Dragões Imperiais escrita por cocasuco


Capítulo 15
Juliana




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   “Nossos caminhos irão se cruzar novamente, todos aqueles que você matar irão voltar a falar com você, todos os amigos que você perder você vai os ver na vida após a morte, espero que você possa guiar essas almas no caminho certo, o caminho da paz”.

   Enquanto os dois mais velhos, Alex e Forza viam aquele lugar como algo perigoso para se estar durante a noite, mesmo por lendas, medo de fantasmas, talvez, certamente eles não se sentiam tão confortáveis naquele lugar, de toda forma quem realmente tinha que temer os fantasmas não era Rebecca. Alex se aproximou do cadeado prateado que impedia o portão de ser aberto, segurou ele em suas mãos e deu chacoalhadas com força, vendo se conseguia soltar ele de alguma forma.

   - Está trancado – disse Alex referindo a palavra para as outras duas.

   Forza deu um passo para frente, com um pequeno empurrão de ombros ela ficou mais perto do portão que Alex, o loiro tinha certeza de que ela iria usar magia para abrir o cadeado. Ela segurou o objeto com força e com um simples puxão preciso ela arrancou o cadeado com tamanha facilidade de maneira que parecia já estar aberto. O jovem olhou meio surpreso para ela que lhe entregou o cadeado em mãos.

   - Agora está aberto, não perca – disse Forza ao lhe entregar o objeto, ele logo em seguida guardou no bolso.

   Rebecca foi a última que foi entrando no lugar, atrás dos três um homem de aspecto meio transparente, pele clara, cartola rasgada e roupas longas estava fumando um charuto, ele tossia como se tivesse algum problema nos pulmões, mesmo assim fumava sem parar. Ele logo depois de tossir, recitava algumas palavras que eram incompreensíveis por Rebecca.

   Na frente deles, uma menininha corria como se estivesse brincando de algo no meio do cemitério, ela parecia meio triste, correu na direção de Alex e Forza que iam na frente conversando sobre algo que Rebecca nem se importou em descobrir o que era, a menina veio de frente e quando estava quase atingindo os dois, os atravessou como se não estivessem ali, depois de passar por seus corpos ela veio em direção de Rebecca e lhe segurou a mão como se lhe conhecesse há muito tempo.

   - Oi Silvia – disse Rebecca bem baixo de forma que apenas a garotinha escutou. Ela que estava com rosto bem tristonho sorriu quando seus olhos encontraram os de Rebecca e então a menina sumiu bem na sua frente ficando cada vez mais transparente até desaparecer por completo.

   - Rebecca, então, estamos procurando por magias boas, o que você me diz...- perguntou ela pedindo para a garota procurar.

   Ela olhou envolta, conseguia ver crianças, jovens, adultos e idosos, todos eles apenas curtindo sua vida após a morte. Ela virou na procura e então tomou uma direção.

   - Venham comigo – respondeu a morena enquanto seguia em um lugar que sabia que estavam enterrados antigos bons magos. Os outros dois foram atrás dela.

   Ao lado de uma árvore, em um canto bem distante das outras almas ela pode ver uma alma bem estranha, parecia bem humanoide, corpo certamente humano, mas seu corpo era bem magricelo ao ponto de que podia ver seus ossos marcando a pele, ela estava sentada em posição fetal, segurando com força suas pernas, em seus pés e mãos, ela tinha enormes unhas, tão longas e afiadas como garras, em seu rosto, um olhar estático olhava na direção do portão com aqueles olhos fundos, sem globos oculares, não tinha nem nariz e muito menos lábios, deixando apenas um buraco na sua face e grandes dentes amostra, mais o que incomodava Rebecca acima de tudo era realmente esse sorriso, ele era tão estranho ao ponto lhe dar calafrios.

   - Eu estou na procura da família real capitã, uma menina, Juliana, ela tinha uma magia interessante, talvez Alex possa usar seus poderes para tomar sua magia – disse Rebecca.

   - E você não consegue ver ela, ela não fala com você? – perguntou Forza.

   Rebecca moveu a cabeça negando aquilo, ela foi se aproximando da alma que estava naquele canto com aquele grande sorriso.

   - Como assim ver ela? Vai me dizer que você consegue ver uma pessoa morta? – perguntou de forma irônica Alex, não esperando um sim como resposta.

   - Na verdade sim e também não, eu não consigo ver uma pessoa morta, eu consigo ver sua alma, uma alma que é exatamente como uma fotografia do momento de sua morte e algumas dessas almas conseguem entrar em contato com necromantes, outras no caso, acabam se perdendo pela forma que morreram e precisam ser purificadas por um espírito guia – disse Rebecca que agora estava de frente para a alma perturbada.

   - Daí vem os poderes de Rebecca, sua forma animal é uma forma que todo necromante tem que lhe ajuda a guiar as almas perdidas, de forma rude mais por dizer – deu sequência a capitã.

   - Alguém por aqui viu a garota Juliana, filha da família real? – perguntou Rebecca, Alex quase respondeu, mas ao pensar levou em conta que aquela pergunta não foi para ele.

   Algumas mãos apontaram a direção correta, ela estava próxima de onde antigos reis e rainhas foram enterrados, juntos com seus príncipes e princesas, animais da família real, entre outros, mas não sabia onde encontrar essa menina de fato. Ela estava indo em direção, mas primeiro, colocou a mão de palma aberta perto da alma e ela então sumiu, virando cinzas ao vento, na visão da alma, uma grande loba negra estava chamando ela para ir embora daquele lugar, ela se levantou e seguiu a loba para a vida após a morte, para nunca mais ter que se lembrar do mundo dos vivos e se entristeça novamente, ela foi purificada ao vento.

   - Ela está bem ali – disse Rebecca, apontando o caixão em que supostamente a garota estava sepultada.

   Os três se aproximaram com passos lentos do lugar, a esfera de chamas que seguia Forza foi a que mais se aproximou das covas de pedra polida que estavam indicando os nomes da família real. Quando a chama se aproximou o suficiente eles começaram a avistar vários nomes em covas diferentes e entre eles, um nome, Juliana Adriheto Rontear, supostamente de nomes iguais aos da atual rainha da cidade e logo abaixo a data, “1.510 – 1”, certamente o ano de seu nascimento, mas aquele número um, será que havia sido apagado da cova, sobrando apenas o um restante, ou será que ela foi morreu no primeiro ano?

   Os anos eram promulgados em uma ordem que a data era contada desde mais de mil e quinhentos anos atrás, na data de 1.536, quando aconteceu a grande guerra que devastou todo o continente esses anos foram vedados e mais tarde começou uma nova era, atualmente nos encontramos no ano 20, ou seja, fazem vinte anos que a guerra acabou, chamado de “Ano do Dragão”, mais abreviado como A.D., diversas pessoas preferem usar essa abreviação que falar ano do Dragão, já que quem revogou esse tipo de calendário foram aqueles que respeitavam os Dragões Imperiais, mesmo assim, ninguém vai contra as suas políticas, já que os que se impõe contra eles são mortos.

   - Aqui, encontramos, “Juliana Adriheto Rontear”, me lembra a rainha esse nome, mesmo, imagino que essa menina fosse loira, só por eu conhecer a rainha – disse Forza terminando por cair em gargalhadas.

   - Certo Alex, dizem que o homem de mil mãos entra em contato com corpos mortos para roubar suas magias, ou seja...- dizia Rebecca.

   - Nós vamos ter que desenterrar o cadáver! – disse Forza como se fosse algo legal de se fazer.

   - Pera um segundo, nós não podemos desenterrar um corpo, ainda mais alguém da família real, o reino vai nos caçar – disse Alex tentando impedir que aquilo se concretizasse. Forza colocou a mão sobre o ombro dele para ver se o convencia do contrário.

   - Vamos lá Alex, vai falar que está com medo, você quer se tornar mais forte não é, pois bem, essa é a única maneira – disse ela tentando convencer ele. Alex fechou os olhos e deu um forte suspiro, ele suspiro foi de apenas um ou dois segundos, mas em sua mente ele conseguiu imaginar muitas coisas.

   - Muito bem, onde está a pá para cavarmos? – perguntou Alex mesmo estando meio desconfortável.

   Forza caiu na risada, Rebecca também seria a primeira a rir em uma situação dessas, mas ela, desde que se aproximaram daquele lugar, ela estava calada, séria demais para Rebecca.

   - Qual é a graça? – perguntou Alex sem entender muito o motivo das risadas.

   Rebecca colocou sua mão perto de onde deveria estar a cova, de palma aberta, seus olhos começaram a se esverdear, eles ficaram tão verdes quando peças de jade, de sua mão, uma energia verde também começou a se manifestar, uma energia que começara a adentrar a terra como se buscasse por algo, algo que achou, aos poucos essa energia foi se erguendo da terra, junto de pedras e outros que estavam abaixo da visão deles e junto a esses corpos rochosos, algo estranho se ergueu junto, algo sujo que sim, poderia ser visto como rochas, mas não eram exatamente isso, ossos foram desenterrados em tamanha facilidade, eles estavam escuros, ou seja, já faziam anos que eles foram enterrados, nem mesmo algum vestígio de pele ou algo parecido, parece que o solo já havia levado tudo o que pudesse ser consumido. Alex não achava que isso iria dar certo, mas pelo menos ele iria tentar, se ele quisesse derrotar os Dragões, ele deveria se tornar o mais forte possível, mesmo que isso lhe demandasse fazer coisas horríveis como essa.

   As poucos os magos começaram a sentir uma presença mágica subindo junto aos ossos, bem fraca, mas mesmo assim presente naquele lugar e quando a magia de Rebecca parou, lá estavam ossos sujos e escuros, todos cobertos por terra. Forza se abaixou bem próxima aos ossos.

   - Sua deixa, idiota, quero ver se consegue se tornar algo mais poderoso – disse Forza esperando o loiro tomar sua decisão.

   Alex se aproximou bem de cadáver aos seus pés, Rebecca olhou envolta, nunca tinha visto algum tipo de magia daquela, todos os fantasmas que ali estavam começaram a se sentir um pouco perturbados, muito pararam e ficaram olhando para Alex, outros mesmo começaram a gritar, ela nunca tinha visto fantasmas tão agitados daquela forma desde sua infância. Tinha certeza que a qualquer momento algum poderia atacar ela ou mesmo Alex pela sua própria magia. Alex om as mãos encostadas nos ossos revirados, estava de olhos fechados, ele estava tão concentrado que seus olhos estavam fechados, ele estava tentando se concentrar de uma forma tão grande que estava praticamente meditando em seus pensamentos.

   - Alex, a quanto tempo não consigo conversar com alguém, fico feliz por ter me escolhido como guia – disse uma voz na cabeça de Alex.

   O loiro tomou um susto tão grande que abriu seus olhos, envolta dele o mundo parecia ter parado, Forza estava agachada e Rebecca olhando para o lado.

   - Eu sou Juliana Adriheto Rontear – disse a moça enquanto olhava nos olhos dele, ele se levantou e olhou bem na direção dela, sem perceber que ao lado tinha um outro homem, cabelos morenos e cavanhaque, ele estava parado, como se não tivesse esperança, como a alma que foi purificada mais cedo por Rebecca.

   -Eu sou Alex, pode me chamar só de Alex mesmo, sem cordialidades, você, você é quem está enterrada aqui? – ele fez uma pergunta meio sem jeito.

   - Sim Alex, mas isso são só ossos podres, eu perdi a batalha, perdi a batalha da vida e agora eu só sou lembrada por uma lápide, estou morta a bastante tempo – respondeu ela. A mulher era uma loira, de olhos azuis, seu cabelo era rigorosamente longo em comprimento e meio cacheado, tinha um grande e forte corpo, ela deveria ter bem uns dois metros de altura, mais alta até que Forza. Usava uma armadura de estilo medieval, algo que foi deixado de lado pela maioria dos soldados a mais de cinquenta anos, hoje poucos como os soldados reais da rainha ainda as usam.

   - Então aonde é que estamos, estamos mortos, no caso, eu também estou na vida após a morte assim como você? – perguntou Alex.

   - Não seu bobo, você me deixa bem feliz, feliz de saber que o homem que ganhou essa magia não é uma fera como aqueles os quais eu consegui de magias são fortes quanto essa. Você não está morto e muito menos no mundo dos mortos, você está na sua mente, é como se estivéssemos dentro da sua aura mágica, usando o poder de sua amiga Necromante eu consegui me comunicar com você por momento, mas saiba que eu lhe entrego minha magia, Alex, use-a com sabedoria, você vai precisar, pegue todo meu poder, segure na minha mão e se torne um dos soldados mais fortes com quem eu já encontrei, some sua magia com a minha, ganhe minhas habilidades de combate e magicas e vença, eu não tenho mais forças para lutar contra o mal que cerca esse mundo, por isso irei usar tudo o que me sobrou de magia em meu corpo para lhe dar, lute, lute e vença, não por mim ou por você, mas por todos, agora pegue a minha mão – disse a mulher.

   Alex andou na direção dela até que chegasse perto o suficiente para estiver o braço em sua direção, seus braços se estenderam e as mãos dos dois se encontraram, nesse momento Alex pareceu ter voltado para a realidade, ele saiu daquele lugar e bateu sua testa no chão, ele começou a sentir uma dor absurda em seu corpo.

   - Senhora, o que está acontecendo!? – disse Rebecca indo na direção do jovem para lhe ajudar.

   - Se afaste, ele tem que controlar sozinho essa magia, ela está drenando sua energia vital e consciência para dividir sua aura ao meio, se o corpo dele for fraco demais ele vai acabar morrendo ou tendo alguma sequela, mas caso não ele vai conseguir sair dessa fácil – disse Forza esticando a mão para parar o avanço de Rebecca na direção dele.

   Alex ficou se retorcendo no chão com o rosto virado para a terra, esticou o braço para o lado e as duas conseguiram ver suas veias de sangue pulsando como se fossem mecanismos, a magia estava percorrendo seu corpo, procurando uma maneira de se adaptar, seus olhos estavam abaixados e fechados, caso não fosse, elas também poderiam enxergar eles brilharem, sinal de que seu corpo estava usando muita magia.

   - Ei sua idiota, você acha que eu sou tão fraco assim – disse ele ainda deitado no chão em posição fetal, aos poucos começou a se erguer – eu estou bem – disse ele e junto de sua fala, um escorrimento de sangue pode ser visto saindo de sua boca.

   - Sim, você é bem forte Alex – disse Rebecca se abaixando e usando seu corpo como apoio para ele conseguir se levantar mais fácil.

   - Todos nós somos fortes – respondeu ele, dando uma tossida de sangue. Segundos depois de ele estar de pés novamente ele se sentiu totalmente recuperado, algo muito estranho, mas essa era a força a mais de Juliana que ele havia recebido.

   - Vamos sair desse cemitério não é mesmo? – disse Rebecca.

   - Claro – respondeu Forza.


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