O Sexta Feira escrita por Miss Krux


Capítulo 41
Capítulo 41 - Contagem




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Um mês, três dias, dezessete horas e trinta e seis minutos, mas quem estava contando?

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M - Anne está me apertando.

... Não acredito que essa faixa seja para usar desta maneira.

A - Ora besteira, tem que ter um laço pelo menos. Não concorda Liz?

L.R - Sim, de acordo e um mais brilho também.

... Marguerite, com este teu cabelo solto e livre, uma tiara cairia perfeitamente bem, como uma Lady deverá aparentar sofisticação e um certo ar de luxúria.

Jessie - E não se esqueça de colocar mais cor nesse rosto também.

M - Chega!!! Por favor, parem.

... Eu agradeço cada uma de vocês, mas é para ser algo simples. Sei que é um dia muito especial, para todas nós. Mas...

V - Mas o dia é dela e do Roxton, deixem que eles façam como desejam.

... Se eles querem algo mais singelo, não há nada de errado com isso, o que mais importa de verdade, ambos já têm... O amor ...

... Eles merecem este momento e vocês sabem disso.

Marguerite trocou olhares com Verônica e um breve aceno de cabeça, estava grata por sua intervenção, aliviada que havia feito.

Naquele dia mais do que qualquer outro, ela odiaria iniciar alguma discussão com uma daquelas mulheres, as quais foram tão importantes e imprescindíveis em sua vida. No fundo de seu coração, ela sabia que na verdade elas compartilhavam o mesmo sentimento, um tanto de euforia talvez.

Era o dia do seu casamento, seu e de John.

E Marguerite tinha que admitir, ela mal podia acreditar de que de fato estava prestes a se unir a ele, de dizer o fatídico "sim", além disto pela primeira vez, dentre todos os seus casamentos anteriores, se sentia ansiosa e nervosa. Como jamais aconteceu.

Alguns dias após retornarem à sociedade e ela finalmente aceitar o pedido oficial de John, o casal permaneceu por horas a fio debatendo acerca dos preparativos e da cerimônia, Marguerite desejava algo mais restritivo, voltado apenas para os amigos e sem que houvesse a necessidade de muitas formalidades, enquanto ele, bem, no que dependesse de Lord Roxton seria capaz de convidar toda a elite e nobres, inclusive a própria rainha da Inglaterra e realizar os festejos no Palácio de Backing.

Até que sobre as alegações e argumentos de que ainda poderia existir alguém em seu encalço, alguém que não conheciam e que estivesse aguardando a oportunidade certa para agir, e aquela seria propícia o suficiente, eles acordaram por algo mais singelo, como a própria Verônica descreveu, convidando tão-somente os íntimos e a ser realizada nas mediações da propriedade da família em Avebury.

Marguerite encarou as mulheres e ofereceu os braços, como um abraço, não demorou para que as três a envolvesse.

L.R - Muito bem garotas, vamos deixar a noiva se arrumar.

... Verônica acha que pode fazer isso? Conter a nossa Lady Roxton.

V - Eu posso tentar.

Sorriram com a expressão e o ar de brincadeira que a garota usou, deixando o ambiente um tanto mais leve do que minutos atrás.

A herdeira pegou de seu colo o pequeno William, o envolvendo junto de si, o garoto tornou-se o seu porto seguro, como o próprio John, os únicos capazes de fazerem com que se esquecesse de qualquer insegurança, medo ou incerteza.

As outras finalizavam os últimos toques de suas maquilagens e vestidos, enquanto ela observava pela grande janela a área externa e decorada da casa, os jardins luxuosos de Avebury, o que permitia a visão de maneira ampla, identificando assim Challenger e Ned degustando de uma boa dose de champagne e provavelmente tentando constantemente (sem sucesso) acalmar John, impaciente, desfazendo o laço borboleta da gravata, caminhando de um canto a outro do altar ou senão dando voltas em círculos.

L.R - Como ele está?

M - A ponto de subir e me buscar.

L.R - Tão ruim assim?

M - Depende do que entende por ruim.

A Lady também espiou por alto a situação em que o filho se encontrava, a fez lembrar quando ele partiu em sua primeira viagem sozinho, ainda era um garoto na época, ela e Phillip naquela ocasião o acompanharam até o vapor, e ele mal podia se conter. Mas definitivamente, hoje estava a ponto de entrar em colapso, pensava e ria consigo mesma.

L.R - Anne permanecerá com o William no colo, enquanto ocorrer a cerimônia.

... Assim não terá com o que se preocupar e ele estará do seu lado também.

M - Certo.

... Eu não devo demorar muito, peça a Jessie para chamar o Challenger e o John, por favor.

L.R - Eu farei.

... Vamos pequeno, vou te apresentar o que são doces de uma festa de verdade.

 

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C - Vamos meu velho, se acalme.

... Marguerite não vai fugir e é costumeiro a noiva atrasar.

J - E porque ela tem que se atrasar tanto assim?

... Ora George, eu já não esperei tempo o suficiente.

Ned - Por isso mesmo, o que são mais alguns minutos?!

... Você a conhece John, deve estar escolhendo qual joia vai usar ou não, sua mãe fez questão de deixar todas as suas à disposição de Marguerite.

J - Eu duvido Malone, só existe uma que ela irá escolher e eu já imagino qual seja.

C - O relicário que Archie e Evelyn lhe deram, eu presumo.

J - Ele mesmo.

Ned - Bem, nesse caso então sugiro que começa a se preocupar, você pode ter assustado a nossa misteriosa Senhorita Krux.

J - O que?

Ned - Eu estou brincando Roxton, ela daqui virá.

... Escuta, vamos até a cozinha, você precisa de uma dose de whisky, ou pelo menos eu preciso.

C - Esplendida ideia Malone.

... O champagne não parece ter ajudado.

Não foi necessário pedir de novo, em instantes os homens atravessavam os corredores da propriedade, em passos largos e acelerados, só diminuindo a velocidade que caminhavam quando se depararam com as escadas que levavam até os quartos e tiveram a oportunidade de escutarem os ecos das risadas alegres das mulheres.

John a percebeu distante, ele sempre estava atento a ela, a via e entendia mais do que a si próprio, conhecia o seu sorriso, o seu olhar, suas expressões, mesmo quando tentava nada demonstrar, e o mais importante os seus sentimentos. Na medida que passaram a conviverem, que nada que fizessem colaborava para saírem do platô, cada dia que passava, a observava mais e com maior atenção, como nunca fez, por mulher nenhuma.

De certo que quando tudo iniciou, seus jogos e brincadeiras sem sentidos, era até então só atração física, Marguerite lhe chamou atenção desde quando os seus olhos caíram sobre o seu belo corpo, mas com o decorrer das semanas que tornaram-se meses e por fim anos, ele já não era mais o caçador, mas sim a caça.

A bela e misteriosa senhorita Krux, tão focada em seus próprios mistérios e segredos, que nem ela mesma se deu conta de que havia ganho mais um para sua coleção, o mais preciso de todos eles, todo o amor e devoção de Lord John Richard Roxton.

 

Ele estava tão perdido e ao mesmo tempo concentrado em seus pensamentos que sequer percebeu os amigos o chamando, ou que estava inconscientemente subindo as escadas, degrau por degrau vagarosamente.

C - Não meu amigo, a cozinha é do outro lado.

J - Eu ...

C - Não percebeu, nos notamos.

Challenger quem o “conduziu” até a cozinha, era perceptível, quase que tangível o seu nervoso, não se lembrava de tê-lo visto se portar dessa forma antes, o cientista acompanhou com orgulho o modo como os dois exploradores e amigos conduziram o relacionamento, era verdade que por vezes não os compreendia por completo, “como duas pessoas poderiam estarem tão apaixonadas e ao mesmo tempo tão dispostas a negarem aquele sentimento”.

No entanto, depois de certos acontecimentos ele observou de perto tudo mudar, crescer e amadurecer, durante o tempo que Malone esteve distante e Verônica desaparecida, percebeu que os dois já não mais discutiam, não como nos primeiros meses, John definitivamente perdia a cabeça com facilidade todas as vezes que algo acontecia a ela e Marguerite, ela sem nenhuma dúvida superou qualquer expectativa que um dia pudesse carregar sobre o seu caráter, se mostrou uma amiga, um alguém a quem contar, sem jamais julgar e que cuidou e protegeu a todos, quando ninguém mais era capaz de fazer.

Na cozinha principal, tamanha foi a surpresa dos rapazes quando encontraram Anne, Elizabeth e Jessie desfrutando de alguns petiscos e uma dose de vinho tinto cada uma, conversando despretensiosamente sobre os preparativos e como tudo ocorria de acordo o planejado. Mesmo Leopold que fez questão de supervisionar cada mínimo detalhe, se encontrava ao lado da lady, carregando o William, que por sua vez se divertia brincando com o seu bigode e gravata.

 

Ned - Senhoras, que surpresa encontra-las por aqui.

... Pensamos que estivessem junto da noiva.

Anne - Estivemos até agora pouco Malone.

... Mas Marguerite está agitada demais, e quanto mais pessoas próximo por perto, pior será.

... A deixamos a sós com a sua esposa.

Ned - Ela lembra alguém que conheço.

A - Lord Roxton eu imagino.

J - Vejo que falam sobre mim.

... Espero que nada de ruim.

A - Apenas do quão nervosos vocês dois estão, você e Marguerite, parecem que estão à beira de um colapso.

J - Eu certamente estou.

... Se ela demorar mais que 10 minutos, vou me certificar de que ela não fugiu.

Foi a vez de John buscar segurança, assim como ela, o caçador busco trazer o filho para o seu abraço, também deixando-o tão informal quanto a si próprio, bagunçando um pouco daquele cabelo e tirando a gravata do bebê, o qual ele não via necessidade, alguma travessura de sua mãe, de certo.

Jessie aproveitou a brecha de que todos estavam reunidos e distraídos com conversas banais ou com o fato de o lorde desarrumar o garoto, fazendo-o gargalhar. E aproximou-se do marido, era o momento perfeito a sós de que precisava, para revelar em segredo o pedido que Marguerite

Jessie - George, ela pediu para que você e o John subissem logo mais, assim que Verônica descesse, mas que manteria a porta trancada.

C - Porque ela faria isso.

Jessie - A porta trancada eu imagino que seja para que ele não a veja.

... Mas o que deseja conversar com vocês dois, não entrou em detalhes.

C - Interessante.

... Não consigo pensar qual a explicação lógica disso tudo, mas de acordo, estarei lá.

 

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Verônica foi a única que Marguerite permitiu que permanecesse ao seu lado, não por conta de diferença entre as outras, mas porque sabia que a garota seria mais cautelosa e ponderada, além da consideração e ligação de irmãs que uma carregava afetuosamente uma pela outra. E nos últimos anos ela quem conviveu ao seu lado diariamente.

V - Acho que terminamos Marguerite.

Ela admirou o seu reflexo no espelho e estava do modo como desejava, durante a gravidez do William não ganhou tanto peso extra, e amamentação junto com o nervoso das primeiras semanas praticamente a fizeram retornar ao seu corpo esbelto e acentuar todas as suas curvas de volta “ao lugar”.

O vestido de noiva não era pomposo como costumeiro, mas sim sofisticado, devido ser outono, optou por um modelo meia estação, as mangas eram compridas até próximo aos punhos, a parte do busto transpassada, formando um V, que também foi pensando, facilitaria caso fosse necessário alimentar o William, e o caimento da parte de baixo era mais solto, que lhe dava movimentos, também havia uma abertura na perna direita e uma faixa envolta da cintura, que ao invés um laço, a prendeu com nó também disposto na lateral, deixando-o um pouco mais esvoaçante. Um modelo a frente do seu tempo, assim como a noiva que o usava.

O cabelo estava escovado, mais liso na parte de cima, finalizando com cachos maiores em baixo, também não usava nenhum tipo de adorno, o queria assim, livre, sendo conduzido pela brisa, como ela mesma se sentia quando ao lado de John. E a maquiagem o mais perto do natural, somente os lábios realçados, em uma tonalidade avermelhada.

 

O modo como sempre imaginou.

V - Está pronta?

M - Sendo sincera.

... Nenhum pouco.

As duas se abraçaram ternamente e por obvio a garota percebeu que ela estava tremula e ofegante. Verônica se via obrigada a conter algumas lágrimas que pareciam teimar em cair.

M - Você não pode chorar Verônica.

... Caso contrário eu juro que choro junto, e se eu fizer vou estragar a maquiagem, e vamos demorar mais do que podemos, e daqui a pouco Roxton estará estourando aquela porta de ansiedade.

V - Hahaha eu posso sim, você quem não pode, aliás não deve.

... E outra eu tenho a desculpa de que estou passando por um momento delicado, e a gravidez está me deixando mais emotiva.

M - Claro, conheço muito bem essa desculpa, o estado interessante.

... Obrigada Verônica, por tudo, desde o primeiro dia, acho que eu nunca te agradeci, mas se hoje estamos vivos e como uma família, você é principal responsável por isso.

... Eu financiei a expedição, gastei cada libra minha, mas nada pagaria ou salvaria as nossas vidas naquele lugar, senão fosse por você. Portanto, e mais uma vez, obrigada.

Um dia ela acreditou ser impossível ouvir tais palavras da mulher diante dos seus olhos, não daquele Marguerite recém chegada ao platô, que se mostrou de início gananciosa, arrogante, inescrupulosa e capaz de fazer qualquer coisa para voltar para o seu mundo de luxuria, inclusive vendê-la ao chefe de Zanga, mas não hoje.

No aqui e agora e em muitas outras situações que enfrentaram juntas, Verônica a viu muito mais do que aparentava, a enxergou por detrás daquela armadura que vestia todas as manhãs, em especial quando arriscou a própria vida para salvar a de Malone, do mundo dos espíritos, foi quando ela ganhou o seu respeito e admiração também. Mas muito mais do que isso, todos eles lhe trouxeram esperança e um novo sentido para vida.

V - Foi uma troca Marguerite.

... Não duvide disso, vocês se tornaram uma parte minha, como jamais imaginei um dia, inclusive você.

... Agora, vou buscar os rapazes.

Elas trocaram mais um abraço apertado e Verônica procurou não perder tempo, como mencionado tratou de buscar John e Challenger, enquanto a herdeira os aguardava.

 

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V - Marguerite está chamando.

C - Sim, claro. Já estamos subindo.

V - Challenger, melhor o John ir primeiro, pelo o que entendi ela irá conversar com cada um de vocês em particular.

C - Muito bem.

... John, estarei aguardando-o aqui embaixo.

J - Combinado George.

Ele entregou a criança para Anne segurar, e logo em seguida apressou-se para encontrá-la. Os demais, com exceção do cientista tomaram os seus lugares próximos do altar, o momento que tanto esperavam se aproximava.

John bateu duas vezes na porta, o que a fez sobressaltar de seus pensamentos, ele deve ter subido as escadas correndo, ela abriu uma pequena fresta, mas não o permitiu entrar, eles conversariam sim, mas sem que um pousasse os seus olhos sobre o outro, seguiria a tradição, de que se o noivo visualizasse a noiva antes da cerimônia, acarretaria má sorte para a união.

M - John, você está aí?

J - Sim Marguerite, eu estou aqui, como sempre estarei, ao seu lado.

Ambos tinham o tom de voz carregada, apreensivos, nervosos, ansiosos, um misto de sentimentos, nenhum dos dois nunca imaginaram que esse dia chegaria, desejaram um dia, mas não criaram tantas expectativas. Contudo, ao mesmo tempo sentiam-se felizes, tamanha felicidade que mal conseguiam se conter ou se expressar.

Ela estendeu a mão para que ele pudesse segurá-la, mas silenciou, não soube o que falar.

J - Não sabe o que falar, não é mesmo?

M - Sim, quer dizer não.

... Eu sei o que dizer, só não consigo.

John retribuiu o seu gesto, e entrelaçou a sua mão a dela, ambos permaneceram alguns instantes assim, um de cada lado, com às mãos dadas, apreciando o tempo que compartilhavam, era como se o próprio tempo tivesse sido congelado a pedido deles.

M - John, o que...

... O que eu queria, quer dizer que eu quero dizer é que eu amo você.

... Amo como nunca pensei que seria capaz de amar alguém em toda minha vida e eu sei que daqui a pouco vamos formalizar a nossa união na frente de todos, mas eu queria, eu tinha que falar isso só pra você, só entre nós dois.

Ele demorou para respondê-la, mais do que gostaria, mais do que o seu habitual.

M - Está chorando?

J - Não.

... Quer dizer talvez, acho que não sou tão durão assim.

M - Você nunca foi.

J - Não quando se trata de você.

Enxugando às próprias lágrimas que lhe escapavam, sempre aventureiro, viajando, sua fama corria o mundo, nunca permitiu que seu coração fosse partido por uma mulher, nunca soube o que era amar uma, até conhecer Marguerite. Tomou mais alguns segundos, apertou um pouco mais à mão da herdeira e depois de reunir algumas palavras, ele se manifestou.

J - Eu admito, nunca pensei em me casar, em erguer e construir uma família, como a que temos hoje.

... Mas eu também não sabia o que era amar alguém, como eu amo você.

... Você é o mais próximo que estarei do paraíso que posso chegar.

... Eu nunca pensei um dia desejar tirar a minha vida, nunca corri tantos riscos por alguém e de bom-grado faria de novo e nem quando jovem, nunca quis tanto alguém como quero você, não só hoje, mas para todo sempre.

... Marguerite, minha Lady Marguerite Roxton, minha mulher de fogo e aço, eu a amo incondicionalmente.

Antes que ele fosse capaz de invadir aquele quarto e abraça-la como desejava fazer, ele respirou fundo, ajoelhou-se e de olhos fechados depositou um rápido beijo na mão de Marguerite, assim como o bilhete que a entregou.

J - Estarei te aguardando.

Marguerite do outro lado pode ouvir a respiração mais pesada, a voz embarcada do caçador, ouvia atentamente cada palavra, seu coração batia em ritmo acelerado, por quantas vezes ouviu Roxton dizer que a amava, mas aquele dia, aquele momento era diferente. Ela soube quando ele se distanciou e a deixou a sós novamente, por um breve instante pelo menos.

O bilhete, era aquele que ele intitulou como o seu tesouro mais precioso, aquele mesmo que um dia ela rabiscou “Lady Marguerite Roxton”, ela o apertou contra seu peito, o dobrou novamente, de modo que coubesse dentro de seu relicário, que usava na ocasião.

 

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Era a vez de Challenger, que aguardava pacientemente próximo as escadarias, John passou por ele, com um simples cumprimento e seguindo ao encontro de sua mãe. Enquanto o cientista se via frente a porta entreaberta.

C - Marguerite, posso entrar?

M - Claro, não só pode, como deve.

Marguerite estava sentada próximo a escrivaninha, aguardando-o, ele tinha que reconhecer, ela estava fantástica, não encontrava palavras para definir o quanto aquela mulher que tanto admirava, estava estupenda.

M - George, eu serei direta, até porque acredito que não tenhamos muito tempo.

... Você poderia entrar comigo, quero que seja você, que me leve até o John, como meu pai faria.

O Cientista perdeu a fala, a encarava de certa forma incrédulo do que ela havia acabado de lhe pedir, era verdade que o seu carinho pela mulher era genuíno, e que possivelmente a considerava como uma filha, isto há certo tempo já lhe rondava. Mas um pedido dessa dimensão, era inesperado.

M - E então, o que me diz?

... Infelizmente nós não temos todo o tempo do mundo.

C - Ora minha cara, é uma honra.

... Não tenho palavras o suficiente para descrever o que sinto neste momento, eu não esperava isso, quer dizer...

Antes que ele pudesse concluir a frase, ela o abraçou alegremente, como se fosse ainda uma garotinha, agradecendo-o por ter aceito o seu pedido, sem dúvidas aquele era um dos dias mais felizes de sua vida.

Além disto, Marguerite tinha consigo que era o mínimo que poderia fazer, principalmente depois dele ter realizado os dois partos, o de sua mãe e o dela também, nada que fizesse ou falasse seria o suficiente para agradecer aquele homem.

Após a felicidade compartilhada, a sua maneira, um tanto encabulado ainda, ele ofereceu a Marguerite o braço, para que entrelaçasse ao seu e seguissem com os festejos matrimônios.

Ela chegou as portas de vidro do jardim ainda há tempo de visualizar John e Elizabeth caminharem lado a lado até o altar, assumindo suas posições devidas.

C - Pronta?

M - Pronta não é bem a palavra que eu usaria.

... Estou me sentido ansiosa, meus nervos estão como se a flor da pele, estou tremendo, minha cabeça está começando a doer e minhas pernas parecem que vão falhar a qualquer momento.

... Mas eu já cheguei até aqui, não vou desistir agora.

Challenger a olhou sorrindo, orgulhoso.

C - Ora minha cara isso é perfeitamente normal.

... Os noivos costumam ter tais reações antes de selarem o matrimônio.

... A quem diga, alguns estudos que apontam para o sistema psicológico que reflete no físico, e vice-versa, além do fator de você ainda se encontrar na fase que denominamos de pós parto, ou seja, pode ainda ter efeitos sobre os seus hormônios e moções, por isso sente-se dessa forma.

... Nada fora do normal.

Ela lhe devolveu o olhar, balançando levemente a cabeça, rindo de seu comentário cientifico.

M - Você não perde o jeito não é mesmo Challenger?!

... Até nesses momentos você consegue mencionar explicações científicas.

C - Não consigo, a ciência é a minha vida Marguerite, assim como você é a de John e por falar nisso, é nossa vez.

M - É sim...

... Obrigada por estar aqui.

 

Ao fundo os músicos tocavam a valsa de Viena, a qual carregava mais significado para ela e para o John do que a marcha nupcial ou qualquer outra melodia, era final de tarde, o sol ainda iluminava todo o local, como se fosse uma cena de um livro que leu outro dia, há muito tempo.

Lá estavam, todos eles em suas posições, próximos ao altar, registrou cada semblante, cada sorriso de seus amigos, esperando que nunca fosse desperta desde sonho. Seu filho estava lá, se portando no colo de Anne, que carinhosamente o apelidou de “meu menino”.

E por fim, os olhos dela encontraram os caminhos dos dele, John a aguardava como se intacto, a frente do altar, a media por completo, pode vê-lo tomando fôlego, encantado com tamanha beleza.

C - Bem.

... Aqui está ela meu amigo.

... Vocês dois se cuidem bem e não se esqueçam, me orgulho muito do que construímos no aqui e agora.

J - Obrigada Challenger, nos cuidarem, não duvide disso.

... E que muitos momentos como este se repitam.

Marguerite mais uma vez o surpreendeu, ela apenas o abraçou mais apertado e demorado que anteriormente, depositando um beijo em seu rosto, agradecendo-o novamente, não com palavras, mas com gestos, o que deixou o homem um tanto envergonhado, rubro.

Em seguida assumiu o seu lugar ao lado de John, as mãos unidas, assim como os seus corações, dois corações por um, duas almas que transmutavam em uma única, destinadas a permaneceram juntas além da eternidade.

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Juiz - Lord John Richard Roxton aceita está mulher, como sua legítima esposa, para amar, honrar, respeitar, nas alegrias e tristezas, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, nas adversidades, sejam quais foram, que a vida lhe reservar.

... Estando ciente de que após está união será seu direito e dever dedicar a está mulher mais do que bens matérias, mas tempo e sentimentos, dos quais estarão unidos além do aqui e agora.

... Você aceita?

John virou-se, mantendo-se a frente de Marguerite, registrando os seus traços, afogando-se em sua essência, levando a mão esquerda da herdeira aos seus lábios, a beijando por cima da aliança, que já usavam a certo tempo.

J - Eu aceito.

... Dedicarei cada dia da minha vida a te amar, respeitar e proteger Marguerite.

Juiz - Marguerite Blanc Krux, você aceita está homem, como seu legítimo esposo, para amar, honrar, respeitar, nas alegrias e tristezas, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, nas adversidades, sejam quais foram, que a vida lhe reservar.

... Estando ciente de que após está união será seu direito e dever dedicar a ele mais do que bens matérias, mas tempo e sentimentos, dos quais estarão unidos além do aqui e agora.

... Você aceita?

Marguerite demonstrava um sorriso, um de seus mais belos sorrisos, olhava para o caçador, tremendo, ao invés de beijar a sua mão, mas sim entrelaçando a sua própria com a dele, ela realizou os seus votos.

M - Eu aceito.

... Estarei ao seu lado John em todos os momentos de nossas vidas, mesmo que isso nos leve a novas aventuras, mas eu aceito.

... Irei te amar, honrar, proteger, com todas as forças do meu ser, até o dia de nossas mortes.

Juiz - Sendo assim.

... Perante o poder que me confere eu vos declaro marido e mulher.

... Se forem da vontade dos dois, podem selar a união com um beijo.

J - Então Marguerite, me concederia um beijo?

M - Como se você já não tivesse feito isto, não é mesmo?

J - Pode se dizer que sim, mas não assim, abertamente e agora sendo oficial como marido e mulher.

M - Posso pensar.

 

Vagarosamente o casal aproximou-se um do outro, o caçador deslizava uma das mãos pelas costas da herdeira, enquanto a outra permanecia entrelaçada a mão de Marguerite, até que ela soltou e a depositou sim por trás do pescoço de John. Ainda antes do beijo, próximos, rosto com rosto, em um sussurro.

M e J = Eu amo você.

Os lábios agora se encontravam em um beijo que não era preciso dizer mais nada, não precisava de palavres, o modo como o casal se tocava, o carinho e o respeito bastavam.

Se o amor era capaz de assumir uma forma, certamente seria a de Marguerite e Roxton juntos, eles eram o próprio amor em forma de dois seres humanos amando verdadeiramente um ao outro.

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FIM

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O fim é só o começo!


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Notas finais do capítulo

Um mês, três dias, dezessete horas e trinta e um minutos, mas quem estava contando?


Ninguém, mas esse alguém diz que foi publicado o capítulo final de O Sexta-Feira exatamente em uma Sexta-Feira (19/02/2021 - 17:36min).
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