Starting a Family escrita por Nana Fantôme


Capítulo 8
Capítulo 8




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— Como isso pode ter acontecido? – Esme limpava as lágrimas que escorriam a cada palavra que Eleazar falava.

— É algo bem comum em tumores. – Denali explicava – Pelos exames ele não cresceu tanto mas foi o suficiente para acarretar a convulsão.

Os dois estavam sentados na sala de espera enquanto Carlisle havia sumido nas portas que levavam para o centro cirúrgico a deixando sozinha com o psiquiatra.

— E o doutor Volturi está tentando retirar completamente?

— É uma área particularmente difícil mas ele vai fazer de tudo para que seja retirado sem causar sequelas.

— Ela pode morrer? – a angústia que Esme sentia fazia com que um peso caísse em seu estômago só de imaginar sua vida sem Alice.

— Toda cirurgia tem um risco. Ela pode morrer, pode perder a capacidade de falar, continuar tendo as convulsões, entrar em coma, pode precisar de acompanhamento médico para sempre ... – a cada variante, os olhos da mulher se arregalavam mais – E mesmo se nada disso acontecer, podem ser meses de recuperação onde ela pode ter muitas dores de cabeça. Eu não estou falando isso para te assustar, só quero te preparar para o que vier.

Mesmo que o médico tivesse dúvidas sobre a relação do casal e como aquele casamento seria na vida das crianças, ele não podia deixar de se compadecer com o sentimento da mulher.

— Não, tudo bem. – tentou dar um sorriso para tranquilizá-lo – Preciso mesmo saber de tudo isso para poder cuidar dela de forma apropriada.

Eleazar não conseguiu esconder a expressão de surpresa com o que ela tinha dito.

— Você ainda pretende seguir com a adoção?

— Claro. Agora mais do que nunca Alice precisa de mim. – os olhos dela se tornaram duas fendas – Você ainda me toma como uma interesseira, ou de que estou aqui para estragar a vida de Carl ...

— Não, não. – ele se apressou em se justificar – O quadro dela se complicou mais rápido do que esperávamos, ninguém vai te julgar se você der para trás no processo de adoção.

Ela o olhou completamente horrorizada.

— Eu não sei o que preciso fazer para que você entenda de que Alice, Edward e Rosalie são meus filhos. Não podem ter sido gerados por mim mas são meus. Que tipo de mãe eu seria se os abandonasse?

— Tudo bem, desculpe. Não queria te aborrecer. – Eleazar levantava as mãos em rendição - Só queria deixar claro de que você tinha uma outra alternativa.

— A única alternativa que tenho é rezar para a minha filha sobreviver a isso.

Mesmo tentando manter o rosto impassível, o doutor Denali não conseguiu controlar a satisfação que sentia com a determinação da mulher. Tinha que admitir que embora não tivesse certeza das intenções do amigo, as crianças ficariam em boas mãos com Esme.

— O doutor Volturi é o melhor neuro do país. Se alguém tem chances de fazer tudo isso com muito sucesso é ele. Crianças são fortes, um dia estão com febre e no outro estão pulando pela casa nos deixando malucos. – tentou tranquilizar a mãe – Rosalie e Edward estão no andar debaixo, você quer ir ficar com eles enquanto eu reboco Carlisle do centro cirúrgico?

— Eu posso ir lá? – o olhou esperançosa.

O doutor Denali retirou um papel cuidadosamente dobrado do bolso do jaleco e entregou a Esme.

— Temos um pequeno tribunal aqui no hospital para conseguir algumas liminares para casos urgentes. – ele se explicava enquanto ela abria o papel – Siobhan é a assistente social que cuida do caso de Edward e Rosalie, como é uma adoção conjunta ela se tornou responsável pelo caso de Alice. Consegui uma audiência enquanto vocês estavam se casando e a juíza concedeu um certificado colocando você como cuidadora. Expliquei toda a situação de que você e Carlisle estão se preparando para casar e que desejam muito começar uma família. Não menti em nada do que disse mas ela também não me questionou sobre a relação intima de vocês. Siobhan não se opôs já que estava ciente sobre o caso, pelo estado de Alice ter se agravado isso contribuiu.

— Isso quer dizer que sou legalmente responsável por eles? – ela olhava o documento como se aquilo fosse um tesouro.

— Não, eles ainda estão no sistema. Assim que saírem daqui eles vão para um abrigo enquanto o processo de adoção não finaliza. Este documento só garante que ao saírem daqui o abrigo que serão destinados será a casa de Carlisle.

— Isso não interfere na adoção?

— Não, na verdade isso agiliza o processo.

Os olhos de Esme estavam novamente marejados mas por um novo sentimento. Em um sinal de impulso, ela jogou os braços em volta do pescoço dele em um abraço de pura gratidão.

— Obrigada.

— De nada. – sem jeito, ele passou os braços em volta da cintura dela.

Se afastaram antes que o abraço se tornasse muito desconfortável.

— Posso ver meus filhos agora? – ela o olhava com um brilho nos olhos.

— Claro. – a respondeu sem graça. – Por aqui.

Ele a conduziu ate a porta do quarto onde os adolescentes estavam instalados. Todo o caminho a via segurar o papel contra o peito, como se aquilo fosse a coisa mais preciosa que precisava ser guardada.

— Obrigada, doutor Denali. – ela o agradeceu quando via os filhos pela janela do quarto.

— Vou tirar Carlisle da galeria da sala de cirurgia antes que ele comece a gritar com o Volturi.

— Você pode dizer a ele que estou aqui? – ela apontou para a porta.

— Claro.

Doutor Denali sorriu antes de retornar para o andar onde o amigo estava. Esme ficou o olhando partir até que sumisse no corredor. Assim que se virou a porta do quarto foi aberta em um supetão.

— Edward! – ela se assustou tanto pela porta estar abrindo de forma brusca quanto por ser o garoto a abri-la.

Ele se segurava na porta para que não caísse, enquanto a perna quebrada se mantinha no ar.

— Com está Alice? – ele a questionou preocupado.

— O que está fazendo em pé? - o olhava preocupada. – Como chegou até aqui sem muletas?

— Vim pulando. – fez pouco caso – Você não respondeu como Alice está.

— Ela está em cirurgia. – o respondeu dando um passo para dentro do quarto – Vem, vou te ajudar a voltar para a cama.

— Não precisa, eu consigo voltar sozinho.

Ela o ignorou passou um braço em volta da cintura dele, fazendo com que o braço dele se apoiasse em seus ombros. Era a primeira vez que ficava tão próxima do filho e naquele momento percebeu que era em torno de dez centímetros menor que ele.

Mesmo a contra gosto, Edward se apoiou nela no curto caminho de volta para a cama. Aquele trajeto o havia causado muito dor na perna e estava agradecido pela ajuda mesmo que não fosse admitir isso.

— Eu poderia ter voltado muito bem sozinho. – resmungou quando se apoiou na cama para se deitar novamente.

— Claro que poderia mas fico mais tranquila te ajudando porque sei que você não vai cair.

— Você é menor que eu. – ele revirou os olhos – Se eu caísse, você iria junto.

— Você está subestimando a minha força.

Ela se virou para a cama ao lado, em que Rosalie dormia em um sono profundo. Passou a mão nos cabelos da filha dando uma boa olhada no rosto sereno dela.

— Ela dormiu tem pouco tempo. – Edward explicou ao ver a expressão preocupada da mãe.

— O doutor Denali me disse que Alice estava visitando vocês quando ... passou mal. Vocês estão bem?

— Estou bem, só fiquei preocupado. O doutor Denali e o outro médico vieram aqui e levaram ela as pressas. Rosalie acabou estourando um ponto quando foi socorrer Alice e acabou dando um pouco de febre. Ela ficou bem assustada com tudo o que aconteceu. Ela vai me encher de perguntas quando acordar.

— Vou fazer o mesmo quando Carl chegar. – Esme murmurou.

Edward fez uma careta quando foi tentar se acomodar melhor na cama.

— A perna está doendo? – ela chegou mais próxima dele o ajudando a arrumar o travesseiro.

— Um pouco. – ele admitiu.

— Se ele está admitindo é porque ele está a ponto de morrer. – Rosalie resmungou com a voz rouca de sono. – Oi Esme.

— Oi querida. – Esme foi ate a cabeceira da adolescente para depositar um beijo em sua testa e aproveitar para checar a temperatura da filha. – Está se sentindo melhor?

— Estou bem.

— Edward estava me dizendo que você estava com febre.

Rosalie deu um olhar severo para o irmão antes de se virar para a mãe e lhe dar o melhor sorriso que poderia.

— Não foi nada, foi coisa boba. – tentou fazer pouco caso – Como está Alice? Os médicos já terminaram os exames? Ela foi para cirurgia mesmo? O doutor Denali passou aqui muito rápido e disse que se tudo corresse como o planejado ela faria uma cirurgia.

Esme se sentou na beirada da cama de Rosalie para poder dar a devida atenção aos filhos mais velhos.

— Alice está em cirurgia. O que me explicaram é que ela teve uma convulsão devido ao tumor que cresceu. Eles estão agora tentando retirar todo o tumor e evitar mais danos.

— Danos?

— As convulsões são causadas pelas lesões que o tumor está causando. Quanto mais lesões o tumor causar, pior é. Por isso eles estão tentando retirar todo o tumor para garantir que não cause nenhuma sequela na cabeça de Alice.

— Mas ela vai ficar bem, certo? – Edward questionou.

— Espero que sim. O doutor Denali me garantiu que o doutor Volturi é o melhor cirurgião do estado tenho certeza de que Alice está em boas mãos.

Garantia para os filhos mas aquilo era um incentivo para ela mesma. Tinha que ser forte para poder ser o suporte dos filhos naquele momento.

[...]

Já havia se passado horas, era quase madrugada. Esme estava deitada com Rosalie na cama da menina enquanto fazia um cafuné nela. Edward assisti, entediadamente, um filme na televisão. Desde que haviam chegado ali, Carlisle não havia aparecido no quarto.

Ele apenas mandou uma mensagem para a esposa avisando do estado em que se encontrava a filha caçula deles e de que ficaria no centro cirúrgico, mesmo que Eleazar tenha o colocado para fora da galeria, para caso Alice precisasse de algo.

A porta do quarto foi aberta e um abatido Carlisle passou por ela. Os três que estavam deitados se sentaram de supetão pelo susto e ávidos por notícias da caçula.

— Como está Alice? – Rosalie questionou.

— Ela vai ficar bem? – Edward quis saber.

— Quando posso ir ver Alice? – Esme falou ao mesmo tempo que os outros dois.

Carlisle mantinha um sorriso no rosto ao ver os três ali reunidos.

— Calma. Calma. – ele levantou a mão impedindo que as perguntas continuassem a surgir – Ela está estável. A craniotomia foi longa mas Aro conseguiu tirar uma boa margem e se ela acordar bem não temos com o que nos preocupar.

— Por que demorou tanto? – Edward perguntou curioso.

— O tumor estava em uma área de difícil acesso e ainda não estava grande o suficiente, então o doutor Volturi precisou de mais tempo para conseguir alcançar sem que causasse grandes danos no tecido.

— Como vai ser a recuperação? – Esme olhava preocupada para o marido – E quando posso ir ficar com ela?

— Volturi confirmou que o tumor era realmente benigno o que é ótimo já que isso quer dizer que ela não vai precisar fazer radioterapia. Se ele tiver retirado tudo como realmente diz, então Alice estará completamente bem. Ela foi para o pós operatório, deve ficar lá a noite toda. Só vamos conseguir vê-la amanhã, ainda não sei bem que horas mas só amanhã.

— Amanhã ela já vai estar acordada? – Rosalie respirou aliviada.

— Este é o plano. – ele garantiu – Esme, precisamos ir. Vou te deixar em casa e preparar tudo para a visita de Siobhan. Eleazar me disse que te entregou a licença.

— Que Licença? – a curiosidade de Rosalie falou mais alto.

— Você não disse a eles? – os olhos dele estavam na esposa.

Esme apenas acenou que não com a cabeça.

— Estava esperando por você. – ela deu de ombros.

— Bom, quando vocês saírem daqui, irão direto para a nossa casa. Amanhã Siobhan irá fazer uma visita padrão para saber onde vocês irão dormir, em que condições mas meramente uma formalidade já que fez uma visita a pouco tempo. Mais tarde irá ter uma conversa com Esme e eu e se ela não ver nenhuma objeção, em um ou dois dias vocês estarão morando com a gente.

— Definitivamente? – as sobrancelhas de Edward estavam arqueadas pela surpresa. Ele não imaginava que o médico iria conseguir a papelada de adoção tão rápido.

— Espero que sim, inicialmente estamos com a documentação de apenas cuidadores mas ate o fim do mês devemos ter a guarda provisória de vocês.

— Foi muito rápido. – Rosalie comentou assustada.

— E isso é ótimo. – Esme tinha um enorme sorriso no rosto enquanto dava um beijo na testa da loira – Não acham?

— Claro! – os irmãos concordaram juntos enquanto se entreolhavam.

— Ótimo. – Carlisle comentou satisfeito. – Esme, querida, vamos?

Esme hesitou antes de se levantar da cama e caminhar em direção ao marido.

— Estava pensando se não poderia ficar aqui com os meninos. – ela questionou baixinho – Quero ficar de olho neles, Rosalie estava com febre até algumas horas atrás e não conseguiria dormir sabendo que Alice está sozinha.

— Alice está dormindo. – ele alisou os braços dela em conforto – Ela vai dormir por mais algumas horas, como disse. Você precisa descansar e seria muito bom se você estivesse comigo quando Siobhan chegasse.

— Prometo estar lá na hora combinada. – ela garantiu.

— Você quer que eu fique?

— Não, não precisa. Vá dormir em uma cama quentinha porque amanhã você tem plantão para fazer. Eu vou ficar aqui cuidando das crianças e amanhã vai ser sua vez. – ela sorriu para ele.

— Teoricamente você não pode ficar aqui.

— Mas são os meus filhos.

Os olhos dela estavam suplicantes. Ele pensou em outros argumentos mas não conseguia resistir ao olhar da mulher.

— Vou conversar com a enfermeira chefe, mas amanhã cedo você tem que ir. Vou pedir para que não incomodem aqui mas Edward tem remédio para tomar amanha cedo e com a troca de turno não posso garantir que você não será chutada do quarto.

— Tudo bem, amanhã cedo eu já estarei de pé.

— Tudo bem. Te mando mais tarde uma mensagem com a hora que Siobhan irá lá em casa.

Carlisle deu um beijo na testa dela antes de se despedir dos adolescentes e sair para conversar com a enfermeira de plantão.

— Você vai dormir aqui no quarto? – Edward questionou. Era a primeira vez que ele teria um acompanhante no quarto.

— Aqui no sofá se vocês não se importarem. – ela caminhou em direção ao sofá.

— Você pode dormir aqui comigo. – Rosalie deu espaço para ela na cama.

— Não querida, é muito estreito para nós duas e você precisa se recuperar bem.

— Eu vou dormir muito melhor com você aqui deitada comigo. – a loira foi sincera.

Esme hesitou mas acabou concordando porque a verdade era que faria qualquer coisa pelo bem estar dos filhos.

— Tudo bem. – voltou para a cama que estava deitada anteriormente – Mas se eu te machucar de alguma forma me avisa que vou para o sofá.

Rosalie apenas acenou com a cabeça. Estava muito feliz que teria alguém para se segurar durante os pesadelos. Ela se aninhou a mãe e fechou os olhos com um sorriso bobo nos lábios. E aquela foi a primeira noite em que Rosalie não precisou de virar a madrugada vendo filmes para espantar o sono.

[...]

Aquela espera deixava Esme extremamente angustiada. Carlisle já havia explicado que aquela demora era algo esperado já que cada corpo agia de uma forma mas ela não conseguia evitar pensar se Alice acordaria ou não.

— Carlisle me disse que você estaria aqui. – Eleazar apareceu na pequena capela que existia dentro do hospital.

— Oi. – ela se virou vendo o amigo do marido andar pelo corredor principal.

Eleazar se sentou ao lado dela mesmo estando um pouco desconfortável com a situação.

— Você estava rezando? – puxou assunto.

— Sim, não sou muito religiosa mas acho que é um momento apropriado. Alice precisa de toda a ajuda possível.

— Só se passaram duas horas do horário estipulado para a anestesia fazer efeito. Temos tempo ainda para que o caso seja considerado crítico. Não se preocupe, Alice é dura na queda.

Esme concordou com a cabeça estranhando o fato do médico se apresentar menos hostil com ela do que tinha sido nos últimos dias. Um silêncio se instalou entre os dois por alguns minutos, ambos olhavam o altar cada um envolto em seus pensamentos.

— Carlisle te contou como conheci Alice? – o psiquiatra questionou.

— Não. – ela respondeu em um fio de voz.

— Eu conhecia a mãe dela. Cinthia. Posso dizer que crescemos juntos, não éramos vizinhos mas estudávamos na mesma escola. Ela me procurou quando Alice ainda era muito novinha. Alice era um doce de bebê, quase não chorava ou dava trabalho. – Eleazar falava sem olhar para Esme – Ela sempre vinha no meu colo sem qualquer dificuldade. Cinthia sempre aparecia aqui no hospital com hematomas e alguns machucados que ela não me explicava direito o que aconteceu. Um dia ela me pediu para ficar com Alice por algumas horas, eu já era residente e estava muito cansada mas concordei mesmo que só queria dormir.

Os olhos de Esme estavam fixados no rosto dele. Ela via que por mais que os olhos estavam na direção do altar ele via outra coisa. Estava absorto em memórias.

— Ela chorou o tempo todo que esteve comigo. O tempo todo. Sem parar. Eu estava cansado do plantão que tinha feito no dia anterior e de tanto choro, então quando bateram na minha porta e me pediram a menina eu só entreguei.

— Quem era? – Esme quis saber curiosa.

— O pai de Alice, ele também havia estudado comigo então confiei nele sem problemas. Ele era um cara tranquilo e que não apresentava nenhuma ameaça. Nem me lembrei que Cinthia sempre aparecia com os hematomas no hospital, eu só queria poder ir dormir.

— O que aconteceu?

— Eu só soube meses depois. Ele tinha matado Cinthia e pegou Alice para fugir com ela. Ele tinha uma amante na qual queria fazer esposa e ela tinha muito apresso por Alice, então ele resolveu matar a esposa e fazer uma nova família.

— Que horror. – sussurrou horrorizada com toda a história.

— Eles viveram por alguns anos em Nova York e com toda certeza são os motivos dos surtos de Alice. Ela chegou aqui no hospital com muitos sinais de maus tratos, bem desnutrida, alguns hematomas e sinais de tortura. A avó materna fez uma visita surpresa e encontrou a neta presa no porão enquanto o casal havia saído para uma pequena viagem.

— Eles deixaram Alice sozinha?

— E presa. – ele compactuou com o horror da mulher – A avó denunciou o casal e Alice ficou com a avó até que morreu alguns anos atrás. Foi quando ela começou a ver coisas e ouvir vozes. O médico do estado apenas diagnosticou como um surto e mandou a internar. Foi a oportunidade que achei para fazer com que ela ficasse aqui. Me senti muito culpado por tudo o que ela sofreu. Aqui, pelo menos, ela não correria nenhum risco de mais maus tratos.

— Eu não fazia ideia.

— Não que ela confiasse em mim. – ele riu ao se lembrar de algo – Ela sempre foi arisca comigo, até porque sou o doutor que está sempre com agulhas para a colocar para dormir. Ela só se acalmava quando Carlisle estava por perto, ou você.

— Por que está me contando isso?

— Porque Carlisle é como um irmão para mim. Ele sempre esteve do meu lado em todos os momentos importantes da minha vida. Quando ele veio com toda essa loucura de casamento ... bom você tem que entender que a forma como ele fala de você, ele nunca falou de ninguém. Conheci muitas das namoradas dele mas a forma que ele te olha e fala de você é diferente. Não sei se isso é algo que eu deveria te dizer mas ele sente algo. Ele não sabe o que é. Antes eu suspeitava de que era uma atração. Com todo o respeito da palavra, você é muito bonita e uma mulher atraente. Mas hoje eu vi que não é isso, ou não é só isso.

As bochechas de Esme ganharam um tom avermelhado.

— E o que me preocupava sobre esse casamento de vocês era que uma hora, vocês iriam se separar e essas crianças estariam abandonadas novamente. Eu fiz uma promessa para mim de que cuidaria de Alice. Mas hoje você me mostrou que não preciso me preocupar mais com isso. Sei que fui bruto em jogar as notícias como uma bomba em cima de você, e peço desculpas por isso, mas precisava saber como você reage sob pressão.

— E passei no seu pequeno teste? – ela resmungou.

— Com glórias. – ele lhe lançou um sorriso – Carlisle e eu nos afastamos muito nos últimos meses. Brigamos por Alice e por você. E mesmo assim ele me chamou para ser padrinho do casamento dele mesmo que não pude comparecer.

— Você estava aqui socorrendo Alice. – ela justificou.

— Estava. Já estava pronto para trocar de roupa e encontrar vocês na casa de Carlisle quando tudo aconteceu.

— Obrigada por proteger a minha filha. – Esme agradeceu sem nenhum rancor por tudo o que ele tinha feito antes.

Eleazar a olhou surpreso. Um sorriso grato apareceu nos lábios dele.

— Não fiz mais do que a minha obrigação.

— Fez. Você fez tudo o que podia para cuidar dela quando eu ainda não a conhecia. Você mentiu sobre o diagnóstico apenas para manter ela segura aqui, isso poderia comprometer sua licença. Vou ser eternamente grata por isso.

— Carlisle não merece você como esposa. – ele riu.

— Carlisle e eu ... nós não temos nada. Nós nunca namoramos ou chegamos perto disso. Ele é um bom amigo e eu deixei claro para ele de que está livre para arrumar uma substituta do meu cargo na vida dele mas que nunca vou deixar de estar presente na vida das crianças. – não queria contar sobre a declaração de Carlisle mais cedo - Edward, Rosalie e Alice estão seguros quanto a isso, eu nunca vou deixar os três desamparados mesmo que algo aconteça entre Carl e eu.

— Eu vejo isso agora. Você conquistou os três em uma velocidade impressionante. E vejo que você é diferente do que pensava.

— Estou feliz que tenha mudado o seu conceito sobre mim.

Ela foi sincera quando disse aquilo. O pagger do médico bipou e ele leu a rápida mensagem.

— Vem. – ele se levantou – Quero te dar o seu presente de casamento.

— Não posso demorar muito porque Carlisle está me esperando em casa.

— Não vamos poder nos demorar também.

Dito isso ele a conduziu para fora da capela e se dirigiram para o elevador daquele andar.


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Notas finais do capítulo

Me contem o que acharam.



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