Starting a Family escrita por Nana Fantôme


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Hello!



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Já era noite quando Carlisle chegou em casa. Conferiu no relógio e não passava das oito da noite, tinha certeza de que Esme ainda estava acordada. Pegou em sua pasta a papelada do casamento e cruzou animado o jardim da vizinha.

Bateu na porta, animado para dar a notícia que Siobhan o havia dado hoje a tarde. Esme abriu a porta com uma expressão séria demais, algo que ele não via com muita frequência. 

Analisou com cuidado a expressão facial da amiga. Os olhos, além de vermelhos, possuíam uma pequena bolsa em baixo dos olhos e o nariz escorria.

— O que aconteceu? – questionou preocupado – Está gripando?

— Não, estou bem. O que foi? – cruzou os braços.

Nunca havia visto Esme com tanta hostilidade. Não sabia se era algo que ele havia feito ou foi algo que aconteceu no trabalho mas queria ajudar da forma que pudesse.

— Esme, o que foi? Você estava chorando?

— Eu já disse que não é nada.

— Você sabe que pode contar comigo. Só quero ajudar.

Esme bufou inconformada.

— Você pode me ajudar, parando de dizer aos outros que eu não posso ter filhos.

— O que? Eu não disse a ninguém sobre isso.

— O doutor Denali pode discordar disso.

— O que Eleazar te falou?

— Olha, Carlisle, eu te confidenciei uma coisa pessoal porque te considero um amigo mas em nenhum momento fiz isso com a intenção de que você me ajudasse a conseguir um.

— Esme, o que Eleazar te falou? – repetiu a pergunta.

Ela suspirou cansada e caminhou ate o seu sofá onde se jogou. Carlisle viu aquilo como um convite e entrou na casa, fechando a porta logo atrás dele. Caminhou ate o centro da sala e se sentou na poltrona, deixou os papeis em cima da mesinha de centro.

— Ele basicamente disse que você está fazendo isso porque quer me ajudar a conseguir filhos já que não posso ter os meus.

— Isso é um absurdo, sem tamanho, não propus esse casamento por sua causa. Estou sendo bem egoísta nisso. – confidenciou – Eu quero ter meu filhos, quero que essas crianças tenham um lar e quero que seja o meu. Pensei que você mais do que ninguém me entenderia. Olha, E, eu não sou mais novo, não tenho nem tempo para ter encontros e achar a mulher certa para ter meus filhos. Tenho uma casa enorme, possuo dinheiro o suficiente para dar aquelas crianças um conforto que deveriam ter desde que nasceram e porque vou desperdiçar isso por tecnicalidades?

— Não está fazendo isso por mim?

— Não. – pulou para o lado dela e passou o braço em volta dos ombros de Esme. – Vou adorar se você estiver por perto para me socorrer em alguns momentos, ainda mais quando se tem duas meninas em casa.

— Denali me disse que você pediu um check-up completo para Alice. Você pensa em a adotar também?

— Ela gostou muito de você e eu vi como seus olhos brilharam por ela. Achei que iria ser legal se fossem vizinhas.

— Eu gosto dela. – confirmou – Ele me mostrou o tumor que ela tem.

— Ele não deveria ter feito isso.

— Deveria, talvez não da forma que ele tenha feito mas eu precisava saber disso. Você nunca iria me contar?

— Isso não faz bem para você, agora vai ficar toda preocupada com isso.

— É claro que vou, como vou me preocupar com várias outras coisas relacionadas aos três. Eles serão minha responsabilidade também.

— Não quero que você se sinta dessa forma.

— De que eles são minha responsabilidade? Ou de que vou me preocupar? Você acha mesmo que vou entrar nessa, assinar uns papeis, enganar o governo e largar isso para lá?

— Não...

Ela o interrompeu.

— Carl, eu não sou assim. Eu vou me preocupar porque eles são crianças. Crianças que passaram por situações horríveis, Alice ainda vai passar por mais coisas que não deveriam. Quero o melhor para eles da mesma forma que você, quero ser um porto seguro tanto quanto você. Eles vão poder contar comigo para qualquer coisa.

— Você quer ser uma mãe para eles?

— Não ... não sei se a palavra certa é mãe. Eles tiveram a mãe deles antes e não quero que sintam que estou aqui para as substituir. E mesmo que isso não seja um problema, um dia você vai casar e conseguir uma mãe apropriada para eles. Mas quero ser uma pessoa ativa nas vida deles, quero fazer parte das decisões sobre o melhor para eles, cuidar quando necessário porque o meu nome também vai nesse processo de adoção. Não consigo me ver assinando um documento dizendo que sou a guardiã legal de alguém e não me envolver.

— Não pretendo me casar com outra pessoa além de você. – falou com honestidade – Nunca imaginei que seriamos pais, eles podem tomar as próprias decisões.

— Alice é muito nova, ela precisa de pais ainda mais se ela for combater esse tumor.

— Você acha?

— Sim, e se Edward for problemático do jeito que você falou, ele vai precisar de pais para dar limites. Rosalie vai precisar de um bom suporte para enfrentar os traumas que esse estupro causou a ela.

— Você pensou em tudo, ne? – ele sorriu de lado.

— Eu me preocupo. – Esme deu de ombros. - Sei que estou sendo contraditória e que acabei de dizer em não ser uma mãe para eles mas falando que é isso que precisam mas estou tentando dizer é que eles precisam que você seja um pai para eles mesmo que eu não for exatamente esse o meu papel.

— Não penso em outra pessoa para ser a mãe dos meus filhos, além de você.

Carlisle pôde apreciar os olhos dela brilharem e um sorriso doce surgir nos lábios dela. Estava completamente encantado com a doçura que aquela mulher possuía.

— Carl, se vamos fazer isso dar certo você tem que me prometer não esconder as coisas de mim. Se vamos ser um time, não posso ficar no escuro. Principalmente se for algo relacionado as crianças.

— Prometo não esconder mais nada, só queria te proteger de uma notícia como esta.

— Não quero que você me proteja. Não é o seu trabalho. O seu trabalho é cuidar dessas crianças, não de mim. E este é também o meu, mas eu não posso fazer isso se não tenho todas as informações.

— Você tem um ponto, mas posso muito bem cuidar das crianças e de você.

— Não se vai esconder as coisas de mim.

Ele concordou com a cabeça.

— Desculpe ter falado com Eleazar sobre você não poder ter filhos, passei dos limites.

— Tudo bem. – o brilho dos olhos dela foram embora. – Vocês são amigos?

— Sim, fizemos faculdade e a residência juntos.

— Ele não gosta muito de mim. – confidenciou.

— Ele só está preocupado com Mary. Eleazar confiou em outras pessoas para cuidar dela e ela acabou muito machucada desde então ele cuida ferozmente de Mary.

— Alice – ela o corrigiu.

— Alice. Eu também não estou sendo a pessoa favorita dele.

— Vocês brigaram?

— Desde o início fui contra o diagnóstico, apesar de vários sinais de esquizofrenia, Alice não parecia ter a doença. Ela está na ala psiquiátrica contra a minha vontade e agora com esse tumor as coisas complicaram.

— Por que?

— Quero que ela seja mandada para a oncologia ou a neurologia mas Eleazar acredita que ela deve ser tratada lá na ala dele.

— Ele consegue retirar o tumor?

— Não, Alice vai ter uma equipe médica preparada para a tratar. Vamos fazer uma biopsia primeiro para saber se é câncer ou não. E a partir disso, montar uma equipe médica para tratar.

— Denali disse que isso era o que causava as vozes que ela escuta.

— O tumor, está em uma área do cérebro bem delica. Está pressionado uma parte no hipocampo que causa essas alucinações. O neurocirurgião do caso, o doutor Volturi, acredita que mesmo que seja um tumor benigno deve ser retirado, mas Eleazar não está muito feliz com isso.

— Ele quer que Alice fique lá para sempre? – Esme questionou inconformada.

— Não é isso, querida. – Carlisle tentou a acalmar – O tumor ainda é muito pequeno e poderia trazer mais malefícios retirar do que o deixar lá. Alice pode morrer durante a operação, Volturi pode acabar atingindo outras áreas ao retirar o tumor. Tem muitas coisas que podem dar errado.

— O que você acha que deve ser feito?

— Concordo em partes com Eleazar, acho que o tumor é muito pequeno para fazer com que Alice sofra dessa forma. Peguei todas as tomografias que Alice fez nos últimos anos e constatei que o tumor está aumentando de forma muito rápida e por isso ela tem tido mais visões, tido mais ataques. Acho que devemos esperar ate o tumor estar em um tamanho significativo e assim retirar.

— Mas isso pode durar quanto tempo?

— Não sei, pode durar semanas, meses ou anos.

Carlisle viu nos olhos dela toda a preocupação que queria evitar que ela tivesse. Fez um carinhos nos cabelos da morena.

— Não queria te preocupar dessa forma. – constatou.

— É melhor que eu saiba. Você acha que Denali vai a liberar vir para casa?

— Bom, tecnicamente ela está diagnosticada com esquizofrenia o que não é uma doença que precisa de atenção médica vinte e quatro horas. Apesar dos surtos, Alice não apresentar risco de vida para ela ou para ninguém. Acredito que sim, Siobhan também.

— Siobhan?

— É a assistente social que cuida das crianças. Ela não vê problemas com a nossa adoção, o fato de que sou médico ajuda bastante.

— Como vamos fazer isso? A adoção.

— Conversei com meu advogado – puxou a papelada deixada na mesinha – primeiro nos casamos, aqui tem todo o contrato pré-nupcial e os papeis do casamento. Trouxe para você ler e assinar caso concorde, qualquer coisa que queira mudar é só me avisar que providencio tudo. Após as papeladas estarem finalizadas, podemos dar entrada na adoção. Jenks disse que farão uma rápida avaliação nos nossos dados, procurar antecedentes, nada de mais e caso esteja tudo ok darão continuidade a adoção. Edward e Rosalie serão mais rápidos, Alice por outro lado deve demorar mais.

— Quanto tempo?

— Contando que tudo esteja de acordo com a nossa papelada do casamento, por volta de um mês para termos os adolescentes. Agora Alice, pode demorar de quatro a seis meses para conseguirmos a guarda.

— Isso tudo? – Esme questionou horrorizada.

— Infelizmente. Jenks acredita que o fato dela estar doente pode facilitar.

— Porque eles querem que ela tenha uma vida tranquila antes de morrer?

— O governo, infelizmente, não está tão preocupado com isso. Com esse tumor, Alice precisara de muito cuidado médico, cirurgias, consultas e medicações e tudo isso é pago pelo estado. Com ela adotada, essa conta vai para nós.

— Ah!

— Não precisa se preocupar com nada em relação ao plano de saúde, o meu cobre tudo.

O silêncio reinou na sala, Esme pensava em todas as informações que havia recebido. Pensava que seria mais fácil adotar do que na realidade era.

— Pensei que isso seria mais fácil.

— Não se preocupe com nada. Jenks vai cuidar de tudo para a adoção.

— Quero ser útil o máximo que eu puder.

— Bom, temos que cuidar dos quartos. – ele a olhou confusa – Pensei em contratar uma arquiteta mas eu, obviamente, não entendo sobre isso. Achei que você poderia ajudar com isso.

— Eles deveriam ficar na sua casa? E o que vamos fazer quando você tiver plantão?

— Então, Jenks acha que você deveria ficar na minha casa provisoriamente até que toda a papelada de adoção esteja finalizada.

— Morar lá?

— Ter pelo menos algumas roupas no meu closet, passar parte do tempo lá. Se quiser dormir, não vejo problema mas seria ótimo se você dormisse lá quando eu tivesse plantão.

— Acho que tudo bem, posso levar algumas roupas e deixar sua casa com cara de que uma mulher vive lá.

— Como assim?

— Sua casa é uma típica casa de um homem solteiro, tons cinza e moveis monocromáticos.

— E o que você pensa em fazer com a minha casa?

— Nada demais, algumas flores, algumas fotos já devem resolver isso.

— Você pode opinar em qualquer coisa. Vou passar seu número para a minha arquiteta e vocês conversam sobre.

— Não quero abusar, Carl.

— Por favor, não é abuso nenhum. Vai me fazer um enorme favor tomando a frente disso.

— Tudo bem. Prometo não fazer nenhuma mudança drástica.

— Você tem carta branca para o que quiser.

Carlisle sorriu de forma gentil para ela. Inclinou a cabeça e beijou sua têmpora.

— Jantou lá no hospital?

— Não, passei parte da noite com Alice.

— Ela está bem?

— Sim, ela me contou que vocês tomaram café da manha juntas. Deveria ter me chamado, teria adorado uma refeição com vocês.

— Decidi ir de última hora – mentiu.

— Me chame da próxima vez. Ela pediu desculpas para os enfermeiros que mordeu durante a tomografia.

— Jura?

— Ela disse que falou para você que iria se comportar.

— Alice é um doce. – sorriu satisfeita – Amanhã tem uma sessão cinema na ala psiquiátrica, prometi ir.

— Vai ser ótimo.

— Tenho que comprar um dvd de Alice no país das Maravilhas, ou lá no hospital já possui Blue-Ray?

— Dvd, não somos tão avançados assim.

— Dvd então.

Carlisle deu um tapinha na coxa de Esme e se levantou.

— Vou para casa tomar um banho.

— Tudo bem, vou pedir comida chinesa. Podemos ler o contrato e conversar sobre.

— Você pode pedir o dobro daqueles bolinhos gostosos?

— Claro.

Enquanto Carlisle saia, ela esticou o braço em direção a estação do telefone e discou o número do restaurante chinês que adoravam. Enquanto voltava para casa, ele pensava que se a sua vida agora se resumia em jantares com Esme e um bando de crianças em volta, seria uma boa vida.

[...]

A televisão do quarto do hospital estava sintonizada no mesmo canal de sempre. Os olhos de Rosalie estavam pregados no filme que passava. Edward estava cansado, aquela era a terceira vez naquela semana que a garota assistia o mesmo filme.

— Pelo amor de Deus, Rosalie – falou revirando os olhos – vamos ver outra coisa.

— Eu gosto desse filme.

— Quero ver outra coisa.

— Mas nós vamos ver isso.

— Quem te fez a dona do controle?

— Não enche, Edward – ela respondeu impaciente.

Os dois estavam deitados, cada um em uma maca. Nenhum deles podia se mexer muito, Edward havia quebrado o fêmur o que fazia com que o gesso chegasse ate sua virilha, já Rosalie havia passado por uma cirurgia no abdômen por causa da hemorragia interna que sofreu.

— Sério, Rosalie, vamos ver outra coisa.

— Não, quero ver isso.

— Você é insuportável. – bufou irritado.

Edward pegou a palavras cruzadas que havia roupado do enfermeiro que veio o medicar mais cedo. Abriu e começou a resolver os enigmas como forma de ocupar o tempo.

Estava entretido quando Rosalie falou enfurecida:

— Onde você pegou isso?

— O que? – a olhou inocentemente.

— Essa revistinha.

— Do enfermeiro.

O dar de ombros dele foi como pólvora para a fúria da garota.

— Edward, seu imbecil! Você tem que se comportar.

— Rosalie, é apenas uma revistinha. Com o tanto de serviço que tem por aqui, duvido muito que o cara ia terminar.

— Não interessa, é dele. Você não pode ficar roubando as coisas dos outros.

— Quem se importa?

— Eu me importo. – falou indignada – Se o doutor Cullen descobre sobre isso, vai ficar muito chateado.

— Quem se importa com o que o seu namoradinho pensa?

Rosalie jogou o controle da televisão na cabeça do garoto, o acertando em cheio.

— Vai se foder! O doutor Cullen não é meu namorado, eu nunca mais vou me relacionar com ninguém. Além disso, o doutor Cullen tem idade para ser meu pai.

— Ele pensa em se relacionar com você – falou ácido.

— Deixa de ser nojento, idiota. – revirou os olhos. – Eu o escutei conversando com o advogado hoje bem cedo, você ainda estava dormindo ...

— Vai fazer fofoca agora?

Rosalie lançou a ele um olhar crítico. Revirou os olhos e voltou sua atenção para o filme, deixando claro que se tinha alguma intenção de falar algo, mudou de ideia.

— Tudo bem, quero saber – Edward falou após alguns minutos – o que ele falou com o advogado?

Edward tentou virar o corpo todo para o lado de Rosalie mas o gesso na perna o impedia. Esperou por uma resposta dela mas foi ignorado mais uma vez.

— Me conta, vai.

Ele foi ignorando mais uma vez.

— Rose, fala.

Pegou o controle que havia sido arremessado na sua cabeça e desligou a televisão.

— Edward! – exclamou indignada.

— Me conta.

— Não sou fofoqueira.

— Me desculpe, você não é fofoqueira ... só incrivelmente irritante – sussurrou a última parte.

— Eu escutei – falou em tom acusatório.

— Mas você sabe que é.

— Eu sou irritante para você porque quero ter uma casa, família, amigos.

— Não, porque você vive pegando no meu pé.

— Alguém tem que pegar. Você tem um incrível dom de fazer cagadas.

— Eu não sou um problema seu. – Edward estava ficando irritado com aquela conversa.

— Na verdade você é. É problema meu porque você tem um incrível dom de fazer com que as pessoas desistam de nos adotar. É assim desde que somos crianças.

— Não somos irmãos, Rosalie.

— Somos! O sistema fez com que nos tornássemos irmãos. Passamos por três casas juntos, você é a pessoa mais frequente na minha vida. Tenho mais memorias com você nela do que com os meus pais. Querendo ou não, somos irmãos. Não gosto disso tanto quanto você, eu rezo todos os dias para não abrir a sua cabeça na porrada e colocar um pouco de juízo aí.

Foi inevitável para Edward, não rir do comentário dela. Rosalie era uma das pessoas mais irritantes que conhecia, viviam brigando mas ela tinha razão. Possuía mais memorias em que ela estava do que qualquer outra pessoa.

— Irmãs normalmente são doces e legais.

— Você também não está no patamar de melhor irmão do mundo. – falou enquanto revirava os olhos.

— Mas pelo menos, salvei a sua vida.

Um silêncio se instalou no quarto por alguns minutos enquanto eles se encaravam até que Rosalie quebrou o silêncio.

— Obrigada. – o tom de briga entre os dois se dissipou como mágica – Nunca te agradeci antes por ter feito isso. Se você não tivesse chegado aquela hora ... eu poderia ter morrido.

— Deveria ter chegado antes. Sabia do interesse de Royce em você mas nunca achei que ele iria fazer alguma coisa.

— Ninguém achava.

— Mesmo assim, deveria ter ficado de olho.

Rosalie esticou a mão em sua direção, Edward esticou a dele também. Apenas os dedos deles se encostavam mas aquilo para os dois era como um abraço.

— Você fez o que podia, vou ser eternamente grata por isso.

Ele podia ver uma enorme gratidão nos olhos dela. Havia voltado para o antigo lar adotivo após ouvir boatos pelo bairro de que Royce dizia a todos que namorava Rosalie.

Foi para casa ouvir da boca da garota sobre o namoro dos dois, ele bem sabia o quão Rosalie tinha medo do garoto. A cena que viu ao chegar na garagem ficaria sempre em sua memória. Ela estava amarrada e completamente machucada enquanto um dos amigos de Royce estava em cima dela.

Os enfrentou com uma fúria sobre-humana mas ainda era um contra cinco, apanhou bastante e ao fugir, Royce o atropelou. Naquela noite havia feito uma promessa silenciosa. Sempre a iria proteger, de quem quer que fosse.  

— Se você está fazendo isso para conseguir o controle de volta, pense de novo. – debochou para melhorar o clima pesado.

— Vai se foder – Rosalie bateu nas costas dos dedos dele.

A risada de Edward foi contagiante, os dois riam de forma leve.

— Agora o que vamos ver – Edward ligou a televisão novamente e começou a zapear os canais.

O único som no quarto era dos canais passados à medida que Edward se mostrava desinteressado pelo o que passava.

— O doutor Cullen quer nos adotar – ela confidenciou – era isso que ele falava ao telefone com o advogado.

— Adotar? Mas já temos quase dezoito.

— Eu sei, isso é quase um milagre.

— Não sei, não Rose.

— Ele e a esposa também querem adotar uma garotinha que está aqui no hospital.

— Eles têm outros filhos?

— Não sei dizer.

— É por isso que ele tem acampado aqui no quarto?

— Acho que sim.

— E quem é a esposa dele?

— Não sei, você acha que é alguém do hospital?

Edward ficou em silencio por alguns segundos pensando.

— Acho que não, se não ele já teria nos apresentado.

— Mas ele ainda não falou com a gente sobre nos adotar. – ela contrapôs.

— Deve estar esperando sair algum aval do governo.

— Já somos grandes, não deve ser muito difícil nos adotar, é?

— Não sei, nunca chegamos nessa parte. – falou honesto.

Ficaram em silencio, ambos encarando a televisão mas sem ver algo de verdade. Rosalie passou a tarde pensando no que aquilo significava.

— Eu preciso que você me prometa uma coisa. – ela falou após um longo silencio. Só volto a falar quando os olhos de Edward se encontraram com os dela – Prometa que vai se comportar. Essa é a nossa chance de ter uma família, vamos ter pai e mãe. Quem sabe podemos sonhar com uma faculdade?

— Faculdade? Estamos atrasados com isso.

— Você quem está, tenho muitas atividades extracurriculares. – o deboche de Rosalie o fez rir.

— Se eu perceber que Cullen e a esposa são mais um casal de esquisitões que quer abusar de nós, eu vou embora. E você vai vir comigo, chega de lares disfuncionais, Rose. Chega de você abaixando a cabeça para esse tipo de gente.

— Edward ...

— Sério, Rosalie. Você quase morreu no último lar adotivo, se tiver qualquer sinal de que isso vai se repetir nós vamos embora. – ele a olhou duro – Estou falando sério. Se somos irmãos e se vamos entrar nessa, eu preciso que me prometa não se render mais aos abusos. Não vou permitir que você vire estatística. 

— Eu prometo. – falou por fim. – Mas você tem que me prometer se comportar se eles forem um casal bacana que só quer o melhor para nós.

— Você é uma ingênua.

— Edward, é sério. Eu preciso disso, essa garotinha também precisa e você também. Podemos ter uma vida normal pela primeira vez e você não pode estragar tudo roubando, caçando briga ou algo do tipo.

Os dois se encaravam de forma séria. Ambos relutante a promessa que fazia para o outro mas estavam juntos desde criança e queriam continuar assim ate o fim.

— Prometo – Edward falou por mim.

 


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Notas finais do capítulo

Coisas que precisam ser esclarecidas:
— Nos EUA não existe sistema de saúde pública (o nosso SUS que mesmo com os problemas dele funciona) e por isso que Carlisle comentou sobre plano de saúde porque lá isso é realmente muito importante. As coisas são absurdamente caras, as pessoas costumas pagar mais de 200 DÓLARES para chamar uma ambulância, então vocês imaginam como é o custo de uma cirurgia ou coisa assim.
— Para se adotar uma criança o casal ( ou solteiro, viuva e etc ) passam por entrevistas com a assistente social, ela visita a casa para ver as condições em que irão viver e tudo mais.
— Hoje em dia quem quebra o femur não coloca gesso porque ( vou tentar explicar de forma mais clara possível) quando se engessa o femur tem que engessar a perna toda (virilha ate o pé) porque o menor movimento pode causar uma dor imensa e o processo da cicatrização com o gesso é demorado, e quando a gente não movimenta muito um membro do corpo pode causar trombose. Hoje em dia se coloca pinos, parafusos ou uma placa de titânio para segurar o osso no lugar ate cicatrizar. E por que não fui fiel a realidade? Preguiça. Se ele fosse colocar uma placa, eu ia querer escrever com mais detalhes sobre isso e ia acabar escrevendo um episódio de Greys Anatomy em vez de uma fic.



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