai fez com o maior carinho do mundo e ficou muito lindo. Quando vier na minha casa, eu te mostro. – Expliquei olhando para o espelho que predominava na cor roxa. – Agora está roxo. ESPERA, VOU TE MANDAR UMA FOTO. – Gritei animada e virei o celular na minha direção, conferindo se a luz do espelho era suficiente para me mostrar também. – Qual sua cor favorita? – Perguntei atenta na resposta.

— Eu amo verde. – Sorri e esperei as cores mudarem, fazendo V com os dedos e o apontando para meu rosto antes de fazer uma careta e bater a foto quando o verde surgiu no teto.

— Vou te enviar. – Alertei enviando a foto e ela ficou em silêncio por um tempo.

— Calma que caiu um negócio aqui. – Pediu e me sentei focando na tela do celular, que agora já havia apagado.

— Pegou? – Perguntei por tudo se manter em silêncio por quase dois minutos.

— Não, o que caiu foi a minha pressão. – Avisou e tirei do viva voz para levar o celular ao ouvido.

— Meu Deus, você está bem? Tá deitada? – Perguntei preocupada e ela riu baixinho. A NÃO! – Galateiaaaa. – Chamei rindo. Mas meu Deus, eu devo ter sido uma pessoa muito boa para ser recompensada desse jeito. Por mais que eu saiba que é brincadeira dela, porra! Meu ego e minha autoestima ficam nas alturas tendo essa garota perfeita flertando comigo. Por que ela está fazendo isso? Não é bom pro meu bobo coração apaixonado. Eu vou morrer se ela continuar fazer essas coisas sem um motivo lógico aparente.

Galateia Pov.

Mudei a página do meu diário e comecei a rabiscar um desenho para completar meu relato, apenas um rabisco aleatório.

— E você não vai acreditar! – A voz da Vick soou e olhei para o celular sobre meu travesseiro. – Primeiramente, oi. Voltei. — Saudou e sorri. Acho que já faz uma hora e meia que estamos conversando.

— Oi. O que eu não vou acreditar?

— Lembra a peça de teatro que vai ter na terça-feira? A Vanessa conseguiu dois ingressos com uma amiga da diretoria e vai levar a Jhu! – Reclamou e ajeitei minha postura.

— Mas a sua irmã não tem dez anos?

— EXATAMENTE! Ela achou que eu já tinha conseguido comprar, mas não. Agora tem que levar a Jhu porque ela é mimada e vai chorar por um mês se eu for no lugar dela.

— Quer ir comigo? – Perguntei de supetão e ela ficou em silêncio por alguns segundos.

— Hã? Como assim?

— Ao teatro, quer ir comigo? Tenho dois ingressos. – Menti, eu ainda nem procurei saber sobre, mas não muda o fato de que terei dois ingressos.

— Como? Não estavam esgotados? – Perguntou confusa e sorri.

— Ingressos nunca vão estar esgotados pra mim.

— Toma banho em pó de ouro é? – Brincou e ri. Acho que uma das maiores vantagens de ter dinheiro, além de todo o resto, é ter tudo o que eu quiser, quando eu quiser.

— Nada, meio que patrocino o teatro. – Contei. – Faço umas doações aqui e ali, já que não uso o meu dinheiro para nada além de comprar umas peças de roupa e chocolate.

— Garota? O que está fazendo na escola? Pra que você precisa de educação acadêmica?

— Pra ter inteligência?

— Que mané inteligência. Você pode comprar uma pessoa se quiser. Quer me comprar? Tô até baratinha e te faço um desconto pela amizade. – Eu amo como ela vai de normal a surtada e de surtada para eufórica em uma única frase.

— Nem se eu tivesse todo o dinheiro do mundo seria o suficiente. 

— Tá, escravidão não funciona mais. Então quer me adotar? Só me manter alimentada e fazer carinho, apenas. – Usou um tom brincalhão e sorri.

— Não seria mais simples te colocar no pedestal como namorada? Esse e outros mimos disponíveis. – Tentei, já sabendo que ela não vai levar a sério. Deus me dê forças.

— De que outros mimos estamos falando? – Perguntou e abri a boca para responder, mas a voz masculina chamando seu nome capturou sua atenção. – Um segundo. – Pediu.

— Tudo bem. – Sussurrei fechando meu diário e me levantei para guardá-lo na gaveta da minha cômoda, vendo guardadas ali todas as fotos de Liane. Suspirei e as peguei para colocar uma por uma no meu mural de novo.

— Voltei. – Ouvi a voz de Vick e olhei para o aparelho enquanto pregava a última foto de volta.

— Bem-vinda de volta. – Saudei.

— Infelizmente terei de desligar, Vanessa não vai fazer janta, e eu só estava esperando todo mundo ficar pronto para irmos jantar fora. – Reclamou e sorri.

— Tudo bem, vá se divertir. Segunda-feira levo o seu ingresso.

— No sério mesmo? Olha, se você me deixar mal acostumada, vai ter de aguentar as consequências. Primeiro me presenteia com chocolate todo dia e agora ingresso para o teatro. Se continuar assim, vais ser obrigada a casar comigo. Eu não sou doida de perder um partido desse.

— Não se preocupe que organizo o casamento.

— Adorei. Agora eu preciso mesmo ir. Vane fica loucona se eu atraso as nossas saídas. Te vejo segunda na escola, esposa. – Neguei com a cabeça e sorri. Um dia ela vai perceber que não estou brincando nem um pouco? Meu humor não me permite fazer esse tipo de brincadeira com ninguém.

— Tudo bem, beijos. — Encerrei a ligação mantendo meu sorriso por termos conversado por quase duas horas. Durante toda a ligação eu devo ter usado toda a minhas habilidades de flerte que aprendi com a Sara, mas em todas elas, ela me retribuiu em um tom de brincadeira. Por quê? Qual a lógica de achar que estou fazendo isso de brincadeira? Certo que não vou dizer “garota, é sério!”, mas ela poderia levar na seriedade uma vez.

Não quero ser a responsável por dar indícios que gosto dela, mas acabo fazendo isso sem nem mesmo perceber e quando faço, ela acha que é brincadeira. Por quê? Eu pareço alguém que flertaria só por ser divertido? E aquela foto do espelho onde ela era o principal foco e o espelho serviu só de complemento? Irei colocar essa foto como papel de parede do meu celular e se ela chegar a ver, não ligo.  Gosto dessa lerda desde sempre, não é possível que em algum momento ela não vá perceber que falo sério.

XxX

Desci do carro cobrindo a boca para bocejar e caminhei para dentro da escola em passos lentos. Ontem eu passei o dia tentando fazer contato com o teatro, mas acabei precisando ir pessoalmente lá. Consegui os ingressos sem dificuldade alguma. Agora só preciso entregar o da Vick para amanhã poder assistir à peça. É um pouco surreal imaginar que isso teoricamente é um encontro.

— Ninfa! — Ouvi a voz da Tiffany e fingi não ter escutado, continuando meu caminho em silêncio. — Hey, calma aí. — Sua mão agarrou meu braço e parei no meio do caminho, olhando para trás em desgosto. Ironicamente ela tem os seus motivos para pegar no meu pé, se for levar em conta que eventos onde precisava ir com minha mãe, era comum encontrar ela.

— Você tem dois segundos para soltar meu braço. — Alertei e sua mão foi rápida em se afastar.

— Qual é! Por que está me evitando? — Andou até ficar na minha frente e começar a andar de costas para me acompanhar. — Eu só quero que entre no meu grupo.

— Já disse não. —Reclamei e avistei Vick no bebedouro. — E se você puder parar de me abordar dessa forma, agradeço. — Andei mais rápido e Victória se virou na minha direção, sorrindo assim que me viu. – Hey, Vick. — Saudei abrindo suavemente os braços e ela se enfiou no espaço, me abraçando apertado.

— Que abraço quentinho. —Murmurou se afastando e passou o braço ao redor do meu. — Ah! O Vicent está esperando a gente lá na sala e, vai mesmo ter trabalho de química, Vanessa me confirmou. – Contou e subi os degraus da escada olhando para seu rosto enquanto ela falava sem parar. Gosto do quanto ela consegue falar sem ter uma pausa para respirar. — Teremos de fazer uma maquete. — Revelou e sorri.

— Gosto de fazer maquete.

— Você gosta? Nossa, eu quase morro de ódio. Olha pra mim, eu não tenho cara de quem faz detalhe não.

— Um defeito tinha que ter. — Brinquei lhe fazendo rir. — Mas veja o lado bom, vamos precisar nos reunir na biblioteca outra vez.

— Nossa, vai ser muito bom. Posso até começar a gostar de fazer trabalhos

— Que trabalho? Tem mais? — Vicent perguntou escorado na porta da sala quando chegamos nela.

— Tem, de Química.

— Vou empurrar vocês pra frente da professora e tirar nota máxima, molezinha. — Colou as mãos atrás da cabeça indo para se sentar no local do nosso grupo e sorri por Vick focar sua atenção no chão da sala. É curioso o fato de até o Vicent notar que eu sou muito mais aberta e carinhosa com a Vick do que com o resto do mundo.

— Acho que teremos de fazer uma maquete. — Falou indo se sentar e mantive o sorriso no rosto. Por que ela fica com tanta vergonha?

— Demorou, Galateia ama fazer essas coisas mesmo. Esse trabalho já está no papo.

— Se você acha que eu farei tudo sozinha, pode ir tirando o cavalinho da chuva. — Alertei e Vick me olhou surpresa.

— Você acabou de dizer pra ele tirar o cavalinho da chuva? — Perguntou e Vicent riu alto.

— Ela é cheia dessas frases sem sentido, vai se acostumando.

— Mas eu sei o sentido dessa frase! — Praticamente gritou por ficar animada e ri negando com a cabeça.

— Já que está toda animadinha, aqui. Abri a bolsa e peguei os ingressos que havia guardado em um dos bolsos internos. — Esse aqui é o seu. — Estendi em sua direção e ela o pegou em curiosidade.

— PORRA! É CAMAROTE — Gritou e Vicent se inclinou na mesa para ver do que se tratava o pedaço de papel.

— Que isso?

— A GALATEIA ME CHAMOU PRA IR NO TEATRO COM ELA! — Sua voz saiu mais fina que o normal e nem me surpreendi com o abraço que veio sem aviso. Já notei que ela faz isso totalmente no piloto automático.

— Teatro? Quando?

— Amanhã. — Respondi por notar que Vick estava focada demais no bilhete dourado.

— Caralho! A Sam ama teatro. Eu não fazia ideia que tinha peça. — Se encolheu e revirei os olhos pegando os outros dois bilhetes na minha bolsa e estendendo pra ele.

— A peça vai se repetir na quarta-feira, consegui esses aqui pra você. — Entreguei o bilhete e apoiei o rosto na mão para olhar na direção da Vick. Eu poderia ter conseguido os ingressos para o Vicent pro evento de amanhã, mas é a primeira vez que convido a Vick para um “encontro” não quero o Vicent sendo retardado o tempo todo do nosso lado.

— CAMAROTE! MEU DEUS. — Gritou como a Vick e olhei para animação dos dois, se mostrando seus bilhetes. — A Sam vai ficar alegrinha, meu Deus. Obrigada, Galateia. — Se inclinou me dando um beijo rápido no rosto e me endireitei na cadeira para limpar o local com o torso da mão, eca.

— Ter amigo que se banha em pó de ouro é tudo de bom. — Vick se inclinou também e segurou meu rosto para beijar suavemente sobre minha bochecha, o que me fez sorrir em carinho.

— Eu posso te buscar? — Propus e ela me olhou como se eu fosse um extraterrestre.

— Uuuuh encontro! — Vicent juntou as mãos frente a boca para falar e o olhei feio por Vick se encolher e ficar vermelha feito um tomate.

— Achei que eu viria com a Vanessa, já que ela vai levar a Jhu. — Lembrou e foi minha vez de me encolher no lugar. Pelo amor de Deus, eu só queria que ela me desse uma ajuda.

— Tudo bem, então eu te encontro frente ao teatro. — Murmurei olhando para Vicent, que negava levemente com a cabeça enquanto sorria. É obvio que ele acabou de ter plena certeza que estou interessada na Vick.

Victória Pov.

Me encolhi olhando para todos os lados na entrada do teatro e suspirei colocando as mãos no bolso. Eu achei que tudo bem vir como me visto normalmente, mas olhando agora para essa multidão toda chique e eu só de calça jeans azul, Schutz branco e sobretudo marrom claro de algodão por cima do meu suéter cinza. Eu pareço uma merda aqui, sem dizer que Galateia falou na escola que me encontraria aqui na porta do teatro, mas até agora eu não a vi em lugar algum. Por que caralho eu disse que ia vir com a Vanessa e não deixei ela ir me buscar? Além dela ter ficado mais quietinha até o fim do dia e hoje de manhã não ter comentado nada sobre o teatro, agora estou sozinha porque a Vane já entrou tem uns 15 minutos.

— Droga. Era pra eu ter chegado primeiro. – Uma voz que eu conhecia muito bem soou atrás de mim e me virei sorridente, encontrando Galateia, que usava um vestido verde escuro de manga, que se dividia no peito em suaves babados, preso na cintura por um cinto, só para descer até um pouco acima do joelho como se fosse uma rosa começando a florescer, para completar a sua fofura, estava usando uma bota preta que ia até um pouco acima do joelho. Porra, essa garota é linda demais, parece uma bonequinha.

— Hey, boa noite. — Fui em sua direção e não hesitei em lhe abraçar apertado. — Eu já estava imaginando quando deveria entrar e se deveria, porque que acho que não serei aceita pela sociedade. – Me encolhi com as mãos nos bolsos do sobretudo e ela me olhou de cima a baixo.

— Você está linda. – Corei olhando para o outro lado e ela se aproximou, arrumando a lapela do meu sobretudo, sorrindo carinhosa e firmando as mãos em meus ombros. – Está perfeita. – Elogiou e sorri sem jeito. Me sinto um alien perto dela. - Vamos entrar? – Perguntou deslizando a mão esquerda por meu braço até segurar minha mão e me levar em direção à entrada.

— Tem certeza que eu passo da portaria? – Perguntei indo para trás dela e me escondendo enquanto segurava seu braço direito para me “proteger”.

— Nossa, Vick. Para com isso! Você tá linda, ok? Seria crime não te deixarem entrar. – Murmurou e senti meu rosto se esquentar. Galateia me chamou de linda e Vick na mesma frase. Meu Deus! – Seu ingresso. – Alertou e o peguei no bolso entregando para o homem que os estava recolhendo antes de entrarmos no prédio.

— Isso é tão estranho. – Comentei olhando em volta e ela sorriu me guiando até nossos lugares. Eu nunca vim para o camarote antes, porque meu pai tem a regra do “pra ter dinheiro, você não deve gastar ele com coisa que pode ficar sem”. – Uau. Posso me sentar aqui? Nossa! Olha essa cadeira, que chique. – Falei empolgada ao chegar nas nossas cadeiras e ela voltou a sorrir. Porra, eu estou no camarote do lado da garota mais linda do meu mundo.

—  Senta aqui do meu lado. – Chamou e me sentei ao seu lado, olhando em volta em pura euforia. Nossa, nos camarotes vizinhos só tem engomadinhos.

— Será que eu consigo ver a Vanessa daqui? — Perguntei me inclinando para olhar pra baixo e ela me puxou de volta enquanto ria.

— Se você cair lá embaixo, eu vou ser obrigada a pular atrás.

— Vai se sacrificar pela minha segurança? — Falei brincalhona e ela assentiu cruzando as pernas e pousando as mãos sobre os joelhos. Porra! COMO EU QUERIA PODER TIRAR UMA FOTO DESSA GAROTA AGORA, OLHA SÓ QUE GRANDE GOSTOSA.

— Vai começar. — Avisou focada no palco e assenti mantendo meus olhos nela. Peça de teatro? Quem precisa quando essa deusa está sentada do lado? Sorri focando em seu rosto e ela o virou em minha direção, sorrindo. Porra, não acredito que fui pega no flagra. — Podemos comentar sobre a peça depois, agora mantenha seus olhinhos verdes no palco. — Segurou meu queixo com delicadeza e virou meu rosto para frente.

— Eu meio que posso acabar comentando algumas cenas. — Alertei e ela riu baixinho.

— Eu ficaria grata por isso, porque costumo fazer a mesma coisa.

XxX

Ri da cena em que o homem tentou socar o outro, que representava a voz da sua cabeça e ele simplesmente voou para o outro lado do seu corpo. Acho que quando tenho algum surto, os meus neurônios funcionam desse jeito.

— Eu tentando abalar meu psicólogo e ele já acostumado com as desgraças da vida. — Galateia comentou com a cabeça deitada em meu ombro, que é o que havia feito há meia hora. Ri baixinho e passei o braço por seu corpo, praticamente a abraçando de lado.

— Eu tentando matar os pernilongos quando quero dormir. — Sussurrei de volta e ela riu antes de afastar a cabeça do meu ombro para voltar a sua posição impecável de pernas cruzadas e coluna reta.

— Acho que agora será uma cena triste e vai terminar. — Alertou e me arrastei para ficar mais perto do seu corpo, mesmo que tivesse espaço de sobra para mais duas pessoas.

— Desde que começou só tem desgraças acontecendo com esse homem. O que de pior pode ocorrer agora, querendo não admitir isso em voz alta, é ele perder sua metade. — Comentei junto e ela assentiu.

— Você passa a sua vida suportando certa situação que acaba se acostumando com ela. Se ele perder essa metade, por mais pejorativa que ela tem sido durante toda a sua vida, vai deixar um vazio enorme. Não que antes ele já não estivesse sozinho e excluído. Essa parte não lhe deixa nunca. Estar definitivamente sozinho, seria um baque grande demais. — Comentou sem desviar os olhos da peça e sorri por suas palavras. Isso foi bem observado. Além de linda, é inteligente.

— Como diz o Kevin de, Precisamos Falar Sobre O Kevin: Só porque você se acostuma com algo, não significa que você goste.

— Exatamente. Sinto que esse final irá me decepcionar. — Reclamou e foquei no que acontecia.

— Quer chutar o final?

— Com o andar da carruagem? Vão se unir em um só, então a cena seguinte será dele andando em um local aleatório com uma expressão perdida. E você?

— Vão se beijar e ele será deixado sozinho, daí a próxima cena vai ser o que você disse. — Dei minha opinião e sua cabeça virou em minha direção.

— Por que acha isso? — Questionou e apontei para o palco, onde a cena realmente acontecia

— O quê? — Perguntou me olhando sem entender nada e acabei rindo da sua expressão pra lá de fofa por estar indignada.

— Eu disse. — Falei orgulhosa por ter acertado e ela negou várias vezes com a cabeça.

— Isso é um absurdo! — Reclamou enquanto a luz do palco ia diminuindo a intensidade aos poucos, para voltar na cena do homem andando por uma praça de cabeça baixa antes de chamar por sua metade, que não lhe respondeu.

— Acho que vou virar cartomante, que nem aquela sua amiga. — Falei divertida enquanto todo mundo aplaudia e os atores agradeciam antes da cortina se fechar, Galateia por outro lado, olhava para o palco com a boca entreaberta em pura descrença.

— Vai com a Sara que ela te dá algumas aulas. — Murmurou se erguendo e fiz o mesmo, lhe acompanhando para saída do camarote.

— Assim eu posso descolar uma grana fácil. — Andei ao seu lado para fora do prédio e desviei das pessoas que estavam paradas no meio do caminho, acabando que agarrando a mão dela para não lhe perder durante o processo. Esse povo nunca ouviu falar de fila única não?

— Eu não queria dizer isso, porque não gosto de desmerecer o trabalho dos outros, mas essa peça foi horrível. — Resmungou e dei um outro encaixe as nossas mãos juntas.

— Você está de implicância porque EU acertei o final. — Provoquei lhe arrancando uma risada.

— Se tivessem se fundido, teria sido melhor.

— O quê? – Perguntei lhe olhando em descrença e ela franziu o nariz em uma caretinha adorável de linda. — Você não sabe o que diz, Galateia.

— Eu sou basicamente um oráculo. – Se gabou e neguei com a cabeça.

— Mas quem acertou foi eu. Você é um oráculo com defeito, é? – Provoquei e ela repetiu a careta.

— Eu errei de propósito.

— E temos aqui uma péssima perdedora!

— Péssima nada! A cena final de tudo foi exatamente como eu disse. Você até copiou ela de mim. — Não acredito nisso!

— Eu não copiei, não tinha como ser diferente e você sabe disso.

— Colou de mim, admita. — Amada?

— Você que odiou a peça, eu a adorei.

— Por quê?

— Porque foi um final feliz.

— Eu não achei. Para mim ele devia ter se fundido e se fodido.

— Credo Galateia! – Empurrei seu ombro de leve e ela riu.

— Era para ser um drama. Por que teve final “feliz”? Queria sair chorando e saí irritada. O pior é que eu ainda paguei por isso, paguei pra me decepcionar. Achei que pelo menos as decepções eram de graça. — Reclamou e abaixei a cabeça para rir. Deus, ela está puta.

— Bom... Admito que o fim não foi muito dramático.

— Foi uma merda.

— Nossa! NOSSA! — Ri alto e paramos na calçada.

— Um segundo, vou chamar meu motorista. — Pediu e peguei seu celular que havia guardado em meu bolso a entregando, só então soltando a sua mão para pegar o meu e mandar uma mensagem pra Vane.

Galateia Pov.

Indignação, essa é a palavra que define minha reação com o final da peça, tirando isso, foi uma das noites mais divertidas da minha vida, porque passar um tempo com a Vick é muito bom. Ela é engraçada e seus comentários durante a peça me fizeram rir muito, então não me importo de não ter gostado do seguimento da obra, se o resultado de tudo foi ter a Vick perto de mim até que acabasse.

Digitei uma mensagem para meu motorista e recebi uma resposta quase que instantaneamente, alertando que estava a caminho e não demoraria a chegar. Bloqueei o celular e olhei para Vick, que falava ao telefone.

— Tudo bem, vou ver aqui. — Cobriu o celular com a mão para conferir se eu estava ocupada. — Você me leva em casa? — Pediu e assenti várias vezes. Pelo menos isso, obrigada senhor. — Ela vai me levar. — Voltou para ligação e depois de alguns minutos depois me olhou divertida ao encerrar a chamada.

— Eu estou com fome e acabei de chamar meu motorista. Vamos comer alguma coisa? Eu pago. – Ofereci, eufórica demais para conter minha animação. Só quero passar mais tempo com ela antes de lhe levar pra casa, isso se ela não estragar meus planos.

— Eh? De forma alguma! Você já me pagou o ingresso, não vai pagar minha comida também.

— Esquece esse ingresso. — Resmunguei, vendo meu carro estacionar logo a minha frente. — A peça foi uma bosta e você é minha convidada. — Abri a porta entrando primeiro e peguei seu braço. — Então eu pago. – Lhe puxei para dentro do veículo e seus olhos se arregalaram.

— MEU DEUS! Estou sendo sequestrada, polícia, acode aqui. Você vai vender meus órgãos no mercado negro? – Perguntou e ri alto. Essa menina não pode ser real.

— Você diz cada coisa. Vender... É mais provável eu te prender em cativeiro.

— Pelo amor de Deus, sequestro. — Fingiu bater na janela do carro e ri baixo. — Você quer me obrigar a aceitar comer de graça, olha essa tortura. – Falou divertida e seu celular acabou caindo do bolso do casaco, indo para o piso do carro. — Oh caralho. — Se inclinou para pega-lo e voltou a se sentar. — NÃO BRINCA! Olha isso. — Mostrou a tela que tinha um pequeno trincado do lado. — QUAIS AS CHANCES? — Reclamou limpando a tela com a manga do casaco e ameaçou jogar o aparelho no chão, só para o levar ao rosto ao cobri-lo com ambas as mãos. — Eu não vou me estressar com isso. Você não vai me estressar, minha noite está muito legal. — Murmurou deixando o aparelho ao seu lado no banco e se virou para mim com um sorriso carinhoso.

— Passou? — Perguntei divertida e recebi um aceno de cabeça como resposta. — Certo, em que restaurante quer comer?

— Restaurante? Pensei que íamos fazer lanche.

— E vamos?

— Em um restaurante? Nem vem que não tem. – Discordou e ergui uma sobrancelha em confusão. O que tem de errado com um bom restaurante?

— Então o que sugere?

— Como assim o que eu sugiro? – Perguntou confusa e dei de ombros.

— Você é minha convidada. Escolha.

— Sério? Então eu quero ir em uma pizzaria maravilhosa perto da minha casa comer hambúrguer.

— Hambúrguer? Aquela coisa com pão? – Perguntei confusa. Liane uma vez tentou me arrastar para comer um, mas como nossa criação não envolvia nada feito em uma cozinha duvidosa ou que não fosse cozido e fresco, nunca cheguei a experimentar. Para ser sincera, não sou familiarizada nem com refrigerante.

— Você... — Começou e logo em seguida arregalou os olhos. — Você nunca comeu um hambúrguer? — Oh... ela parece realmente surpresa.

— Não, por quê? Eu deveria?

— Eeeeh? Você é humana? Cara... Só pode ser piada, Galateia! Como assim você nunca! Tipo, nunca comeu um hambúrguer? — Perguntou e ri por sua mão pousar sobre a minha testa, preocupada se eu tinha febre.

— Desculpa, eu não achei que fosse obrigada a isso. Fora que minha família tem todo um jeito de bons costumes e derivados. Além de que... Não parece muito saudável. – Murmurei um pouco envergonhada por nunca ter comido um hamburguer.

— Comigo aqui você é obrigada a experimentar um hambúrguer. — Falou autoritária e assenti sem pensar em questionar. Eu acho que faria qualquer coisa que ela me pedisse. — Gente... Que tipo de ser humano é você? Sabia que tinha algo errado quando descobri que não gostava de tecnologia. Preciso te mostrar as coisas boas da vida. — Começou a falar sozinha e fiquei lhe olhando com um sorriso. Ela é linda demais. — Pisa fundo aí moço, quanto antes chegarmos, melhor. Pediu para o motorista e logo depois lhe deu o endereço de onde iriamos comer. A realidade é que eu nunca cheguei a comer em uma pizzaria, barraquinhas e outros estabelecimentos sem ser um restaurante. — Você nunca realmente comeu um hambúrguer? — Perguntou, dessa vez mais curiosa do que surpresa.

— Não, quando morava com minha mãe, nós tínhamos horário para comer e um chef. Quando havia alguma festa, era sempre pedido de algum restaurante. Quando fui morar com minha tia, segui com meus horários para comer e ela e meu tio não são do tipo que pedem coisas para comer, fazem eles mesmo.

— Mas e o Vicent? Ele nunca te fez comer um hamburguer não?

— Ele costuma sair com a Sam sempre que vai fazer isso. Quando estão em casa, eu costumo ficar no meu quarto.

— Meu Deus! Agora a pergunta mais importante. Você quer experimentar? Eu não vou te obrigar. — Falou receosa e sorri.

— Quero sim, tem sempre uma primeira vez. — Sorri e ela se virou para pegar seu celular, fazendo uma careta antes de o virar para mim. — Joga esse joguinho, tenho certeza que vai gostar.

— Quantos jogos tem no seu celular?

— Uns sete. — Riu e me foquei na tela, sorrindo por ver que era Limbo.

XxX

Desci do carro me espreguiçando e ela correu até a loja quase saltitando, abrindo a porta de vidro e fazendo uma reverência antes de me olhar divertida.

— Bem vinda ao meu mundo, Galateia. — Falou empolgada e adentrei o comercio olhando em volta, vendo que estava vazio. — Vamos ali no balcão que vou fazer nossos pedidos. — Me puxou pela mão e paramos frente a atendente que mascava chiclete e pintava as unhas. Me virei para trás enquanto Vick pedia os lanches, observando as mesas redondas e coloridas demais. — Quer sentar? — Sua mão tocou meu ombro e me virei na sua direção, vendo que estava sentada em um dos bancos do lado do balcão. Assenti e me sentei em um deles, esticando a mão para pegar o que parecia ser o cardápio, franzindo o cenho por logo de cara ver a imagem de um dos lanches completamente coberto de queijo cheddar. — Uma delícia, não é? — Perguntou se inclinando para perto de mim e lhe olhei totalmente desacreditada.

— Se eu comer uma coisa dessas, certeza que vou parar no hospital.

— Hahahaha qual é.

— Vick, isso aqui parece ser maior que eu e olha quanto cheddar!

— Eu sei, isso é perfeito. — Se animou e fiz uma careta só de me imaginar comer aquilo. Minha mãe choraria se entrasse aqui e no dia seguinte pediria para cultivarem uma horta no quintal. — Refrigerante, você toma?

— Não...

— Então suco?

— Por favor. — Virei a página do cardápio, olhando para as ilustrações bizarras de alguns produtos. Porque tanto cheddar e bacon em tudo? Essas pessoas não se incomodam de entupir uma artéria não?

— Sem mentir, o que desse cardápio você olharia e diria que quer? — Perguntou logo depois de puxar uma mecha do meu cabelo que estava do lado do meu rosto, a colocando atrás do meu ombro. Passei a página do cardápio e apontei para o milkshake e uma taça que parecia ser uma mine bomba de chocolate. — Formiguinha. — Riu e dei de ombros.

— Você disse sem mentir.

— Own meu Deus, ela é honesta. — Me abraçou de lado e ri lhe abraçando de volta, olhando para frente quando a atendente trouxe ambos os hambúrgueres que ela havia pedido, os colocando no balcão a nossa frente. Pelo amor de Deus, olha o tamanho disso, eu não vou conseguir comer nem metade disso. — Ain que delícia. — Pegou o seu sobre a bandeja e me olhou com uma sobrancelha erguida em desafio. Olhei para o hambúrguer que restava e fiz uma careta.

— Nossa, isso parece estar... Er...

— Delicioso! Experimenta. — Pediu e girei a bandeja o olhando de todos os ângulos.

— Vick, isso é tão estranho... Cadê os talheres? — Perguntei os procurando sobre o balcão, não me diga que terei de pegar isso na mão.

— O quê? — Colocou o seu de volta na bandeja contendo o riso e uma menina que esperava seu lanche ao nosso lado começou a rir baixinho. Meu Deus, isso não é para ser engraçado. Eu só não quero ter de sujar minhas mãos.

— Talheres! — Sussurrei para que só ela ouvisse, mas a gargalhada que ela deu chamou a atenção que eu não queria.

— Galateia... Minha linda deusa grega... Não é assim. Você só precisa segurar com as duas mãos e morder. – Ensinou e riu baixinho logo depois. Então eu realmente tenho que enfiar minhas mãos nisso?

— Que indecente. — Sussurrei voltando a olhar para o lanche gigante. Como que vou pegar isso sem deixar cair tudo em cima de mim?

— Ai meu Deus! – Gargalhou ao mesmo tempo que a menina ao nosso lado e senti meu rosto esquentar de vergonha. Eu não tenho culpa que não sei comer um hamburguer. Droga, devia ter deixado Liane me ensinar, me pouparia a humilhação. —Assim, Galateia. — Chamou pegando o seu e lhe imitei, não conseguindo segurar uma risada pelo jeito que ele ficou. Quem olha para isso aqui e sente vontade de comer? Nem cabe na minha boca, meu Deus. — Agora é só morder. — Amada?

— Como quer que eu morda esse monstro? — Perguntei perplexa, só se eu tivesse a boca do tamanho da de um crocodilo.

— Só morde! — Pediu e olhei para os lados, constrangida com as pessoas que até agora eu não tinha notado que estavam me olhando. Quando chegamos não tinha ninguém aqui, de onde saiu todo mundo?

— Eu não. — Sussurrei negando com a cabeça e ela riu divertida.

— Oh meu amor, assim. – Mordeu o dela e lhe observei por alguns instantes. Ela acabou de me chamar de “meu amor”? — Você só precisa morder. — Avisou e suspirei mordendo um pequeno pedaço para mastigar, arregalando os olhos pelo gosto.

— É uma delícia! — Falei surpresa e mordi outra vez. Meu Deus! Isso é muito bom, Liane estava certíssima e estragar sua saúde depois que experimentou isso.

— Viu só! Gostou? — Perguntou divertida e assenti, tornando a morder o hambúrguer de novo. Eu não fazia ideia que isso poderia ser tão gostoso.

XxX

Lavei minhas mãos no banheiro do estabelecimento e olhei para o espelho, vendo Vick passar pela porta com um chaveiro em mão, o sacudindo de um lado para o outro com um sorriso.

— Olha que legal. Isso aqui veio de brinde na compra dos dois hamburgueres. – Alertou me entregando o chaveiro de panda e sorri o virando de um lado para o outro.

— Que fofinho!

— Você gostou?

— Claro! Que fofo. — Sorri e ela o tomou da minha mão.

— É! Mas esse é meu. — Alertou e arregalei os olhos. O quê? Como assim é dela?

— Eu comprei o hamburguer. — Lembrei.

— Você comprou o hambúrguer pra mim! Então o brinde é meu. – Falou e franzi as sobrancelhas.

— Mas eu comprei os dois. O brinde vem com duas compras.

— Sim, mas se não fosse por mim, você não teria comprado nenhum. — falou convencida e cruzei os braços.

— Isso não é justo.

— Quem disse? – Perguntou séria e em seguida começou a rir divertida. — Estou brincando, Galateia.

— A bom. – Fui pegar o chaveiro da sua mão e ela o afastou rapidamente.

— Só que o chaveiro ainda é meu. — O quê? Como assim ainda é dela?

— Mas você disse que...

— Você me convidou, logo é tudo por sua conta, não foi o que a madame disse quando me sequestrou? — Usou minhas palavras contra mim e guardou o chaveiro no bolso para ir até a pia e suspirei.

— Mas eu não sabia que vinha um brinde, eu quero. — Murmurei por realmente ter gostado do panda. Ela não precisa saber que eu sou apaixonada por brinquedos.

— A culpa não é minha se você não sabia. — Lavou as mãos na pia e as secou na toalha de papel antes de ir até a porta do banheiro e pegar o chaveiro no bolso de novo, o sacudindo antes de sair.

— A não! Victória, eu quero pra mim. — Fui atrás e coloquei ambas as mãos em seus ombros.

— Sinto muito, mas não estamos em negociações aqui. — Se afastou de mim e desviou o corpo quando tentei segurar seus ombros de novo. Não acredito nisso.

— Qual é! Me dá. — Pedi emburrada e ela riu fechando os olhos para negar com a cabeça.

— Meu pandinha. — Falou convencida saindo da pizzaria e fui rápida em esticar a mão e tomar o chaveiro que segurava, me movendo mais rápido ainda para ficar em uma distância segura dela. — Hey! Me devolve isso. — pediu e dei uma corridinha até meu carro, parando por ela conseguir agarrar meu braço. — Galateia!

— Chora. – Balancei o chaveiro de um lado para o outro e ela esticou a mão para tomá-lo de mim, porém fui mais rápida e o afastei para trás, sendo mais rápida ainda para o erguer no alto por ela tentar pegar outra vez.

— Galateia, isso não é justo! – Segurou meu braço o puxando para baixo, e quando foi pegar o chaveiro eu o arremessei para a outra mão, o sacudindo de pura implicância. - Você é muito má. Se aproveita por ser atleta.

— Suja falando da mal lavada. Você que é uma péssima pegadora de coisas.

— A culpa é minha? – Perguntou e assenti com um sorriso, arregalando os olhos por ela torcer meu braço para trás para pegar o chaveiro.

— Ai, ai! – Brinquei não o soltando e rindo. Caralho, daqui a pouco ela me dá uma chave de braço aqui.

— Qual é Galateia! Me devolve. – Me soltou fazendo um bico e ri divertida.

— Palavrinha mágica?

— Por favor.

— Errado! Era pote. – Brinquei e passei a argola do chaveiro no dedo para o colocar dentro da mão e fechar.

— Você pegou mesmo para você? — Perguntou com uma carinha de choro e parei de rir ao ver seu beicinho. Suspirei lhe estendendo o chaveiro. Droga, eu sou muito fraca.

— Eeeeeeh, obrigada. – O pegou animada e fez uma dancinha da vitória. – Não acredito que você caiu nessa, bobona. – Riu e suspirei. Concordo, sou realmente boba por ter caído nisso, sendo que claramente ela estava me enganando.

— Tudo bem, eu não queria. – Murmurei e ela suspirou vindo para minha frente e me abraçando com carinho. Eu estou começando a me acostumar com esses abraços aleatórios que ela me dá.

— Obrigada por me trazer ao teatro. – Agradeceu beijando meu rosto algumas vezes seguidas e sorri apreciando o carinho. Ela foge dos meus flertes, mas em toda e qualquer oportunidade, está me abraçando.

— De nada, mas você não precisa me agradecer. Eu que fico feliz que tenha vindo comigo.

— E vou continuar agradecendo sim! Eu vi a peça de camarote. — Murmurou e se afastou para sorrir.

— Quer vir quando tiver outra peça? — Convidei e ela arregalou os olhos.

—Está me convidando de novo? – Ficou vermelha e assenti.

— Com toda a certeza. Seus comentários durante a peça são os melhores. – Sorri e ela soltou uma risada.

— E os seus no fim dela são melhores ainda. Quero ver se vai ser um oráculo defeituoso de novo. – Brincou e neguei com a cabeça, me lembrando que odiei a peça. — Você não sabe perder. –  Implicou e dei de ombros não me importando. Infelizmente é uma falha minha

— Você que ficou se gabando quando claramente só copiou a minha profecia. – Brinquei de volta e ela sorriu me abraçando ao pular em mim do nada.

— Você é muito fofa garota, Argh! — Reclamou e não consegui segurar o riso. — Que droga, sair com você é muito legal. Quero sim vir na próxima vez, daí te deixo ficar com o brinde.

— Deixa né? Sei bem que você deixa, mais um pouco e me dava uma rasteira e me deixava amarrada no meio da rua.

— Possivelmente, mas não é você que é a fodona faixa preta? Certeza que me derrubaria primeiro.

— Mas é claro que sim. — Me gabei e ela voltou a se afastar de mim, agora com o rosto vermelho e os olhos focados no chão.

— Podemos tirar uma foto juntas? Eternizar esse momento. – Pediu me olhando rapidamente antes de voltar a atenção para o chão.

— Claro que podemos, assim você me envia ela depois. – Me aproximei mais dela e a mesma ergueu o braço ao abrir a câmera frontal do celular. Andei um pouco até ficar parcialmente atrás do seu corpo e circulei sua cintura com meus braços, sorrindo para câmera por ver o quanto ela se surpreendeu pelo meu ato de lhe abraçar por trás. Assim que ela sorriu para bater a foto eu me inclinei beijando sua bochecha com carinho. — E foi. — Me afastei contente pela fotografia e ela olhou para tela do celular com um sorriso. Infelizmente agora ela precisa ir para casa. Eu só queria poder passar muito tempo com ela, na verdade, se eu pudesse, ficaria abraçada com ela todos os minutos que passamos juntas.

Victória Pov.

Abri a porta entrando em casa e Vanessa que estava tomando uma taça de sorvete sentada no sofá, me olhou com uma expressão maliciosa. Revirei os olhos e tirei o casaco o pendurando no gancho ao lado da porta, só para dar vários pulinhos no mesmo lugar em comemoração.

— Uma boiola feliz não quer guerra com ninguém, não é mesmo? — Vane brincou e me joguei no sofá ao seu lado.

— Nunca achei que diria isso, mas muito obrigada por não me levar para o teatro. Sair com a Galateia é a coisa mais legal desse mundo. — Comemorei animada e ela riu negando com a cabeça.

— Você demorou para chegar em casa. Seu pai só não saiu te farejando pela rua, porque sabia que estava com a Galateia. Uma mensagem de texto não ia cair a sua mão, Vick. — Se ergueu para ir até a cozinha e parou no meio do caminho para olhar para trás. — Vai tomar um banho e dormir, porque sabe como seu pai funciona quando você dá uma mancada. — Alertou e fiz uma careta em desgosto. Ele vai me acordar as cinco da manhã pra absolutamente nada.

— Certo, pede desculpa por mim. — Murmurei me levantando também.

— Você resolve os seus B.O sozinha, eu vou é dormir. — Jogou beijo e revirei os olhos indo para meu quarto. Fiquei tão entretida com a Galateia que nem lembrei de avisar ao meu pai, se bem que não está tão tarde assim. Não é nem onze horas da noite, mas eu realmente devia ter avisado, saco.

XxX

— Deixa eu ver se entendi, a Galateia comeu um hamburguer sem ficar com nojinho e fazer vômito? — Vicent perguntou rindo e peguei meu celular o mostrando a foto que obriguei Jhu a olhar por quase a manhã toda. - Não! Para com isso, gatinha. Qual hacker você tá usando? Porra... Conseguiu uma foto com a Ninfa? E não qualquer foto né? Isso aqui é “A foto”. Como?

— Ué... Eu pedi pra ela tirar uma foto comigo. – Contei acariciando o rosto dela na foto e Vicent suspirou.

— Na boa, Vick. Eu não sei como consegue a convencer de fazer coisas que ela odeia com um simples pedido! Ah não ser que... Não! Seria muita sorte.

— O quê?

— Acho que Galateia gosta de você. Se não for romanticamente, vai ser.

— Você acha mesmo? – Perguntei esperançosa e ele suspirou.

— Pelo que estou vendo, sim. Eu e a Ninfa não contamos os sentimentos um pro outro, mas ela tá agindo totalmente diferente do normal dela com você. ELA SORRI quando você tá perto, eu nem sabia que ela tinha dente. – Brincou e ri me escorando para trás na cadeira, sorrindo por ver ela entrar na sala

— Vocês precisam ver o horror que está àquela cantina. Parece um hospício. Nunca mais volto lá. — Resmungou sentando ao meu lado e fechei os olhos por ela iniciar um carinho no meu cabelo. Eu amo essa mania dela de do nada começar a me fazer carinho. — Comprei seu suco, Vicent. – Avisou e tirou o suco da sacola que tinha em mãos. — Pra você eu trouxe suco e bombom, Victória. – Estendeu-me o suco de uva e o bombom, o que me sentei direito para pegar.

— Obrigada.

— Eu só ganho suco? — Vicent perguntou emburrado.

— Não, seu chato. Te trouxe bombom também. – Jogou um dos bombons nele e o mesmo estreitou os olhos.

— Então é assim que funciona? Com a Vick você entrega o bombom toda fofa, mas comigo está pouco se fodendo se vai me assassinar, né? – Resmungou e não pude evitar não rir. Vicent é muito idiota, pelo amor de Deus.

— Um bombom não vai te matar. – Falou começando a desembrulhar seu bombom com uma expressão tediosa.

— Tá! Mas com a força que jogou e-

— Cala a boca. Se eu quisesse te matar, igual já quis, não seria te jogando um bombom. – Murmurou e Vicent colocou a mão no peito se fazendo de ofendido.

— Tá, mas fala aí. Como foi o teatro? – Perguntou e lhe olhei confusa. Por que ele quer saber se acabei de contar como foi?

— Foi muito legal. Vick é muito divertida e engraçada! Eu adorei. – Mordeu seu bombom e sorri. Você que é divertida.

— Hm! Seu mau humor não conseguiu abafar o brilho avassalador dela não, né? Estou sabendo, essa baixinha é sagaz – Brincou e Galateia negou com a cabeça.

— Eu não estava de mau humor.

— Não? Sério Vick? – Perguntou fingindo surpresa e sorri.

— Sério! Ela estava fofa.

— Você que estava absurdamente linda. — Corei com as palavras dela e Vicent sorriu de canto.

— Estava linda, né? Imaginando as duas juntas aqui. Aposto que pareciam um casalzinho lindo. – Senti meu rosto queimar e olhei para Galateia, vendo que ela o observava em silêncio. — O que foi? Vick nem se importa com minhas brincadeiras, além do mais, não vejo problema em shippar vocês. São fofas juntas e eu quero que namorem, casem e me adotem. – Pelo amor de Deus, não acredito que ele disse isso.

— Eu até casaria, mas ela não liga pra mim. — Falou e tanto eu quanto o Vicent arregalamos os olhos em surpresa por ela entrar na brincadeira.

— Eu não ligo? Você só pode estar de brincadeira comigo. No meu coração já somos casadas e temos um cachorro. — Falei em tom de brincadeira e ela riu.

— No meu a gente mora em uma casa super bonita com uma piscina gigante. — Completou e dei um gritinho empolgada. Meu Deus, quem dera ela estivesse falando sério.

— No meu eu vou visitar vocês todo fim de semana com a Sam. — Vicent entrou no meio e Galateia fez uma careta me abraçando de lado.

— No meu não tem espaço pra você, só tem Vick e eu, ponto. — Resmungou e beijei seu rosto com carinho. Eu daria tudo pra isso ser uma previsão do meu oráculo defeituoso, com exceção da parte do Vicent, claro. Eu adoraria ter ele me visitando em um possível futuro com a Galateia.


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Notas finais do capítulo

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