O Sexta Feira escrita por Miss Krux


Capítulo 14
Capítulo 14 - Vá viver, uma vida digna




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Durante o dia Challenger organizava em seu laboratório tudo o que pretendia levar, suas anotações, invenções, experiências e tudo mais que gostaria de ter consigo, embora muitas das suas coisas deixaria no platô, pois sabia que estaria mais seguro e que poderia ser útil para Verônica e Malone, enquanto os dois se arrumaram e partiram para a aldeia Zanga, pretendiam avisar Assai sobre sua partida e também pediriam o favor de enviarem alguns guerreiros, para que vigiassem a casa da árvore durante sua ausência.

John era o responsável por lavar, guardar a louça e cortar a lenha na parte da tarde, Marguerite mostrou toda a casa para a Lady Roxton, que por sinal estava cada vez mais deslumbrada, no laboratório sentiu-se encantada, Challenger concedia a mulher total atenção, explicava item por item, cada invenção ou experimento, era a brecha que a herdeira precisava e sem que percebessem seguiu em passos rápidos até o elevador e após até John.

 

Como de costume o caçador estava virado de costas, o dia estava quente, o sol brilhava no céu azul, sem camisa, suspensórios caídos, cortava a lenha ágil, empenhado, tentava cortar o máximo que podia para deixar a reserva abastecida por uma semana, não percebeu quando a herdeira chegou, que por detrás não pode deixar de admirá-lo, ainda olhando-o por alguns segundos, antes que percebesse.

M - Tão empenhado em cortar lenha, tanto esforço, sabe existem muitos outros meios de se distrair.

John ainda de costas não pode deixar de sorrir, como sentiu falta dela, dos seus jogos que por muitas vezes o faziam perder a cabeça e agora podiam ter um tempo para eles, até porque desde sua chegada não conseguiram ficar tanto tempo à sós.

J - Outros meios, é mesmo? Não os conheço, gostaria de compartilhar?

A herdeira se aproximou tocando-o no rosto, o fazendo virar para si, estavam frente a frente, um pousava seus olhos sobre o outro, sorrisos em seus lábios, o silêncio por vezes fala mais que mil palavras e aquele momento não precisava de tantas assim.

J - Eu já te disse o quanto está linda hoje? O quanto é linda?

M - Já sim, várias vezes.

...John eu preciso te falar uma coisa.

J - Ora Marguerite, sabe que pode me dizer o que quiser.

M - Acha que serei uma boa mãe?

John percebeu que apesar de tudo, a herdeira estava se sentindo insegura, depois de algumas experiências no platô, sabia das suas aversões com crianças, mas agora tudo estava mudado, ela havia mudado.

J - Será a melhor mãe do mundo, a melhor que eu podia ter escolhido para ter um filho e sem dúvida a mais bela também.

M - Acha mesmo?

J - Não.

M - Não?

J - Tenho certeza.

O caçador a envolveu em seus braços, a abraçando ternamente, podia sentir de perto o perfume da mulher, a pele, a sentia relaxar em seus braços, suas dúvidas se dissiparem, enquanto Marguerite era capaz de sentir toda a segurança que tanto desejou nos últimos dia, envolta daquele abraço seria capaz de esquecer qualquer problema, só John podia acalmar coração e alma dessa maneira.

M - Me diz, o que você faz? Porque só em seus braços eu me sinto tão bem assim?

J - Eu não faço nada, apenas a amo, como nunca antes amei ninguém e agora carregando aí dentro o fruto do nosso amor, eu a amo em dobro por você e por ele.

M - Como pode dizer que é ele? Não sabemos ainda se será ele ou ela.

J - É modo de falar, me refiro por ser nosso filho, mas independente do que seja, ele ou ela, irei amar tanto, cuidar e proteger por toda minha vida, como farei sempre com a mulher responsável por me dar tal felicidade, você.

A herdeira o apertou ainda mais em seus braços, ouvir aquilo, era tudo o que ela mais esperava, apagava toda e qualquer dúvida que tinha, sabia agora mais do que nunca que John sempre estaria ao seu lado.

M - Eu o amo John, o amo tanto, estou tão feliz, que às vezes chego até a temer que algo venha acontecer, mas então me lembro que tenho você e que nada pode me atingir ou atingir o nosso filho, nada e nem ninguém.

Os dois permaneceram abraçados por mais algum tempo, juntos apenas sentindo um ao outro, desfrutando daquele momento.

M - Acho que tem que terminar de cortar a lenha?

J - Eu termino depois.

M - Depois? O que tem em mente?

J - Acho que isso.

John tomou os lábios da herdeira, que o correspondeu prontamente, o beijo era quente, molhado, cheio de saudades, de necessidade, do quanto um precisava do outro, como se juntos fossem apenas um, mas separados eram apenas uma parte incompleta, o caçador trazia o corpo de Marguerite cada vez mais para perto do seu próprio e o beijo parecia ficar mais intenso, mais urgente.

L.R - Vocês dois sabem que isso seria permitido apenas depois do casamento, não é mesmo?

Era Lady Roxton e Challenger atrás do casal, certamente o cientista havia trazido a mulher a baixo para mostrar mais de suas invenções, Marguerite e John não o notaram chegando, o cientista devido a intromissão da Lady Roxton estava vermelho, corado de vergonha, Lady Roxton por sinal com os braços cruzados, olhando seriamente o comportamento do casal. Marguerite sentiu-se corar também de vergonha, já o caçador agia de forma natural, não tinha nada a esconder.

J - Sabe minha mãe, acho que o que não podíamos fazer já aconteceu, portanto, não é um beijo que fará a diferença.

L.R - Exatamente John Roxton, o que não podia acontecer já aconteceu, mas quando voltarmos até casarem como mandam às tradições, ainda que apenas no civil, irão se comportar. Eu irei permanecer por perto, para me assegurar e irão dormir em quarto separados até assinarem os papéis, só então depois disso, terão uma vida como marido e mulher.

J - Claro minha mãe, não irei contradizer a senhora, assim que anunciarmos nosso retorno, pretendo na mesma semana assinar os papéis do casamento. Fique tranquila quanto a isto.

...Quero oficializar o quanto antes que Marguerite é minha esposa.

L.R - Ótimo, mas até lá estarei de olho nos dois. A propósito Marguerite acredito que já está no nosso horário, Bryan certamente já deve ter dado por nossa falta e até Anne. E você tem médico amanhã, precisa descansar por hoje ou do contrário farei passar a próxima semana inteira trancada no quarto.

A herdeira apenas bufou, e uma vez Lady Roxton de costas fez uma de suas caretas, o que não passou despercebido por John enquanto vestia sua camisa, antes que a mulher chamasse a sua atenção sobre isso também.

 

—--//---

 

C - Bem, então vocês irão partir?

M - Sim Challenger, mas em três dias eu venho buscá-los, todos vocês. Até lá, prepare tudo o que puder e tratem dos dois se manterem vivos.

C - Ora, claro que sim minha cara e você também, devo dizer.

L.R- Ela vai professor, não tenha dúvidas estará sobre meus cuidados.

Marguerite desta vez apenas revirou os olhos com desdém, sem que a Lady percebesse, o qual fez com que o caçador soltasse uma de suas risada, era realmente engraçado ver Marguerite tentando se comportar, ou pelo menos um pouco mais retida do que o habitual e em contrapartida sua mãe o tempo todo atrás dela “pegando em seu pé”, como uma mãe atrás de uma criança arteira e respondona, era uma situação inusitada para as duas, que provavelmente enfrentavam divergências de opiniões e rebeldia uma da outra, o que acabava por aproximá-las, só não tinham notado ainda.

J - Bem, vocês duas tomem cuidado, Marguerite obedeça a minha mãe, não em tudo mas obedeça, amanhã fique bem quanto ao médico. Mãe pare de implicar com Marguerite, nem eu faço isso tanto como a senhora está fazendo. E principalmente não se matem, espero vê-las daqui três dias.

...E para que não fiquem com ciúmes uma da outra, saibam que eu amo às duas, são às mulheres da minha vida.

O caçador deu um beijo no rosto da mãe, a abraçando e um beijo, nada mais que um apenas tocar de lábios rápido em Marguerite, em seguida abaixou-se depositando um beijo na barriga da herdeira.

J - E amo você também meu filho ou filha. Brigue com sua mãe se ela não fizer às coisas corretas em minha ausência.

M - Hahaha… John é só um bebê, como irá brigar comigo?

J - Não sei, um chute mais forte ou um enjoo pior que os outros. Tenho certeza que ele vai pensar em algo.

M - Eu vou me comportar está bem. Agora se cuide também, Challenger isso serve para você, o dois fiquem bem.

C - Fique tranquila Marguerite, ficaremos bem.

J - Tem minha palavra Marguerite.

Marguerite apenas fez um aceno positivo, segurou em uma das mãos de Lady Roxton e partiram para Avebury, sumindo diante da vista dos dois homens.

C - John acha que sua mãe e Marguerite ficaram bem? Digo é... Ambas têm um gênio aparentemente forte e elas quem irão organizar o nosso retorno.

J - Hahaha... Challenger, espero que sim ou aprendem a lidar uma com a outra, caso contrário farão da propriedade em Avebury um campo de guerra. Mas se tratando do nosso retorno é interesse das duas, pelo que conheço Marguerite e minha mãe, vão trabalhar juntas, não se preocupe meu amigo em poucos dias estaremos de volta.

C - Sim, estaremos, sabe há um tempo atrás a primeira coisa que gostaria de fazer ao retornarmos seria correr até à sociedade de zoologia e mostrar como aqueles arrogantes e mesquinhos que deixamos para trás estão errados, mas hoje a primeira coisa que gostaria de fazer, é voltar para a minha esposa.

J - É meu amigo eu acho que entendo o que quer dizer, nunca pensei que um dia falaria isso, mas eu te entendo.

 

—--//---

 

Em Avebury Marguerite e Lady Roxton voltaram direto para o salão principal, a herdeira pensava rápido, quanto antes falasse com Bryan, melhor, assim já providenciariam o retorno dos demais. Leopold passava por perto quando às viu chegar, não compreendia ainda tão bem como era possível, mas tinha ideia que a responsável deveria ser Marguerite.

L - Senhoras é bom vê-las de volta, já estávamos preocupados.

M - Obrigada Leopold, mas preciso saber onde está Bryan? Preciso falar com ele urgente.

L - Acredito que na biblioteca senhora, deseja que o chame?

M - Não obrigada, eu mesmo irei até lá.

A herdeira deixou o mordomo e a mulher mais velha o mais rápido que pode, a viagem parecia ter causado um pouco de tontura, mas nada demais, seguiu apressada até a biblioteca, onde encontrou o jovem próximo a janela, estava anoitecendo, mas Bryan continuava trabalhando, assinava alguns documentos, uma xícara de chá ao lado, também mais um ou dois livros próximos, sequer viu quando Marguerite entrou.

M - Bryan preciso falar com você. É um tanto urgente, será que podemos conversar?

B - Marguerite não a vi entrando, bom se é tão urgente assim, por favor, sente-se, diga, aconteceu algo? Aliás está tudo bem com você, com a criança?

M - Sim, sim, não somos nós. Preciso que vá até a Sociedade de Zoologia e anuncie que a expedição de Challenger estará de volta em uma semana.

B - Vejo que tem um plano.

M - Tenho sim, mas precisarei que seja o mais convincente que puder e que use toda a fama de sua família, como certa vantagem. Preciso que diga aos membros que nós da expedição Challenger contatamos você e sua tia, os quais nos enviaram uma embarcação particular, para o resgate e em uma semana estaremos de volta. Não de muito detalhes, deixe que o próprio Challenger irá se encarregar disso. Acha que pode fazer?

B - Claro que sim, estou indo para Londres assim que terminar de assinar estes documentos, tenho um jantar de negócios, é caminho, já procuro o presidente da sociedade de Zoologia e o comunico. Quanto a ser convincente acho que não precisa se preocupar, afinal você e meu primo pensaram que eu realmente tinha acreditado que vocês eram o senhor e a senhora Montclair, não é mesmo?

M - Tem razão, foi bem convincente, em outras circunstâncias seria um ótimo aliado. Mas além disso, preciso de mais um favor e prometo que será o último, por hoje pelo menos.

B - Eu bem que gostaria de saber quais circunstâncias seriam essas, mas não temos tempo o suficiente, portanto, qual é próximo favor?

M - Quero que descubra onde Challenger mora, preciso conversar com a esposa dele, não sei se ela vai acreditar em você, afinal nunca o viu.

B - Eu sei onde é a antiga casa do professor Challenger, meus colegas mais velhos sempre estavam a lhe perturbar quando algo dava errado, digo experimentos e coisas assim, invenções, posso levá-la até lá, enquanto vou ao jantar a deixo com a senhora Jessie.

M - Ótimo. Vou pedir para que Anne me faça companhia para caso algo aconteça de errado.

B - Também pedirei para Leopold nós acompanhar, ele servirá como prova que vocês nos contataram, caso haja dúvidas.

M - Perfeito, partimos em 15 minutos pode ser?

B – Claro, acredito que tenha pressa.

M - Sim, muita.

B - Sabe Marguerite, acho que agora sei o porquê meu primo se apaixonou por você?

M - Sabe é... E porque seria?

B - Você é de fato fantástica, tem muitas habilidades que um homem desejaria ter por perto.

M - Bryan posso assegurar que existem muitos mais coisas sobre mim que não conhece e talvez nem vá conhecer, que aliás seu próprio primo ainda está descobrindo e isso depois de quatro anos, eu o conheço não tem uma semana, portanto não se iluda, você ainda é jovem demais, para o seu próprio bem, vá viver, mas uma vida digna, não se envolva com o que pode matá-lo.

 


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