A Very Weasley Christmas escrita por Morgan


Capítulo 3
You will not marry George




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/797919/chapter/3

Georgie amava a Toca. Não se lembrava de um dia ter chegado no quintal dos Weasley e não ter pensando o quanto ela adorava aquele lugar. A primeira coisa que qualquer um via quando chegava era o Ford Anglia do sr. Weasley estacionado em frente a garagem, que havia sido destruído uma vez por Rony e Harry, mas agora estava novinho em folha. Atrás da casa tinha o galinheiro, que Georgie adorava ajudar a cuidar quando estava ali, o armário de vassouras e do outro lado da casa tinha também um pequeno lago, um jardim e o lindo pomar de Molly Weasley. Sem contar a parte interior da casa. Sim, Georgie Morgan amava aquele lugar. Como poderia ser diferente quando passara tanto tempo ali, correndo pelos bosques, ensinando os gnomos do jardim a falarem palavrões com Fred e George e montando pequenos campeonatos de quadribol com todos os irmãos Weasley enquanto sua mãe e Molly sentavam-se a frente da casa assistindo os filhos correrem para lá e para cá com duas xicaras de chá?

Apenas estar ali fez Georgie se sentir um pouco mais leve. E ela se odiou por isso. Como ousava pensar em ficar feliz no natal sem a sua mãe?

Assim que entraram no primeiro andar da casa, antes mesmo que Fred e George pudessem se jogar no sofá, Molly Weasley apareceu aos berros. Sua voz sendo ouvida muito antes de seu pequeno corpo aparecer.

— Rony, Harry e Ginny chegaram a horas! Horas! – exclamou ela com sua voz alta e estridente. – E eu apenas me perguntava onde estariam os dois... – ela parou de falar quando viu Georgie no meio dos garotos – Georgiana, querida!

Molly correu e abraçou a garota com tanto carinho que Georgie fez um esforço para expulsar todos os pensamentos negativos de sua cabeça.

— Não sabia que você viria! Pensei que voltaria para casa! Esses – ela soltou Georgie apenas o bastante para desferir um tapa em cada um dos filhos. – Idiotas não disseram! A casa está uma bagunça!

— Não se preocupe com isso, Tia Molly. A Toca está linda como sempre e eles não sabiam. Decidi de última hora.

— E seu pai? Oh, eu vou enviar uma coruja a Elliot, quem sabe agora ele não se anima para vir... – disse ela.

O tom de preocupação na voz da mais velha estava claro. Elliot nunca fora extrovertido como sua mãe Jenna, sempre foi uma pessoa mais difícil, mas o casamento com Jenna o equilibrava. O deixava leve. Os dois eram realmente o par perfeito e todos achavam isso, mas após a sua morte, o homem havia se fechado para tudo e todos. Provavelmente comemorou secretamente quando semanas após a morte de Jenna, Georgie embarcou para Hogwarts.

Georgie não respondeu, apenas sorriu enquanto a mais velha falava sobre almoço e entrava na cozinha.

— Papai quer ficar sozinho – disse Georgie sentando-se no sofá. Fred sentou-se na frente dela e George ao seu lado.

— E como você sabe?

— Porque eu também queria – respondeu, lançando um olhar afiado para os garotos que apenas riram.

— Veja pelo lado bom – disse Fred. – Você poderá nos ajudar nas nossas experiências.

— Foi para isso que vocês me trouxeram aqui? – perguntou. – Para fazer poções para vocês?

— Mas é claro. É a sua melhor e única serventia, Georgiana – disse Fred e Georgie jogou a almofada que estava ao seu lado no garoto, acertando em cheio bem no meio do seu rosto.

— Georgie querida – chamou Molly da cozinha. – Leve suas coisas para o quarto de Ginny, sim? Você ficará com ela! Percy disse que chegava hoje à noite, então não teremos quartos vagos...

— Tudo bem, tia! – gritou de volta indo até o seu malão e tirando a varinha do bolso. – Wingardium Leviosa.

George sorriu para ela enquanto a garota seguia com seus pertences em direção a escada estreita d'A Toca para ir ao quarto de Ginny. Assim que Georgiana sumiu de vista, George apontou para o irmão e depois para o local ao seu lado, onde Georgie estava sentada pouco antes.

— Sente aqui. Agora.

Fred olhou para os lados em busca de ajuda, mas estavam sozinhos na sala. Essa expressão séria no rosto de George nunca era uma boa coisa e ele estava se sentindo levemente traído que em uma casa com milhões de pessoas ninguém estava ali naquele momento para protegê-lo do sermão que ele sentia que George estava prestes a dar.

Com um suspiro derrotado, Fred se levantou e foi até o irmão.

— O que é?

— O que você está querendo? – Fred não respondeu, apenas continuou olhando para o irmão gêmeo sem entender. – Você realmente acha que eu não estou vendo como você está agindo com Georgie?

Fred desviou o olhar na mesma hora.

— Do que você está falando?

— Se tem alguém que eu conheço bem, essa pessoa é você, Freddie.

— E o que isso tem a ver?

— Por que você está agindo como um grande babaca idiota?

Fred olhou para o irmão, assustado. George não o xingava assim. Na maioria das vezes, pelo menos.

— Eu achei que eu não ia precisar fazer isso – disse ele com um suspiro. – Achei que depois daquele beijo vocês se entenderiam, eu realmente achei. Mas você é muito, muito burro, Freddie.

— Ok, eu não estou entendendo nada do que você está falando!

— Fred, eu sei que você gosta dela.

Fred congelou ao lado do irmão. Sabia desde o inicio que era assim que essa conversa acabaria, mas ouvir as palavras saindo da boca de George era diferente. E George o olhava como se lesse sua mente, como se visse através dele como uma folha transparente e não adiantava mentir.

— Como você sabe disso? – murmurou Fred.

— Vai fazer uns três anos que você deixou que um balaço acertasse Katie Bell porque estava ocupado demais rebatendo apenas os que se aproximavam de Georgie.

Fred não conseguiu evitar sorrir.

— Quando vocês se beijaram eu achei que você conversaria com ela.

— Ela disse "não vamos nunca mais fazer isso de novo" logo depois de me beijar – respondeu o garoto na defensiva, como isso explicasse tudo que George queria saber.

— É e você disse que havia sido estranho. Foi estranho?

— Não! – respondeu na mesma hora. Apenas a ideia disso era absurda para Fred.

— Então pronto.

— Você acha que ela gosta de mim?

George deu de ombros com um sorriso.

— Eu não faço ideia. Só estou dizendo que sei que você gosta e isso deveria ser o bastante para parar de agir como um bundão escroto dizendo coisas piores ainda só para chamar a atenção dela.

— Mas eu não... – ele balançou a cabeça. – Não sei como fazer isso!

— Você já ficou com um milhão de garotas antes, Fred – disse George, sem entender.

— Mas essa é Georgiana, a nossa Georgiana!

Fred balançou a cabeça querendo que o movimento fizesse os pensamentos saírem de sua mente. Sim, Fred havia conhecido e ficado com várias garotas antes, mas não era a mesma coisa. Nenhuma delas era Georgie. Nenhuma delas era a incrível, engraçada e divertida Georgie, que dormira em sua casa mais vezes do que é possível contar, que viajou com eles para Romênia e conseguiu convencer Charlie a deixá-la nomear um dragão de Fofinho e até mesmo fez carinho nele quando ninguém mais teve coragem, nem mesmo Fred e George.

Nenhuma delas eram sensíveis como Georgie é, mas gostava de fingir que não, como se no grupo deles só tivesse espaço para uma pessoa chorar com novelas românticas e essa não poderia ser ela. Nenhuma delas fingia tão bem quanto Georgie a ponto de se tornar monitora da Grifinória, mesmo participando de inúmeras pegadinhas que os gêmeos armavam pela escola. Nenhuma delas era tão absurdamente linda com sua pele alva, seus olhos cor de céu, seus lábios rosados e macios de uma maneira que ele ainda nem havia acreditado que conseguira experimentar, tão lindos que pareciam terem sidos desenhados a mão, e cabelos que praticamente mudavam de cor dependendo da luz, mas ele sabia que eram ruivos, assim como os dele e que chamavam atenção de todos os caras mais populares de Hogwarts, fazendo Fred querer explodir de raiva e frustração, porque quem deveria ir a Hogsmeade com ela era ele e não Oliver Wood. Quem deveria levá-la ao baile de inverno deveria ter sido Fred e não a porcaria de Cedric Diggory.

Não.

Ninguém era como ela.

— Mamãe deve ter um caderno guardado por aí com o casamento de vocês montado.

— Fred, eu não vou casar com Georgie – disse o garoto rindo com incredulidade do irmão. – Se fosse para algo acontecer entre nós, você não acha que já teria acontecido?

Fred deu de ombros. Crescera ouvindo as piadas sobre Georgie e George juntos. E a garota não ajudava em nada quando dizia que George não deveria arranjar nenhuma garota, porque a única garota de sua vida deveria ser ela.

— Eu acho que vocês seriam um bom casal – disse o irmão ficando de pé. – E acho que você não perde nada se tentar.

— Apenas o meu orgulho se ela disser não.

— Sim, apenas isso – disse George subindo as escadas, e sem olhar para trás, completou: – Já pensou no que ganharia se ela disser sim?

[...]

— Georgie! – exclamou Bill assim que entrou em casa e correu até a garota para abraçá-la tão forte que a respiração de Georgie até ficou difícil. – Não achei que veria você esse ano, baixinha! Como você está?

Ah, como ela adorava Bill. Conseguia entender perfeitamente o porquê de todas as garotas que já o viram por Hogwarts serem apaixonadas por ele. Ele não era só muito bonito e legal, ele era divertido e gentil. 

— Estou bem – respondeu com um sorriso olhando de lado para a garota loira ao lado dele que não falava nada, apenas observava.

— Essa é a minha namorada Fleur, nós nos conhecemos em Gringotes – disse. – Fleur, essa é minha irmã Georgiana.

— Prrazer em conhecê-le – disse Fleur segurando Georgie pelos ombros e dando um beijo em cada lado de seu rosto.

— Irmã de consideração – esclareceu Fred.

Georgie, Fred, Ginny, Harry, Rony e George estavam todos sentados na sala esperando o almoço quando Bill e Fleur chegaram. Bill agora trabalhava em Gringotes e não mais no Egito, então havia voltado para casa. Percy por outro lado havia saído, agora estava morando em Londres, mas apareceria para o natal. Charlie chegaria em poucas horas também e Georgie estava ansiosa para vê-lo. Ansiosa para ouvir suas novas histórias. Bill havia trazido Fleur para conhecer melhor sua família. Georgie conhecia Fleur do Torneio Tribruxo que aconteceu em Hogwarts em 1994, que Cedric ganhou, mas nunca havia falado com a francesa. A única coisa que sabia dela era que era parte veela e deixava o bobão de Rony sem palavras. Mas a garota parecia educada e era muito bonita. Bill olhava com expectativa para Georgie, como se precisasse que ela gostasse de Fleur já que Ginny já havia decidido odiar a garota.

Georgie não tinha nenhum irmão mais velho, mas Bill sempre cuidou dela como se fosse o seu. Adorava ele por isso.

— É como se fosse de verdade, então algumas vezes esqueço – disse Bill. – E um dia ela se casará com George então será oficialmente nossa irmã.

— Não sei não, Bill – disse a garota. – George é muito difícil, sabe?

— Você acha que só porque me conhece a vida toda vou me entregar para você? – George riu. – Eu preciso de romance também como qualquer outro!

— Do que estão falando? – disse Molly entrando na sala. – Ah, Bill! Você chegou! Como vai, Fleur?

— Estou bem, obrigade, srra. Weasley.

— Estávamos falando do casamento dos dois Georgies.

Molly deu um suspiro. Embora Georgie soubesse que não se casaria com George, não achava que o resto da família conseguia entender isso muito bem. Bill acreditava que eventualmente eles se entenderiam, mas Molly Weasley realmente suspirava como se esperasse ansiosamente o dia em que George chegaria dizendo que havia pedido a mão da amiga em casamento.

George era bonito. 

Não, George era lindo. E Georgie era apaixonada por ele, mas não da forma como as pessoas queriam. Ele era seu melhor amigo. Georgie não conseguia se imaginar o vendo de outra maneira e sabia que ele também não.

— Eu já consigo ver tudo. Usaremos flores rosas, sabem... – disse ela provocando uma chuva de riso nos filhos e em Georgie e Fleur.

Todos riam, exceto Fred, que Georgie observou sair da sala com a cara fechada.

Georgie o seguiu quando o assunto passou a ser a irresponsabilidade fraternal de Percy Weasley e o encontrou sentado nos degraus da parte de trás da casa, olhando as galinhas correndo pelo quintal.

— Quando eu me casar com George, ele ainda vai passar mais tempo com você. Não precisa ficar com ciúmes, Fred.

Fred nem sequer se mexeu enquanto Georgie sentava-se do seu lado. Passara a vida toda ouvindo esse tipo de coisa, mas começava a ficar cada vez mais difícil não demonstrar o quanto o incomodava. 

— Não estou com ciúmes de George – respondeu sério e a garota riu, erguendo as palmas da mão para cima.

— Estou só brincando, não precisa todo estressadinho! 

Fred olhou para Georgie com o canto do olho, a garota havia respirado fundo e fechado os olhos apoiando-se em seus braços.

— Temos que aproveitar o sol – disse ela em voz baixa. – Antes que a neve chegue.

— Não acho que vai nevar nesse lado da cidade – respondeu Fred tentando parar de olhar para ela, mas era em vão. Seus olhos a seguiam por onde quer que ela fosse. – Posso fazer uma pergunta?

Georgie abriu um dos olhos e o mirou em Fred.

— Que educação toda é essa?

— Posso ou não posso fazer a porcaria da pergunta? – disse ele revirando os olhos e fazendo Georgie rir.

— Pode.

— Você... acha que vai voltar a jogar quadribol em algum momento?

Depois que Oliver Wood saiu, Georgie se tornou a nova capitã do time de quadribol durante o sexto ano e foi incrível. Eles até mesmo levaram a Taça de Quadribol. Georgie nunca havia se sentindo tão feliz, embora seus colegas de time a achassem quase tão... entusiasmada quanto Oliver Wood. Ora, ela tinha aprendido com ele. Mas quando voltou para o sétimo ano, depois da morte de sua mãe, a primeira coisa que fez foi procurar McGonagall e Angelina Johnson, dando a garota sua braçadeira de capitã e optando por sair do time. As duas odiaram, é claro. Georgie era a melhor artilheira do time da Grifinória, marcava pelo menos 100 pontos em todas as partidas, havia levado o time a vitória e ela adorava quadribol, adorava de verdade. A mãe de Georgie costumava dizer que ela aprendeu a voar antes mesmo de aprender a ficar de pé direito, mas ela não conseguiria. Não conseguiria subir em uma vassoura, não só pela forma que sua mãe morreu, mas por lembrar tanto dela.

— Não sei – respondeu, sincera. – Acho que não.

— Mesmo você gostando tanto?

— Acho que exatamente por eu gostar tanto – disse dando um sorriso triste a Fred.

— Estou dividido – disse ele.

— Como?

— Acho um grande desperdício porque você é a melhor jogadora que eu já vi. Mas você foi uma capitã pior do que Wood. Eu não sei como saía vivo daqueles treinamentos.

Georgie abrou a boca teatralmente e colocou a mão no peito – O que disse?

Fred revirou os olhos, sentindo seu rosto esquentar. – Que você era uma capitã insuportável?

— Você sabe que não! – exclamou ela. – Frederick Gideon Weasley acabou de me elogiar? Sou a melhor? De verdade? – ela olhou em volta falsamente. – E não tem ninguém para ouvir isso?!

— Você se acha muito engraçadinha, não é?

— É a primeira vez que você me elogia – disse, dando de ombros, mas sem deixar de sorrir.

— Com certeza não é a primeira vez que eu elogio você.

— Com certeza é sim!

— Não, não é.

Georgie abriu a boca para contrariar novamente, pois era assim que funcionava com eles, mas Fred foi mais rápido e virou o corpo para ficar totalmente de frente para Georgie, focando-se totalmente em seus olhos azuis que o encaravam com bom humor.

— Tenho certeza que disse que você beijava bem.

O sorriso de Georgie foi sumindo aos poucos. Fred ainda a olhava com um sorriso de lado que fez seu coração começar a disparar. Por muitos segundos, Georgie esperou, esperou e esperou, mas Fred não falou nada que provasse que estava brincando, como sempre fazia.

— Pare com isso – disse, por fim, olhando para qualquer lugar que não fosse o garoto.

Fred começou a falar, mas na mesma hora Arthur Weasley apareceu na porta de trás deles.

— O almoço está na mesa – avisou. – Venham antes que Molly comece a brigar com vocês.

Durante todo o almoço e até jantar, Georgie sorriu, aceitou o pedido de Ginny de fazer uma trança em seu cabelo para o jantar de natal, conversou com Fleur mesmo o inglês dela sendo difícil de entender apenas para ver Bill sorrir feliz no canto, criticou Percy com George como se ele não estivesse sentado a duas cadeiras de distância deles e até deu algumas dicas a Harry sobre Poções, mas nada, nada mesmo, fez com que ela esquecesse o olhar de Fred Weasley dizendo que ela beijava bem.

E não ajudava em nada que diversas vezes ela sentisse os olhos cor-de-mel do garoto em si.

À noite, deitada no colchão ao lado da cama de Ginny, sua mente ainda não havia relaxado. Estaria mentindo se dissesse que nunca pensou que Fred era bonito. É claro que era, assim como George e ela dizia para George o quanto ele era bonito o tempo inteiro. E com certeza estaria tentando enganar a si mesma se dissesse que aquele beijo não a deu... Pensamentos diferentes sobre o garoto.

Beijar Fred, mesmo que na frente de todo mundo e por pouco tempo, fez Georgie sentir que estava voando. Não, foi melhor do que voar. E ela era uma jogadora de quadribol, já havia voado o suficiente e amava aqui mais do que qualquer outra coisa. Poucas coisas eram melhor do que voarpara ela e sequer pensar isso do beijo de Fred... 

Já havia beijado alguns garotos, alguns garotos bonitos e legais, alguns garotos que realmente gostavam dela, mas nenhum deles foi como beijar Fred Weasley, disso ela sabia.

E o quão triste era seu melhor beijo ter sido com um garoto que só faz piada com você o tempo todo e nem sequer havia achado isso tudo já que depois do beijo ele disse para quem quisesse ouvir que havia sido "estranho"?

Georgie tentou com todas as forças esquecer disso e na maior parte do tempo funcionava. Eram apenas algumas vezes, em alguns momentos totalmente infelizes, que ela se via lembrando e sentindo como era beijá-lo de novo. Havia a marcado tanto que mesmo após quase dois anos, Georgie ainda sabia como era sentir os lábios dele nos dela.

Mas agora...

Agora Fred simplesmente aparecera dizendo que ela beijava bem quando ela nem sequer achava que o garoto se lembrava disso ter acontecido entre eles! O que ele estava querendo? Que tipo de pegadinha ele queria montar dessa vez?

*

Na manhã seguinte, Ginny e Georgie foram acordadas com Molly entrando de supetão no quarto, anunciando que os pais de Harry, Sirius Black e Remus Lupin, o professor favorito de Georgie, chegariam em algumas horas. Aparentemente eles iriam viajar, mas houve uma mudança de planos e agora eles viriam passar o natal com Harry e a família Weasley n'A Toca.

O que quer dizer que Molly Weasley se tornou obcecada por limpeza e em apenas poucas horas reuniu todos da casa no andar de baixo.

— Arthur, organize essa coisa que você chama de oficina e lave o carro. Rony e Harry, arrumem o quarto de vocês. Charlie e George, retirem os gnomos do jardim. Ginny, você cuida das galinhas. Fleur e Bill podem me ajudar na cozinha e Fred e Georgiana podem ir até o pomar, regar as plantas e trazer as frutas para casa.

— Mamãe, a senhora separou Fred e George. E nem juntou George com a futura esposa dele – disse Ginny.

— Não gosto do pomar – alegou George.

— E Fred sempre espalha os gnomos pelo quintal – disse a mais velha dando uma piscadela para George.

Georgie e Fred caminharam lentamente em direção ao pomar, que ficava um pouco mais afastado da casa em silêncio.

Quando Molly Weasley disse que Georgie trabalharia com Fred, seu ar começou a falhar. Mesmo que tentasse evitar, sua mente insistia em pensar em Fred e tentar saber o que ele estava fazendo e porquê ele estava olhando para ela daquela forma diferente, como se a estivesse vendo pela primeira vez.

— Você está esquisita – disse ele tirando as laranjas da primeira árvore e jogando na cesta que Georgie carregava.

— Ué, mas eu não falei nada!

— É, por isso mesmo. Você sempre diz alguma coisa.

— Bom, apenas não tenho nada para falar dessa vez – disse ela. – Talvez tenha sido por isso que eu achei que ficar em Hogwarts era uma boa ideia.

Fred revirou os olhos dramaticamente, mas no lugar de retrucar, se virou para Georgie.

— Posso te mostrar uma coisa legal?

— Se não for me matar ou criar um rabo esquisito em mim novamente... – disse, lembrando de quando Fred a fez testar um dos produtos Weasley e um rabo horrendo cresceu nela que só conseguiram tirar por causa de Hermione Granger e sua infinidade de conhecimento em feitiços aleatórios.

— Não colocaria um rabo em você – disse ele. – Colocaria algumas orelhinhas para combinar.

— Eu vou quebrar o seu nariz – avisou a garota apontando o dedo para Fred.

Fred sorriu, empurrou seu dedo com a mão e tirou a cesta de Georgie, fazendo com que suas mãos se tocassem brevemente e ele sentisse como se uma corrente elétrica tivesse acabado de encostar na ponta de seus dedos.

— Venha então; é a última árvore.

Georgie franziu o cenho, mas seguiu Fred do mesmo jeito. Eles demoraram um pouco para chegar no fim do pomar, mas quando chegaram, Georgie viu uma árvore quase tão grande quanto o Salgueiro Lutador em Hogwarts. Ela parecia muito antiga e seu tronco era tão grosso que imaginou quantas pessoas seriam precisas para conseguir circular todo aquele espaço.

— Nunca tinha visto isso antes – disse ela.

— Espere só até ver lá em cima.

— Lá em cima?! – Georgie começou a negar com a cabeça – Não vou voar, Fred.

— Eu sei que não – respondeu, sereno e tirou a varinha do bolso e sem dizer mais nada conjurou uma escada colocada no tronco da árvore, como se tivesse acabado de nascer dele, como uma maçã. – Vamos?

Georgie encarou a escada que ia até a copa da árvore e depois sumia com tantas folhagens. Não parecia uma boa ideia de jeito nenhum, mas quando olhou para Fred e sua mão estendida para ela, não conseguiu dizer não.

Fred deixou que ela subisse primeiro, mas Georgie passou a odiar conforme subiam, pois já haviam entrado no meio das folhagens, mas pareciam não estar indo a lugar nenhum.

— Fred, o que você está aprontando? Não tem nada por aqui!

— Mas que chata – disse ele e Georgie soube que ele estava sorrindo. – Só continue subindo sem reclamar, já estamos chegando.

Alguns degraus a frente, Georgie avistou uma longa tábua de madeira como uma passarela colocada em cima de um dos galhos da árvore. Georgie parou para que Fred parasse ao seu lado também.

— O que é isso?

— Pode subir – disse ele. – Não vai cair. Está bem presa.

Georgie o encarou descrente. O galho da árvore parecia bem seguro, mas a tábua em cima parecia fina e pronta para derrubá-la a qualquer momento se subissem os dois ai.

— Está enfeitiçada, Georgiana. Você não confia em mim?

Pela primeira vez, Georgie percebeu o quanto ela e Fred estavam perto um do outro na pequena escadinha conjurada pelo mais velho. Estavam tão perto que se Fred inclinasse apenas um pouquinho, ela conseguiria sentir a respiração dele em seu rosto. Esse pensamento foi tão desconcertante que ela pulou na prancha sem pensar em mais nada, apenas para se afastar.

Ela se sentou no canto e esperou que Fred subisse também, mas ele subiu e continuou indo em frente. Em parte, porque o que ele queria mostrar realmente estava a frente, mas também porque ficar tão perto de Georgie foi tão inebriante que ele achou que poderia ter caído de lá. E quando ela o olhou com aqueles grandes olhos azuis, se dando conta do quão perto estavam a ponto de ficar nervosa daquela maneira, ele não conseguiu evitar sorrir.

Georgie o seguiu, dando de cara com o fim da passarela que Fred havia construído e no fim dela, a melhor paisagem que ela já havia visto. Fred estava sentado na ponta da tábua, com as pernas no ar, balançando levemente e Georgie fez o mesmo.

— Isso é tão bonito – disse ela. O sol estava do outro lado então eles não tinham muitos raios solares em seus rostos, mas o céu estava tão azul que Georgie pensou estar vendo o mar. De onde estavam era possível enxergar a Toca perfeitamente. E se soubesse para onde olhar, podia até mesmo ver a ponta de casa dos Lovegood. – Como você achou esse lugar? – perguntou e olhou para baixo. – Nós estamos bem alto mesmo.

Fred riu e assentiu.

— Foi sem querer. Estava brincando com Ginny certa vez, quando ela ainda queria brincar com os irmãos mais velhos e não ficar trocando de namorado por aí – disse fazendo com Georgie risse sozinha. – Subi aqui para me esconder, mas percebi que não tinha fim. Mas era um bom lugar para ficar sozinho.

— Então ninguém conhece?

— Não.

— Nem mesmo George?

— Só trouxe você aqui – respondeu e olhou para ela.

Georgie não soube o que responder, então apenas sorriu para Fred. O lugar era claramente importante pra ele e ela havia sido a primeira pessoa que ele trouxera ali. Estava sendo sincero e o momento estava tão cheio de significado, mesmo que ela não conseguisse ver na hora, que sentiu medo de dizer algo e estragar tudo.

— Eu sei porquê você queria ficar sozinha na escola esse ano – disse ele deixando de olhar para ela e encarando o céu azul acima deles.

— Acho que todo mundo sabe.

— Mas você está errada – disse ele dando de ombros.

Georgie soltou ar pelo nariz e cruzou os braços – Estou, é?

— Posso ser sincero?

— E quando você não é?

Dessa vez Fred a olhou antes de responder.

— Você se surpreenderia – Georgie o olhou antes de balançar a mão como se dissesse "vá em frente". – Todos compram o seu papinho de "a vida segue", mas eu não. Eu – disse ele com um sorriso que fez Georgie desejar que ele sorrisse assim todos os dias para ela. – Conheço você, Georgiana Morgan.

— Não sei se conhece.

— Você diz que está tudo bem, que a vida segue e todo mundo acredita porque você ainda sorri, brinca e conta as mesmas histórias. Mas você se castiga para aliviar isso. Como se você precisasse ser infeliz.

— Eu não faço isso – disse a garota com firmeza.

— Você parou de falar com o seu pai – disse ele.

— Ele parou de falar comigo!

— E decidiu que ficaria sozinha em Hogwarts porque o natal era a época favorita de Tia Jenna e ai de você se desse um sorriso sequer nesse dia. E aí... – disse Fred, erguendo o rosto de Georgie, que estava encarando as mãos e fazendo com que ela olhasse para ele – Você abandonou o time.

Georgie não conseguia falar nada a não ser ouvir as duras palavras de Fred. Queria gritar e dizer que ele não sabia o que estava dizendo e que não era da conta dele, não era da conta de ninguém como ela lidava com seu luto, mas não conseguia.

— Não estou julgando você – emendou ele rapidamente, quase como se tivesse ouvido os pensamentos dela. – Nunca faria isso com você, Georgie.

A boca de Georgie se entreabriu ao ouvir, pela primeira vez na vida, Fred a chamar de Georgie e não Georgiana.

— Não quero que você pare de sentir. Ninguém tem o direito de te pedir isso. Fazem só seis meses. Eu só quero que você olhe em volta. Você diz que seu pai parou de falar com você, mas você fez o mesmo. É difícil para vocês que estão na situação perceberem. Sim, talvez seu pai devesse ter sido um pouco mais forte, mas se você perdeu a sua mãe, ele perdeu o amor da minha vida dele.

— Ele deveria ter estado lá por mim nas primeiras semanas e não a sua mãe! – gritou ela. Sabia que tinha falado alto porque a copa da árvore se mexeu, com pássaros assustados com o barulho repentino procurando outro lugar para ficarem, mas Fred continuou no mesmo lugar, bem ao lado dela, a olhando como se ela fosse a única pessoa no mundo.

— Vocês dois precisam um do outro – disse ele. – É o que a minha mãe diz. Fico muito feliz por Tia Jenna ter sido a minha madrinha e por eu ter conhecido tanto dela.

— Ela gostava muito de vocês também – disse Georgie com um sorriso. – Acho que você era o favorito dela.

Fred riu e deu de ombros – Eu sei. Ela me disse isso uma vez.

— Não acredito!

Mas acreditava sim, era algo que sua mãe era capaz de dizer. No meio de alguma comemoração, no meio de uma risada, abraçar Fred de lado e com um sorriso caloroso como mil sóis dizer: "Ah, Freddie, é por isso que você é o meu favorito!"

— Sua mãe quer você feliz, Georgie. Você era a coisa mais preciosa da vida dela. A última coisa que ela ia querer é que você achasse que precisa ser infeliz para celebrar a memória dela, não alguém alegre e cheio de amor Jenna. Posso estar sendo intrometido, mas imagino que ela gostaria que você passasse o natal e todas as datas importantes para ela com as pessoas que gostam de você, pessoas que sempre vão te querer por perto. Gostaria que você iniciasse a tradicional guerra de neve de Jenna Fitzpatrick e principalmente, que você não abandonasse coisas que você ama tanto. Como quadribol ou o seu pai.

— Ela sempre disse que o sonho da vida dela era que eu fosse feliz. Não era uma Taça do Mundo, apenas a minha felicidade – disse ela depois de um tempo em silêncio. – Eu nunca imaginei ter que fazer nada sem ela e agora eu preciso... preciso existir sem ela, Fred! E como se não bastasse, preciso ser feliz! Como eu poderia sequer... Eu acho que nunca mais vou conseguir voar na vida...

Suas últimas palavras foram cortadas com uma onda de choro que Georgie não conseguiu mais controlar. Sua mente estava em queda livre, não sabia porque havia deixado Fred falar tudo aquilo, nem porque ela havia falado e muito menos porque agora ela estava soluçando de tanto chorar ao lado dele, que provavelmente se lembraria disso o resto da vida para fazer piadas sobre ela e sua cara feia cheia de catarro.

Mas para sua surpresa, a única coisa que Fred fez foi tirar suas pernas do ar e encostar as costas no galho atrás dele, puxando Georgie para perto e a abraçando.

Georgie chorou, chorou mais do que havia chorado nesses seis meses e ficou bem com isso. Porque ela não fazia ideia o quão diferente era chorar nos braços de outra pessoa.

Se apoiar em alguém era importante.

— Desculpe – disse ela, se afastando – Sua camisa...

— Não tem problema.

Fred tirou os braços que estavam ao redor dela, mas Georgie não se afastou tanto. Continuava de frente para ele.

— Você deve me achar uma boba.

— Claro que eu acho você boba. Acho você boba desde que temos 5 anos de idade – disse ele com um sorriso doce. – Mas não por isso. Nunca por isso. Sei que implico com Bill, mas você é mesmo da família, querendo ou não. 

— Claro que sou – disse passando a mão no rosto para limpá-lo, tentando sorrir e manter um pouco de dignidade. – Desde que descobriram que eu era uma garota, me criaram para casar com George Weasley.

Georgie riu, mas Fred continuou sério olhando para ela.

— Você não vai casar com George – disse ele com mais firmeza do que Georgie já ouvira na vida. 

Fred a olhava com tanta intensidade que era difícil retribuir o seu olhar, mas Georgie não desviou. Ali, entre folhas tão espessas que os raios solares mal conseguiam entrar, os deixando na sombra, Fred sentiu que era iluminado apenas pelo azul dos olhos de Georgie. E assim, sem precisar de nenhuma palavra a mais, Georgie e Fred começaram a se aproximar um do outro involuntariamente, como se um imã os jogasse um para o outro, tão perto a ponto de serem beijados um pela respiração fraca do outro, como fizeram anos antes, mas dessa vez por vontade própria e completamente sozinhos.

Pelo menos era o que eles achavam até ouvirem a voz fina e nem tão distante de Ginny Weasley. 

— GEORGIE! ONDE VOCÊS ESTÃO? FRED!

Eles se afastaram abruptamente e olhando um para o outro e para ideia do que estavam prestes a fazer, os dois riram fracamente, Georgie sentindo seu rosto queimar.

— Acho melhor nos irmos.

— Sim – concordou a garota.

Mas nenhum dos dois se mexeu até Ginny começar a chamar de novo.

[...]

Fred terminou de colher as maçãs sozinho quando Georgie saiu correndo com Ginny para se arrumarem. Ele não se importou, precisava de tempo para se acalmar.

Ele quase tinha beijado Georgiana Morgan. De novo!

E ela também parecia querer. Essa era definitivamente a parte mais louca e inacreditável de tudo. Georgie se aproximou da mesma forma que Fred. Seus lábios carnudos se abriram levemente à espera dele e ela o olhou com tanta vontade que era impossível dizer que não sabia o que estava acontecendo ali, que não queria.

Fred sempre soube que a história de Georgiana e George o incomodara, mas nunca soube explicar o porquê. Desde crianças quando os dois começaram a se aproximar mais do que os outros, quando a dupla nos jogos de quadribol passou a ser, várias e várias vezes os dois e não Fred e George sempre. Quando seus outros irmãos diziam que eles ficariam juntos em algum momento nunca pareceu certo para Fred. Ele nunca conseguiu entender isso até o jogo da Grifinória contra Corvinal no início do quinto ano. Foi um dos primeiros jogos daquele campeonato, ninguém conseguia parar Georgie, ela era como uma máquina em campo, marcando um ponto atrás do outro enquanto Harry não achava o pomo-de-ouro. Wood estava em êxtase, mas tudo foi interrompido quando um dos batedores da Corvinal rebateu um balaço em direção a Georgie de forma extremamente maldosa acertando no pulso da garota e fazendo ela se desequilibrar da vassoura e cair. Fred não sabia explicar como, mas antes mesmo de Madame Hooch apitar, ele já estava pousando no chão ao lado de Georgie. Ela estava com vários arranhões no rosto e de olhos fechados, mas não desacordada. A garota mantinha os olhos pressionados com força para tentar desviar a atenção do seu pulso que doía tanto que parecia ter sido quebrado.

— Georgiana – chamou Fred, a tensão e o desespero em sua voz. Nunca havia visto uma cena se passar tão lentamente perto de si. O balaço indo em direção a Georgie, ela se desequilibrando e caindo, o garoto nem sequer havia percebido que George o acompanhara – mesmo que não tão rápido quanto ele – e que enquanto corria pelo campo como um louco, sua voz ressoava baixinho "por favor, esteja bem, por favor, por favor..."

Georgie abriu seus olhos azuis lentamente para observar a expressão preocupada no rosto de Fred. Se ela apenas tivesse olhado para ele, teria pensado que era George. Não porque não sabia reconhecê-los, mas porque não havia porque Fred Weasley vir ajudá-la tão rápido quando ele estava no ar exatamente como ela. Mas não, ela o ouviu primeiro, ouviu a voz grave e rouca dele cheia de emoção pronunciando seu nome.

Georgiana.
Georgiana.

Ele passou dedo pela testa dela, tirando o cabelo que escapava de seu rabo-de-cavalo e tentava ficar preso em seus finos cortes causados pela queda.

Os dois se olharam por alguns instantes sem dizer nada até Madame Hooch se aproximar e chamar os enfermeiros para levá-la para ala hospitalar.

A Grifinória ganhou o jogo daquele dia. Harry pegou o pomo minutos depois.

Fred rebateu todo e qualquer balaço que chegava até ele em direção ao batedor da Corvinal que havia machucado Georgie até o garoto passar a fugir dele. Sabia que estava errado, sabia antes mesmo de George voar ao seu lado e gritar acima da ventania que ele deveria pegar leve. Mas ele não conseguia. E pelo menos Lee o apoiava. 

— Eu nunca, em todos esses 15 longos anos de vida, vi um batedor com medo de um balaço! Mas é isso o que acontece quando alguém comete uma falta CLARA e SUJA contra uma de nossas jogadoras e nada acontece com ele!

— Sr. Jordan! – pediu Minerva McGonagall.

— Fica de lição para todos que estão assistindo – disse ele sem se importar. – Fred Weasley, nosso número cinco, estará na sua cola!

Mais tarde quando foi a ala hospitalar com George visitar a amiga, se depararam com Wood. Ele estava sentado ao seu lado e mexia as mãos nervosamente pelo ar, provavelmente explicando o resto do jogo. Georgie não tirava os olhos dele e sorria como fosse tudo muito engraçado e interessante. Wood parou de mexer os braços e segurou a mão de Georgie, agora parecendo mais calmo e dizendo algo, que Georgie respondeu apenas assentindo a cabeça animadamente. A respiração de Fred falhou e seu estômago embrulhou. E quando Oliver atreveu-se a esticar a mão para tirar uma mecha do cabelo de Georgiana de seu rosto, exatamente como Fred havia feito pouco tempo antes, ele sentiu seu mundo inteiro girar.  Não tinha tanta inteligência emocional quanto George, sabia disso. Sempre havia se perguntado porque nunca tinha conseguido se apaixonar perdidamente por uma garota como George já havia feito até mais de uma vez. Conheceu muitas garotas, mas nunca foi mais do que isso.

Mas ao ver aquela cena, Fred entendeu. Não precisava ser um gênio para saber. 

— Você sabe que horas são? – perguntou Fred ao irmão, ambos parados na porta sem se atrever a interromper o momento de Georgie e Oliver.

George engoliu em seco olhando de seu irmão para a amiga, talvez pensando se deveria ou não falar alguma coisa, mas mesmo assim puxou a manga da camisa e olhou seu relógio de pulso antes de responder:

— Onze horas e dezesseis minutos exatamente. 

Fred suspirou, se sentindo a menor pessoa do mundo conforme Georgie sorria para Oliver e ele acariciava sua mão levemente. Quando o capitão do time esticou a mão e passou levemente no canto da boca de Georgie em seguida, Fred desistiu. Definitivamente não era obrigado a isso. Sem explicar, virou de costas e saiu da ala hospitalar sem o irmão.

Às onze horas e dezesseis minutos da manhã do dia 18 de setembro de 1993, eu percebi que estava apaixonado por Georgiana Morgan.

Então, sim, ele tinha a vantagem do tempo. Sabia que estava apaixonado por Georgie, mas nunca imaginaria que ela poderia, em um milhão de anos, corresponder a alguma investida dele. Não quando a garota já havia saído com caras como Oliver Wood e Cedric Diggory.

Não, não dele.

[...]

Georgie trançou o cabelo exatamente como Ginny queria enquanto ouvia a garota falar sobre algo que ela não conseguia prestar atenção porque sua mente estava tomada por Fred Weasley e o fato de que ela não apenas chorou como uma criança, disse coisas que não havia dito para ninguém, nem mesmo para George, maldição, ela não havia nem sequer dito em voz alta para si mesma, mas disse a ele! E ainda... quase o beijou.

Ele devia estar achando que ela era uma pateta. Que tipo de garota chora e depois tenta beijar alguém?

Por que sua mente estava sendo tomada por esse garoto tantas vezes nos últimos dias? Dormia lembrando-se de como fora beijá-lo, acordava pensando em quando ia encontrá-lo. E ele ficava olhando para ela! E a sra. Weasley ficava pedindo que fizessem tarefas juntos desde que ela chegara n'A Toca, ela conseguia se lembrar. Antes de mandá-los ao maldito pomar, havia pedido a eles para guardarem as louças e até arrumarem o armário de vassouras.

Seria possível estar gostando dele? De Fred Weasley?

Quão louca ela teria que ser para isso? Quão louco ele teria que ser para isso?

Ela sabia muito bem sobre a fama de Fred em Hogwarts. Não era das melhores. Ele nunca havia namorado ninguém, nunca havia ficado com ninguém por muito tempo e praticamente todas as garotas da Grifinória alegavam ter ficado com ele em algum momento. Georgie sabia que isso era mentira, é claro, ele não havia ficado com todas elas, mas ela conhecia muito bem o amigo de infância para saber que ele nunca havia se apaixonado por ninguém.

E por que diabos ele se apaixonaria por ela dentre todas as pessoas? Ela, que ele provocava o tempo todo? Ela, que também o xingava e ameaçava quebrar alguma parte de seu corpo o tempo todo? Além do mais, eles se conheciam a vida toda. Se fosse para isso acontecer... bem, deveria ao menos ter acontecido antes, quando eles haviam se beijado durante o quinto ano.

Se tivesse que se apaixonar por um deles, deveria ser George. Era a escolha mais inteligente. Eles eram tão parecidos que viraram melhores amigos assim que aprenderam a falar.

Precisava parar de pensar nisso. Não fazia o menor sentido. Sentia que sua mente estava pregando uma peça em si mesma, porque Fred Weasley não poderia querer beijá-la. Porque ela era Georgie! Não, não Georgie. Era Georgiana, a boba Georgiana para Fred.

Após ser xingada inúmeras vezes por Ginny por não respondê-la e mostrar que estava prestando atenção em seus comentários extremamente detalhados sobre Harry Potter, os pais do garoto, Sirius Black e Remus Lupin aparataram em frente a Toca e ela percebeu que estava na hora de se vestir e descer também.

 

O natal n'A Toca nunca fora um desfile. Rony, por exemplo, se limitava a procurar roupas limpas e Ginny arrumava o cabelo de forma diferente. Mas em 1995, Fred teve que repensar isso enquanto assistia Georgie descer as escadas rindo de algo que Charlie falava. Ela usava um vestido azul que ia até seus joelhos e combinava perfeitamente com o tom de azul de seus olhos, seu cabelo ruivo estava solto e as ondas pareciam muito mais definidas naquela noite. Georgie não havia se empenhado na produção, mas Fred mal conseguia tirar os olhos dela enquanto ela atravessava a sala iluminada com luzes verdes e vermelhas e se sentava ao lado de Harry, contando algo a ele de forma muito entusiasmada.

— Você está babando e Georgie, no máximo, tomou um banho – disse George em um tom muito julgador enquanto jogava um dos bolinhos de queijo na boca.

Georgie cruzou as pernas fazendo com que seu vestido subisse um pouco e a respiração de Fred falhou. Merlin, quando se tratava dela, Fred agia como se nunca tivesse visto um par de pernas na vida. Isso era ridículo! George deu um tapa na sua cabeça, fazendo com que ele desviasse o olhar de Georgie e mirasse o irmão.

— Pare de ser esquisito – apontou o dedo e Fred o tirou da frente com a mão.

— Não estou fazendo nada.

— Está sendo um pervertido na cara dura.

— Estou só olhando!

— É bom poder falar com você sobre isso – disse George com um sorriso. – Guardei tantos comentários por tanto tempo! Achei que ia explodir! Vamos começar com você indo mal de propósito em Feitiços pra que Georgie sentisse pena e te ajudasse! Sério!

— Cale a boca. Eu realmente fui mal! – mentiu Fred fazendo George rir mais ainda. – Você tem uma boca tão grande que eu não sei como todo mundo já não sabe disso.

— Ora! Você, o maior fofoqueiro que conheço, me dizendo isso! Eu nunca comentei com ninguém, mas não tenho nada a ver com qualquer outra pessoa que tenha resolvido abrir os olhos e usar o cérebro.

Fred encarou o irmão com a testa franzida.

— De quem você está falando?

O tom de George fazia parecer que mais alguém sabia sobre seus sentimentos além do irmão gêmeo, mas este apenas deu de ombros e com um sorriso malicioso começou a se afastar. Fred o chamou, mas ele apenas sorriu mais e foi em direção a sala.

O garoto encurralou o irmão mais vezes aquela noite, mas ele dizia que Fred estava ficando louco, paranoico e que ele não estava falando de ninguém especial, mas Fred conhecia George Weasley muito bem para saber quando ele estava mentindo. Mas não pôde perguntar mais porque James e Sirius sentaram-se com eles.

— Então, eu fiquei sabendo que vocês deram o Mapa do Maroto a Harry – disse James.

— Ele realmente salvou nossas bundas muitas vezes – disse Fred com uma nostalgia quase palpável.

— Pensamos que Harry agora faria um melhor uso dele – completou George e Fred concordou.

— Nós já vamos sair de lá, Harry ainda tem mais alguns anos para aprontar.

— George, não diga isso! – exclamou Lily que entrara na sala de jantar acompanhada de Ginny e Georgie – A única pessoa animada com as detenções que Harry leva são esses dois, que aparentemente só cresceram por fora!

James abriu um sorriso inocente para a esposa e começou a negar. Georgie achava Lily e James perfeitos. Pareciam completamente diferentes, ainda mais que seus pais, mas de alguma forma, tudo combinava. E o sorriso apaixonado que ele dava sempre que olhava para ela, principalmente quando achava que ela não estava vendo, eram lindos e cheios de significados. Faziam Georgie pensar se um dia teria alguém que a olharia daquela forma também.

[...]

— Os adultos sempre ficam na mesa de jantar no fim da noite conversando – disse Georgie depois de tirarem a mesa. – E eu nunca vou me acostumar que esses dois bobões fazem parte desse grupo agora! – exclamou ela apontando para Charlie e Bill na ponta da mesa.

— Vai ter que se acostumar – disse Charlie com uma piscadela.

George puxou a amiga pelo braço e no instante seguinte, todos eles estavam do lado de fora. A noite não estava tão fria ainda e as pequenas lamparinas que Arthur Weasley havia espalhado pelo quintal iluminavam o suficiente.

— Meu time será Harry, Fred e eu – disse Rony para a irmã mais nova. – E você pode ficar com os dois Gs.

Os dois irmãos mais novos estavam no meio do quintal, cada um com uma vassoura. Georgie sabia que eles sempre jogavam quadribol ao final da noite, apenas uma partida rápida – e nada amistosa, pois nenhum jogo conseguia ser jogado nessa família sem virar uma grande competição, mas naquela noite, havia se esquecido.

Havia se esquecido de muitas coisas naquele dia e agora começava a se sentir um pouco culpada.

Culpada por ter rido tanto com Lily Potter e seus comentários afiados sobre Severo Snape, que ela dizia apenas para Georgie escutar pois não gostava de incentivar seu marido e o melhor amigo dele. Havia conversado com professor Lupin, que insistia em ser chamado apenas de Lupin quando estavam fora de Hogwarts, sobre seu futuro após os exames do NIEMs. A garota também havia sentado com Bill e Fleur e conversado com os dois, mesmo que tenha sido um pouco difícil entender a francesa. Mas valia a pena o esforço por Bill que parecia querer integrar Fleur na família de todas as maneiras possíveis. Bill ficava engraçado quando estava apaixonado. Georgie achava fofo. Também havia assaltado a sobremesa com George antes da hora, o que resultou nos dois levando tapas e sendo expulsos da cozinha pela sra. Weasley.

E é claro, em meio a tudo isso, seus pensamentos ainda eram puxados a Fred Weasley. Georgie pegava-se procurando por ele nos cômodos. Quando ele sorria com George ou quando os dois conversavam distante dos outros, ela se perguntava sobre o que ele estava falando. Quando Sirius mostrou uma de suas tatuagens no braço e Fred sorriu impressionado e apontou para o próprio peito, Georgie quis que fosse com ela que ele estivesse falando. Não sabia que Fred queria uma tatuagem. Não sabia que tatuagem ele queria ter. Como o conhecia a 17 anos, mas não sabia esse tipo de coisa? Sabia as que George queria.

Era impossível também não notar que os dois estavam agindo diferentes, principalmente Fred. Até mesmo Percy notou!

Foi pouco antes do jantar, quando Molly pediu ajuda para colocar a mesa e chamou Georgie, Fred, Percy e Charlie. A mais velha entregou os talheres para Percy e os porta-copos para Charlie e apontou a bandeja de pratos para Georgie, mas antes que a garota pudesse pegá-la, Fred entrou na sua frente.

— É muito pesada, pode deixar que eu levo. Fique com os guardanapos – disse ele, como se não fosse nada. Como se Georgie não tivesse ficado parada assistindo enquanto ele pegava a bandeja com apenas uma mão e saía da cozinha.

— O que foi isso? – disse Percy ao lado da garota. – Fiquei tanto tempo fora que agora Fred e Georgie sabem conviver como duas pessoas normais?

— Agora que você falou... – disse Charlie passando a mão no cabelo e encarando a garota. – Desde que cheguei, Georgie não se referiu a Fred como nenhum mamífero de quatro patas ainda.

A garota olhou para os dois irmãos e forçou uma risada sem graça. Não sabia o que responder. Realmente, não odiava Fred. É claro que não. Acontece que a forma que os dois haviam escolhido para se comunicar anos atrás não havia sido carinhosa nem muito gentil. Eles apenas brincavam e se provocavam e é claro que um gesto desse de repente não passaria despercebido por nenhum integrante da família que conheciam os dois com a palma da mão desde que nasceram.

— Fiz isso pela mamãe – disse Fred entrando na cozinha e salvando Georgie que ainda encarava Percy e Charlie sem saber o que responder. – Georgiana é muito atrapalhada. Derrubaria os pratos antes mesmo de chegar à porta.

Charlie concordou enquanto saía da cozinha com Percy a sua cola. Georgie riu fraco, começando a pensar se não estava pensando demais no que não precisava, que talvez o quase beijo tivesse sido uma impressão sua, que Fred estava apenas sendo legal porque, bem, ela havia perdido a sua mãe e que o gesto fora apenas porque ela realmente era atrapalhada e não por qualquer tipo de cavalheirismo. Mas mudou de ideia quando novamente Molly a deu alguns copos para levar e saiu da cozinha e Fred os pegou de sua mão sem dizer uma palavra, entregando a ela algumas flores que a mãe havia colhido para decorar a mesa e passou a levar ele mesmo a bandeja de copos para a mesa, mas não antes de virar-se para Georgie e piscar para ela.

E tudo isso, Georgie percebeu, ocupou sua mente durante esses únicos dois dias n'A Toca. Percebeu que não pensara em seu pai sozinho em casa e nem lembrara de sentir pena de si mesma por estar sem sua mãe pela primeira vez durante o natal.

Que direito ela tinha de não se sentir triste?

Não importava, porque ver Rony e Ginny parados decidindo times de quadribol fez com que ela voltasse a sua realidade. A realidade onde sentia que havia perdido ambos os pais por causa daquele maldito balaço, onde não conseguia mais sequer assistir jogos de quadribol sem sentir sua cabeça latejar, imagine só então participar deles! Só de ver Ginny parada ali, lembrava-se do último natal quando aquela a começar os jogos costumava ser Jenna.

Estava prestes a virar seus calcanhares e sair correndo dali, quando sentiu um braço ser passado pelo seu ombro e alguém parar ao seu lado, impedindo que se mexesse. Sua respiração parou por um segundo inteiro, seu cérebro tentando conceber que George já estava ao seu lado então o único ruivo alto que poderia estar ali agora daquela maneira era... Fred. Que o único que cheirava levemente como as laranjas do pomar de Tia Molly misturado com pólvora dos fogos que estava soltando mais cedo com o irmão era ele. Fred.

— Georgiana e eu não vamos participar – avisou com bom humor. – Então os times terão que ser de dois.

Georgie não conseguiu ouvir o que George disse em resposta, porque o toque de Fred estava quase queimando a sua pele. O garoto a virou de costas a tempo de ela não ver Harry e George empurrando Rony e sussurrando o quanto ele era burro, porque ele sabia que Georgie não estava mais no time e sabia sobre a sua mãe.

Mas quando Fred e Georgie chegaram a área que circulava a porta dos fundos e sentaram-se no pequeno banco para observar os irmãos e amigos jogarem, os dois garotos já haviam deixado Rony em paz e buscavam suas vassouras.

Georgie ainda sentia seu coração acelerado e percebeu que nunca havia se sentido assim ao lado de Fred, nem quando se beijaram naquele jogo durante o quinto ano e nem mesmo quando quase beijaram a poucas horas atrás. Havia se sentido diferente depois do beijo, sim, não conseguia mentir, mas agora... Agora parecia diferente. 

Ela o olhou e demorou alguns segundos para Fred perceber que estava sendo observado pela garota, mas quando percebeu virou-se para ela e sorriu. Um sorriso tão brilhante que fez Georgie pensar que talvez não fosse preciso Arthur Weasley ter acendido tantas luzes.

— Obrigada – disse. Ou tentou dizer, pois sua voz agora mal saía, tudo que ela conseguia era olhar para o ruivo.

— Não fiz nada – disse ele e Georgie negou.

— Você sabe que eu não consigo voar – respondeu na mesma hora, mas sua voz ainda saía baixa então ela pigarreou e tentou novamente. – E me tirou de lá antes que eu corresse como uma pateta. Me ajudou. Então, obrigada.

— Não acho isso – disse ele.

— O que?

— Que você não consegue voar. Não acho isso – repetiu.

Georgie riu.

— É claro que você não acha – disse ela.

— Posso te mostrar uma coisa legal? – perguntou ele, exatamente como havia perguntado mais cedo antes de leva-la até o topo daquela árvore.

Georgie não conseguia explicar o misto de sentimentos que havia dentro dela. Sentia-se animada, ansiosa, contente e até mesmo feliz. E também culpada por sentir todas essas coisas.

Pensava em Fred e pensava em tudo que ele estava provocando nela desde o momento que resolveu abraçá-la na sala comunal.

Não. Quem ela queria enganar? Desde o momento que resolveu aceitar beijá-la naquela porcaria de jogo.

Mas principalmente agora, com seus toques sem motivo, seus sorrisos, seus cuidados e seus olhares. Tudo fazendo Georgie se perguntar o que teria acontecido se Ginny nunca tivesse aparecido e eles apenas tivessem continuado a se aproximar daquela maneira até que não houvesse mais espaço entre eles. Será que ela se sentiria no céu outra vez? Será que ficaria preza em uma bolha de sensações incríveis novamente? E o mais importante, estaria sozinha, como achava que tinha estado na primeira vez?

— Você pode sempre me mostrar uma coisa legal, Fred – respondeu fazendo com que o garoto sorrisse mais ainda.

— Então depois que todo mundo dormir esteja na porta da frente às 1h da manhã.

— O que você está planejando?

— Você vai ver – disse, desviando-se dela e olhando seus irmãos e Harry voarem em suas vassouras por todos os lados.

— George também vai?

Fred abriu um sorriso de lado e olhou para Georgie novamente.

— Você quer que ele vá? – perguntou e a garota mordeu os lábios involuntariamente. – Podemos chamá-lo, se você quiser. Ou... – falou calmamente, sua voz se arrastando como se ele precisasse de todo o tempo do mundo para falar. Não como se precisasse saborear aquelas palavras, mas sim porque talvez fosse difícil de dizer. – Podemos ser só eu e você. O que você quer?

E então Georgie soube. Talvez ela já soubesse no momento em que as palavras saíram de sua boca, mas mesmo assim deixou que saíssem, pois precisava ter certeza.

Não sabia se estava sendo idiota, se estava imaginando coisas, mas enquanto Fred a olhasse daquela maneira, como se só ela existisse no mundo e cada palavra sua importasse mais do que mil galeões... Enquanto aqueles olhos cor-de-mel a encarassem assim, ela pagaria para ver.

— Eu e você. Podemos ser só eu e você. 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Very Weasley Christmas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.