A Very Weasley Christmas escrita por Morgan


Capítulo 4
You promised the rest of my life, Fred Weasley, and I'm saying yes




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Assim que o relógio apontou a hora marcada por Fred, Georgie saiu do quarto. Nem se preocupava de parecer ansiosa. Havia contado as horas para todos irem embora e a família toda se retirar para que pudesse saber o que Fred planejava.

Ela não sabia o que esperar. De verdade.

Fred sempre fora muito mais imprevisível do que George, então a garota nem se deu ao trabalho de tentar adivinhar. Mas ela definitivamente não esperava por isso.

Quando Georgie desceu os pequenos degraus em direção a entrada da casa, o avistou encostado no Ford Anglia azul de seu pai e assim que seus olhos pousaram no garoto, ficou sem palavras. Ele não estava usando seu pijama, como havia instruído Georgie a fazer também. Vestia uma calça jeans escura e uma jaqueta de couro preta por cima de uma camiseta branca. Seus cabelos, que já começavam a crescer mesmo tendo sido cortados a pouco tempo, balançavam levemente com o vento, as luzes fracas dos postes que ficavam acesos durante a noite a frente da casa terminavam de completar o ar celestial em volta de Fred Weasley.

Georgie achou que ele parecia um anjo.

E quando ele se virou para ela e abriu um de seus sorrisos de lado que só podiam ser calculados para deixá-la pensando besteiras, ela teve certeza. E não era com qualquer anjo que ele parecia.

Fred Weasley era como um anjo caído.

Era como se ele fosse o próprio sol, fazendo com que todos orbitassem em volta dele. Parecia uma péssima ideia dos pés a cabeça, mas Georgie nunca soube dizer não a nenhuma das péssimas ideias que Fred já tivera. Especialmente essa, embalada em couro mostrando como o garoto parecia mais forte agora do que no natal passado.

— Pontual como sempre – disse ele, passando a mão pelo cabelo tentando fazer com que ele não ficasse sob sua testa.

— Eu tento ser – disse Georgie e porque não conseguia resistir e muito menos tirar os olhos dele, completou: – Bonita jaqueta.

— Obrigado – disse. – Presente de Bill.

Obrigada, Bill. Mil vezes obrigada.

Georgie havia passado a hora inteira de intervalo entre o horário marcado com Fred e a hora que Ginny dormiu pensando em que diabos estava fazendo. E chegou à conclusão que não sabia.

A única coisa que sabia era que Fred parecia querer... mais.

E ela não conseguia dizer não.

Ela não queria dizer não.

Ele havia dado a ela a oportunidade de dizer. Era só dizer "Sim, Fred. Acho que George deveria vir conosco", mas ela não disse. Novamente, ela não queria dizer.

Georgie já havia conhecido vários garotos. Sabia quando eles estavam interessados nela. Mas aquele era Fred. Ela precisava ter certeza. Precisava estar na área segura até saber exatamente o que ele estava pensando e o que ele estava querendo. E se ela estivesse entendendo tudo de maneira errada e acabasse não apenas estragando sua amizade com Fred, mas também com toda a família dele? Ela não suportaria.

Pior, e se ela estivesse mesmo entendendo tudo certo e Fred quisesse algo com ela? Ela seria capaz de dizer não? Um relacionamento que terminasse mal também seria capaz de estragar a ótima relação que ela sempre teve com Molly, George e todo o resto da família. Ele sempre seria o irmão deles, não ela.

Mas ela conseguiria dizer não a ele?

Por alguns minutos ela pensou que sim. Alguns poucos minutos. Talvez apenas alguns segundos. Se ela não estivesse parada em frente a ele, talvez conseguisse ter acreditado nisso por mais algum tempo. 

Ela não era capaz de dizer não a Fred desde o que dia em que se beijaram. Ela passou tanto tempo revivendo aquele beijo. Tanto tempo que, se alguém pegasse os pergaminhos do inicio do seu sexto ano em Hogwarts, veria nas pontas de todos eles "É, estranho", porque ela precisou se forçar a lembrar diariamente de que não deveria estar pensando naquilo, pois Fred havia deixado claro que não pensaria e eles eram amigos, por Merlin, estavam sempre juntos com George e Daisy. Não podia deixar isso tomar conta de sua cabeça mais do que já estava. E era assustador, realmente assustador, principalmente porque a garota não podia falar com ninguém sobre isso. George e Daisy pensariam que a garota estava apaixonada por Fred e o pior de tudo: falariam isso em voz alta, coisa que Georgie estava se recusando a fazer pois tornaria tudo real demais.

Então, quando Fred começou a sair com a corvina Lucy Stevenson, Georgie decidiu que era isso. Usou toda sua força de vontade para mandar aquela lembrança para o local mais distante que pudesse existir em sua mente. E funcionou. Claro que o interesse repetindo de Cedric Diggory nela ajudou. E também a morte de sua mãe... Bem, tudo isso ajudou Georgie a trancar aquela memória e ela manteve assim até o dia em que Fred a abraçara. Até o dia em que ele sorriu para ela e pediu que viesse para casa com ele e o irmão.

Mas Georgie não conseguia mais impor esses limites a si mesma. Não quando Fred agia dessa maneira e definitivamente não com ele parecendo um astro de rock trouxa (Harry havia mostrado a ela algumas bandas) esperando por ela.

— Então, vamos? – disse ele batendo as mãos e as esfregando uma na outra.

— Estou pronta quando você estiver. Vamos aparatar?

— Não – disse ele e se afastou do carro apenas o suficiente para abrir a porta do banco de carona. – Vamos de carro.

O queixo de Georgie caiu.

— Você está brincando.

— Nunca brinco quando o assunto é o Ford Anglia – disse em tom ofendido. 

— Fred, sua mãe mataria você e me faria assistir, o que faria eu me sentir culpada e seria pior ainda.

Ele riu e deu um passo em direção a Georgie.

— Ela não vai nos pegar. Não vamos ficar tanto tempo longe.

Fred parecia calmo e confiante, mas ele sempre parecia calmo e confiante, até mesmo quando as coisas davam errado sua postura continuava a mesma, então Georgie nunca havia comprado aquela pose. 

— Mas para onde vamos? Por que não podemos aparatar? Somos bruxos afinal, sabia?

— Vamos lá, Georgiana, não seja medrosa.

Georgie mordeu o lábio, avaliando o carro atrás de Fred, depois voltando a olhar o garoto a sua frente.

— Seu pai consertou mesmo essa coisa?

— Novinho em folha.

— E você tem certeza que sabe dirigir? Não vamos sofrer um acidente?

O sorriso de Fred diminuiu e ele olhou para Georgie com toda sinceridade que conseguia – Eu nunca colocaria você em perigo. Você não confia em mim?

Georgie soltou uma risada fraca, mas seu olhar era amigável.

— Não muito, na verdade – respondeu. – Não importa onde você queira ir, sei que se aparatássemos seria muito mais rápido.

Ele concordou e puxou Georgie pelo braço, fazendo com que ela se encostasse no carro, assim como ele.

— Seria – disse. – Mas quero te mostrar uma coisa legal, lembra? Não vou conseguir fazer isso se não formos lá voando.

Georgie piscou, ficando de repente, muito rígida.

Então era sobre isso.

— Fred... – começou ela, mas Fred a interrompeu, colocando-se na frente de Georgie e segurando em seus ombros delicadamente. Não queria a prender ali, queria apenas segurá-la. Era isso que seu toque fez Georgie sentir. Ele estava mais perto agora do que estava na árvore e ela estremeceu.

— Eu só quero te mostrar uma coisa, tudo bem? – disse serenamente. – Se você ficar nervosa, com medo ou qualquer coisa do tipo, descemos na mesma hora. Não vai ser problema. Uma palavra sua e esse volta a ser um carro como qualquer outro.

Georgie encarou os olhos do garoto. Havia esquecido que o Ford Anglia voava, ela sabia disso, é claro, mas o pensamento simplesmente havia escapado de sua mente e as palavras de Fred a martelavam.

— Você pode confiar em mim – disse. – Nunca faria nada de ruim com você que não viesse em uma caixa escrito "Produtos Weasley".

A garota riu fraco, sabia que ele estava tentando aliviar o clima e lentamente assentiu.

— Estou do seu lado, Georgie. Não sairei daqui. Você sabe que não vou – disse e ela suspirou. E lá vai ele, a chamando de Georgie novamente. Como seu apelido havia ficado tão bonito em seus lábios? Sempre havia sido assim?

Então, antes que pudesse questionar mais alguma coisa, antes que deixasse que sua mente a afugentasse e a fizesse ter medo de um simples carro, respirou fundo e balançou a cabeça.

— Uma palavra, você disse – falou ela. – Uma palavra e voltamos para a terra firme.

— Uma palavra – reafirmou ele abrindo a porta e deixando que Georgie se sentasse no banco. Fred fechou a porta lentamente sem tirar os olhos dela e correu até o banco de motorista.

Fred colocou a chave da ignição e pisou no freio com o pé direito enquanto levava o outro pé até alguma coisa que Georgie não sabia o que era.

Ela puxou o cinto na lateral do carro e o colocou em volta dela, enquanto Fred puxava o freio de mão e de repente, todo o carro começava a tomar vida embaixo deles. O painel acendeu e no instante seguinte, eles estavam andando. Fred acelerou, afastando-se o máximo que podia d'A Toca enquanto Georgie o observava com atenção. Ele estava com o cenho franzido olhando diretamente para sua frente e a garota riu.

— Você nunca fez isso sozinho, não é?

— O que? – perguntou ele.

— Nunca andou nesse carro sozinho antes.

Ele ficou em silêncio e Georgie riu mais ainda.

— Sou sempre eu quem dirijo – disse ele na defensiva. – George geralmente me lembra das coisas que eu esqueço, como em que botão apertar.

— E você não sabe disso?! – exclamou ela. – Como me coloca dentro de um carro que você só dirigiu até hoje com um manual falante ao seu lado?!

— Eu aprendi! – disse em voz alta. – Caramba, você é muito controladora!

— Não, você é que não liga para nada! – disse cruzando os braços e olhando pela janela. Estava totalmente escuro e eles já estavam relativamente distantes da casa.

— Eu dirijo melhor que o papai – alegou ele e Georgie revirou os olhos com a mentira deslavada. – Escute... – Georgie o olhou, sua voz muito mais doce e calma do que antes – Vamos decolar agora. Tudo bem?

Georgie olhou pela janela, sua respiração começando a ficar difícil.

— Não, não – pediu ele, tirando uma das mãos do volante e segurando a mão de Georgie. – Vamos fazer um trato.

— Que trato?

— Não olhe pela janela até eu pedir. Olhe para mim.

— Mas você está ocupado olhando para o que vem a frente.

— E eu preciso olhar para você o tempo todo?

— É estranho olhar para alguém quando essa pessoa está ocupada, é só isso – insistiu Georgie e Fred revirou os olhos.

— Apenas olhe pra mim – disse e dessa vez se virou rapidamente para ela.

— Tudo bem – disse Georgie colocando-se de lado e olhando para Fred. – Vamos decolar.

Fred assentiu com um sorriso, engatou mais uma marcha, colocou seu pé no acelerador e subiu. Georgie não conseguiu evitar ver quando os pequenos morros e árvores começaram a sumir de vista conforme subiam na janela ao lado de Fred, mas tentou focar apenas nele como o mesmo havia pedido.

— Como está se sentindo?

Georgie respirou fundo observando a ponta do nariz arrebitado de Fred e como ele olhava fixamente para frente como se pudesse aparecer um carro a qualquer momento.

Bem, talvez não um carro, mas definitivamente um pássaro.

— Bem.

— Bem de verdade ou está dando uma de Georgie?

Georgie ergueu uma sobrancelha – O que seria "dar uma de Georgie"?

— Você tem uma mania muito feia de nunca dizer a verdade quando algo te incomoda – disse ele dando de ombros. – Sempre que eu digo alguma mentira, George me acusa de dar uma de Georgie. Fazemos isso com Daisy também.

A boca da garota se abriu, de repente se sentindo muito traída. Ela bufou e cruzou os braços olhando para Fred.

— Não acredito nisso! Meus melhores amigos dividindo uma piada sobre mim sem mim!

Fred riu e a olhou pelo canto do olho – Não foi eu quem começou...

— Mas você também não me contou!

O sorriso de Fred se abriu mais ainda, mas ele não disse mais nada. Georgie inclinou a cabeça lentamente para o lado, estudando a expressão e o silêncio do Weasley.

— Você está diferente, Fred.

— Diferente?

— Sim, diferente.

— Diferente melhor? – perguntou ele olhando para Georgie sem se importar se ainda estava dirigindo ou não.

— Eu... ahn... não sei – respondeu, sentindo-se de repente muito exposta com o olhar de Fred sobre ela. – Você nunca foi ruim. Só está... diferente.

— Você não está com frio? – perguntou, mudando de assunto, quando Georgie abraçou a si mesma. Ela usava uma meia calça preta e uma saia da mesma cor, mas seu suéter rosa parecia extremamente fino.

— Só um pouco, mas não tem pro–

— Vamos descer – avisou ele.

E pela primeira vez desde que o carro havia começado a voar, Georgie tirou seus olhos de Fred e mirou na janela ao seu lado. O céu estava iluminado apenas pelos faróis do carro e ela não fazia ideia do lugar em que sobrevoavam, mas ainda assim, abaixou o vidro e esticou a cabeça para fora, sem se importar de parecer infantil na frente do garoto ao seu lado.

Mal tinha percebido que estava no ar se ele não tivesse avisado que estavam prestes a descer. Seu coração havia ameaçado sair pela boca quando Fred deu a ela a possibilidade, pensou seriamente em apenas correr de volta para casa, mas agora que estavam ali... Não parecia nada assustador. Talvez por não estar sozinha, talvez por um carro ser totalmente diferente de uma vassoura, Georgie não conseguia saber. Só conseguia fechar os olhos enquanto o vento batia em seu rosto e ela se dava conta de que talvez tivesse sentido mais falta disso do que pensava.

Ao seu lado, Fred a observava silenciosamente, fazendo o máximo que podia para não descerem e o momento de Georgie se prolongar máximo que conseguisse.

Ele desceu lentamente depois de algum tempo sobrevoando o local e só então Georgie abriu os olhos.

— Fique aí – pediu ele, saindo do carro e dando a volta, parando em frente a porta de Georgie a abrindo. A garota olhou para Fred por alguns segundos antes de rir sozinha e sair do carro.

— Que cavalheiro. Onde estava você quando um certo alguém me empurrou dentro do galinheiro? Ou dentro do lago negro? Quem sabe dentro do...

Ele revirou os olhos, mas havia a sombra de um sorriso em seu rosto quando a interrompeu – Nós éramos crianças!

— Fred, isso foi ano passado.

Ele deu de ombros.

— Você fica muito presa ao passado, Georgiana.

Georgie abriu a boca, mas percebeu onde estavam e se calou. Fazia pouco mais de um ano que não vinham ao Parque St. Oken, a última vez que estiveram ali foi no aniversário de Molly Weasley. O parque ficava dentro de um vilarejo trouxa não muito distante d'A Toca. Georgie sabia disso pois nesse mesmo dia, Fred e George haviam fugido por pelo menos duas horas para verem duas garotas trouxas que não paravam de olhar para eles e haviam ficado encantadas com os "truques de mágica" que George conseguia fazer.

— Não acredito que estamos aqui – disse ela a Fred quando os dois começaram a andar. – Poderíamos ter vindo até a pé!

— O próposito do carro não era esse – respondeu.

— E qual era?

— O próposito era mostrar que seu medo não está em voar – respondeu, calmo. – Mostrar que, na verdade, você ama voar. Está dentro de você, exatamente como estava em Tia Jenna.

Georgie o olhou, pensativa.

— Me diga como você se sentiu – pediu ele e Georgie suspirou suavemente enquanto sentia um arrepio de frio percorrer seu corpo e olhava para frente.

— Sim, não senti medo, se é isso que quer saber – respondeu e apontou um dedo acusatório para Fred ao acrescentar: – E não estou "dando uma de Georgie"!

Fred riu alto – Juro, você é a pessoa mais rancorosa que já conheci.

— Meus melhores amigos! – exclamou ela novamente pronta para adicionar mais drama naquilo, quando congelou no lugar ao sentir um pesado e quente tecido em seus ombros. Fred havia tirado sua jaqueta e estava dando a ela – Não precisa!

Ela fez menção de tirar, mas Fred a segurou firme sob seus ombros e balançou a cabeça.

— Sou mesmo um de seus melhores amigos? Como George? – perguntou ele de repente, parado em frente a garota segurando nas pontas da gola da jaqueta, mantendo-a firme ao redor de Georgie, que por sua vez já não sentia tanto frio assim com a proximidade repentina de Fred.

— Que tipo de pergunta é essa? – disse ela, forçando uma risada, mas parando ao ver que Fred não sorria junto com ela. Pelo contrário, ele a olhava sério. – Ando com você e George desde que aprendemos a andar! Você é um idiota na maior parte do tempo, mas... bem... é um dos meus idiotas, não é? Sempre pensei que sim. 

Fred soltou lentamente a gola da jaqueta, deixando que uma das mãos descesse de encontro a mão de Georgie. Seus dedos se tocaram levemente e o garoto sentiu que todo o sangue estava prestes a sumir de suas pernas quando Georgie não desviou o olhar dele nem por um segundo, muito menos afastou sua mão, nem mesmo quando ele engoliu em seco, reunindo toda sua coragem e entrelaçou seus dedos no dela.

— Quero te mostrar uma coisa.

Georgie não respondeu, apenas seguiu Fred enquanto ele a puxava pela mão. A mão dele era quente e apertava a sua com mais força do que o necessário, ela reparou, como se ela pudesse se soltar a qualquer momento, mas ela não questionou. Tinha medo de falar e acabar dando voz ao único pensamento que rondava em sua mente como se ela tivesse 11 anos:

Fred Weasley está segurando a minha mão! Fred Weasley está segurando a minha mão! Fred Weasley está segurando a minha mão! Fred Weasley está segurando a minha mão!

E ele não soltou nem mesmo quando começaram a subir uma pequena subida íngreme em um local bem mais afastado da entrada do parque. Georgie, nunca, jamais, iria para qualquer lugar com alguém dessa maneira. Sem saber de nada e sem sequer perguntar, mas ela sabia, mesmo que dissesse o contrário para provocá-lo, sabia que confiava em Fred com a sua vida da mesma forma que confiara em George a vida toda.

Quando terminaram de subir no entanto, sua boca se abriu em um perfeito círculo e seus olhos foram incapazes de processar tanta beleza de uma só vez. Era um jardim gigantesco, bem maior do que o pomar n'A Toca, mas cada pequeno local era ocupado por flores de todas as cores possíveis. Haviam algumas árvores espalhadas pelo local, mas eram as flores que chamavam atenção e elas eram perfeitamente iluminadas por postes no canto e vagalumes que voavam para lá e para cá ao redor delas. Havia também, Georgie reparou depois de um tempo olhando de um lado para o outro embasbacada com tanta beleza, pequenas estradinhas feitas de pedra, provavelmente para que as pessoas conseguissem caminhar sem estragar nenhuma das flores que ali nasciam. Eles começaram a caminhar lentamente na primeira estrada que nascia em frente aos dois.

— Fred, esse lugar é tão lindo! – exclamou. – Como você o achou?!

— Sua mãe me mostrou – respondeu, fazendo com que Georgie parasse no meio do caminho e se virasse para ele.

— Minha mãe? – ela olhou em volta, sem acreditar. – Minha mãe conhecia um lugar como esse?

Fred assentiu e soltou a mão dela, deixando um vazio gelado que Georgie não gostou nada.

— Vou te explicar, mas primeiro preciso te dizer uma coisa. Você precisa me prometer que vai me deixar terminar, Georgie ou eu juro por Merlin que nunca mais conseguirei dizer nada parecido.

— Tudo bem... – concordou ela ao perceber o quanto o garoto parecia nervoso e reprimindo uma risada ao perceber a dualidade dele de uma hora chamá-la de Georgiana e na outra de Georgie. Mas Fred não sorria, seu rosto estava impassível e seu coração batia forte. Sentia que todo seu corpo o mandava correr, porque aquilo definitivamente não era uma boa ideia, mas ele sabia que era apenas a sua insegurança falando. Georgie esperou pacientemente os lentos segundos que se passaram até Fred conseguir começar a falar. 

— Eu não quero ser como George, não quer ser seu melhor amigo... – disse ele e Georgie ergueu uma sobrancelha.

— Está... terminando... sua amizade comigo? – questionou a garota confusa, franzindo o cenho começando a ficar irritada com os pensamentos que se formavam em sua cabeça e Fred riu em um misto de frustração e humor.

— Não! Não! – exclamou ele ainda rindo, balançando as mãos no ar. – Foi exatamente por isso que eu te pedi para esperar eu terminar!

— Bem, mas olhe só o que você disse! – acusou ela e Fred suspirou. Se seu irmão o visse naquele momento, ele nunca mais seria feliz novamente porque George faria piada de sua cara o resto da vida. Mas não conseguia evitar. Apenas em existir Georgie já o deixava nervoso. Não era um esforço para ele ser gentil com ela, mesmo que esse não fosse o costume com eles, não era esse o problema. O problema sempre fora nele. Nunca foi bom com palavras como seu irmão gêmeo, não palavras assim. Imagine só fazer isso com Georgiana Morgan então.

— Georgie – chamou ele, desistindo e apenas dando um passo em direção a garota. Sua linguagem amorosa sempre fora física. Fred levou a mão ao rosto de Georgie, passando seu polegar levemente sob as sardas na bochecha da garota. – Você realmente não consegue ver?

— Ver o que? – murmurou ela quando Fred ergueu seu rosto fazendo com que tudo que ela visse fosse os olhos cor-de-mel dele, a encarando com tanta emoção e significado que Georgie sentiu o ar ao redor deles pesar. 

— Você pensa sobre aquele dia? – perguntou. – Aquele dia na sala comunal em que nos beijamos?

Fred a olhava de uma maneira tão única, tão intensa, que não existia nenhuma forma no mundo que fizesse com que a garota fosse menos do que sincera.

— Sim – respondeu simplesmente. – Você?

Fred soltou uma curta risada e balançou a cabeça.

— Penso naquele dia todos os dias, Georgie, porque depois daquele dia não consegui mais agir como se não fosse completamente apaixonado por você – disse Fred e Georgie teve certeza que tudo ao seu redor havia sumido, porque ela não conseguia sentir nada além da mão de Fred quente e suave em seu rosto.

— Você nunca...

— Você disse que eu sou um dos seus idiotas, não é? – Fred sorriu. – Não. Eu sou idiota por você, Morgan. Apenas por você. Acho que sempre gostei de você – continuou ele. – Desde que éramos crianças, mas só conseguia chamar sua atenção sendo, bem, você sabe, eu. Por muito tempo pensei que seria você e George como mamãe, Bill, Ginny, todo mundo. Mas depois daquele beijo ficou difícil continuar fingindo. Não... – ele balançou a cabeça. – Desde que você começou a sair com Oliver ficou difícil continuar fingindo. Foi como um tapa na minha cara. Uma vida inteira de sentimentos caindo em cima de mim em um só segundo. 

O peito de Georgie subia e descia rapidamente. Seria mentira dizer que ela não pensou sobre isso, é claro que ela pensou, mas ter Fred se declarando assim... Parecia algo que só aconteceria em seus sonhos mais profundos. Aqueles sonhos que ela havia proibido de entrarem em sua mente.

Mas aquilo não era um sonho e quando ele levou outra mão para o seu rosto e colou seu corpo no dela, ela teve certeza, e a atingiu como uma avalanche. Finalmente teve a certeza que Fred já tinha a tanto tempo. 

— Você disse que havia sido estranho – disse e balançou a cabeça. – Eu pensei... pensei... pensei que você tinha odiado!

— E você disse que jamais aconteceria de novo.

— Porque pensei que eu estava sozinha!

— Sozinha? 

— Freddie, beijar você foi tão incrível que eu senti que poderia esquecer o meu nome! – exclamou Georgie, mais alto do que pretendia – Eu pensei nisso por tanto, tanto tempo que eu comecei a escrever que foi estranho pelos lugares para que eu parasse de pensar nisso porque senão... senão...

Agora foi a vez de Fred de balançar a cabeça. Não havia sido coisa de sua cabeça? Ela havia sentido a mesma coisa que ele?

Então ele riu sem acreditar no que estava acontecendo.

— Mas e Oliver?

— E Lucy Stevenson? – retrucou a garota com uma sobrancelha erguida e um sorriso no rosto.

— Georgie, você tem noção do que eu estou dizendo aqui, não tem? – disse ele. – Eu estou apaixonado por você. Provavelmente sou apaixonado por você desde o dia em que colocamos minhocas nas coisas de Percy quando tínhamos uns cinco anos. Não consigo passar mais um dia ouvindo alguém dizer que você ficará com alguém que não seja eu.

— Tínhamos quatro anos.

— Georgiana — repetiu ele.

— Eu sei, Freddie. Eu entendi! 

— Não, não acho que você sabe – ele balançou a cabeça, decidido, afastando as mãos dela e dando um passo para trás. Georgie franziu o cenho. – Estou dizendo que a partir do momento em que você disser sim, não terá mais volta. Você estará presa comigo o resto da vida. Eu. E eu não sou nada como... como Cedric Diggory. Sou só eu.

O coração de Fred batia tão forte que ele achava que podia atravessar seu corpo, mas ele precisava deixar claro para Georgie no que ela estava se metendo antes de dizer sim, porque por Merlin, ela fitava tanto seus lábios enquanto ele falava que seria loucura pensar que ela não diria sim. Ela era o tipo de garota que saía com caras como Wood e Diggory e ele era só ele. Fred precisava que Georgie entendesse isso antes de mais nada.

Mas agora que eles estavam ali, agora que a realidade batia a porta de Georgie com toda força e nem sequer esperava ser chamada para entrar, ela não recuaria. 

Era como se uma porta tivesse sido aberta também em sua cabeça, deixando com que todos os sentimentos que ela havia tentado interromper tempos atrás a atravessassem com força e sem piedade nenhuma, porque nada mais importava agora que ela sabia que Fred Weasley estava apaixonado por ela.

E pelas barbas de Merlin, que ela fosse amaldiçoada mil vezes se dissesse que não estava também.

Georgie deu um passo a frente depois de ouvir tudo que Fred havia falado tão rápido que ela nem sabia como ele tinha conseguido respirar. 

— Eu sei que você não é como Cedric – disse devagar. – Sei que você não é como nenhum outro, porque você é melhor. Você acabou de roubar o carro do seu pai porque queria me mostrar que consigo voar e nós dois sabemos como sua mãe é com raiva. Você não é "só" você. Você é Fred Weasley – ela abriu um sorriso travesso para ele. – Frederick Gideon Weasley. E isso significa mais do que o mundo para mim. 

Fred sorriu encarando os dois grandes universos azuis de Georgie enquanto ela piscava lentamente.

— Estou me sentindo muito idiota agora por ter tentado tanto afastar esses sentimentos de mim – disse ela.

— Você teve motivo – disse ele. – Eu só tive medo. Estou pior que você nessa.

Os dois se encararam por um tempo antes de começarem a rir ao mesmo tempo. Nenhum dos dois conseguia acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo. Haviam falado tudo que sentiam, tudo que haviam guardado dos outros e de si mesmos. Sentiam-se despidos e envergonhados e a resposta com os dois sempre foi rir, sempre fora o que faziam de melhor. Isso e fazerem George perder os cabelos quando alguém provocava os dois e eles queriam brigar. Fred balançou a cabeça e puxou Georgie para junto de si, deixando uma mão firme em sua cintura e a outra em seu rosto. Ela fechou os olhos, apenas sentindo o toque dele.

— Não acredito que você está aqui de verdade – murmurou ele.

— Eu acho que não poderia estar em nenhum outro lugar – murmurou Georgie de volta abrindo os olhos. Georgie abriu seus lábios levemente e ficou na ponta dos pés e Fred entendeu. Aproximou-se fazendo com seus lábios roçassem levemente nos dela.

Ele levou uma das mãos a nuca da garota e prendeu os dedos em seu cabelo, puxando levemente, impedindo que ela intensificasse o beijo.

— Freddie... – implorou, quase sem ar.

Mal o nome dele terminou de sair e Fred pressionou seus lábios nos dela de vez, acabando com o espaço entre eles.

Todo e qualquer espaço entre eles acabou naquele momento.

O beijo dois encaixou-se como nenhum outro, Georgie levou suas mãos até as costas do garoto, passeando por toda sua extensão enquanto o beijo era cada vez mais aprofundando.

Georgie sentiu como se o mundo estivesse explodindo e apenas os dois estivessem protegidos dentro daquele jardim brilhante. 

Esse beijo foi totalmente diferente do primeiro que haviam dado. Não estavam testando a temperatura da água, não estavam indo com calma. Estavam com saudade um do outro. Estavam matando o desejo que os consumia desde aquele dia. Nada era calmo, mas tudo era precioso. Fred passou as mãos pelas pernas de Georgie, a levantando. Ela enrolou as pernas ao redor da cintura de Fred e ele praticamente correu até o banco de madeira que estava no fim da pequena estrada, fazendo com que Georgie o abraçasse e soltasse uma risada alta. Ele se sentou ainda com a garota ruiva em seu colo. Georgie deixou que suas pernas atravessassem o espaço aberto do branco abaixo de seu apoio para as costas.

Fred segurou seu rosto com as mãos e começou a depositar beijos por toda sua extensão, em suas bochechas, na ponta do seu nariz, em sua testa, no seu queixo e quando chegou na curva de seu pescoço, diminuiu o ritmo, levando todo o tempo do mundo. Não queria deixar um espaço sequer. Não queria perder um segundo sequer agora que tinha Georgie em seus braços para fazer tudo que havia sonhado por tanto tempo. Georgie sorria tanto que sentia seu rosto doer.

— Eu ainda não acredito que estamos fazendo isso – disse ele e Georgie, que estava com as mãos nos ombros de Fred, puxou o para si e o beijou.

Fred deixou que suas mãos passassem delicadamente e devagar pelas coxas de Georgie, parando quando sua saia começou a subir demais. 

— Eu não acredito que Fred Weasley gosta de mim – sussurrou ela, como se dividisse um segredo, ainda com o rosto de Fred perto do seu.

— Eu não acredito que Georgie Morgan gosta de mim – retrucou ele no mesmo tom, agora deixando que seus dedos subissem a saia da garota no seu colo um pouco mais e apertando suas coxas. 

Ela jogou a cabeça para trás, dizendo algo que Fred não entendeu, mas ainda assim, sorriu e foi até seu pescoço esticado, mordiscando levemente. Georgie puxou seu cabelo, soltando um gemido fraco.

— Não acredito que Georgie Morgan está gemendo para mim também... – murmurou ele.

— Eu não sabia que "Georgie" poderia ficar tão deliciosamente indecente saindo de seus lábios.

— Não é a única coisa deliciosamente indecente que eu sei fazer com eles – comentou Fred, suas sobrancelhas subindo descaradamente quando Georgie olhou de volta para ele. 

— Eu quero conhecer todas as coisas deliciosas e indecentes que você consegue fazer com eles... ou sem eles. 

Fred passou a língua entre os lábios, um sorriso brotando em seu rosto. Talvez devesse ser estranho ter essa conversa com Georgiana, sua amiga Georgiana de infância, mas de alguma forma, não era.  Fred não sabia se os outros veriam desse jeito, provavelmente não, mas ali, naquele momento, ela parecia ter sido feita exatamente para ele, para mais ninguém, nem mesmo para o seu irmão gêmeo, por mais irônico que parecesse. Era como se cada curva de seu corpo tivesse exatamente a forma perfeita para Fred encaixar a sua mão, como se seus lábios soubessem sozinhos aonde ir para provocar os arrepios mais fáceis e os gemidos mais gostosos de Georgie. Suas mãos foram parar na barra de cima de sua saia, puxando devagar o suéter que estava dentro dela e passando seus dedos vagarosamente pela barriga de Georgie.

— Não se preocupe, você vai.

— É bom que sim – disse Georgie, um pequeno sorriso malicioso começando a se formar em seu rosto enquanto ela levava suas mãos até a lateral do cabelo de Fred e se remexia em cima dele. – Você prometeu o resto da minha vida, Fred Weasley, e eu estou dizendo sim. 

 

 


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